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Segundo o Dr. Howard J. Resnick, PhD. (Hridayananda Dasa Goswami Acaryadeva) “Krishna West é um Movimento espiritual que serve ao mundo através do ensino e da prática do avançado conhecimento espiritual encontrado em textos antigos, como a Bhagavad-gita e o Srimad- Bhagavatam. Como um dos mais antigos e mais apreciados tratados sobre a filosofia e a prática do yoga, a Bhagavad-gita explica que todos nós somos seres espirituais eternos. Nós sempre existimos e iremos sempre existir. Apenas nosso corpo temporário nasce e morre. Compelidos pelas reações às nossas ações mundanas (karma), vagamos através de muitas vidas até claramente compreendermos nossa identidade eterna como almas e nosso relacionamento amoroso com um Deus infinitamente belo, onisciente e sempre jovem: Krishna. O Krishna West ensina o caminho atemporal e não-sectário de bhakti-yoga – devoção a Deus e a todas as almas. A Bhagavad-gita descreve bhakti-yoga como o estágio mais elevado de yoga espiritual.
Denominamos a esse Movimento Krishna West porque fazemos tudo possível para tornar bhakti-yoga fácil, relevante e agradável aos ocidentais, sem de modo algum comprometer, diluir ou diminuir a pureza e o poder de uma gloriosa tradição antiga. Fazemos isso por oferecer o ensino espiritual essencial e a prática em sua totalidade, sem demandar que os estudantes e praticantes abracem uma nova etnia, composta de roupas orientais, culinária, música, etc. não-essenciais. As pessoas no ocidente necessitam e merecem a oportunidade de praticar genuína bhakti-yoga dentro de uma cultura externa que seja confortável e natural para elas. O Krishna West é parte da Sociedade Internacional para Consciência de Krishna, o “Movimento Hare Krishna”, fundada por Srila Prabhupada. Assim, o Krishna West é “um Movimento dentro do Movimento”. Procuramos servir ao mundo ocidental com ativismo espiritual inteligente, apropriado, não-sectário que aborda poderosamente, com sabedoria espiritual, questões de justiça social e econômica, o meio ambiente global e a liberação última. Nossa visão, que cada ser vivo é uma parte eterna de Deus e, portanto, digno de nosso amor, forma a base da nossa abordagem à justiça, ao meio ambiente e à iluminação. Nós calorosamente encorajamos as pessoas interessadas a aprender sobre o Krishna West, a desfrutar de seus recursos espirituais e a nos ajudar a servir a este planeta através de programas abrangentes realizados em uma atmosfera colegial de apoio mútuo.”
A seguir Srila Acharyadeva, responde algumas perguntas:
Pergunta#1: Frequentemente, eu ouço devotos chamando matajis de prabhus. Por gentileza, esclareça isso. Obrigado!
Resposta por Srila Acharyadeva::
Pessoalmente, eu chamo mulheres de prabhu. Eu estou tentando me libertar do conceito corpóreo de vida, e quando eu conheço uma Vaishnavi santa, eu tento vê-la como uma eterna serva do Senhor. Nós não encontramos nenhuma evidência no Bhagavatam que os homens, como regra geral, chamavam as mulheres de “mãe”. Em todo o caso, ‘mataji’ é uma palavra em hindi.
Pergunta#2: No verso 9.32 do Bhagavad-gita, por que Krishna menciona especificamente essas categorias de seres humanos (mulheres, trabalhadores, etc.) como também aptos a alcançarem a meta mais elevada? Esse verso me transmite uma ideia do tipo “embora seja uma mulher, ou comerciante etc., tal pessoa, mesmo nessa posição desfavorável, pode Me alcançar.” O que tornaria qualquer uma dessas classes de indivíduos menos qualificada ao avanço espiritual?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Krishna faz exatamente o contrário. Ele disse que esses grupos também alcançam a mesma perfeição. Inevitavelmente na sociedade em que Krishna apareceu, os brahmanas (sacerdotes) e ksatriyas (aristocracia) iluminados tinham mais prestígio. Por isso, quase todas as histórias do Srimad Bhagavatam são de brahmanas e ksatriyas. Krishna está frisando o ponto que os outros grupos também podem alcançá-lO. Ao mesmo tempo, as gopis, mulheres de comunidade vaisya (agricultores), são reconhecidas como os devotos mais avançados. Trata-se de equilíbrio. Não podemos cegamente aplicar atitudes modernas a uma cultura antiga.
Pergunta#3: No significado de Srila Prabhupada no Srimad Bhagavatam verso 3.14.21, ele escreve: “Em outras palavras, o então chamado homem da ordem renunciada, que deixou sua casa e esposa, vai para o inferno se ele novamente desejar prazer sexual, conscientemente ou inconscientemente”. O que se quis dizer com “conscientemente ou inconscientemente”? Como pode-se desejar inconscientemente?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Pode-se faltar autoconsciência profunda e considerar ser bhakti pura o entusiasmo impuro de fazer com que uma mulher tome parte no serviço [devocional].
Pergunta#3.1: O que se pode deduzir ou ganhar por engajar uma mulher em serviço [devocional] que torna impuro o entusiasmo da pessoa? Sua associação? Sua afeição?
Resposta por Srila Acharyadeva:
É exatamente como você supôs. Pode-se tornar apegado ao sexo oposto em nome da consciência de Krishna.
Pergunta#3.2: Seria melhor não engajar mulheres de qualquer modo se um sannyasi é ainda impuro, ou melhor engajar mulheres e ser honesto que se está ainda aperfeiçoando e purificando o coração?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Não, é melhor engajar qualquer um, mas estar consciente desses seus motivos para que se possa purificá-los e avançar espiritualmente. Claro que um sannyasi deveria evitar circunstâncias nas quais ele simplesmente não consegue se controlar.
Pergunta#4.1: Por que as mulheres não oferecem dandavats se, por exemplo, quando a mãe do Senhor Vamanadeva se apresentou ao Senhor Narayana se diz que ela se prostrou como uma vara? E algumas pessoas dizem que se pode dar dandavats de lado e não modo que os homens costumam fazer?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Eu entendo assim: nesta era de Kali, os homens são muito degradados e luxuriosos. Além disso, a ciência mostra que os homens se agitam facilmente pelo sentido da visão. Desse modo, as mulheres, por discrição, evitam estender o corpo diante dos homens. Parece loucura (e em certo sentido é loucura), mas é prático.
Pergunta#4.2: Como explicar o fato de devotos homens sempre passarem pela flor, fogo e demais elementos antes das devotas? Inclusive ao oferecerem flores a Srila Prabhupada?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Porque eles têm maus costumes e lhes falta educação.
Pergunta#4.3: Lembro que, em Atlanta, você sugeriu que num dia as devotas iriam primeiro e depois os devotos. Para mim é difícil entender e explicar essas atitudes a outras pessoas sem a sensação de que verão a consciência de Krishna como uma filosofia machista.
Resposta por Srila Acharyadeva:
Eu acho que temos de ser honestos e dizer que somos um trabalho em andamento, e alguns pontos ainda nos faltam.
Pergunta#4.4: E se, finalmente, o que o senhor responderia a uma professora universitária que lhe pede uma explicação sobre o motivo de as mulheres não usarem cordão de brahmana?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Geralmente, na Índia, um lugar bem quente, os homens brahmanas não usavam camisas e, deste modo, via-se o cordão. As mulheres mantinham o busto coberto.
