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Título: Yesod, o Fundamento. (Em hebraico: Yod, Samech, Vau, Daleth.)
Imagem Mágica: Um belo homem desnudo, muito forte.
Localização na Árvore: Na base do Pilar do Equilíbrio.
Texto Yetzirático: 0 Nono Caminho chama-se Inteligência Pura, porque purifica as Emanaçôes. Ele prova a corrige o desenho de suas repre-.. sentações, a dispõe a unidade em que elas estão desenhadas, sem diminuição ou divisão.
Nome Divino: Shaddai el Chai, o Deus Vivo Todo-poderoso. Arcanjo: Gabriel. Coro Angélico: Kerubim, os Poderosos. Gtakra asmico : Levanah, a Lua. Experiência Espiritual: A visão do mecanismo do universo.
Virtude: Independência.
Vício : Ociosidade. Correspondência no Microcosmo: Os órgãos reprodutores.
Símbolos: Os perfumes a as sandálias.
Cartas do Tarô: Os quatro noves. Nove de Paus: grande força; Nove de Copas: felicidade material; Nove de Espadas: desespero a crueldade; Nove de Ouros: ganho material. Cor em Atziluth: Índigo. Cor em Briah: Violeta. Cor em Assiah: Citrino salpicado de azul. Cor em Yetzirah: Púrpura muito escura.
1. O estudo do simbolismo de Yesod revela dois grupos de símbolos aparentemente incongruentes. Por um lado, temos a concepção de Yesod como o fundamento do universo, estabelecido na força,: a que é indicada pela recorréncia da idéia da força, como na imagem mágica de um belo homem desnudo, muito forte, no Nome divino de Shaddai, o Todo-poderoso, nos Kerubim, os anjos poderosos, a no Nove de Paus, cujo nome secreto é o Senhor da Grande Força. Mas, por outro lado, temos o simbolismo da Lua, que é essencialmente fluida a que apresenta um estado contínuo de fluxo a refluxo, sob o govemo de Gabriel, o arcanjo do elemento Água.
2. Como podemos reconciliar esses conceitos conflitantes? A resposta encontra-se nas palavras do Texto Yetzirático, que afirma a respeito do Nono Caminho: “Ele purifica as Emanações. Prova a corrige o desenho de suas representações, a dispôe a unidade em que elas estão desenhadas sem diminuição ou divisão.” Esse conceito é esclarecido, ademais, pela natureza da experiência espiritual atribuída a Yesod, que é descrita como “a visão do mecanismo do Universo”.
3. Temos, então, a idéia das águas fluidas do caos reunindo-se a organizàndo-se por meio das “representações” que foram “desenhadas” em Hod; a “prova, correção a disposição da unidade” final dessas “representaçôes” ou imagens formativas resultam na organização do “mecanismo do Universo”, cuja visão constitui a experiéncia espiritual dessa Sephirah. De fato, Yesod poderia ser corretamente descrita como a Esfera do mecanismo do universo. Se comparássemos o reino da Terra a um grande navio, Yesod seria a casa das máquinas.
4. Yesod é a Esfera dessa substãncia peculiar, que participa tanto da natureza da mente quanto da da matéria, a que se chama o Éter do Sábio, o Akasha, ou Luz Astral, de acordo com a terminologia empregada. Não se trata do mesmo éter do físico, que é um elemento ígneo da Esfera de Malkuth, a que representa para esse éter o mesmo que este représenta para a matéria densa; ele é, na verdade, a base dos fenômenos que os físicos atribuem ao seu éter empírico. Poderíamos chamar o Éter do Sábio de raiz do éter dos físicos.
5. O universo material é um enigma insolúvel para o materialista, porque ele insiste em tentar explicá-to nos termos de seu próprio plano. Eis uma coisa que jamais poderá ser feita em qualquer Esfera de pensamento. Nada pode ser explicado em termos de si mesmo; só se pode fazé-lo, relacionandose uma coisa num todo maior. Os quatro elementos dos antigos encontram sua explicação num quinto elemento, o Éter, como sempre afirmaram os iniciados. Reza uma doutrina da filosofia esotérica que os quatro estados visíveis tém sua raiz num quinto estado, que é invisível. Por exemplo, os Quatro Mundos dos cabalistas radicam num ponto além dos Véus do Imanifesto. É apenas quando postulamos esse quinto imanifesto a lhe atribuímos certas qualidades deduzidas dos quatro manifestos como essenciais à primeira causa, que somos capazes de chegar a qualquer compreensão da natureza dos quatro estados. Assim, encontramos em Yesod o quinto imanifesto dos quatro elementos de Malkuth, correspondendo o fogo dos antigos ao éter dos modernos, e a terra, a água e o ar, aos estados sólidos, líquido a gasoso da matéria.
