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Pouco é conhecido sobre Dattatreya. Ele provavelmente era uma das encarnações do Deus Shiva ou um Sadhu/Iogue Shakta (adorador da Deusa) e precursor do Tantra. Acredita-se que tenha sido o mestre (guru) de Patanjali, o autor do famoso “Ioga Sutras’ e várias ordens tântricas o reivindicam como o fundador delas. Ele é celebrado com estima em particular pela escola da ordem Adinatha, que em seu disfarce ocidental, é agora conhecida como AMOOKOS. Podem ser achados ecos de adoração à Dattatreya até mesmo em Bengali Islã, onde ele é conhecido como Pir Tikkanath.
O principal trabalho atribuído a Dattatreya é o “Avadhuta Upanishad” que descreve as condições da alma que é liberada de dogmas, ritual ou moralidade convencional. De acordo com Dattatreya, o liberado não precisa ter qualquer aparência particular, estilo de vida, religião ou papel social. Ele pode ser um iogue nu ou um príncipe, pode ser piedoso ou blasfemo, ascético ou hedonístico. O mais importante é que, para a alma liberada, não há necessidade de nenhuma ação. A pessoa pode agir sem pensar “isto me dá prazer” ou “isto é o eu deveria fazer”. Esta ideia é semelhante as idéias achadas em outras religiões ou seitas místicas como o Sufismo, tendo em vista que os ensinamentos de Dattatreya são muito mais antigos.
Por essa razão, Dattatreya é considerado frequentemente como anti-social, fora da moralidade. Ele geralmente é descrito sentado nu em um chão de cremação, abraçando a Shakti (energia da Deusa), bebendo vinho e comendo carne (o que é detestável para Hindus e Muçulmanos). Não obstante, os seguidores de Dattatreya (como os Nathas) normalmente aderem ao princípio de Ahimsa (não-violência). Fazendo isto Dattatreya prova que não existem os opostos, que o comedor de carne não é diferente do vegetariano, que o celibatário não difere do que pratica sexo ou bebe vinho, etc…
Dattatreya normalmente é descrito com três cabeças, simbolizando Brahma, Vishnu e Shiva, passado, presente e futuro, e os três estados de consciência. Ele senta em meditação com a Shakti em baixo do Audumbara, que é retratado como uma árvore. Em frente a ele está uma cova de fogo, e ao redor dele estão quatro cachorros. Às vezes é dito que estes simbolizam os quatro Vedas, mas desde que o Tantra não pertence a tradição dos Vedas, este simbolismo provavelmente é uma adição posterior. Em meditação tântrica, o meditador lança nacos de carne mentalmente para os cachorros, simbolizando a ignorância, enquanto o pedaço final de carne, simbolizando o Ego é lançado na cova de fogo.
A palavra Datta em sânscrito significa “presente” ou “ato de dar”. Na filosofia tântrica, todos os sentidos, impressões e experiências são presentes que a alma liberada devolve em troca para o universo. Assim não há razão nenhuma para agarrar-se a qualquer coisa, ou temer qualquer coisa.
por Shri Dadaji Mahendranath.
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