Eu também diria à professora que embora tenhamos vários costumes herdados da Índia, que não são sempre eternos ou perfeitos, a filosofia e a prática são espiritualmente perfeitas. Por isso, toleramos essas coisas enquanto tratamos de melhorá-las.
Pergunta#5: Sou um ocidental educado e com pensamento moderno. Como tal, comentários sobre as mulheres serem menos inteligentes, menos confiáveis etc., me fazem dar para trás.
Resposta por Srila Acharyadeva:
As pessoas me fazem esta pergunta o tempo todo. Eu geralmente explico que Prabhupada cresceu em uma época e cultura diferentes e isso pode ser refletido em algumas de suas declarações sobre assuntos mundanos. Em outras palavras, os ensinamentos de Prabhupada sobre a natureza da alma, Deus, etc. são diretamente baseados nas escrituras. Prabhupada sempre nos ensinou que suas declarações são infalíveis quando ele está citando as escrituras. Isso significa que as declarações de Prabhupada que não têm como base as escrituras não são infalíveis.
Em relação à inteligência, a ciência agora fala em uma variedade de inteligências, como a inteligência artística, inteligência emocional, inteligência matemática, inteligência administrativa etc. Atualmente, não podemos verdadeiramente falar de um tipo de ‘inteligência’ e dizer que os homens são mais inteligentes. Depende do contexto.
Em relação ao adultério, confiabilidade etc., podemos agora estudar e medir essas coisas cientificamente, e assim como com muitas destas questões, a meu ver, devemos lidar com isso com o uso das ciências sociais e neurológicas.
Há uma crescente consciência na ISKCON que é preciso distinguir entre as diferentes categorias de declarações de Srila Prabhupada. De fato, com base nas minhas próprias declarações sobre este tema, o GBC formou um comitê de hermenêutica que está tentando racionalmente categorizar as diferentes declarações de Srila Prabhupada de acordo com sólidos princípios filosóficos, espirituais e científicos.
Prabhupada nos salvou, ele nos amou, e, portanto, eminentemente merece nossa devoção, apesar de alguns comentários com os quais podemos ter alguma dificuldade.
Curiosamente, apesar de algumas declarações polêmicas sobre as mulheres, em sua própria vida, Prabhupada tratava mulheres com grande dignidade e respeito, como praticamente todas as suas discípulas testemunham. Na verdade, ele enfrentou críticas terríveis de hindus por dar às mulheres oportunidades sem precedentes em seu movimento.
Sugiro que você, novamente, mantenha seu foco no bem ilimitado que Prabhupada está fazendo, e ponha de lado alguns pontos que profundamente lhe incomodam. Mesmo no mundo material, as crianças sentem muito amor e gratidão para com os seus pais amorosos e dedicados, e põem de lado aqueles assuntos em que as gerações podem ter valores diferentes.
Pergunta#6: Como equilibrar filosofia e religião na ISKCON?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Inevitavelmente, em cada religião, haverá uma divisão teológica entre aqueles que procuram combinar a filosofia e a religião, como Prabhupada recomendava, e aqueles que sentem que a religião sem a consideração racional é melhor. Prabhupada nos ensinou que precisamos de devoção razoável, e razão devotada. Caso contrário, em nome de glorificar Prabhupada, alguns devotos deslizam para o fanatismo e sentimentalismo. E em nome da razão, outros perdem a sua compreensão da contribuição única de Prabhupada.
Pergunta#7: Você poderia, por favor, explanar sobre como nós podemos entender e empregar no contexto correto algumas declarações racistas de Srila Prabhupada?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Eu entendo seu questionamento. Aqui estão algumas das minhas considerações:
1. Prabhupada viveu a maior parte da sua vida num mundo que julgava o racismo como sendo o equivalente moral do nacionalismo. Assim como as pessoas sentem que elas estão moralmente justificadas ao apoiarem ou preferirem suas próprias famílias a outras famílias, ou suas comunidades e países a outras comunidades e países, ou assim como, de fato, há grupos que apoiam as mulheres e criticam os homens, ou vice versa, similarmente antes das atrocidades de Hitler, pessoas em todo o mundo apoiavam e preferiam sua raça a de outros. Isso era verdade não apenas no Ocidente, mas no Japão, na Índia e em muitas outras regiões. Após a Segunda Guerra Mundial e Hitler, e após o Movimento dos Direitos Civis, o racismo tornou-se talvez a mais sensível questão moral no Ocidente. A Índia é um mundo diferente, com uma história diferente, e os indianos da geração de Prabhupada nunca realmente compreenderam a sensibilidade ocidental pós-guerra em relação à raça.
2. Prabhupada algumas vezes fez declarações ousadas, mas na prática, em sua vida, ele agiu como um cavalheiro perfeito e liberal. Nos primórdios da ISKCON, Prabhupada pessoalmente providenciou casamentos inter-raciais entre negros e brancos, colocou discípulos negros em posições de destaque, e tratou todos igualmente. Nos Estados Unidos, mesmo entre os liberais, é comum se contar piadas a respeito de raça e etnia. Por causa dos frequentemente opressivos movimentos politicamente corretos, as pessoas desabafam desse modo. Eu tomaria os comentários de Prabhupada nesse sentido em vez de declarações pesadas de sua profunda convicção nesse assunto.
Pergunta#8: Eu tenho lido um pouco da história de Prabhupada nos primeiros dias e me deparei com a descrição do primeiro casamento entre dois devotos americanos. Eu estudei história e antropologia na graduação e lá foi ensinado a não se ser etnocêntrico. Eu venho tentando manter isso em mente ao ler algumas das coisas pelas quais Prabhupada é citado por ter dito, por exemplo, que a esposa não deve ser independente e que uma de suas principais tarefas é ter a casa pronta para a chegada do marido em casa após o trabalho. Eu sou capaz de ver claramente que isso foi dito em 1966 e que Prabhupada é proveniente de um contexto indiano tradicional. Assim, para mim, é fácil interpretar essas coisas e não me sentir ofendida ou ser contestadora. No entanto, a situação parece mudar um pouco, para mim, agora que estou pensando seriamente em me tornar uma devota iniciada. Estou feliz em permanecer neutra durante a leitura de coisas como esta como uma “observadora inocente”. Mas, como uma seguidora de Prabhupada, eu gostaria de “traduzir” esses tipos de declarações numa perspectiva mais moderna. Mas, isso é apropriado? Ao fazê-lo, estou essencialmente ignorando as instruções de Prabhupada?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Há alguns pontos relevantes:
1. Eu aprecio sua atitude madura em relação à afirmação de Srila Prabhupada de 1966.
2. Prabhupada era um profundo e complexo pensador que costumava dizer coisas diferentes sobre o mesmo tema. Assim, para ter uma compreensão completa do seu pensamento, temos que, às vezes, reunir várias declarações. Por exemplo, você vai encontrar Prabhupada dizendo que uma esposa ficará contente com tarefas domésticas. Noutro lugar (em uma sala de conversação em 22 de junho de 1975) Prabhupada diz, por exemplo, que mulheres qualificadas devem obter PhDs e ensinar em universidades. Prabhupada também disse frequentemente que o casamento é um trabalho em equipe, no qual marido e esposa devem respeitar-se mutuamente e ajustarem-se às necessidades de cada um.
