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Certos morcegos da América do Sul atingem um tamanho superior a oitenta centímetros. Precipita-se sobre a vítima e, com o bico sugador fixado na jugular provoca-lhe uma espécie de anestesia que evita a dor. Estes vampiros Spectrum,
nome dado pelos naturalistas, fazem autênticas devastações na Argentina, como se prova através desta informação citada por R. Ambelain:
«No decorrer do ano de 1958, perto de vinte e cinco mil cabeças de gado morreram de doença causada pelas sucções dos animais em questão.»
O poder de anestesia de que falam os pesquisadores, assemelha-se ao beijo do vampiro se a vítima n oferecer resistência e se se abandonar à mordedura sem terror.
Os morcegos da América do Sul segregam um líquido especial que adormece a rede nervosa da veia jugular. A pessoa que adormece terá simplesmente a impressão de estar com um sonho estranho, uma sensação de dissolução agradável… enquanto o animal noturno lhe vai sugando o sangue.
O elo mágico entre o morto-vivo e o morcego é referido em todos os documentos religiosos da Idade Média.
A visionária Anne Catherine Emmerich afirmava ter visto Jesus Cristo, descrevendo-O detalhadamente. Confidenciou as visões que tivera ao poeta Clemens Brentano, que as redigiu intitulando-as de Vie de Jésus Crist, d’apres les visions de Anne Catherine Emmerich.
Numa passagem do seu livro, ela descreve Asach, na Palestina, infestada de morcegos-demônios. As pessoas desta terra têm feito caça aos repelentes animais malhados, de asas membranosas com as quais voam céleres. São estes os morcegos-demônios que sugam o sangue às pessoas e ao gado enquanto estes dormem. Vêm de densos pântanos impenetráveis e causam os maiores prejuízos…
Para os videntes cristãos, o vampiro depressa foi considerado inimigo de Deus, uma farsa monstruosa à luz divina, o candelabro tombado de que falam os praticantes de magia negra.
Na iconografia cristã, o pelicano tem uma certa analogia com a figura luminosa de Jesus Cristo, pelo fato de também aquele dar o seu sangue e a vida para proteger e alimentar os filhos. Um poema de Alfredo de Musset, evoca o sacrifício do pelicano, arrancando com o bico as entranhas para assim alimentar a sua ninhada.
No outro ponto oposto, o vampiro aparece como antítese do pelicano porque, para assegurar a sua existência, tira a vida ao homem sugando-lhe o sangue.
O Rei David, no Salmos implora a proteção de Deus contra os vampiros:
Livrai-me do que pratica o mal, salvai-me do homem sanguinário.
Regressam pela tarde, ladrando como cães e percorrem a cidade… (58-3.7)
Os seus lábios são como espadas… Vagueiam à busca de alimento, e se não se
saciam rondam a noite… (58-16)
Tal como se dissipa completamente o fumo, e ao contacto com o fogo se derrete a cera, assim se dissipam o ímpios na presença do Senhor. (67-3)
A oração e a fé surgiam como as mais eficazes proteções contra os seres noctívagos. Homens e mulheres vampiros, outros sugadores de sangue e ladrões de almas.
À noite, durante o ofício das Completas[1][21] e antes de recolher às celas os frades recitam os seguintes Salmos:
Tu não temerás o terror da noite
Nem a flecha que voa durante o dia
Nem a peste que alastra nas trevas
È que Ele deu ordens aos seus anjos
para te protegerem em todos os caminhos
Tomar-te-ão nas palmas das mãos, não aconteça ferires
nas pedras os teus pés; poderás caminhar por cia de serpentes e víboras.
Calcar aos pés leões e dragões No teu leito, medita, paz e silêncio
Nos mosteiros ortodoxos, enquanto o Santíssimo está alumiado os sugadores de sangue não conseguem entrar porque a luz brilha nas trevas. As luzes votivas têm a mesma função. E como se cada átomo de obscuridade se purificasse pela real presença de Deus.
