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Desde o momento em que o o homem esteve apto a celebrar pactos ou juramentos, ele frequentemente fez o uso de sangue para selá-los. Juramentos de sangue sempre foram utilizados para criar um forte vínculo ao longo da vida ou durante a existência de cultos pagãos, principalmente religiões, sociedades secretas, clãs de guerreiros, punições a traições a irmandade, e até mesmo entre o professor e aprendiz no Japão feudal, nas práticas marcias do velho Ryu.
Se você faz parte de um grupo que pratica magia, de um coven, que inclui a oferta de sangue nas suas cerimônias ou iniciações, ou se você considera entrar para tais grupos, deveria ler atentamente este artigo e meditar: um pacto de sangue é algo irrevogável, uma vez que é oferecido. Esperamos que este ensaio possa ser simultaneamente um incentivo e uma severa advertência sobre uma das prátcas mais antiga do paganismo.
O Kishomon e a Yakuza
“Agora que estou recebendo as seus ensinamentos, juro que, sem a sua permissão, não vou demonstrar os segredos nem instruir ninguém, nem mesmo o menor dos segredos, nem mesmo a minha própria família. Devo me comportar segundo as regras mais rígidas – se de uma forma ou outra algo me permitir quebrar estas promessas, estou decidido a enfrentar as penas de todos os deuses que governam este país, e enfrentar a ira do Grande Deus marcial Hachiman.”
Esse conhecido juramento (kisho ou kishomon) foi assinado em sangue por aprendizes da Shibukawa Ryu (escola marcial), de Jujutsu no Japão do século 18, fortemente regulamentado por tradições medievais. Uma vez assinado, o aprendiz está vinculado a ele por toda a vida. Embora a formulação de um kishomon, bem como a divindade que é a de cada juramento, variem de Ryu para Ryu (por exemplo, a Kawasaki – ryu patrono da divindade é Marish , a “Deusa da Estrela Polar”), Tinham igualmente o mesmo peso e valor, sendo levados muito a sério por todos os integrantes.
De maneira semelhante, o iniciado em um clã da Yakuza utiliza a partilha do sangue oferecido, realizado a oferta diante de um altar sagrado do Shintoísmo, colocando dois peixes em direções opostas como um simbolismo de união ainda não celebrada. O Oyabun e os Kobun então fazem cortes no corpo com uma lâmina, drenando fartas gotas de sangue em uma taça. Eles então bebem o sangue um do outro. Este ritual foi uma simbólica partilha da Hara ( no simbolismo espiritual nipônico, o centro de poder pessoal em cada corpo ). Depois de beberem o sangue, os peixes são postos um de frente para o outro, simbolizando a união do Oyabun e dos Kobun.
As iniciações da Yakuza ainda são feitas diante um altar Shintoísta , no entanto o saquê substitui o sangue, não obstante, a intenção continua sendo a mesma. A tradicional punição por uma violação da honra continua a ser uma oferta de carne e osso (um dedo). Raramente acontecem segundas transgressões.
A máfia e La Vecchia Religione
Leo Martello acreditava que havia uma ligação histórica entre o Omerta (código do silêncio) da Máfia siciliana e a Vecchia Religione, especialmente tendo em conta o simbolismo do “beijo, o juramento de sangue, o voto de nunca revelar os segredos, bem como a utilização do canivete”:
“A Sicília, devido a sua constante conquista por outras nações, tornou-se um país de sociedades secretas… Por não conseguir alcançar justiça devido a indiferença dos governantes estrangeiros, que mantinham uma constante troca de poder e de líderes, cada novo vencedor trazendo todo um novo conjunto de leis duras e novas idéias religiosas. Sendo assim, as sociedades secretas com seus juramentos, votos de sangue e código secretos serviram para reunir membros descontentes com o poder instalado e para se defender das seguidas perseguições que sofriam. Séculos atrás estas práticas eram regulares entre os adeptos do Paganismo.”
Judaísmo e o Mitraísmo
Pactos de sangue eram particularmente comuns no Oriente Médio, desempenhando um papel muito significativo em ambos Islamismo e Judaísmo. Dennis Trumble em seu livro “The Blood Covenant” escreveu:
“Um acordo entre as duas partes contratantes, originalmente selado com sangue; uma obrigação, ou uma lei, um permanente pacto religioso. O antiga, primitiva forma de celebração de um pacto ( “, para selar a promessa”), era fazer um corte no braço do outro proponente e sugar seu sangue, enquanto também era sugado, a mistura do sangue tornava-os – “irmãos de pacto”.