3. Prabhupada era eminentemente prático. Ao aprender mais sobre o Ocidente, ele ajustava e aperfeiçoava certas diretrizes, enquanto que, claro, mantinha seus ensinamentos e práticas básicos intactos. Prabhupada afirma no capítulo 6 do Néctar da Devoção que “detalhes” devocionais são variáveis e relações matrimoniais são um detalhe culturalmente variável do serviço devocional, não é um princípio básico como “cantar Hare Krishna”. Então, Prabhupada constantemente fazia ajustes. Por exemplo, no início de sua missão, ele arranjava casamentos como se faria na Índia naquela época. Contudo, ao ver que a maioria desses casamentos arranjados falhou, ele percebeu que esse método não funciona no Ocidente. Lembro-me que, em 1971, como presidente de templo casado, eu recebi uma carta de Prabhupada enviada para todos os templos em que ele declarou que estava deixando de realizar arranjos de casamento e iria deixá-los para nós.
Eu vi repetidas vezes que Prabhupada, como um amante puro de Krishna, realmente só queria que amássemos Krishna e que fôssemos felizes. E como nosso pai amoroso e guru, ele nunca nos levou a um ponto de ruptura, mas sempre abria espaço para nós, respeitando as nossas necessidades e limites.
Você é uma menina inteligente e reflexiva e, obviamente, você precisa de um relacionamento conjugal de respeito e consideração mútuos. O homem de sorte que se casar com você deve amá-la e aceitá-la por quem você é. Ambos, marido e esposa, devem servir um ao outro em consciência de Krishna. O centro de um casamento consciente de Krishna não é o marido ou a esposa, mas Krishna, e todos nós somos servos de Krishna. Ambos, marido e esposa, devem respeitar profundamente um ao outro como servos eternos de Krishna.
*Várias perguntas com suas respectivas respostas, como parte de uma entrevista para uma revista eslovena:
Pergunta#9.1: Somente homens podem se tornar sacerdotes ou Swamis no Movimento Krishna e, em caso afirmativo, por que é assim? Por que as mulheres não podem se tornar Swamis?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Na tradicional cultura Védica ou Vaishnava, um sacerdote não é necessariamente um Swami ou sannyasi. Desde os tempos antigos, brahmanas servem como sacerdotes, e eles têm a opção de se casar ou de permanecer solteiros. Há milhares de mulheres na ISKCON que servem como sacerdotes bramanas. Elas realizam ritos sagrados no altar, cuidam das Deidades, lideram serviços semanais, dão palestras etc. Temos também muitas mulheres que atuam como líderes da comunidade, presidentes de templo, e membros do nosso corpo governamental internacional. Uma mulher notável, Mukhya Devi, é a presidente da nossa maior comunidade no mundo ocidental, em Alachua, Flórida.
Pergunta#9.2: Historicamente, isso tem sido sempre o caso?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Em algumas das primeiras literaturas sânscritas, primeiros Upanishads, vemos mulheres como Gargi que foram grandes professoras que instruíam reis.
Pergunta#9.3: As mulheres podem se tornar gurus no Movimento Hare Krishna?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Sim, as mulheres podem ser gurus. Essa é a posição oficial do nosso corpo governamental. Historicamente, as mulheres serviram como gurus por muitos séculos.
Pergunta#9.4: As mulheres podem trabalhar ou deveriam apenas cuidar do lar e dos filhos?
Resposta por Srila Acharyadeva:
O princípio geral é que todos devem servir a Deus de acordo com sua natureza e capacidades. Esse é o princípio que Krishna ensina em todo o Bhagavad-gita. Por exemplo, nosso fundador, Srila Prabhupada, solicitou a mulheres e homens que estão assim propensos a obter doutorado e ensinar o conhecimento espiritual nas universidades.
Pergunta#9.5: Homens e mulheres são ambos iguais no sentido de que eles possam obter emprego ou tomar conta do lar e da família, cozinhar, etc?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Mais uma vez, todos devem servir de acordo com sua natureza. Eu pessoalmente conheço casos de devotos em que a mulher trabalha e o homem cuida da casa. A regra é que devemos fazer as coisas naturalmente, não ideologicamente. Mulheres ou homens não devem trabalhar num trabalho específico, ou ficar em casa, simplesmente para servir à ideologia. Antes, eles devem agir de acordo com seu desejo, natureza e capacidade verdadeiros. Nosso dever vem da nossa natureza, e cada indivíduo é único. Se dermos às pessoas liberdade e as incentivarmos a servir de acordo com sua própria natureza, então as pessoas vão acabar no lugar certo.
Obrigado pela oportunidade de falar sobre essas questões.
Pergunta#10: O uso de um véu por mulheres é uma prática padrão védica confirmada pelas escrituras? Nós vemos a palavra “samvita” que é traduzida como coberto, isso é correto? Qual é o padrão de castidade nos Vedas para as mulheres?
Resposta por Srila Acharyadeva:
“Samvita” não exclui o véu, mas certamente não torna regra. O significado literal, “bem coberto / vestido” é relativo. Sabemos por exemplo que, em muitas partes conservadores da Índia, durante vários períodos, mulheres castas e respeitáveis não cobriam a parte superior de seu corpo, o que dizer de suas cabeças e rostos.Vemos isso claramente esculpido no exterior de templos onde até mesmo deusas, provavelmente as mulheres mais respeitáveis, estão muito pouco vestidas. Eu vi isso pessoalmente em certas zonas rurais da Índia.
Como regra geral, vemos ao longo da história que a parte “indecente” da anatomia muda com o passar do tempo. Por exemplo, durante alguns períodos na Europa, o pescoço de uma mulher, ou seus braços, foram considerados mais eróticos do que o seu busto, que talvez era visto como algo materno.
Certamente há uma longa história de mulheres respeitáveis cobrindo-se, de modo a não serem vistas como indignas, de baixo nível, mas esta tradição não é universal em termos de tempo ou geografia. Assim, embora saibamos que as mulheres gregas às vezes cobriam partes de sua cabeça ou o rosto, a maioria das estátuas gregas as mostram com as cabeças descobertas, juntamente com as deusas que sempre tinham suas cabeças também descobertas.
Minha conclusão: a castidade é um princípio eterno. Como mulheres castas se vestem varia de acordo com tempo e lugar. Nós sabemos que Draupadi e outras mulheres castas de Krishna-lila andavam “bem cobertas”.
Também temos histórias de Indra e Candra [semideuses do Sol e da Lua, respectivamente] seduzindo as esposas dos outros. Parece que só às vezes havia punição para este comportamento.
Temos também os casos de “moças da sociedade celestial”, como Prabhupada chamou as Apsaras, que servem Indra seduzindo yogis ambiciosos para reduzir sua shakti. Claro que havia também as famosas prostitutas de Dvaraka.
Além disso, também há variações culturais entre a cidade e a cultura da aldeia. Quando Krishna entrava em uma cidade grande como Indraprastha ou Hastinapura, as mulheres iam para o telhado e adoravam-nO enquanto Ele passava na rua. Em Vrindaban, não há menção a essa prática. Em vez disso, encontramos uma cultura de aldeia muito mais informal. É claro que nas grandes cidades, a entrada Krishna era acompanhada por tropas fortemente armadas, animais grandes como elefantes e cavalos de guerra, multidões barulhentas se empurrando etc. Assim, as mulheres sabiamente iam para os telhados.
