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Paulo Jacobina
(O Nada – parte 1)
parte 2, parte 3
Linhas de pensamento sobre a natureza humana, após estabelecerem quais são os males que assolam a condição do homem, costumam apresentar caminhos necessários para a sua harmonização. As que normalmente se enquadram como sendo de pensamento materialista podem apresentar prescrições[1] de caráter exclusivamente pessoal, como o existencialismo do filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905 – 1980)[2], ou de impacto mais coletivo, como a necessidade de se despertar a consciência de classe presente nas obras do filósofo alemão Karl Marx (1818 – 1883)[3]. O mesmo modelo também pode ser encontrado nas correntes de pensamento ditas espirituais, nos quais algumas linhas fazem uso de práticas mais pessoais, enquanto outras adotam um caráter catequista.
Seja de ordem materialista, seja espiritualista, todas as linhas de pensamento apresentam uma questão em comum: a necessidade de o indivíduo adotar a prescrição de se melhorar. Isso se revela importante em decorrência de duas questões básicas. A primeira se encontra no fato de que o todo não pode se melhorar se as suas partes não o fizerem; enquanto a segunda está no fato de que, por se tratar de um sistema complexo, basta uma simples mudança para se alcançar um resultado diferente[4].
É claro que quanto mais pessoas mudarem, mais facilmente se alcançará o resultado almejado, entretanto, aquele que não compreende o porquê da mudança, assim que tiver uma oportunidade, tenderá a retornar ao padrão de conduta anterior. Isso acontece porque a existência de um modelo punitivo, como o normalmente adotado na sociedade, apenas acrescenta efeitos à ação praticada, não atua diretamente na sua causa[5], fazendo com que, ao se perceber que é possível evitar determinados efeitos, como nas situações de impunidade, a pessoa adotará normalmente a conduta que tem como “correta”, conforme apresentado no conto “O anel de Giges”, descrito pelo filósofo grego Platão (428/427 – 348/347 AEC) em sua obra “A República”. Assim, ao invés de verdadeiramente harmonizar a sociedade, o modelo punitivo acaba por criar um cenário de tensão interna na pessoa, gerando malefícios no lugar dos benefícios almejados[6]. Nesse sentido, o desenvolvimento da compreensão nos indivíduos acaba por revelar a única maneira de a sociedade se fixar na Harmonia do Uno.
Sobre esse assunto, o Bhagavad Gita ensina que, apesar de existirem duas trilhas, a senda da luz e a da treva, o verdadeiro caminho a se seguir é o da iluminação, pois é ele que conduz à liberdade eterna[7]. Por intermédio desse caminho, o indivíduo deixa de se perceber como parte isolada do Universo e, aos poucos, alcança a compreensão de que ele e o Todo são um só, isto é, que não existe separação entre as coisas[8]. Segundo os ensinamentos proferidos pelo iogue indiano Paramahansa Yogananda (1893 – 1952), alcançar tal compreensão e, consequentemente, viver nela, é mais fácil do que parece:
Esse passo, na verdade, é muito fácil de dar! Parece difícil quando, olhando à volta, vemos quantas pessoas não o fazem. Entretanto, se olharmos bem dentro do nosso coração, em vez de nos julgarmos por valores alheios, descobriremos que a tarefa não é tão árdua assim. Tudo depende de dois ou três pensamentos muito simples. Primeiro: você prefere a felicidade ao sofrimento? Segundo: está disposto a trabalhar para encontrar uma felicidade que, com o tempo, não se transformará em desventura? Terceiro (e mais importante): deseja ofertar ao fogo da sabedoria – ou seja à clara percepção das coisas como são – o “eu” pateticamente insignificante?[9] (grifos no original)
A compreensão de ser a Unidade também é encontrada em outras correntes de pensamento. A expressão budismo, que dá nome a corrente filosófica, deriva da palavra sânscrita bodhi, que significa “despertar”. O Budismo, então, é uma corrente de pensamento que visa o despertar da consciência nas pessoas, fazendo com que alcancem a compreensão da Realidade.
De forma similar, o Taoísmo também visa ensinar aos seus adeptos como se colocar em harmonia com o Tao, o Inefável que a tudo sustenta, perpassa e dá causa. O caminho do Tao estabelece que “no Inominável está a origem do Universo. (…) O Ser indigita a Fonte Incognoscível. O Existir nos leva pelos canais cognoscíveis. Ser e Existir são a Realidade total. A diferença entre Ser e Existir é apenas de nomes”[10].