6. Devemos conceber Yesod, portanto, como o receptáculo das emanações de todas as outras Sephiroth, como ensinam os cabalistas, a como o único a imediato transmissor dessas emanaçôes a Malkuth, o plano físico. Como diz o Texto Yetzirático, é função de Yesod purificar as emanações, e prová-las a corrigi-las; conseqüentemente, é na Esfera de Yesod que ocorrem as operações destinadas a corrigir a Esfera da matéria densa, ou dispor sua unidade de desenho. Yesod, portanto, é a Esfera essencial de qualquer magia que pretende agir no mundo físico.
7. É essencial notar que todas as Esferas operam de acordo com a sua natureza, a que essa natureza não pode, de maneira alguma, ser alterada por qualquer influência mágica ou milagrosa, embora cheia de poderes; podemos “corrigir” o “desenho” das representações. As coisas representadas permanecem firmes. As condiçôes do mundo material não podem, por conseguinte, ser arbitrariamente alteradas, nem mesmo pela força espiritual superior, como acreditam aqueles que pedem a Deus para intervir em seu próprio meio, curando-lhes as enfermidades ou fazendo a chuva cair sobre a terra; essas condições não podem igualmente ser influenciadas pelo mago mais poderoso com seus encantamentos. Só podemos nos aproximar de Malkuth por meio de Yesod, a só podemos nos aproximar de Yesod por meio de Hod, onde as “representações” são “desenhadas”. Libertemos de uma vez por todas nossas mentes da idéia de que o espírito pode agir diretamente sobre a matéria. Isso jamais acontece. O espírito opera por meio da mente, e a mente opera por meio do Éter; e o Éter, que é a estrutura da matéria e o veículo das forças vitais, pode ser manipulado nos limites de sua natureza, que não são de maneira alguma estreitos. Todos os acontecimentos miraculosos a sobrenaturais ocorrem, portanto, pela manipulação das qualidades naturais do Éter e, se compreendêssemos a natureza do Éter, deveríamos compreender a racionalidade da produção desses acontecimentos. Não de-
vemos atribuí-los à intervenção direta de Deus ou às atividades dos espíritos dos mortos, assim como não atribuímos hoje os fenômenos da combustão às atividades do flogisto, que as gerações anteriores acreditavam ser o princípio do fogo, cuja presença ou ausência determinava se uma dada substáncia queimaria ou não. Ainda vivem hoje algumas pessoas que ouviram falar da escola do flogisto, a que testemunharam a mudança de pensamento; da mesma maneira, virá o dia em que os homens considerarão os fenômenos psíquicos e a cura “espiritual” do mesmo ponto de vista que hoje encaramos o flogisto.
8. No estágio atual de nosso conhecimento, não é possível descrever de maneira detalhada a natureza do Éter Yesódico. Não obstante, podemos adiantar algumas coisas a seu respeito, ensinadas pela experiência. Entre elas, figuram as experiências com o ectoplasma, que é muito semelhante a esse Éter quanto à natureza; de fato, poderíamos descrevê-to como Éter orgánico, em contraposição ao Éter dos físicos, que é Éter inorgánico. Sabemos que o ectoplasma assume formas a as retém a as abandona com igual facilidade, o que mostra que não é a forma que confere a vida, mas a vida que determina a forma. Sabemos também que o ectoplasma pode ser emanado e absorvido, embora não conheçamos as condiçôes que governam esse fenômeno. O ectoplasma é, na verdade, uma espécie de protoplasma etéreo; e podemos conceber que o Éter ou a Luz Astral’tem com o ectoplasma a mesma relação que o ectoplasma tem com o protoplasma.
9. Embora não conheçamos a natureza última do Éter Astral, da mesma forma como não conhecemos a natureza última da eletricidade, não obstante sabemos, pela observação, que ele possui certas propriedades; sabemos, por experiência, que estas existem, porque nos permitem manipular essa substância sutil em certos modos definidos – como já explicamos – nos limites de sua própria natureza. Duas dessas propriedades são importantíssimas para o trabalho do ocultista prático, a formam, de fato, a base de todo o seu sistema.