A evidência direta para a diferença na cidade e cultura da aldeia vem dos maiores devotos, as gopis, que dizem: “Agora que Krishna foi para a cidade e tornou-se sofisticado, ele deixará de gostar das meninas da aldeia.” No Mahabharata, nós também encontramos diferenças claras entre as diferentes regiões. Há referências frequentes aos costumes incomuns do Kurus Uttara, os Kurus do Norte, referindo-se àqueles que vivem no sopé dos Himalaias e nas montanhas mesmo. Da mesma forma, existem costumes matrimoniais diferentes em regiões diferentes. Por exemplo, quando Bhishma vai para o Noroeste para assegurar Madri como segunda esposa de Pandu, Salya, o irmão de Madri, diz-lhe que, “em nosso reino, não damos dotes com nossas mulheres. O noivo deve dar um dote.” Bhishma, sem oposição, dá um dote em nome de Pandu.
Da mesma forma, na vestimenta e em outros detalhes culturais, há uma variação, não só geográfica, mas também em diferentes eras. Por exemplo, o Bhagavatam declara no Quarto Canto que Prthu Maharaja introduziu o planejamento urbano, que não existia antes dele. Além disso, no Mahabharata, grandes sábios como Shukra e Shvetaketu declaram novos “dharmas”, como a monogamia e a abstinência brahmínica de bebidas alcoólicas, com base em conseqüências desagradáveis dessas atividades.
E, claro, aquilo que não é sanatana dharma varia ao longo das yugas.
Conclusão: grandes Acaryas enfatizam Sanatana Dharma, que é Bhagavata Dharma.
Pergunta#11: Nossas escrituras realmente recomendam quaisquer detalhes ou estilo de vestimenta?
Resposta por Srila Acharyadeva:
A Gita não nos diz para nos vestirmos de uma certa maneira, embora Krsna nos diga para meditarmos sobre um “assento com camadas de tecido, pele de antílope, e grama kuśa.” [ Bg 6.11 ] É evidente que os devotos não consideram esta injunção aplicável em nossa era atual. Quando olhamos para o Bhagavatam, que o Senhor Caitanya aceitou como nosso Shastra mais importante, encontramos, ironicamente que versos obrigando estilos específicos de vestimenta são totalmente não práticos para esta era. Aqui estão os principais exemplos :
SB 11.18.15
bibhṛyāc cen munir vāsaḥ
kaupīnācchādanaṁ param
tyaktaṁ na daṇḍa-pātrābhyām
anyat kiñcid anāpadi
Tradução: Caso um sannyāsī deseje vestir algo além do mero kaupina, ele pode usar outro pano em volta da cintura e quadris para cobrir o kaupina. Caso contrário, se não houver uma emergência, ele não deverá aceitar nada além de sua daṇḍa e cântaro.
CC Antya 12.37
Significado:
Nos tantras é dito:
vastreṇāvṛta-dehas tu yo naraḥ praṇamed dharim śvitrī bhavati mū
hātmā sapta janmāni bhāvini
“A alma tola que, com seu corpo coberto com roupas, curva-se diante de Hari, torna-se um leproso por sete nascimentos futuros. ”
SB 7.12.4
mekhalājina-vāsāṁsi
jaṭā-daṇḍa-kamaṇḍalūn
bibhṛyād upavītaṁ ca
darbha-pāṇir yathoditam
Tradução: Carregando em sua mão grama kuśa pura, o brahmacārī deve vestir-se regularmente com um cinto de palha e com vestes de pele de viado. Ele deve usar o cabelo emaranhado, levar consigo um bastão, um cântaro e decorar-se com um cordão sagrado, como recomendado nos śāstras.
SB 7.12.21
keśa-roma-nakha-śmaśru-
malāni jaṭilo dadhat
kamaṇḍalv-ajine daṇḍa-
valkalāgni-paricchadān
Tradução: O vānaprastha deve usar madeixas de cabelo emaranhadas em sua cabeça e deixar os pelos do corpo, as unhas e o bigode crescerem. Ele não deve limpar a poeira de seu corpo. Ele deve munir um cântaro, pele de viado e um bastão, cobrir-se com casca de árvore e usar trajes da cor do fogo.
SB 7.13.2
bibhṛyād yady asau vāsaḥ
kaupīnācchādanaṁ param
tyaktaṁ na liṅgād daṇḍāder
anyat kiñcid anāpadi
Tradução: Uma pessoa na ordem de vida renunciada talvez até tente evitar cobrir-se. Se ela tiver que vestir algo, que seja somente uma tanga, e quando não houver necessidade, um sannyāsī não deveria sequer aceitar uma daṇḍa. Um sannyāsī deve evitar carregar tudo, exceto a daṇḍa e o kamaṇḍalu.
SB 11.3.25
vivikta-cīra-vasanaṁ
santoṣaṁ yena kenacit
Tradução: …deve vestir-se com trapos encontrados em lugares rejeitados e estar satisfeito em qualquer situação material.
SB 11.17.23
mekhalājina-daṇḍākṣa-
brahma-sūtra-kamaṇḍalūn
jaṭilo ’dhauta-dad-vāso
’rakta-pīṭhaḥ kuśān dadhat
Tradução: O brahmacārī deve vestir-se regularmente com um cinto de palha e vestes de pele de viado. Ele deve usar o cabelo emaranhado, levar um cajado e um cântaro e ser decorado com contas akṣa e um cordão sagrado. Levando grama kuśa pura em sua mão, ele nunca deve aceitar um assento luxuoso ou sensual. Ele não deve desnecessariamente polir os dentes, nem deve alvejar ou passar suas roupas.
Conclusão: nós encontramos nesses versos inaplicáveis que os códigos de vestimenta no Shastra são limitados no tempo. Eles não são universais, não para todo o sempre, mas sim destinados a um tempo e lugar particulares. E nenhum Shastra prescreve o uso de dhoti , kurta, sari, ou choli etc. Evidências históricas, por exemplo, mostram que o “choli” chegou ao norte da Índia a partir do Reino Chola sul-indiano. Portanto, cholis não teriam existido no norte da Índia durante o tempo de Krishna e os acontecimentos do Mahabharata, apesar de toda a arte da Índia e da ISKCON mostrarem senhoras indianas do norte vestindo cholis há 5000 anos atrás.
Pergunta#12: Srila Prabhupada escreveu certa vez: “Vocês têm perguntado sobre cantar as orações de Narottama Thakura e sim, elas são muito aceitas em qualquer língua.” (carta de Srila Prabhupada para Hamsaduta, 12 de dezembro de 1968). Notei que muitos ou a maioria dos devotos realmente não sabem os significados das canções que estão cantando. Em todos os lugares, da China às tribos Zulu, os devotos estão agradecendo pelo alimento em bengali (sarira avidya jal…). Você acredita que a oração poderia perder seu efeito se traduzida para um idioma local? Devemos sempre cantar essas canções apenas em seu original em sânscrito e bengali, ou devemos traduzir e regularmente cantá-las em nosso idioma local nos programas diurnos e noturnos do templo?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Parece claro que precisamos de canções em línguas locais para que as pessoas entendam o que elas estão cantando e ouvindo, e também precisamos de canções em bengali e sânscrito para que os devotos de todo o mundo possam compartilhar as mesmas canções e participar de um culto familiar em qualquer parte do mundo. Temos de ser tanto locais como universais.