Os anais do Museu Guimet publicaram um excelente trabalho sobre armas de magia, punhais, espadas, o pentágono estrelado, que serviam, algumas delas, para combater os vampiros da Europa Central.
Na lâmina de uma espada, uma frase grega diz-nos: A mão direita de Cristo te persegue. Esta mão de vingança divina estendia a sua proteção pelos mosteiros, as aldeias, os cemitérios… por todo o lado onde o homem temesse o despertar dos mortos sob a forma de vampiros.
Numa outra lâmina de punhal, encontram-se inscrições cabalísticas em forma de contrações hebraicas: AgIa que não é mais que a contração das quatro iniciais da fórmula Atha Gibor Leolam Adonaï, ou seja, «Cristo é grande na Eternidade».
A contração é uma oração que, comprimida como uma mola, pode a todo o momento aumentar a sua força.
Makaba, gravada sobre uma medalha, traduz o poder de Deus face aos seres da noite. Makaba é a contração do versículo hebraico Mi Komoi’kou Boelim Adonai… isto é: Quem de entre os deuses é semelhante a Ti, Senhor? (Êxodo XV, 11)
Pode encontrar-se nos Anais do Museu Guimet outras espadas cunhadas com a Cruz de Cristo, contendo inscrições latinas: Ego Sund et Genus David, Stella Splendida et Matutina… seguida da fórmula lapidar: Vade Retro Satanás. Em França, no princípio deste século, deitava-se fogo aos morcegos que se deixassem apanhar, apesar da utilidade dos seus serviços como insetívoros. Este exorcismo instintivo e espontâneo é um reflexo de superstição que nada tem a ver com o combate espiritual. E por causa deste medo se mandavam queimar os místicos, os visionários, porque eles não falavam a língua deste mundo, opondo-se ao entenebrecer da sua época.
Para além das superstições, existe o exorcismo real da alma, que não precisa recorrer a espadas mágicas, punhais, ou pentágonos de estrela para combate aos vampiros. Nos mosteiros da Europa Central, a grande proteção residia na oração, no implorar constantemente a Deus, vivo no homem e em todos os mundos tal como a luz do Santíssimo que invade a obscuridade sem que fique espaço para trevas.
Nos mosteiros do Monte Athos, a presença dos vampiros não é uma simples superstição. Terrível é aí o poder do diabo, porque o de Deus também o é. À noite, as celas dos monges são palco das mais duras lutas, agitação, alucinações, despertar violento, suores, pesadelos… gritos rasgam o silêncio, como o rir dos chacais risos que sacodem as abóbadas do velho mosteiro. Os monges escutam… benzem-se e rezam.
Jean Bies conta a sua viagem ao Monte Athos, à Montanha Sagrada, que é também local de pelejas espirituais: «Os demônios dançam no ar. Diz-se que são mais que os mosquitos em noite de Verão. Aqueles que os sentem à sua volta, começam logo a rezar. Nada mais estranho que o fechar cuidadosamente as pesadas portas, à noite, para evitar a entrada dos demônios! Toda a gente terá de entrar até ao pôr do Sol, I senão não se lhe abrirá a porta.[2][22]
O mais poderoso dos exorcismos é ainda a Oração do Coração aprendida segundo os ensinamentos dos Hésychastes ortodoxos que será repetir o nome de Jesus constantemente, ao ritmo da respiração, acompanhada de um profundo sentimento de adoração, de presença.
Nos Atos dos Apóstolos se declara: «Todo aquele que invocar o nome do Senhor está salvo!» e S. Paulo, «Orai sempre…»
S. João Clímaco, um dos pais da Ortodoxia, propõe 7: a repetição do nome de Jesus como arma suprema contra os demônios noturnos: «Fulmina o teu inimigo com o nome de Jesus. Não existe nos céus nem na terra arma tão poderosa. Shiva e Krishn, repetindo os mantras, os nomes sagrados, afastam as tentações da noite e purificam o sono.»
Jean Paul Bourre
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