10. A primeira dessas propriedades é a capacidade que o Éter astral apresenta de ser moldado pela mente; a segunda é a capacidade de sustentar as moléculas da matéria densa em seus raios parecidos a fios, como numa rede. Alguém poderá perguntar de que maneira sabemos que o Éter possui essas qualidades, tão vitais para nossas hipóteses mágicas. Respondemos que a existência dessas propriedades é a única explicação para as propriedades da matéria viva a da mente consciente. Não podemos explicar a mente ou a matéria apenas em seus próprios termos, nem podemos explicar a mente sem empregar os termos da consciência. A sensação é tanto um caso da mente
quanto da matéria, inexplicável em si. Para explicar a sensação nervosa, devemos postular uma substãncia que é intermediária entre a mente e a matéria; para compreender o moviunento precisamos igualmente afirmar a existência de tal substância – isto é, que possui o poder de receber a manter a marca do pensamento a influenciar a posição no espaço das unidades atômicas da matéria. Essas são propriedades que atribuímos ao nosso hipotético Éter astral, empregando, para justificar esse procedimento, os mesmos argumentos que foram aceitos em benefício de um procedimento similar no caso do Éter dos físicos. Defenderemos o que precede em favor de nossa hipótese; a se os argumentos em favor do éter dos físicos são aceitos, é difícil entender por que um Éter não deveria ser admitido na psicologia. Diz uma velha máxima que não se devem multiplicar desnecessariamente as hipóteses, mas, quando uma hipótese como a do Éter prova ser tão frutífera, estamos amplamente justificados em experimentar uma hipótese similar na ciência irmã da psicologia. Uma coisa é certa: a psicologia jamais fez qualquer progresso enquanto se lirnitou ao ponto de vista materialista a encarou a consciência como um epifenômeno, isto é, como um subproduto irrelevance a sem propósito da atividade fisiológica – se é que se pode dizer que algo na natureza é irrelevante a sem propósito. Aprendamos uma lição com o alcatrão, subproduto irrelevante a sem utilidade da produção do gás, que inicialmente desprezado revelou-se depois a fonte de muitos produtos químicos, tinturas a drogas.
11. Do ponto de vista da Magia, Yesod é a Sephirah importante, assim como Tiphareth é a Esfera funcional do misticismo, com seus contatos transcendentes com o Supremo. Se considerarmos a Árvore da Vida como um todo, veremos claramente que ela opera em tríades, tendo as Três Supremas suas correspondências num arco inferior em Chesed, Geburah a Tiphareth. Quem quer que tenha alguma experiência do cabalismo prático, Babe que, para todos os propósitos práticos, Tiphareth é Kether para nós, enquanto habitamos esta casa de carne, pois nenhum homem pode ver a face de Deus a sobreviver. Só podemos ver o Pai refletido no Filho, a Tiphareth “mostra-nos o Pai”.
12. Netzach, Hod a Yesod formam a Tríade Superior, ofuscada por Tiphareth, assim como o Eu Inferior é ofuscado pelo Eu Superior. Poder-seia dizer, de fato, que as quatro Sephiroth inferiores formam a personalidade,
ou unidade de encamação da Árvore; que a Tríade Superior de Chesed, Geburah a Tiphareth forma a individualidade, ou Eu Superior; a que as Três Supremas correspondem à Centelha Divina.
13. Embora cada Sephirah emane sua sucessora, as Tríades são sempre representadas, uma vez emanadas a em equilíbrio, como um par de opostos manifestando-se numa Terceira Funcional. Na Tríade inferior, encontramos Netzach a Hod equilibradas em Yesod, que é concebida como a receptora de suas emanações. Mas ela recebeu também as emanações de Tiphareth, e, por meio de Tiphareth, as de Kether, porque há sempre uma linha de força operando em sentido descendente num Pilar; conseqüentemente, como ela recebeu também de Netzach a Hod as influências que estas por sua vez receberam de seus respectivos Pilares, ela pode ser corretamente chamada, nas obras dos cabalistas, de “receptáculo das emanações”; e é de Yesod que Malkuth recebe o influxo das forças divinas.