Pergunta#13: Até que ponto devemos tentar seguir a dinâmica de marido e mulher descrita nos Vedas?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Gostaria de, primeiro, aconselhá-lo a não subordinar natureza à ideologia. Disso, quero dizer que os ensinamentos tradicionais sobre papéis masculinos e femininos podem servir como diretrizes, lembretes úteis, etc. Mas, em última análise, um relacionamento depende de duas pessoas, independentemente qual seja seu papel oficial, entendendo corretamente e respeitando sinceramente a natureza e as necessidades de cada um, e tentando ajudar a outra pessoa em seu caminho de volta a Krishna.
Então, se você sinceramente tentar respeitar e ajudar a outra pessoa de uma forma que seja natural e saudável para você, então, como dizem: “a água busca seu próprio nível”. Um relacionamento entre duas pessoas boas e responsáveis far-se-á por si mesmo. Eu focaria mais em compreender inteligentemente a outra pessoa e ser consciente de Krishna, em vez de desempenhar um papel.
Pergunta#14: As pessoas às vezes confundem cultura védica com etnia indiana, mas, pior ainda, nem reconhecem que a etnia indiana atual é fortemente influenciada pela cultura muçulmana. Poderia falar sobre isso?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Nós falamos sobre a influência muçulmana não para denegrir essa religião, mas sim para mostrar que certos costumes indianos que muitos devotos veem como normas védicas externas, de fato, vêm de culturas não-védicas. A cultura atual da Índia, inclusive muitas coisas usadas na ISKCON como cultura “devocional”, mostra muita influência muçulmana ou árabe. Apenas alguns exemplos:
1. Alimentos: Halavah é uma preparação do Oriente Médio. Halvah significa “doce” em árabe.
2. Roupa: “Kurta” é uma palavra persa, e a camisa longa, que alguns acham ser “roupa devocional” vem dos muçulmanos.
3. Língua: Hindi, a língua nacional da Índia, está cheia de palavras árabes e persas. Isso mostra o nível de influência cultural.
4. Música: Por ordem dos governantes muçulmanos, a música clássica da Índia foi tomada por músicos muçulmanos. Uma academia de pesquisa sobre a musica da Índia, Sangeet Research Academy, diz: “A música indiana se desenvolveu através de interações muito complexas entre diferentes povos de diferentes raças e culturas ao longo de vários milhares de anos. Em uma tradição musical em que a improvisação predomina e notação, quando usado por escrito, é esquelética, a música das gerações passadas está irremediavelmente perdida. [“Indian music has developed through very complex interactions between different peoples of different races and cultures over several thousand years. In a musical tradition in which improvisation predominates, and written notation, when used, is skeletal, the music of past generations is irrevocably lost.”]
5. Arquitetura. Aqui também vemos muita influência de outra culturas, especialmente a de culturas muçulmanas.
6. Arte: Do mesmo modo que as culturas europeias e americanas costumavam representar Jesus com aspecto caucasiano, até mesmo escandinavo, outras culturas, inclusive a indiana, personalizavam as imagens de figuras sacras. Por exemplo, praticamente todas as pinturas conhecidas de Narada Muni, tanto na Índia quanto na ISKCON, retratam-no com cabelo castanho ou preto, as cores de cabelo encontradas na Índia. Mas o Srimad Bhagavatam diz que Narada Muni é loiro [veja SBh 10.70.32]. Neste caso, os artistas devocionais estão impondo um tipo de corpo indiano a sábio que vem de uma antiga cultura indo-europeia. Prabhupada explica que a cultura védica Prabhupada é uma cultura indo-europeia em seu significado do Bhagavatam 1.12.24 e 4.20.26, bem como em suas aulas da Gita de 1/8/66, 4/1/67, 24/8/68 e 21/4/76, e em suas aulas do Bhagavatam de 06/11/70, 09/04/69, 07/25/71, 07/05/73 e 05/19/75, e em outros tempos e lugares. Mais uma vez, a original “cultura védica” não é uma culturas indiana, mas uma cultura indo-europeias.
7. Embora se possa argumentar que a Índia tem melhor preservado a cultura védica original, nós ainda temos estes dois pontos importantes:
a. Nós não temos nenhuma evidência de um interesse védico com a padronização de detalhes étnicos, tais como vestuário, arquitetura, gastronomia, etc. Nós encontramos um interesse muito sério com o estabelecimento de princípios culturais e espirituais como varnashrama-dharma, e, finalmente, o amor puro por Krishna.
b. Existe muita evidência histórica de que a própria Índia sempre tem sido etnicamente porosa, sujeita a influências estrangeiras significativas sobre seus costumes étnicos.
Pergunta#15: Como entender o termo “roupa devocional” e o que o senhor diria da sugestão que usar dhoti e sari é o “uniforme” dos devotos e portanto ajuda as pessoas a nos identificarem?
Resposta por Srila Acharyadeva:
1. Um estudo do Vedabase mostra claramente que Srila Prabhupada mesmo não usava os termos “roupa karmi” e “roupa devocional.”
2. Ele gostava de dhoti e sari como estratégia temporal, i.e. num certo momento histórico, para chamar a atenção do publico. Isso funcionava nos anos 60 e no início dos anos 70, quando a juventude ocidental gostava de coisas que eram estranhas e exóticas. Agora o mundo é muito diferente e essa estratégia já não funciona a nosso favor.
3. Existem problemas sérios como o famoso argumento de que assim como o povo reconhece a polícia pelo uniforme, o povo nos reconhece como pessoas espirituais por nosso uniforme. Problemas:
a) O povo JÁ aceita a polícia como autoridade. Ele só precisa saber QUEM é policia. Ao contrário, pouquíssimas pessoas em Ocidente JÁ nos aceitam como autoridade espiritual.
b) O uniforme específico da policia é cuidadosamente projetado para inspirar, dentro de normas culturais de uma sociedade em particular, confiança e respeito pela autoridade policial. Contudo, nosso “uniforme” inspira muitos ocidentais a pensarem que somos loucos. Isso tem o efeito oposto.
Srila Prabhupada aborda perfeitamente esta questão no seguinte significado: “Para os Paramahamsas, ou sannyasis da ordem vaishnava, pregar é o primeiro dever. Para pregar, esses sannyasis podem aceitar os símbolos de sannyasa, tais como a danda e o kamandalu, ou às vezes podem dispensá-los. De um modo geral, os sannyasis vaishnavas, sendo paramahamsas, são automaticamente chamados de babajis, e não carregam um kamandalu ou uma danda. Tal sannyasi tem a liberdade de aceitar ou rejeitar as insígnias de sannyasa. Seu único pensamento é: ‘Onde existe oportunidade de espalhar a consciência de Krishna?’ Às vezes, o movimento da consciência de Krishna envia seus representantes a países estrangeiros onde a danda e o kamandalu não são muito apreciados. Enviamos, então, nossos pregadores vestidos em roupas comuns para que apresentem nossos livros e filosofia. Nossa única preocupação é atrair as pessoas para a consciência de Krishna. Podemos conseguir isto vestidos de sannyasis ou usando as vestes de um cavalheiro comum. Nosso único propósito é infundir em todos o interesse pela consciência de Krishna.” SB 7.13.10
O simples fato de que os uniformes geralmente trazem certas vantagens sociológicas não significa nem comprova que o “uniforme” da ISKCON é apropriado ou prático no mundo ocidental. Preferivelmente, acredito que nossa aparência estranha erigiu um muro alto e insuperável que separa as almas caídas dos devotos. O resultado: somos irrelevantes. Se a sociedade moderna é um corpo sem cabeça, sem dúvida a ISKCON hoje é uma cabeça descorporificada.
