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Shakti (शक्ति; do sânscrito shak, “ser capaz”), que significa “poder” ou “empoderamento”, é a energia cósmica primordial e representa as forças dinâmicas que se acredita que se movem por todo o universo no hinduísmo. A seguir, apresento algumas citações sobre a Shakti:
Você almeja um resultado e seus esforços servem a um diferente ou contrário. É Shakti que saiu e entrou nas pessoas. – Sri Aurobindo, em Penguin Sri Aurobindo Reader, p. 26.
A Índia das eras não está morta nem proferiu Sua última palavra criativa; ela vive e ainda tem algo a fazer por si mesma e pelos povos humanos. E aquilo que Ela deve buscar agora para despertar, não é um povo oriental anglicizado, povo dócil do Ocidente e condenado a repetir o ciclo de sucesso e fracasso do Mundo Ocidental, mas ainda a antiga Shakti imemorial recuperando Seu eu mais profundo, erguendo Sua cabeça mais alto para a fonte suprema de luz e força e voltando-se para descobrir o significado completo e a forma mais vasta de Seu Dharma. – Sri Aurobindo, conforme citado em Rewriting Indian History (2003), de François Gautier, p. 158.
O primeiro e último princípio do Universo é um poder feminino, Shakti, cuja forma personificada é a Beleza e cuja natureza essencial é a consciência e a bem-aventurança. Existe eternamente associado ao princípio masculino, Shiva, que desempenha um papel secundário. O “Srichakra” é a representação esquemática de sua união. – N Balasubramanyam interpretando o Soundarya Lahari de Adi Shankara, em Encyclopaedia of Indian Literature: sasay to zorgot (1992), p. 3877.
Embora concebida como feminina por natureza, Shakti não é uma deusa individual, mas sim uma qualidade dinâmica que todas as deusas (e até mesmo todas as mulheres, pelo menos dentro da tradição Shakta Tântrica) possuem. Descontrolada, incontida. – George Orwell, em Critical Companion to George Orwell, p. 399.
O Guru [Nagaji, de Ramakrishna] nunca condescenderia em admitir Maya ou Shakti. Brahman só existe – esse era seu refrão. Ramakrishna, por outro lado, começou sua ascensão espiritual por sua devoção à Shakti, posicionada na forma do ídolo de Kali no templo. Para ele Shakti era igualmente real e igualmente importante. Sem nenhum argumento ou esforço de sua parte, seu guru foi pego nas garras de Shakti ou Maya.
– Dushyanta Pandya (2008), em Sri Ramakrishna Paramahansa, p. 62.
Há um simbolismo mais profundo. A imagem negra de Kali está sobre a imagem branca do Senhor Shiva. Shiva é Brahman e Kali é a energia de Brahman, Shakti. Brahman é passivo enquanto Shakti – Kali – é ativ. As imagens ficam de tal forma que Shiva olha para Kali e Kali para Shiva. Isso simboliza o fato de que toda ação, grande ou pequena, de destruição ou criação, realizada por Kali na instância de Shiva. Kali, por assim dizer, é o órgão funcional de Shiva. Shiva e Kali, Brahman e Shakti, a fonte e a energia, são essenciais. – Dushyanta Pandya, em “Sri Ramakrishna Paramahansa”, p. 34.
Por que nosso país (a Índia) é o mais fraco e o mais atrasado de todos os países? Porque Shakti é realizada em desonra. Sem a graça de Shakti nada pode ser realizado… Para mim, a graça da Mãe é cem vezes mais valiosa do que a do Pai… que pena daquele que não tem devoção pela Mãe… Se uma mulher indiana em trajes indianos pregar a religião que saiu dos lábios dos Rishis da Índia, ela inundará o mundo ocidental. Não haverá mulheres na terra de Maitreyi, Khana, Lilavati, Savitri e Ubhayabharati? – Another Garland (Biographical Dictionary of Carnatic Composers & Musicians)(Book II).
O mantra é como o poder atômico, quanto mais você explora a Shakti, o poder, a energia atômica, no átomo, a Shakti é ainda mais sutil que o próprio átomo. – Swami Rama, em OM the Eternal Witness: Secrets of the Mandukya Upanishad (25 de setembro de 2007), p. 141.
