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por TQMBEPN
O Coco é uma fruta muito popular dentro dos cultos afro-brasileiros para a realização de diversos tipos de magia e feitiçaria. Essa fruta recebeu esse nome após os portugueses, em viajem para a Índia, terem-no comparado a um monstro folclórico com o mesmo nome (similar ao ‘bicho Papão) que aterrorizava as crianças à época.
Assim como a cabaça, esse fruto se espalhou através das correntes marinhas. Esotericamente, simboliza a travessia pela morte, pois flutuando nos rios e oceanos enfrentou inúmeras dificuldades mas disseminou-se pelo mundo todo.
Sagrado em diversos locais, destacamos novamente a Índia onde o coco (chamado de kalpa vriksha) simboliza o fruto que tem a capacidade de fornecer todas as necessidade da vida. No norte desse país essa fruta é símbolo da Deusa Sri (outro nome de Lakshmi) cujos atributos estão relacionados à pureza, beleza, generosidade, fartura, vitória e sucesso.
Algumas culturas entendem que a dureza da casca do coco é um elemento indispensável para a proteção da alma humana, em especial a de recém-nascidos. Essa relação, ao longo dos anos, fez com que o coco fosse associado com a cabeça humana e tenha proporcionado às feitiçarias (principalmente nas Américas) força para exercer influencia benigna ou maligna sobre o amor, amigos e inimigos.
Assim como o dendê, do coco se extrai um azeite muito rico em vitaminas e repleto de propriedades curativas, entretanto, Exu quizila (odeia) esse óleo por se tratar de um óleo branco e apreciado pelos òrisás fun-fun. Nunca devemos usar essa qualidade de óleo nas magias e feitiçarias da Quimbanda.
Porém, o segredo das magias de Exu está na casca do coco. Existem práticas onde o coco é servido a Exu com a poupa, todavia, sempre é maculado com algum elemento ígneo (cachaça, dendê, sangue, etc.). O coco, dentre os atributos mágicos que destacaremos, está associado ao domínio, proteção, defesa, ataque, calor, sensualidade e sexo. Seu uso nas magias de Pombagira aumentam o desejo e o ‘sexapil’.
Dentro das legiões da Quimbanda existe o Exu e Pombagira do Coco. Responsáveis pelo Povo da Ilha, essas legiões respondem diretamente aos Reis da Praia. Correlacionando-os, compreendemos que os espíritos que compõe o Povo do Coco são aqueles que vagaram a mercê das correntes energéticas do mundo em busca do renascimento. Fecharam-se (isolaram-se de forma absoluta) ao mundo enquanto buscavam seus lugares e nos locais mais improváveis germinaram e cresceram. São fortes e determinados e alcançaram sua luz alquímica através do recolhimento interior. Ensinam-nos que devemos nos fechar para determinadas situações a fim de que no silencio interior possamos escutar as vozes ancestrais ressoando em nossas mentes. Brilhantes feiticeiros tendem afastar dos adeptos tudo e todos que não permitam o germinar (renascer).
O coco, para a Quimbanda Brasileira, certamente é uma representação muito forte de Exu. Um dos feitiços que costumamos fazer é colocar um coco seco atrás das portas de nossa casa como forma de proteção. O coco simboliza a natureza protecionista dos nossos Mestres.
Destacamos um feitiço simples e eficaz que fazemos com coco. Em uma segunda-feira, pegamos um coco seco, untamos ele com uma massa feita de óleo de dendê, enxofre, pó de carvão e mel e passamos por todos os cômodos da residência ou comércio (batendo nos cantos) enquanto pedimos sonoramente que Exu prenda no interior da fruta toda inveja, ódio, rancor, pragas, maldições, rezas ao contrário e feitiçarias feitas contra nós. Começamos pelos fundos do imóvel (se for sobrado pela parte superior) em direção à entrada. No portão, saldamos Exu e agradecemos. Saímos de costas pela porta de entrada (para nada ficar oculto) e nos direcionamos até a sétima encruzilhada em “X” a partir de nossa casa. Após glorificar e pagar o ponto de força estouramos o mesmo no centro da encruzilhada. De bom tom deixarmos um simples agrado para Exu (uma garrafa de cachaça ou outro destilado e um charuto). Na encruzilhada damos sete passos para trás, viramos e partirmos sem olhar para o feitiço. Recomendamos não passar por esse ponto pelo período de sete dias.
Muitas são as práticas com o coco na linha de Exu. O fato de a fruta ser relacionada com a mente a faz propícia para ataques e domínio espiritual. Para os adeptos que desejam atacar seus oponentes o coco pode ser usado da seguinte maneira: Em uma segunda-feira quando Lua estiver na fase Cheia, pegamos um coco seco, cortamos perfeitamente uma pequena tampa e retiramos toda a água. Diante nossas firmações consagradas, riscamos o Ponto de um Exu da Kalunga (Tata Caveira, Exu Caveira, Sete Caveiras, João Caveira, Zé Caveira, Exu Morte, Etc.), iluminamos circularmente com sete velas negras de sete dias (240 ou 325g) e colocamos o coco no centro do Ponto. Dentro desse coco deve ser colocado o nome completo (escrito sete vezes em um pequeno papel), foto e se tiver fios-de-cabelo ou lascas de unha torna-se mais forte ainda. Enchemos o coco com cachaça (ou outra bebida destilada), óleo de pimenta, pólvora e sangue de um frango (que deverá ser sacrificado). Essa firmação deverá ser rezada diariamente pelo prazo de uma semana (simboliza o ciclo da Lua Cheia). Após as velas findarem, pegamos a tampa cortada e fechamos o coco amarrando-o com linha preta. O levamos até o cemitério e, após os cuidados de praxe, enterramos aos pés de um túmulo antigo ou o escondemos dentro de algum lugar abandonado. Certamente a vítima receberá uma descarga muito contundente.
Outro uso do coco está nos feitiços de adoçamento sentimental.
Destacaremos a feitura de uma lamparina usada para atrair a pessoa desejada. Lembramos que não existem milagres, mas as forças espirituais tem o poder de imantar de forma atrativa ou repulsiva. O feitiço consiste em pegar um coco seco, corta-lo ao meio, esvaziar a água e deixar a poupa secar um pouco (não pode secar demais). Depois disso, colocamos uma foto do amor desejado (devem ser impressas em papel fotográfico), um papel virgem e perfumado como o nome da pessoa escrito sete vezes (costumamos borrifar o perfume pessoal) e sete pétalas de flores que enfeitaram uma igreja em um ritual de casamento. Após, enchemos o coco com óleo de oliva e pingamos sete gotas de óleo de dendê. Colocamos um pavio para lamparina e oferecemos (acendemos) esse feitiço para Pombagira a fim de que ela traga a pessoa aos seus pés. Durante três dias essa lamparina deve ficar defronte à imagem consagrada da Pombagira, após, apagamos e levamos a mesma em uma encruzilhada em “T” (o mais próximo possível da residência da pessoa desejada). Novamente acendemos a lamparina e a ofertamos pedindo nosso intento. Com êxito devemos presentear o espírito.
Muitas são as feitiçarias que o coco pode figurar. Asseguramos que dentre as frutas de Exu, certamente essa é a mais presente na liturgia.
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