Conclusão: O Krishna West é um projeto da ISKCON fiel aos princípios espirituais, filosóficos e organizacionais de Prabhupada. O Krishna West não busca alterar qualquer projeto existente na ISKCON, nem criticar qualquer um dos muitos devotos sinceros e avançados da ISKCON que discordam de nós. Nós simplesmente buscamos expandir a missão ocidental da ISKCON em tempos de necessidade, oferecendo um programa adicional.
Pergunta#16: Qual a sua opinião a respeito da apresentação da Consciência de Krishna para o público global de hoje, especialmente no Ocidente (em oposição à pregação na Índia). Você concorda com o uso de yoga, atuais palestras, filmes, etc., para fins de pregação? Como podemos fazer a Consciência de Krishna relevante no mundo de hoje?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Quanto a “yoga, atuais palestras, filmes” etc., certamente tudo isso pode ser usado em um espírito de yukta-vairagya. Considere também o seguinte: a maioria dos bem sucedidos programas de “estilo loft” [programas realizados por devotos num ambiente mais pessoal, sem observar estritamente o formalismo padrão de templos], tais como aqueles criados por Devamrta Swami, são pontes para a convencional consciência de Krishna em estilo indiano. Falei recentemente com Devamrta Maharaja, a quem eu admiro muito, e ele reconheceu isso. Aqui está o ponto crucial: se alguém faz um programa ponte, o programa não precisa ser tão direto, porque uma vez que as pessoas estão atraídas, eles vão chegar a um templo convencional e ter todas as suas necessidades espirituais e religiosas atendidas.
Eu tenho um propósito muito diferente. Aqui estão os meus pontos: programas ponte são excelentes para trazer novas pessoas, mas pouco fazem para mudar a nossa imagem global na sociedade. Até que nós nos tornemos tendência atual, nunca iremos ter muita influência na sociedade. Assim como as pessoas têm necessidades nutricionais básicas, elas também têm necessidades religiosas básicas: forte comunidade espiritual, um espaço sagrado, uma prática rigorosa etc. Visto que programas ponte não são projetados para satisfazer todas as necessidades religiosas, novas pessoas, como eu disse, geralmente voltam aos conservadores templos de estilo indiano para tornarem-se firmes na consciência de Krishna.
O que realmente precisamos no Ocidente, na minha opinião, é um movimento ocidental de serviço integral dentro do movimento. Se novos devotos podem satisfazer suas necessidades espirituais e religiosas dentro do nosso programa de estilo ocidental, então o programa irá crescer, e criar uma impressão totalmente nova aos olhos do público. Na verdade, acredito que o estilo ocidental da Krishna consciência irá tornar-se o principal movimento ocidental no futuro.
É por isso que estou mais preocupado do que um pregador ponte estaria em manter rigorosos padrões espirituais, porque Krishna West (ou o que quer que chamamos isso) não é uma ponte. É um destino final. E para ser um destino final, ele tem de prover a comunidade espiritual avançada, o espaço sagrado etc. Admiro aqueles que fazem programas ponte. Eles são grandes almas que estão salvando outras almas. No entanto, por tudo de bom que os programas ponte fazem, e eles fazem muito, eu acredito que eles não podem reviver plenamente o Movimento Hare Krishna Ocidental, e torná-lo relevante e respeitável na sociedade.
Pergunta#17: Na apresentação de seu projeto ” Krishna West”, você diz que as escrituras não mencionam dhotis . Mas isso não é verdade. No capítulo 1 do Caitanya Bhagavata Madhya Khanda, o Senhor Caitanya torceu os dhotis dos outros membros do Pancha Tattva e deu-lhes um dhoti seco. É claramente mencionado no bengali “Dhoti vastra”. De onde você tira a validade para largar algo que Srila Prabhupada incentivou seus discípulos a fazer?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Sabemos que há 500 anos os homens na Bengala vestiam-se com dhotis, e sabemos a partir do Shastra que Mahaprabhu fez muitas coisas para se encaixar no mundo de Seu tempo. Exemplos:
1 . tomar sannyasa de uma sampradaya impessoal;
2 . comer apenas em casas de brâmanes;
Mahaprabhu nunca disse que a vestimenta da Bengala de 500 anos atrás é cultura védica eterna. Podemos distinguir no Shastra entre declarações descritivas e normativas. Assim como Mahaprabhu encaixou-Se em Seu tempo, nós podemos nos encaixar no nosso pela mesma razão. Nós também vemos claramente que em nenhum momento Mahaprabhu pediu a alguém para mudar seu estilo de vestimenta para participar de Seu movimento.
Srila Prabhupada aborda perfeitamente esta questão no seguinte significado: “Para os Paramahamsas, ou sannyasis da ordem vaishnava, pregar é o primeiro dever. Para pregar, esses sannyasis podem aceitar os símbolos de sannyasa, tais como a danda e o kamandalu, ou às vezes podem dispensá-los. De um modo geral, os sannyasis vaishnavas, sendo paramahamsas, são automaticamente chamados de babajis, e não carregam um kamandalu ou uma danda. Tal sannyasi tem a liberdade de aceitar ou rejeitar as insígnias de sannyasa. Seu único pensamento é: ‘Onde existe oportunidade de espalhar a consciência de Krishna?’ Às vezes, o movimento da consciência de Krishna envia seus representantes a países estrangeiros onde a danda e o kamandalu não são muito apreciados. Enviamos, então, nossos pregadores vestidos em roupas comuns para que apresentem nossos livros e filosofia. Nossa única preocupação é atrair as pessoas para a consciência de Krishna. Podemos conseguir isto vestidos de sannyasis ou usando as vestes de um cavalheiro comum. Nosso único propósito é infundir em todos o interesse pela consciência de Krishna.” SB 7.13.10
A “validade” está em fazer o que for necessário para salvar o mundo, visto que essa foi a primeira consideração de Prabhupada. A pregação ocidental é uma sombra do que era no tempo de Prabhupada. Convido qualquer pregador a vir para a América e nos mostrar como, sem ajustes e usando apenas dhotis, podemos trazer a pregação de volta à sua glória antiga. Se alguém puder fazer isso, então o ponto que dhotis não são um obstáculo será provado e eu serei grato.
Pergunta#18: Por favor, explique-me o termo “Cultura Védica” no contexto de seu projeto “Krishna West” e como seu ponto de vista está apoiado nos ensinamentos de Srila Prabhupada?
Resposta por Srila Acharyadeva:
1. O mal-entendido básico de muitos é de não entender bem o termo “cultura védica.” O primeiro ponto a entender é que este termo, “cultura védica”, não ocorre nas escrituras védicas. Logicamente, se usamos um termo não oriundo das escrituras, devemos necessariamente definir esse termo com princípios que são oriundos escrituras. Caso contrário, temos um conceito sem autoridade.