14. Yesod é também de suprema importância para o ocultista prático, porque ela é a primeira Esfera com que entra em contato quando começa a “elevar-se nos planos”, a ergue a consciência acima de Malkuth. Tendo trilhado o terrível Trigésimo Segundo Caminho do Tau, ou Cruz do Sofrimento, a de Saturno, ele penetra em Yesod, a Casa do Tesouro das Imagens, a Esfera da Maia, a Ilusão. Yesod, considerada em si mesma, é inquestionavehnente a Esfera da Ilusão, porque a Casa do Tesouro das Imagens não é outra coisa senão o Éter Refletor da Esfera da Terra, a corresponde, no microcosmo, ao inconsciente dos psicólogos, repleto de coisas velhas a esquecidas, reprintidas desde o alvorecer da raça. As chaves que fecham as portas da Casa do Tesouro de Imagens a nos permitem comandar seus habitantes acham-se em Hod, a Esfera da Magia. Afirma-se corretamente nos Mistérios que nenhum grau se toma funcional antes de se alcançar o próximo. Todo aquele que tenta operar como um mago em Yesod logo aprende seu erro, pois, embora possa perceber as Imagens na Casa do Tesouro, ele não tem nenhuma palavra de poder para comandá-las. Por conseguinte, na iniciação no Caminho Ocidental pelo menos (não posso afirmá-to quanto ao Oriental, pois não o conheço), os graus dos Mistérios Menores seguem pelo Pilar Central até Tiphareth, a não a linha do Relâmpago Brilhante. Em Tiphareth, o iniciado toma o primeiro grau de adepto, a daí retoma, se o desejar, para aprender a técnica da Magia relativa à personalidade da Árvore, ou seja, a unidade macrocósmica da encamação. Se ele não o deseja, mas quer libertar-se da Roda do Nascimento a da Morte, ele avança pelo Pilar Central, que os cabalistas chamam de Caminho da Flecha, a passa por sobre o Abismo e atinge Kether. Aquele que penetra nessa luz não pode mais voltar.
15. Yesod é também a Esfera da Lua; por conseguinte, para compreender-lhe o significado, devemos saber algo a respeito de como a Lua é vista no ocultismo. Sustentam os iniciados que a Lua se separou da Terra num período em que a evolução estava no ápice entre a fase etérea de seu desenvolvimento e a fase da matéria densa. Aqueles que estão familiarizados com a terminologia astrológica sabem que a cúspide é a fase entre dois signos em que a influência de ambas se interpenetra. A Lua, então, tem algo de material em sua composição, daí o globo luminoso que vemos no céu; mas a parte realmente importante de sua composição é etérea, porque foi durante a fase da evolução em que a vida desenvolveu a forma etérea que a Lua teve o seu apogeu e, por essa razão, tal fase é chamada por alguns ocultistas de Fase Lunar da evolução. Aqueles que desejarem saber mais sobre esse assunto lerão com proveito Lhe Rosicnucian Cosmo-conception, de Max Heindel, e A doutrina secreta, de Mme. Blavatsky. Como os cabalistas utilizam um sistema diferente de classificação do dos vedantistas, não podemos tratar do vasto assunto dos “Raios a Rondas” nestas páginas. Limitar-nos-emos a afirmar dogmaticamente certos fatos conhecidos dos ocultistas, indicando onde o leitor poderá encontrar, se o desejar, informações mais completas.
16. A Lua e a Terra, de acordo com a teoria ocultista, partilham um duplo etéreo comum, embora seus dois corpos físicos estejam separados e a Lua seja o elemento mais velho; ou seja, nos assuntos etéreos, a Lua é o pólo positivo da bateria, e a Terra é o pólo negativo. Yesod, como já observamos, reflete o Sol de Tiphareth, que por sua vez é Kether num arco inferior. Os astrónomos já nos falaram que a Lua brilha por causa da luz alheia, refletida do Sol, a eles estão começando agora a descobrir que o Sol pode receber sua energia ígnea do espaço exterior. Traduzido na terminologia cabalística, o espaço exterior seria o Grande Imanifesto, a os cabalistas têm ensinado essa doutrina desde os dias em que Enoch passeava com Deus e desapareceu, pois Deus o tomou – em outras palavras, Enoch recebeu a iniciação de Kether.
17. Viu-se mais acima que Yesod-Luna está sémpre num estado de fluxo a refluxo, por causa da quantidade de luz solar recebida a refletida, que brilha a se apaga num ciclo de vinte a oito dias. Malkuth-Terra está também num estado de fluxo a refluxo num ciclo de vinte a quatro horas, e pela mesma razão. Malkuth-Terra tem também um ciclo de trezentos a sessenta a cinco dias, cujas fases são assinaladas pelos equinócios a solstícios. É o conjunto de interações dessas marés que importa para o ocultista prático, porque muito de seu trabalho depende delas. Os mapas dessas marés foram
sempre mantidos em segredo, a alguns são extremamente complexos. Como essas informaçôes dizem respeito aos trabalhos secretos – os genuínos a legítimos segredos ocultos, que são transmitidos apenas após a iniciação -, não podemos comunicá-las nestas páginas. Já dissemos o bastante, contudo, para indicar que certas marés no Éter lunar existem a são importantes, a que os estudantes do oculto perdem seu tempo se tentam operálas sem os necessários mapas.