Mesmo em correntes de pensamento tidas como mais ocidentais, como é o caso do cristianismo, torna-se possível encontrar o pensamento de que as pessoas são, em verdade, unas com o Todo. No evangelho atribuído a João, encontra-se a passagem na qual Jesus se diz uno com o Pai e, por isso, suas obras, na verdade, são Dele, isto é, ao se colocar na Harmonia do Uno e ainda mantendo sua condição manifesta, Jesus dilui o seu ego e se torna um instrumento da Ratio.
Eu e o Pai somos um.
(…) Os judeus lhe responderam: “Não te lapidamos por causa de uma boa obra, mas por blasfêmia, porque, sendo apenas homem, tu te fazes Deus”. Jesus lhes respondeu: “Não está escrito em vossa Lei: Eu disse: Sois deuses?
(…) Se não faço as obras de meu Pai, não acreditais em mim; mas se as faço, mesmo que não acrediteis em mim, crede nas obras, a fim de reconhecer de uma vez que o Pai está em mim e eu no Pai.[11] (grifos no original)
Tal qual as citadas filosofias orientais, a passagem bíblica demonstra a compreensão que Jesus possuía de que, apesar de ser um homem manifesto e, portanto, limitado, encontrava-se integrado com o Uno em todos os níveis. O ensinamento fica mais claro quando se faz um cotejo com o contido no evangelho atribuído a Lucas, quando lhe é perguntado o que é necessário para se alcançar a vida eterna e a resposta apresentada é a de que se deve amar a Deus “de todo o teu coração [Água], de toda a sua alma [Fogo], com toda a tua força [Terra] e de todo o teu entendimento [Ar]; e a teu próximo como a ti mesmo”[12]. Isto é, para se alcançar o tempo de maneira absoluta e não relativa[13] é preciso harmonizar-se em todos os níveis internos e externos, compreendendo que toda a separatividade é ilusória, incluindo a de que existe “o dentro” e o “fora”.
Esse processo de despertar na Consciência é simbolizado, por alguns, com a elevação da serpente ou o despertar da Kundalini[14]:
Quando, durante a meditação profunda, a força vital é retirada da percepção externa do corpo, o yogue se dá conta de correntes energéticas fluindo através da carne, como filetes de chuva numa floresta, rumo ao caudaloso rio de energia que corre pela espinha. Depois que foram todas assim recolhidas, as correntes do corpo passam, em sucessão, para dentro e através dos três nadis (canais) luminosos da força vital, localizados na espinha astral: o sushumna (o principal), o vajra e finalmente o chitra. Atravessando o chitra, a energia e consciência penetram no canal mais profundo, o brahmanadi, que constitui a espinha do corpo causal. (…) É por esse canal final de brahmanadi, portanto, que a alma deverá ascender de novo para, de novo, tornar-se uma com o Espírito. Quando o yogue direciona sua energia para cima, ao longo desse último canal, está pronto para ofertar sua consciência individual, separada, ao Infinito.[15] (grifos no original)
A “serpente ígnea[16]” que se encontra simbolicamente adormecida na base da coluna humana e que, ao se erguer, faz com que o Iogue acesse o Sahasrara[17] e, consequentemente, ative todas as capacidades divinas que se encontravam latentes em si.
É possível despertar a Kundalini por meio de práticas yóguicas. Se, entretanto, essas práticas não forem seguidas da correspondente purificação do ego, proverão a medula oblonga de mais energia do que o ego está preparado para enviar ao olho espiritual (na auto-oferenda conhecida como yagya interior). O excesso de energia forma em seguida um vórtice ao redor do pensamento do ego, gerando desequilíbrio de percepção: o yogue já não consegue preservar seu estado superior e volta a se concentrar na base da espinha. Yogananda insistia em que o fluxo ascendente da força de Kundalini fosse acompanhado pela purificação consciente dos sentimentos do coração.[18]
Nesse contexto, a serpente costuma ser utilizada como símbolo do conhecimento que tanto pode rastejar, representando uma vida na materialidade, quanto se erguer aos céus, transcendendo o aspecto exclusivamente material e alcançando a compreensão do Todo. Importante destacar que o ato simbólico de rastejar da serpente não tem conotação pejorativa, apenas apresenta uma condição limitante do conhecimento e, portanto, representa uma vida relacionada ao entendimento das partes sem a percepção do Todo.
Na Torá, a serpente é representada como sendo o animal mais esperto feito por D’us (Bereshit 3:1), sendo ela a responsável por fazer com que o homem[19] coma o fruto da Árvore do Conhecimento (Bereshit 3:4-5[20]). Ela também se encontra, por exemplo, da cena quando Moshé (Moisés) e Aarão vencem a disputa de conhecimento com os sacerdotes do faraó (Vaerá[21] 14:11-12[22]).