2. Prabhupada usa com frequência o termo cultura védica. Por isso, aceitamos o termo, mas unicamente com uma definição autorizada pelas escrituras.
3. Muitos pensam que “cultura védica” indica uma etnia védica, assim como o termo “cultura baiana” ou “cultura gaúcha” pode indicar uma etnia regional que inclui formas tradicionais de roupa, culinária, danças, música, arquitetura etc. Assim muitos pensam que a “cultura védica” ensina e exige formas especificas (e indianas) de roupa, culinária, arquitetura etc., mais ainda para Vaishnavas praticantes.
4. Eles também pensam que aqueles que não aderem a essa etnia védica/indiana na vida pessoal e comunitária demonstram falta de seriedade na prática de bhakti-yoga e até uma deslealdade para com Prabhupada e Krishna.
5. Na realidade, assim como o termo literal “cultura védica” não se encontra nas escrituras, a definição do termo “etnia védica” também não é encontrada como conceito nas escrituras. Em outras palavras, nenhuma escritura importante, como Bhagavatam, Gita, Mahabharata etc., indica que existe um padrão eterno de roupa, arquitetura, receitas culinárias, estilo de música etc.
6. Ao contrário, observamos nas escrituras diferenças “culturais”, por exemplo, entre grandes cidades e vilas rurais, como quando Krishna sai de Vrindavana e as Gopis lamentam que agora Krishna, morando uma cidade sofisticada, terá outras preferencias e valores culturais. Assim como no Brasil ou qualquer pais do mundo, existem diferenças culturais entre grandes cidades e vilas rurais, o mesmo encontrava-se nos tempos de Krishna. Também vemos variedades de região e clima. Mal podemos imaginar que pessoas que moravam bem alto na serra vestiam como pessoas em florestas tropicais, ou em desertos, ou praias. E uma vez que cultura védica encontrava-se em muitas partes do mundo, podemos concluir que pessoas que moravam, por exemplo, em Dinamarca ou Irlanda (Irlanda = Aryalândia) tinha outro estilo de comer, vestir etc.
7. O Caitanya-caritamrta não indica que O Senhor Caitanya, ou Seus seguidores, usavam uniformes exóticos, ou que se vestiam em forma diferente da sociedade em geral. Tudo indica que se vestiam em forma “normal” e respeitável dentro da sua sociedade. Mahaprabhu nunca declarou que a cultura externa de Bengala, ou da Índia, durante Seus passatempos lá, correspondia perfeitamente a uma etnia eterna védica. Ao contrario, Ele indicava que simplesmente queria que Ele e Seus seguidores fossem aceitos como pessoas respeitáveis. Por isso:
a) Ele tomou sannyasa de uma instituição impessoal mas respeitada.
b) Ele insistiu que Sanatana Goswami, recém “convertido”, abandonasse sua roupa de luxo e adotasse roupa que satisfazia as expectativas culturais da sociedade para um “sadhu”.
c) Mahaprabhu só comia nas casas de brahmanas, para seguir as normas desse tempo. Na realidade, 5000 anos atras, Krishna comia todo dia na casa dos Seus pais, os “Vaishyas” Nanda e Yasoda.
Existem muitos outros exemplos.
Conclusão: Prabhupada usava muito o termo “cultura védica”, mas segundo as escrituras, esse termo indica “princípios culturais” e não “detalhes étnicos.” Por exemplo, oferecer a Krishna alimentos no modo de bondade é um principio cultural, recomendado nas escrituras. Utilizar receitas indianas é um detalhe étnico não mencionado nas escrituras. Prabhupada confirma isso no seu significado para o Bhagavatam 4.8.54. Vestir com roupa que seja casta, limpa, e apropriada no tempo e lugar, é um principio cultural. Usar dhoti ou sari é um detalhe étnico. Nenhuma escritura, nem a historia da Índia, indicam que o dhoti e sari em algum momento histórico fossem “roupa Vaishnava”.
Muitos devotos insistem que os devotos devem vestir como Krishna, que usava um dhoti como o nosso. Porém:
1. A palavra dhoti não é encontrada nas escrituras.
2. As escrituras sim afirmam que Krishna, e muitos outros, usavam “cintos”, que normalmente não são usados com dhotis. Muitos versos no Bhagavatam falam de cintos.
· O cinto de Krishna: 2.2.11, 3.8.28, 8.14.25, 8.20.32, 10.88.28
· Cinto das gopis: 10.33.13 ,
· Cintos para brahmacaris 11.17.23
· Cintos para os associados de Krishna: 10.75.24
Portanto, não está claro que há 5000 anos os homens usavam dhotis tais como os nossos.
É importante destacar que a intenção do Krishna West não é criticar ou insultar outros Vaishnavas, nem insistir que todo devoto siga o nosso padrão. Respeitamos profundamente o direito natural de cada devoto de praticar a consciência de Krishna segundo a tradição externa e étnica da Índia, se essa tradição for mais benéfica para sua vida espiritual.
Ao mesmo tempo, queremos pelo menos tentar encontrar uma maneira consciente de Krishna, dentro dos princípios fundamentais da ISKCON, de satisfazer o desejo de Prabhupada e Gaura-Nitai, e estabelecer consciência de Krishna como a yuga-dharma no mundo inteiro.
O significado do Srimad Bhagavatam 4.8.54 é especialmente importante nesse sentido. Lá Srila Prabhupada escreve: “Às vezes, nossos amigos indianos, inflados com noções inventadas, criticam: ‘Isto não se faz assim. Aquilo não se faz assim.’ Mas eles se esquecem desta instrução de Narada Muni a um dos maiores Vaishnavas, Dhruva Maharaja. É preciso levar em consideração o tempo, o país e as conveniências em particular… Se alguém sai e prega, correndo todos os riscos e levando em consideração tempo e lugar, pode ser que proceda a mudanças na maneira de adoração, mas isto não é absolutamente errado, de acordo com o Shastra.”
Se eu achasse que realmente estaríamos desagradando Srila Prabhupada, claro que não iria em frente com o Krishna West. Mas vendo a condição lamentável da pregação em Ocidente, temos que tentar, TOMANDO TODOS OS RISCOS E PERMITINDO TODAS AS CONSIDERAÇÕES DE TEMPO E LUGAR, como Prabhupada mesmo disse.
Em última instância, estamos tentando universalizar a consciência de Krishna. Uma vez que Krishna é absolutamente universal, o processo de se aproximar dEle também deve ser. O padrão de bom comportamento no Bhagavad-gita é sattva-guna, a qualidade de bondade, e não um padrão de indianismo. Bondade é universal, enquanto que a cultura indiana é regional e particular.
Pergunta#19: Essas questões têm estado na minha mente desde que eu entrei na ISKCON (ano passado) e às vezes sinto que a forma como os homens se associam com as mulheres pode ser muito negligenciada. Atualmente, estou vivendo no templo de [nome da cidade omitido] e por eu ter sido criado como ocidental, ainda é uma espécie de choque cultural para mim. Sinceramente, sinto que as mulheres são maltratadas de forma que as autoridades [locais] não permitem que as mulheres deem aulas ou até mesmo tenham seu próprio grupo (mulheres dando aulas umas às outras ou tendo seu próprio programa). Então, o modo como nos associamos nos templos da ISKCON é “cultura Védica” ou “cultura étnica”? Os homens e as mulheres se associarão, dentro da concepção do “Krishna West”, de forma diferente da que ocorre em templos comuns da ISKCON?
