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Fenômenos Naturais tidos como fantasmas – Manual dos Caça Fantasmas

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Quando você decide se tornar um ou uma caça-fantasmas, deve aprender a controlar a ansiedade e desenvolver o seu ceticismo de maneira positiva. Para isso deve aprender a diferenciar dois tipos de atividades: as causadas por fantasmas e as que aparentam ser causadas por fantasmas. Fenômenos naturais são ótimos exemplos para mostramos como o conhecimento acaba com a idéia de paranormalidade.

Imagine que você caminha por dunas de areia no deserto e quando começa a escurecer ouve vozes à distância, uivos, rugidos e sons que definitivamente não são humanos. Existem casos de que os sons são distantes, parecem gritos ou pessoas chamando, muitos viajantes se perderam procurando a origens dessas vozes, outras vezes você está caminhando quando de repente parece que está cercado por fantasmas que gritam e urram, e quanto mais corre maior é a algazarra, até que
desesperado sai da trilha e se perde.

Esse tipo de fenômeno já foi a causa de muitas lendas e histórias mas hoje é conhecido como “areias que cantam”. Em alguns lugares do mundo os minerais que compõe a areia, quando atingem certa temperatura, criam sons quando vibram, são sons altos, nítidos, que podem acontecer quando os grãos se deslocam, seja por serem tocados, pisados ou soprados pelo vento. O que antes poderia ser classificado como uma atividade paranormal típica de alguns lugares tidos como malditos hoje é simplesmente tido como um fenômeno natural com causas e efeitos bem conhecidos. Quantas mortes não poderiam ter sido evitadas se as
pessoas conhecessem essa propriedade de alguns tipos de areia e não tivessem deixado suas trilhas em pânico ou partido em busca das pessoas que “as chamavam”?

Mas este caso das areias que cantam é um fenômeno natural conhecido, existem casos, porém, de outros fenômenos que ainda não puderam ser explicados. Mas se são fenômenos naturais, por que falar deles num guia que deveria te ensinar a caçar-fantasmas e não curiosidades físicas?

Bem, suponha que você se empolgou e está sentindo aquela vontade de colocar em prática o que aprendeu, ou mesmo já tem alguma experiência no campo e está procurando um caso interessante. Está com férias para vencer no escritório ou então o fim do ano se aproxima e você quer unir o útil ao agradável. Começa a pesquisar e se depara com os relatos sobre a Alamoa, um espírito que vaga a ilha de Fernando de Noronha. Isso é perfeito, te dá a oportunidade de mudar os ares, ir
para um lugar incrível, longe do barulho e confusão da cidade e ainda aproveitar um paraíso ecológico e de quebra caçar alguns fantasmas. Se você for homem ainda tem o bônus de estar atrás de uma aparição de uma linda mulher que seduz os homens da região.

Aparentemente vai ser um trabalho de campo interessante. O nome Alamoa vem do linguajar local, é como os nativos da região chamavam o feminino de “alemão”, nas vésperas de tempestade ela aparece no cair da noite como um vulto branco de mulher muito bonita, nua e loura, dai o nome, dançando na praia, iluminada pelos relâmpagos. Existem dezenas, se não centenas, de registros e depoimentos de pessoas que já  viram. Fernando de Noronha costumava ter um presídio e tanto os
presos quanto a população livre falavam do fantasmas que bailava ao som das ondas e dos ventos, com os cabelos dourados soltos. Nomes como Gustavo Adolfo, Pereira da Costa, Mario Melo e Olavo Dantas já registraram as histórias da provocante aparição e a impressão que causava nos detentos. Com o tempo o presídio foi desativado e a história da aparição começou a mudar, a Alamoa não dançava apenas, mas como uma sereia seduzia e então matava aqueles que não resistiam a
seus encantos, seja com as próprias mãos, se transformando em uma figura desfigurada e horrenda, existem relatos e crenças mesmo que dizem que ela busca uma pessoa valente que a siga para revelar um tesouro escondido.

Capturar ou registrar essa aparição é algo que enche os olhos de muitos caçadores. Agora alguns detalhes que poucos encontram sobre ela é a relação que ela tem com o “Pico”, uma baliza de basalto com 332 metros de altura, que pode ser avistado a uma distância de até 50 quilômetros. Um dos registros sobre a aparição diz que:

“No alto da baliza aparece uma luz peregrina – alma errante de uma linda francesa, algumas vezes encarnada em ser humano. Viram-na sentenciados aos quais a francesa lhes ofereceu um tesouro. […] E a luz há de viver no Pico, com fogo-fátuo, até que um dia o ouro que o espírito guarda seja dado a alguém.”

Como veremos mais para frente muitas atividades fantasmagóricas são associadas com a presença de luzes que piscam, se movem, dançam, geralmente em locais isolados. Culturalmente a Alamoa era associada com uma imagem de uma mulher nua que dançava na praia, posteriormente sendo substituída por um espírito que oferece ouro. Independente disso hoje o relato acaba sendo mais associado com as luzes que surgem no Pico, como descreveu Olavo Dantas:

“Às sextas-feiras a pedra do Pico se fende e na chamada porta do Pico aparece uma luz. A Alamoa vaga pelas redondezas.”

Os relatos variam, mas terminam quase sempre da mesma maneira, algum incauto vê a luz, ouve uma voz lhe chamar ou um canto ou um chamado e a persegue, nunca mais é visto.