18. Essas marés lunares exercem um papel importantíssimo nos processos fisiológicos das plantas a dos animais, a especialmente na germinação a crescimento das plantas a na reprodução dos animais, como o testemunha o ciclo sexual de vinte a oito dias lunares da fêmea humana. 0 macho tem um ciclo sexual baseado no ano solar, mas, em casas iluminadas e aquecidas artificialmente esse ciclo não é tão marcado; embora o poeta nos tenha chamado a atençáo para o fato de que “Na primavera, a fantasia de um jovem volta luminosa para os pensamentos de amor”, e a referência é tão correta que basta apenas citá-la.
19. É a luz da Lua o fator estimulante dessas atividades aéreas e, como a Terra e a Lua partilham de um duplo etéreo, todas as atividades etéreas sâo mais ativas quando a Lua está em sua fase cheia. Da mesma maneira, durante a Lua nova, a energia etérea está em sua fase mais baixa, e as forças desequilibradas tendem a elevar-se a causar problemas. 0 Dragão das Qliphoth ergue suas múltiplas cabeças. Em conseqüência, é melhor abandonar o trabalho oculto prático durante a Lua nova, a só os trabalhadores experientes devem executá-lo. As forças que dão vida estão relativamente fracas a as forças desequilibradas relativamente fortes; o resultado, em mãos inexperientes, é o caos.
20. Todos os sensitivos estáo conscientes dessas marés cósmicas, e mesmo aqueles que não são deliberadamente sensitivos se vêem afetados muito mais por elas do que geralmente se reconhece, especialmente durante as enfermidades, quando as energias físicas estão em baixa.
21. Não se pode dizer muitas coisas a respeito de Yesod, porque nela estão ocultas as chaves dos trabalhos mágicos. Devemos, por conseguinte, nos contentar em elucidar o simbolismo numa forma um tanto quanto criptológica, embora aquele que tenha ouvidos para ouvir esteja livre para utilizá-las.
22. Já observamos a curiosa natureza dupla de Netzach a Hod, pois a imagem mágica de Hod é um hermafrodita, a os antigos representavam Vênus-Afrodite como uma mulher barbada. Encontramos novamente em Yesod esse simbolismo dual e, mais uma vez, como veremos depois, em Malkuth. Lsso indica claramente que nessas Sephiroth, que pertencem aos níveis inferiores da Árvore, devemos reconhecer definitivamente, em cada uma, um lado da força a um lado da forma. Esse aspecto se toma muito clam tanto em Yesod quanto em Malkuth, às quais se atribuem deuses e deusas.
23. Yesod é essencialmente a Esfera da Lua e, como tal, está sob o govemo de Diana, a deusa lunar dos gregos. Ora, Diana era no início uma deusa casta, etemamente virgem e, quando o ousado Acteão a importunou, foi ele destroçado por seus cães de caça. Diana, contudo, foi representada em Éfeso provida de muitos seios a reverenciada como uma deusa da fertilidade. Além disso, Isis é também uma deusa lunar, como o indica o crescente lunar sobre sua testa, que, em Hathor, se converte nos cornos da vaca, sendo a vaca, entre todos os povos, o símbolo especial da maternidade. No simbolismo cabalístico, os órgãos geradores são atribuídos a Yesod.
24. Tudo isso é muito enigmático à primeira vista, pois os símbolos parecem ser mutuamente exclusivos. Quando dermos um passo a mais, contudo, começaremos a descobrir os elos unificadores entre as idéias.
25. Três deusas são atribuídas à Lua: Diana, Selene ou Luna a Hécate. Esta é a deusa da feitiçaria a dos encantamentos, que preside também os partos.
26. Há também um deus lunar muito importante: Thoth, o Senhor da Magia. Portanto, quando descobrimos que Hécate na Grécia a Thoth no Egito são ambos atribuídos à Lua, não podemos deixar de reconhecer a importãncia da Lua nos assuntos mágicos. Qual é então a chave da Lua mágica, que é às vezes uma deusa virgem a às vezes uma deusa da fertilidade?