Sendo capaz de rastejar e de se elevar, a serpente se torna um ótimo signo para o conhecimento. Em sua condição “rastejante”, ele tem o domínio daquilo que é material ao perceber o entorno. Contudo, apenas quando se eleva aos Céus, passa a ter a visão do Todo e, portanto, está apta a “abrir o seu capelo”, simbolizando a expansão/despertar da consciência, afastando a ilusão (doxa) e se percebendo na Realidade.
Ao explicar a cosmogonia na obra Sepher Yetzirah, os Cabalistas a descrevem simbolicamente como sendo o “Caminho da Espada Flamejante[23]”, representado a “descida” por Etz ha-Chaim (Árvore da Vida), que é composta por dez[24] Sephiroth[25]. Em contrapartida, ao abordar a escatologia, o trajeto de retorno, saindo de Malkuth[26] (Reino) até Kether (Coroa), recebe justamente o nome de “Caminho da Serpente”.
Como o seu próprio nome dá a entender, Kether (Coroa) é ponto mais elevado da Árvore da Vida, cumprindo tanto a função de entrada na criação, onde ela ganha toda a sua capacidade potencial de ser, quanto a de saída, a realização da Pedra dos Filósofos[27], isto é, simbolizando a tão almejada Pedra Filosofal da Alquimia[28].
A Experiência Espiritual atribuída a Kether é a “União com Deus”. Esse é o fim e o objetivo de toda a experiência mística e, se procurarmos qualquer objetivo, seremos como aqueles que edificam uma casa no mundo da ilusão. Tudo o que pode reter o místico em seu caminho direto para esse objetivo produz-lhe a impressão de um grilhão, que o prende e que, como tal, deve ser quebrado. Tudo aquilo que sujeita a consciência à forma, todos os desejos que não sejam o da união com Deus são males para ele e, desse ponto de vista, ele está certo; agir de outra maneira invalidaria sua técnica.[29] (grifos no original)
Alcançar o topo do Caminho da Serpente, além da coroação da jornada existencial, significa o retorno ao cenário primordial de potencialidade criativa[30]. Também simboliza o triunfante regresso ao Gan Eden[31](Jardim do Éden)[32]. Necessário destacar que esse regresso não é literalmente algo físico, posto que, segundo tais correntes de pensamento, tudo ocorre no mesmo lugar[33], mas está associado com a capacidade de perceber o que é absoluto e, portanto, real, e o que é relativo, ilusório. É o estado que algumas linhas de pensamento, que comumente recebem o nome de Hinduísmo, denominam como conhecer o “Brahman imperecível”.
Sem o conhecimento do brahman unificado e infinito, só se percebem os objetos comuns da consciência e, por conseguinte, sofre-se o destino da completa identificação de si mesmo com o mundo moribundo das formas fragmentárias e transitórias. (…) A ignorância da verdadeira natureza da realidade equivale à ignorância da verdadeira natureza do próprio eu. (…) Somos criaturas de infinito presas a personalidades altamente condicionadas e finitas.[34]
Em outras linhas de pensamento, o nome que se dá a essa coroação da capacidade de transcender as ilusórias limitações estabelecidas pelos sentidos é alcançar o “Vazio”.
Notas
[1] A expressão “prescrição”, aqui adotada, apresenta uma natureza similar a medicinal, no sentido de que, para as linhas de pensamento sobre a natureza humana, uma vez constatado aquilo que aflige a humanidade, um determinado conjunto de práticas tende a curar tal aflição. A prescrição pode seguir um caráter mais pessoal, isto é, fornece mecanismos de “cura” individuais independentemente de a sociedade, como um todo, encontrar a harmonia; ou seguir um caráter coletivo, ou seja, que, os indivíduos como grupo devem seguir as práticas prescritas, mas, apenas quando a coletividade o faz, a sociedade de harmoniza.
[2] STEVENSON, Leslie Forster, HABERMAN, David. Dez teorias da natureza humana. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Pg. 312-314.
[3] STEVENSON, Leslie Forster, HABERMAN, David. Dez teorias da natureza humana. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Pg. 208-212.
[4] Vide segundo tópico, Teoria do Caos (efeito borboleta)/fractais, do Capítulo 01 – O TODO – Volume 1.
[5] https://www.b9.com.br/shows/naruhodo/naruhodo-281-aprendemos-mais-quando-somos-punidos/ acessado às 14h42 de 14/10/2021.
[6] https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0891524502883183?casa_token=-qj8Ri11tNEAAAAA:s8oCW2Nbz-OZHHZt0dxx6zDIG4q6OiQHMy1pf49c9hSPEKCEOTaOlSyWfYZKEeZxOGFKRwg_QKw acessado às 15h01 de 14/10/2021.