“Originalmente, o pacto foi um vínculo de vida – um clube, onde a mistura do sangue foi considerada essencial. Com o decorrer do tempo aversão ao consumo de sangue humano eliminou a estas práticas, e o comer e beber estando reunidos tornou-se a maneira de formar um coven, ao passo que o pacto foi solenizado pela invocação da deidade em um juramento, ou pela presença dos símbolos da Divindade, como sete animais, ou sete pedras, indicativa das sete divindades astrais; (“a ser limitada pela Santa Sete”) como um equivalente para o “juramento”, em tempos pré Mosaicos.
O sangue era frequentemente oferecidos como parte de uma iniciação em muitos ritos antigos do Paganismo e também do Cristianismo em muitas cerimônias religiosas. Edward Carpenter, autor do livro “Pagan and Christian Creeds”, explica:
“Um Iniciado é obviamente aquele que adentra, que torna-se parte de algo” Ele entra para uma tribo; ele entra na revelação de certos mistérios; ele se torna um associado de um certo Totem, de um certo Deus; membro de uma nova sociedade, ou Igreja -uma igreja de Mitra, ou Dionisio ou Cristo. Para fazer qualquer uma dessas coisas, ele deverá nascer de novo, ele deve morrer para a velha vida, ele deve passar pelos ceremoniais, que simbolizam a mudança. Um destes ceremoniais é aquele em que ele é lavado, ou batizado.
Como o menino recém-nascido é lavado, do mesmo modo o recém-nascido para um culto ou coven deverá se lavar para só então se iniciar; como para o homem primitivo (e não sem razão) o sangue foi considerado o mais importante e regenerador dos fluidos, o próprio elixir da vida, de modo a abreviar certos períodos de tempo, era comum se lavar com sangue para uma iniciação mais rápida. Se o iniciado deve nascer novamente, seria razoável supor que ele deve primeiro morrer. Portanto, não raramente, ele era ferido, sofria severas sevícias, e então era batizado com seu próprio sangue, ou em casos em que um dos candidatos foi realmente mortos e seu sangue utilizado como um substituto para o sangue dos demais iniciados.
Sem dúvida o sacrifício humano foi o primeiro dos métodos para iniciar-se em um culto, sendo ele pagão ou mesmo cristão primitivo. Porém, mais tarde, era suficiente ser semi-afogado no sangue de um touro como no culto de Mitra, ou “lavado no sangue do Cordeiro”, como na fraseologia cristã. Finalmente, com um crescente sentimento de decência e estética, percepção entre os mais diversos povos, lavar simplesmente com água pura – tomou o lugar dos batismos com sangue; e o nosso típico serviço batismal reduziu a cerimônia a uma simples aspersão com água.”
As tribos germânicas
Pactos e juramentos eram um negócio sério para o antigo povo germânico. Um velho ditado, que ainda se aplica hoje, foi “faça poucos juramentos e não ouse quebrar nenhum.” In “Trúlög”, um livro de Truísmos do Norte Europeu, publicado pela Northvegr Foundation, lemos:
“Talvez não há nenhuma outra qualidade em um homem ou uma mulher que iria trazê-los mais elogios do que a manutenção de um juramento ou aos mais aviltados do que a ruptura de um. Quebrar um juramento era impensável e aqueles que não mantiveram seus pactos e juramentos foram consideradas os mais vis dos ignóbeis. O mais terrível lugar no Inferno era um lugar chamado Nastrond onde três tipos de pessoas vagam dizem percorrer riachos de veneno.
38. De um salão eu vi, tão longe do sol,
Em Nastrond , as portas voltadas para o norte;
Gotas de veneno puro através da fumaça,
O vento serpenteia através das paredes,
39. Eu a vi, vagando através de rios selvagens;
Todos os traidores (quebradores de promessas) e assassinos também,
Trabalhadores do mal (adúlteros), com as esposas destes homens;
Lá Nithhogg suga o sangue dos mortos,
Os lobos trucidam a carne dos homens;
gostaria de saber ainda mais sobre Nastrond ?”
(Völuspá 38-39)
Enquanto alguns grupos contemporâneos de magia ainda exigem a oferta de sangue e o juramento perante uma entidade divina, não parece serem tão comuns hoje como eram em tempos passados. No entanto, o compromisso, quando tomado, continua tão profundamente sagrado e inquebrável como têm sido ao longo da história.
Se você está considerando aderir a um grupo, que exige um juramento sangue, não tome essa exigência como brincadeira ou algo não tão importante. Há uma razão por trás disso tudo, especialmente em respeito ao culto das antigas religiões.
Pactos de sangue trazem consequências em todos os casos. Eles reforçam você e seu grupo com amizade, respeito e muito poder pela vida toda, mas exigem dedicação e respeito as regras estabelecidas – Obrigações e poderes que duram uma vida, mas que devem punir severamente aqueles que ousam quebrar seu juramento.
Artigo traduzido de witchvox
Paulie Hollefeld
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