27. Não é preciso buscar muito longe a resposta. Ela se encontra na natureza rítmica da Lua, e, de fato, na natureza rítmica da vida sexual da mulher. Há ocasiôes em que Diana tem muitos seios; há ocasiões em que seus cães reduzem o intruso a pedaços.
28. Ao tratar dos ritmos de Luna, tratamos de estados etéreos, não de estados físicos. 0 magnetismo das criaturas vivas cresce a diminui com um ritmo definido. Isso é de fácil observação quando se conhece a meta almejada. A força magnética revela-se com clareza nas relações entre pessoas em quem o magnetismo está em perfeito equilíôrio. Às vezes, uma estará em ascensão e, às vezes, a outra.
29. Mas, poder-se-is perguntar, se a Esfera de Yesod é etérea, por que são os órgãos geradores atribuídos a essa Esfera, uma vez que a sua função é sem dúvida física? A resposta a essa questão reside no conhecimento dos aspectos mais sutis do sexo, conhecimento, aliás, que parece estar total-
mente perdido no mundo ocidental. Não podemos aqui comentar esse tema em detalhes, mas basta assinalar que todos os aspectos mais importantes do sexo são etéreos a magnéticos. Podemos compará-to a um iceberg, cuja maior parte está sob a superfície. As reações físicas do sexo são apenas uma parcela muito pequena, de maneira alguma a parte mais vital de seu funcionamento. É por ignorarmos esse fato que muitos casamentos não conseguem cumprir o propósito de unir duas metades num todo perfeito.
30. Conferimos pouca importância ao lado mágico do casamento, a despeito do fato de a Igreja o classificar entre os sacramentos. Ora, um sacramento é definido como um signo exterior a visível de uma graça interior e espiritual, e é essa graça interior a espiritual que é tão raro encontrar no ato matrimonial das raças anglo-saxônicas, com seu temperamento relativamente frígido a seu desrespeito pelo corpo. Essa graça interior a espiritual que faz do matrimônio um sacramento verdadeiro em seu gênero não é a graça da sublimação ou da renúncia, ou a pureza da negação a da abstinência; é a graça da bênção de Pã na alegria das coisas naturais, muito bem expressa por Walt Whitman em sua série de poemas Children of Adam.
31. A atribuição de perfumes a sandálias a YeSQd é muito significativa. Essas duas coisas exercem um papel muito importante nas operações mágicas. As sandálias, ou chinelos sem salto a confortáveis, são utilizadas no trabalho cerimonial para trilhar o círculo mágico. Elas são tão importantes no equipamento do ocultismo prático quanto a sua vara de poder. Deus disse a Moisés: “Retira os sapatos, pois o lugar em que estás é local sagrado.” 0 adepto faz um campo sagrado para si mesmo colocando em seus pés as sandálias consagradas. 0 tapete de cor apropriada a gravado com símbolos adequados é também uma peça importante na mobffia das lojas ocultas. Ele concentra o magnetismo da Terra utilizado na operação, da mesma maneira como o altar é o foco das forças espirituais. Através de nossos pés, tocamos o magnetismo da Terra; e, quando esse magnetismo é de um tipo especial, utilizamos chinelos que não o inibem.
32. Os perfumes são também muito importantes nas operações cerimoniais, pois representam o lado etéreo. Sua influência psicológica é bem conhecida, mas a fina arte de utilizá-los psicologicamente tem sido pouco estudada fora das lojas ocultas. 0 use de perfumes é o meio mais efetivo de tirar proveito das emoções e, conseqüentemente, de alterar o foco da consciência. Como nossos pensamentos fogem rapidamente das coisas terrestres quando a fumaça errante do incenso chega a nós vinda do altar superior! E como retomam eles novamente quando sentimos um odor de patchuli vindo do banco que está à nossa frente!
33. E nas quatro cartas do Tarô atribuídas a essa Sephirah vemos claramente os efeitos do magnetismo etéreo. Possuímos uma Grande Força quando estamos em contato com a Terra, abençoados por Pã; há também a Alegria Material; de fato, sem a bênção de Pã, não pode haver nenhuma felicidade material, porque não há paz dos nervos. Nesse lado negativo, contudo, encontram-se as profundidades do desespero a da crueldade; mas, nos contatos terrestres firmes sob nossos pés, obtemos o Ganho Material, porque estamos prontos para trabalhar o plano material.
A Cabala Mística – Dion Fortune
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