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Danilo Coppini
Meu Exu/Minha Pombagira são da realeza de uma cultura antiga. Ele/a só gosta de coisas requintadas.
Você já ouviu isso? Procede?
É muito comum ouvirmos essas conversas no meio ocultista, aliás, na internet encontramos descrições e supostas “histórias” envolvendo nomes de Exu e Pombagira que nem mesmo os melhores roteiristas de cinema teriam tamanha imaginação. Cada vez que lemos algo assim imaginamos quão doentes estão as pessoas que escreveram e as que eventualmente acreditaram e compartilharam tais balelas. Magos negros da Sibéria, faraós, imperadores, reis medievais, nobres europeus, cavaleiro templário e até samurais fazem parte da gigantesca lista de figurões espirituais que incorporam nos terreiros sob o manto de Exu e Pombagira. O que é mais engraçado nisso tudo é que nenhum deles fala a língua nativa, conhece profundamente os costumes, abre conhecimentos ocultos ou sequer tem forças para educar o próprio corpo usado. Toda essa “nobreza” continua usando os mesmos erros de linguagem oral e trejeitos físicos que o “burro atrasado”. Solicitam coisas caras e refinadas para os agradarem, mas isso é muito contestável também. Exu e Pombagira pedindo coisas da marca “X ou Y” beira à sandice.
Já nos deparamos com listas de compras (de material espiritual) que continham verdadeiros absurdos solicitados por tais “entidades”. Elementos que claramente se anulam geralmente faziam parte dessas solicitações. Não estamos julgando, apesar de parecer ofensivo aos espíritos em questão, até porque sabemos que 99% são projeções mentais que se manifestam através de certos “médiuns” que incorporaram a mentira tornando-a verdade ou literalmente fingindo, criando um personagem que beira o ridículo.
Se um espírito incorpora tem a obrigação de se apresentar aos dirigentes. Essa apresentação envolve muitos aspectos e cabe aos responsáveis entende-los e incorporá-los dentro dos códigos preexistentes. Por exemplo: Uma mulher incorpora uma Pombagira cigana e a mesma diz ter origem espanhola. Pois bem, um (a) dirigente correto deverá indagar o espírito qual clã ela fazia parte, se tem forças para falar no dialeto original, se tem ponto de firmeza próprio e se seus costumes serão inseridos dentro do culto. No princípio do desenvolvimento, o adepto (a), ora médium, pode não ter forças para realizar alguns desses atos, mas ao longo dos processos, essas questões deverão ser respondidas com firmeza e o espírito deverá ser testado. Não é apenas a pronuncia de meia dúzia de palavras achadas na internet ou um portunhol mal falado que vai convencer um (a) dirigente experiente. Por isso, o constante estudo e a base sólida adquirida dentro de uma Tradição fazem a total diferença.
Exu e Pombagira, pelo menos na nossa Tradição, não chegam falando essas mentiras. Testamos exaustivamente e de diversas formas. Caso seja uma manifestação teatral; corrigimos. Se o adepto (a) não entender os motivos dessa correção, já é problema dele. Nossos Mestres, os Poderosos Mortos, são espíritos sobreviventes, que até podem ter vindo de terras longínquas, mas que morreram em solo brasileiro. Se incorporam, tem a obrigação de seguir todos os testes e responder todos os questionários. A maioria é composta de espíritos que tiveram vidas materiais sofridas e comuns, foram perseguidos e oprimidos de muitas formas e aprenderam sobreviver em meio à tais pressões. No ciclo de reencarnações os espíritos que atualmente respondem como Mestres da nossa Tradição podem ter vivido em muitos lugares diferentes e ter absorvido diversas culturas, assim como todos nós, mas a última passagem material é o que define tudo, inclusive o local/ponto donde terá que amparar seus irmãos que ainda vivenciam o mundo material.
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