Então, de onde flui nossa linhagem de tradição? O primeiro é Brahmadeva, o nascido do lótus. Então veio Vasishta, o Guru do Senhor Rama. Isso indica que a tradição é mais antiga que o Ramayana. Depois de Vasishta vem Shakti, depois Parasara, seguido por Vyasa, autor do épico Mahabharata, e então Shuka. – Swami Rama, em “OM the Eternal Witness: Secrets of the Mandukya Upanishad (25 de setembro de 2007)”, p. 4.
Todos os objetos no mundo externo são definitivamente projeções de shakti, o poder da consciência, mas o estado de vigília não é um produto de sua mente. – Swami Rama, em “OM the Eternal Witness: Secrets of the Mandukya Upanishad (25 de setembro de 2007)”, p. 22.
A palavra shava, significa cadáver. Qual é essa palavra? Por que é chamada de shava? Está faltando algo, está faltando shakti. Shiva sem shakti, torna-se shava. – Swami Rama, em “OM the Eternal Witness: Secrets of the Mandukya Upanishad (25 de setembro de 2007)”, P.186.
Há uma cavidade triangular na base da coluna vertebral onde dorme a kundalini shakti, chamada de o poder dos poderes, enrolada alguns dizem 2 ½ pés, mas definitivamente 3 ½ vezes. – Swami Rama, em “OM the Eternal Witness: Secrets of the Mandukya Upanishad (25 de setembro de 2007)”, P.190.
Shakti: a Deusa Mãe, poder ou energia, originada, talvez, na cultura não ariana do Vale do Indo. Mitologicamente, Shakti é equiparada às deusas Kali, Parvati e Durga, consortes de Shiva. O culto de Shakti floresceu desde o século V d.C. – Narasingha Prosad Sil, in Swami Vivekananda: A Reassessment, p. 234.
O Dharma dos ocidentais é a adoração de Shakti – o Poder Criativo considerado como o Princípio Feminino. – Vivekananda in “Swami Vivekananda: A Reassessment”, p. 106.
Não há palavra de conteúdo mais amplo em qualquer idioma do que este termo sânscrito [Shakti], que significa “Poder”. – Sir John Woodroffe, in “Shakti Worship and Sri Ramakrishna”.
SRI RAMAKRISHNA E SUA MÃE KÂLI:
Swami Tathagatananda, em Sri Ramakrishna e sua mãe Kâli (Sri Ramakrishna And His Mother Kâli, 2011):
…Brahman e Shakti são idênticos. Se você aceita um, deve aceitar o outro. É como o fogo e seu poder de queimar. Se você vê o fogo, deve reconhecer seu poder de queimar também. Você não pode pensar no fogo sem seu poder de queimar, nem pode pensar no poder de queimar sem o fogo. Você não pode conceber os raios do sol sem o sol, nem pode conceber o sol sem seus raios… Você não pode pensar no leite sem a brancura e, novamente, não pode pensar na brancura sem o leite. Assim, não se pode pensar em Brahman sem Shakti, ou em Shakti sem Brahman. Não se pode pensar no Absoluto sem o Relativo, ou no Relativo sem o Absoluto. O Poder Primordial está sempre em jogo. Ela está criando, preservando e destruindo brincando, por assim dizer. Este Poder é chamado Kàli. Kàli é verdadeiramente Brahman, e Brahman é verdadeiramente Kàli. É uma só e a mesma Realidade. Quando pensamos nela como inativa, isto é, não engajada nos atos de criação, preservação e destruição, então a chamamos de Brahman. Mas quando Ela se envolve nessas atividades, nós a chamamos de Kàli ou Shakti. A Realidade é uma e a mesma; a diferença está no nome e na forma. – Swami Tathagatananda.