Resposta por Srila Acharyadeva:
A ISKCON está atualmente passando por uma fase histórica na qual estamos trabalhando para integrar a consciência de Krishna à cultura contemporânea apropriada. Como você provavelmente sabe, o “Krishna West” vai oferecer a todos oportunidades iguais para servir Krishna. Se um devoto está disposto e é capaz de fazer um determinado serviço, certamente nós não o discriminaremos em função do sexo.
Estou hesitante em comentar sobre a situação na sua cidade, mas a cultura Védica certamente nos fornece a flexibilidade para oferecer a todos os devotos todas as oportunidades para servir Krishna.
*Perguntas sobre o Krishna West (enviadas por um discípulo sênior de Prabhupada) :
Pergunta#20.1: Você mencionou seus programas. Então, minha pergunta é: onde eles seriam realizados? O Krishna West planeja abrir centros ou os programas acontecerão em salões alugados, ou em casas de devotos do Krishna West ?
Resposta por Srila Acharyadeva:
O Krishna West planeja abrir centros físicos. Em março, vamos abrir em Chapel Hill (Carolina do Norte) com as bênçãos dos líderes da ISKCON local. Também temos planos de abrir um centro Krishna West ao lado da Universidade de Porto Rico. Além disso, estou trabalhando com o secretário nacional da ISKCON na França para pregar naquele país. Temos devotos interessados em muitos outros países que vão inaugurar seus centros provavelmente no próximo ano. Um dos nossos princípios fundamentais é manter relações de cooperação pacífica com outros projetos da ISKCON e respeitar seus costumes. Assim, quando vou a templos tradicionais, vestirei dhoti, etc. porque eu sinceramente respeito as suas tradições.
Pergunta#20.2: O Krishna West utilizará as tradicionais mrdanga, kartals, harmônio para kirtan, ou guitarra, baixo e sintetizador – ou seja, instrumentos ocidentais?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Provavelmente ambos, conforme o caso.
Pergunta#20.3: Você considera tilak e sikhas como detalhes culturais externos? Em outras palavras, o Krishna West também os evitará, assim como as roupas [étnicas indianas]?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Prabhupada enfatizou tilak e sikha, por isso não podemos rejeitá-los. Nós não usaremos tilaka em todos os ambientes, seguindo o padrão de Prabhupada com os devotos sankirtaneiros. Podemos também ter modestas sikhas bem finas. Sabemos pela história que a sikha não era uma tonsura estritamente Vaishnava. Ela tem sido usada por muitas religiões.
Pergunta#20.4: Como os devotos do Krishna West interagirão com os devotos da ISKCON, digamos, em um festival de domingo, ou participando de aratis ou aulas? Se eles evitam roupas [étnicas indianas], tilak e sikhas, será que os devotos da ISKCON os desprezarão como caídos? Será que os adeptos do Krishna West olharão para os devotos da ISKCON como fanáticos?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Os devotos do Krishna West oferecem todo o respeito aos servos do Senhor. A ISKCON é a nossa família espiritual e nós cultivamos esse entendimento e humor. Cada devoto tem o direito natural de escolher a cultura externa que melhor funciona para ele ou ela. Muitos dos devotos que mais admiro discordam da minha abordagem e amam seus dhotis. Se desprezarmos os servos de Prabhupada, então nós somos simplesmente kanistha adhikaris que não podem poderosamente espalhar este movimento.
Além disso, eu respeito os costumes de cada lugar que visito. Então, se eu visitar um templo da ISKCON cujo padrão é que sannyasis usem dhoti etc., então eu respeitaria seu padrão. Não buscamos impor nada a ninguém. Nós não estamos tentando mudar projetos já existentes na ISKCON. Eu estou promovendo uma abordagem ocidental pela mesma razão que eu uso um dhoti de sannyasa normal nos templos da ISKCON: o respeito pelos costumes e tradições das pessoas.
Pergunta#20.5: Será que haverá harmonia ou segregação entre os dois movimentos?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Definitivamente harmonia e ajuda mútua. Em nossa Declaração da Missão, nós abertamente nos identificamos com a ISKCON e, em nossos programas, promovemos a ISKCON e seus templos tradicionais. Inevitavelmente, uma certa percentagem de pessoas que atraímos preferirá a abordagem tradicional. Essa é a natureza humana. E outros devotos podem preferir a nossa abordagem. Ter mais escolhas autênticas na ISKCON nos tornam mais atrativos. Como diz o ditado: a maré alta levanta todos os barcos.
Pergunta#21: Eu gostaria de saber a sua opinião sobre o nagar sankirtana, ou harinama; o cantar público. Você afirma em um lugar que as pessoas nos veem de dhoti e pensam que somos loucos. Estive em lugares onde os devotos usam roupas ocidentais nos harinamas, e minha sensação é que as pessoas ainda pensam que somos loucos (elas visivelmente nos ignoram como quando estamos de dhoti). Você desaconselharia fazer harinamas ambulantes? Que tal fazer harinamas sentado em algum lugar público? Como você aconselharia que nós cantássemos em público? E, finalmente, qual é o método ideal que você diria para o Krishna West funcionar financeiramente?
Resposta por Srila Acharyadeva:
Quanto às suas questões, devemos primeiro distinguir um princípio básico de detalhes variáveis de aplicação. O princípio básico aqui é que devemos envolver o público em ouvir e cantar os Santos Nomes de Krishna. Os detalhes variáveis são quando, onde e como podemos fazer isso.
Em certos contextos, o [harinama] ambulante pode atrair o público, como em desfiles, outras ocasiões festivas, ou quando e onde quer que ele aconteça. Se nós pudermos gerar uma impressão mais favorável e assim conseguir mais pessoas para ouvir e cantar os nomes de Krishna ao nos sentarmos, então devemos sentar. O problema é que temos uma longa tradição de ignorar a opinião pública, alegando que Hari-nama Sankirtana é absolutamente benéfico e, portanto, não faz diferença o que o público pensa. Ou, na melhor das hipóteses, nós devemos fazer alguma coreografia básica e usar roupas limpas, mas certamente não ajustar nada além disso, uma vez que o benefício é absoluto.
No entanto, tais pensadores se esquecem da Bhagavad-gita 17.28 : “Tudo o que é oferecido, dado ou feito como austeridade sem fé é chamado de ‘asat’, ‘irreal’, isso é inútil tanto nesta vida quanto na próxima.”
O Santo Nome certamente beneficia todos aqueles que ouvem-nO, no entanto, é muito mais benefício quando se ouve ou canta com fé. E convencer as pessoas de que somos membros respeitáveis e sãos da sociedade costuma ser uma condição prévia para que eles nos sigam com fé.
Quanto à arrecadação do Krishna West, Prabhupada sempre insistiu que se nós sinceramente sairmos e pregarmos, Krishna cuidará de nós. Claro que nós também temos de ser práticos para Krishna e nós esperamos estabelecer um negócio consciente de Krishna como restaurantes, outras formas de distribuição de prasadam, e tudo aquilo que estiver de acordo com nossos princípios. Além disso, se nós atrairmos pessoas respeitáveis para o Krishna West, e se essas pessoas ajudarem o nosso trabalho missionário como geralmente as pessoas fazem, tudo deve se resolver pela misericórdia de Krishna.
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