[7] KRIYANANDA, Swami. A essência do Bhagavad Gita: explicada por Paramhansa Yogananda. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 2007. Pg. 338-343.
[8] KRIYANANDA, Swami. A essência do Bhagavad Gita: explicada por Paramhansa Yogananda. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 2007. Pg. 338.
[9] KRIYANANDA, Swami. A essência do Bhagavad Gita: explicada por Paramhansa Yogananda. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 2007. Pg. 336.
[10] LAO-TSÉ. Tao Te Ching: o livro que revela Deus. São Paulo: Martin Claret, 2006. Pg. 21.
[11] BÍBLIA, João 10:30-38. In Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. Pg. 1870-1871.
[12] BÍBLIA, Lucas 10:27. In Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. Pg. 1808.
[13] Vide primeiro tópico, o Tempo, do Capítulo 17 – Abstrações.
[14] Numa tradução do sânscrito, a expressão “kundalini” significa “enrolado como uma cobra” ou “aquela que tem a forma de serpente”.
[15] KRIYANANDA, Swami. A essência do Bhagavad Gita: explicada por Paramhansa Yogananda. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 2007. Pg. 224-225.
[16] Segundo ensina o iogue indiano Paramahansa Yogananda (1893 – 1952): “Fogo” significa energia vital: a chama de yagya, simbolizando a força divina à qual ofertamos nosso ego para que ele seja purificado e se consuma de todo.” In KRIYANANDA, Swami. A essência do Bhagavad Gita: explicada por Paramhansa Yogananda. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 2007. Pg. 339.
[17] Numa tradução literal do sânscrito, a palavra “sahasrara” pode significar “mil pétalas”, numa referência a um lótus com mil pétalas que coroa o Iogue.
[18] KRIYANANDA, Swami. A essência do Bhagavad Gita: explicada por Paramhansa Yogananda. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 2007. Pg. 340.
[19] O Homem é representado inicialmente por sua parcela receptiva (Eva) e, após ser fecundado pelo conhecimento, externalizá-lo por intermédio de sua parcela expansiva (Adão).
[20] A serpente disse à mulher: “Certamente vocês não morrerão!”. Realmente, D’us sabe que no dia em que vocês a comerem seus olhos se abrirão e vocês serão como D’us, conhecendo o bem e o mal”.
[21] A palavra hebraica “Vaerá” costuma ser traduzida como “Êxodo”.
[22] O Faraó convocou seus sábios e mágicos. Os magos simbolistas foram capazes de fazer a mesma coisa com seus artifícios mágicos. Quando cada um deles atirou seu bordão, (os bordões) todos viraram víboras. O bordão de Aarão então engoliu seus bordões.
[23] Ou “Caminho da Pomba”.
[24] Além das 10 Sephiroh, existe uma décima primeira, de natureza oculta, Daath.
[25] DEL DEBBIO, Marcelo. Kabbalah Hermética. São Paulo: Daemon, 2016. Pg. 87.
[26] Vide o segundo tópico, a díade de elementos positivos constitutivos do coletivo, do Capítulo 07 – O Coletivo – Volume 2; e o terceiro tópico, sacralizando a vida, do Capítulo 15 – dinâmica entre mundos de existência.
[27] PAUL, Patrick. A cabala. Volume I: os três véus da existência negativa. São Paulo: Polar, 2020. Pg. 109.
[28] “o símbolo da Pedra Filosofal é um resumo de toda Grande Obra”, in TAMOSAUSKA, Thiago. Principia alchimica. São Paulo: Daemon, 2021. Pg. 105.
[29] DEL DEBBIO, Marcelo. Kabbalah Hermética. São Paulo: Daemon, 2016. Pg. 303.
[30] Vide primeiro tópico, Criação do que existe, do Capítulo 01 – O TODO – Volume 1.
[31] Normalmente, traduz-se Gan Eden por Jardins do Éden ou Jardins no Paraíso. Contudo, enquanto a palavra hebraica gan significa jardim, Eden deriva da palavra acadiana Edinu, que, por sua vez, deriva do sumério Edin, significando “planície” ou “estepe” nos três idiomas. Assim, Gan Eden pode ser traduzido por “Jardim da Planície”, isto é, o local plano e de onde as coisas brotam.
[32] Vide segundo tópico, Livre-arbítrio, do Capítulo 13 – Cogito.
[33] Vide terceiro tópico, Espaço, do Capítulo 17 – Abstrações.
[34] STEVENSON, Leslie Forster, HABERMAN, David. Dez teorias da natureza humana. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Pg. 76.
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