Existem casos semelhantes a esse ao redor do mundo, um outro caso famoso semelhante é o das luzes misteriosas na Brown Montain na Carolina do Norte, EUA. A Brown Montain é uma cadeia de montanhas na Floresta Nacional de Pisgah, durante o século XIX ela se tornou famosa por causa de luzes fantasmagóricas que pareciam passear por suas encostas. Assim como no caso a Alamoa existem lendas americanas sobre uma batalha travada entre os índios Cherokee e Catawba por volta do ano 1200 e dizem que as luzes vistas são os índios que continuam marchando para a batalha com tochas nas mãos. Da mesma forma que
acontece com a Alamoa as luzes são vistas à distância e o terreno é difícil de ser seguido de noite e não tem acesso a carros ou veículos.

Mesmo havendo muito interesse em descobrir o que causa esse efeito não existe ainda uma conclusão satisfatória, em ambos os casos temos luzes que parecem ter vontade própria, que surgem em lugares de difícil acesso, podem ser avistadas à distância e são associadas com fantasmas, uma francesa morta ou índios mortos em batalha.

Assim como um médico deve ser capaz de descartar possibilidades, por mais atraentes que lhe sejam, para diagnosticar uma pessoa, o mesmo deve acontecer com um caça-fantasmas. Uma pessoa pode entrar em um consultório com fortes dores de cabeça, choque nos ouvidos, incômodos para descobrir que o problema é algo relacionado a seu maxilar e não à cabeça em si. Assim um caçador de fantasmas deve saber olhar para um caso e após estudá-lo descartar algumas suposições que em um primeiro momento parecem óbvias ou tentadoras. De fato estar em um lugar de noite e enxergar fileiras de luzes que parecem seguir em fila por um determinado lugar, e então desaparecerem, tornarem a aparecer e no diaseguinte ouvir uma história de como os espíritos fazem isto há séculos pode ser interessante, mas não devemos descartar a possibilidade disto ser um fenômeno natural, Se você pegar um cubo de açúcar, colocar sobre uma mesa, diminuir as luzes e o acertar com força com um martelo, vai ver um flash de luz. Isso acontece porque a pressão que você aplica a um cristal ou a determinados minerais criam eletricidade e essa eletricidade pode se manifestar como clarões de luz e mesmo incendiar algum bolsão de gás e assim criar um fogo-fátuo. Por um lado
podemos argumentar que um fogo fátuo dificilmente passearia por um lugar, que geralmente eles brotam e terminam no lugar e a luz que você viu percorreu dezenas, ou centenas de metros, se desviando de obstáculos, mas por outro não podemos descartar que existem alguns fenômenos que mesmo que aparentem ser causados por fantasmas não o são.

Muito tempo atrás as pessoas que viveram por gerações nos desertos não sabiam que a areia podia “cantar”, hoje sabemos que é um efeito natural. Ainda não existem explicações sobre essas luzes, mas existem fenômenos aparentemente mais estranhos ainda. Suponha agora que você decidiu acampar, encontra uma planície com algumas pedras, limpa uma área e monta sua barraca. Passa parte da noite aproveitando o lugar e vai dormir, quando acorda as pedras da planície parecem ter sido movidas. É uma planície coberta de barro seco, você consegue ver pedras grandes em lugares diferentes e não apenas isso, elas deixaram
rastros indicando o caminho que percorreram e para deixar tudo mais interessante, as únicas pegadas do lugar são as suas, indicando que a não ser que alguém com vassouras tenha surgido de noite, movido as pedras, limpando o próprio rastro mas não o das rochas resolveu te pregar uma peça, algo invisível as moveu.

As pedras que se movem hoje são encaradas como um fenômeno geológico. Existe um lago seco na Califórnia, EUA, que está repleto de pedras que se movem sem nenhuma intervenção humana ou animal. Apesar dos anos de estudos dedicados ao fenômeno ninguém nunca sequer as viu se mover. A evidência da movimentação que ocorre são os rastros que elas deixam marcados no chão. Algumas pedras parecem “caminhar juntas” deixando rastros paralelos e então, aparentemente sem motivo, os rastros seguem direções opostas. Alguns rastros mostram curvas em ângulos. Alguns mostram pedras indo em direções completamente opostas. Ninguém sabe como ou porque as pedras se movem, mas elas se movem. Podemos ficar tentados a imaginar espíritos amargurados cumprindo penas eternas, ou
algum fantasmas com algum objetivo que nos foge à compreensão. Se pesquisarmos e conversarmos com os locais é capaz de ouvirmos histórias e lendas interessantes, mas isso não significa que hajam fantasmas ou manifestações fantasmagóricas ou mesmo distorções no lugar, é apenas mais um caso de fenômenos naturais de causas desconhecidas. Merecem ser estudados, claro, mas pelo que são. Dai a importância de, estudando os tipos de manifestações de fantasmas, o caçador, ou a caçadora, ser capaz de analisar o que está havendo. Existem manifestações de entidades que interagem com o meio ou com as
pessoas? Existem coisas acontecendo de forma repetitiva, como se fosse um vídeo gravado? Por mais que pareça que as leis da física não explicam aquilo, o que está ocorrendo é um fenômeno específico ou o mundo todo está de cabeça para o ar nas redondezas? Se a resposta para essas perguntas for não, então você deve estar diante de um fenômeno curioso mas natural, um processo raro da natureza.

Manual dos Caça-Fantasmas


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