Sri Ramakrishna experimentou Shakti, a presença da Mãe Divina em tudo. E eis! Toda a cena, portas, janelas, o próprio templo desapareceu. Parecia que nada mais existia. Em vez disso, vi um oceano do Espírito, sem limites, deslumbrante. Em qualquer direção que eu me voltasse, grandes ondas luminosas estavam subindo. Elas se aproximaram de mim com um rugido alto, como se quisessem me engolir. Em um instante elas estavam sobre mim. Elas quebraram sobre mim, elas me engolfaram. Eu estava sufocado. Perdi a consciência e caí… Como passei naquele dia e no seguinte não sei. Ao meu redor rolou um oceano de alegria inefável. E no fundo do meu ser eu estava consciente da presença da Mãe Divina. – Sri Ramakrishna.
A Shakti ou Poder de Brahman é o aspecto manifesto do Brahman não-manifesto, o aspecto pessoal do Brahman Impessoal. Brahman e Shakti são inseparáveis: são estáticos e dinâmicos, como energia represada e energia liberada. Um não pode ser concebido sem o outro: Brahman é inconcebível sem Shakti, Shakti é inconcebível sem Brahman. Segue-se que Brahman é cósmico e universal, bem como transcendental e relativo. Esses aspectos aparentemente opostos – não-manifesto e manifesto, estático e dinâmico, acósmico e cósmico, transcendental e relativo – são idênticos. Em cada caso, o mesmo Ser é visto de diferentes pontos de vista que se equilibram e se complementam. Ambos os conceitos, Brahman e Shakti, são indispensáveis para a saúde e plenitude da vida espiritual. – Sri Ramakrishna.
Havia outra ideia no antigo hino védico à Deusa: ‘Eu sou a luz. Eu sou a luz do sol e da lua; Eu sou o ar que anima todos os seres.’ Este é o germe que depois se desenvolve na adoração da Mãe. Por adoração à mãe não se entende a diferença entre pai e mãe. A primeira ideia conotada por ele é a de energia – eu sou o poder que está em todos os seres. – Swami Vivekananda.
Em um antigo Veda encontra-se o mantra: ‘Eu sou a imperatriz de tudo o que vive, o poder em tudo. ‘A adoração à mãe é uma filosofia distinta em si mesma. O poder é a primeira das nossas ideias. Ela afeta o homem a cada passo; o poder sentido dentro é a alma; sem, natureza. E a batalha entre os dois faz a vida humana. Tudo o que sabemos ou sentimos é apenas o resultado dessas duas forças. O homem viu que o sol brilha tanto sobre os bons quanto sobre os maus. – Swami Vivekananda.
A mãe é a primeira manifestação de poder e é considerada uma ideia superior ao pai. Com o nome de Mãe vem a ideia de Shakti, a Energia Divina e Onipotência, assim como o bebê acredita que sua mãe é todo-poderosa, capaz de tudo. A Mãe Divina é a Kundalini (“poder enrolado”) adormecido em nós; sem adorá-la, nunca poderemos conhecer a nós mesmos… Toda manifestação de poder no universo é a ‘Mãe’. Ela é vida, Ela é inteligência, Ela é amor… Um pouco da Mãe, uma gota, era Krishna, outra era Buda, outra era Cristo… Adore-a se você quer amor e sabedoria. – Swami Vivekananda.
Este mundo é todo igual ao jogo da Mãe. Mas nós esquecemos isso. Até a miséria pode ser desfrutada quando não há egoísmo, quando nos tornamos testemunhas de nossa própria vida. O pensador dessa filosofia ficou impressionado com a ideia de que um poder está por trás de todos os fenômenos. Em nosso pensamento de Deus, há limitação humana, personalidade: com Shakti vem a ideia de Um Poder Universal. ‘Eu estico o arco de Rudra quando Ele deseja matar’ [‘para destruir o mal’, Rigveda, X. 125, Devi-Sukta], diz Shakti. Os Upanishads não desenvolveram esse pensamento; pois o Vedanta não se importa com a ideia de Deus. Mas no Gita vem o dito significativo para Arjuna, ‘Eu sou o real e eu sou o irreal. Trago o bem e trago o mal.’ (Gità, IX: 19, X: 4-) – Swami Vivekananda, in “Sri Ramakrishna And His Mother Kâli (2011)”
Fonte:
https://en.wikiquote.org/wiki/
Tradução por Ícaro Aron Soares.
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