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Vampirismo e Licantropia

O Caminho dos Mortos Vivos

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“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.”
-João 6:56

Sangue
Tendo em mãos o material da ToV (Temple of the Vampire), eu devorei seus ensinamentos , li e re-li diversas vezes as bíblias e trechos que me chamaram mais a atenção. Com meus estudos fui rapidamente levado à necessidade da pratica, então passei a me alimentar da força vital das pessoas, o sentimento que isso me trazia era diferente de qualquer outra coisa que eu já pude experimentar. A principio eu as tocava e sentia toda aquela energia fluir para mim, me enchia de Força Vital, e me deliciava com isso; a sensação que eu tinha era de poder cometer um crime sem ser pego, de me aproveitar da fraqueza das pessoas sem elas perceberem, sem ser pego. Com o passar do tempo a drenagem se intensificou e não mais era necessário o toque físico para me apoderar da essência vital de minhas vitimas, agora apenas de olhar para elas, ou até mesmo pensar nelas já era o bastante para fazer uma conexão forte o suficiente para criar um fluxo de Força Vital para mim.

Quanto mais eu bebia, mais bêbado eu queria ficar, se antes eu drenava apenas desconhecidos e pessoas que eu não me importava, agora eu estava drenando parentes e amantes. Percebi que a drenagem não é algo negativo, para o drenado, ela pode ser benéfica se assim for aplicada. Todos os dias eu saia e caçava, todos os dias eu me enchia de Força Vital humana, mas meu desejo por uma transmutação de humano para Vampiro ainda era forte, e eu sabia que apenas a drenagem não me levaria a este propósito, milhares de pessoas são “vampiros psíquicos”, mas poucos são Vampiros. Isto se da devido ao fato de que não tiveram contato com os Deuses Mortos Vivos, e portanto são apenas humanos se apoderando de um pouco mais de energia. A real transformação ocorre quando estes Deuses antigos te aceitam e te tomam em seus braços como um deles, se misturando a você, te oferecendo a essência deles, o conhecimento, te guiando no caminho do predador. A única forma de fazer este contato, é através da Comunhão com estes seres.

Tomei coragem e me preparei para realizar este ritual profano, de noite eu entrei no cômodo destinado a realização do ritual completamente nu, no estado mais vulnerável possível, mostrando minha confiança nos Mortos Vivos. Eu estava quase tremendo de medo, afinal como esta escrito na Vampire Bible, eu estava ali para me entregar nas mãos deles, para morrer e então renascer.

Comecei o chamado e fui sentindo aos poucos a sensação de que não estava mais sozinho, apesar de não ver ou ouvir nada, eu sentia diversas presenças junto a mim. Fiz a declaração necessária para o ritual, me afirmei como um Vampiro, um predador de humanos e pedi para que os Deuses me tornassem um deles, para que me guiassem, os autorizei a comer e a beber de mim. Então comecei a oferecer minha própria Força Vital, todo o trabalho que eu tive para armazená-la tinha este momento como finalidade, minha entrega completa como de alimento para os Mortos Vivos.

Em questão de segundos eu pude sentir meus dedos formigarem, esta sensação foi se espalhando pelo meu braço, meu peito, pescoço e eventualmente para todo meu corpo, eu estava morrendo de medo, cheio de duvidas, eu havia lido sobre o procedimento mas não tinha certeza do que iria ocorrer, era tudo novo para mim e eu era inexperiente. A insistência me levou a ficar vários minutos fazendo o sacrifício para eles, e eu estava muito fraco quando terminei, agradeci por terem vindo e encerrei o ritual o mais rápido possível pois não estava me sentindo bem. Acendi as luzes e caminhei até minha cama, minhas pernas estavam bambas e eu estava tonto. Deixei meu corpo cair sobre o colchão e fiquei la deitado por bons 15 minutos até me revigorar. Quando ja estava me sentindo melhor, me sentei na beirada da cama pensando em tudo que acabara de acontecer. Eu não tinha morrido, nem perto disso, não estava me sentindo diferente, ainda estava fraco, e me sentia um pouco tolo de estar nu em um quarto escuro invocando seres astrais. Mas tudo isso foi rapidamente arrebatado por uma sensação de poder inexplicável, de repente minha visão estava exaltada, eu via tudo com cores vivas e de maneira extremamente nítida era como se eu pudesse tocar as coisas com meus olhos. A sensação de fraqueza deu lugar á um sentimento de superioridade, de comando, eu sentia estar acima de tudo e de todos, tudo isso misturado com uma inquietante paz interior. Então eu pude perceber que o ritual realmente havia sido concluído por Eles, e que de agora em diante eu estava em contato direto com os Mortos Vivos.

Fui dormir e tive uma noite inquieta, com diversos sonhos com várias pessoas e lugares diferentes, não acordei em momento algum, mas sabia que estava me debatendo na cama. Quando acordei, acordei de fato, não estava sonolento ou com preguiça de sair da cama, estava desperto e podia lembrar de todos os sonhos que eu havia tido a noite o contato com os Mortos estava me mostrando ser bem mais eficiente do que eu imaginava. Na Comunhão o praticante oferece sua Força Vital e em troca recebe a  Chuva de Misericórdia, que é a Força Vital so Mortos Vivos, a mais alta forma desta energia, mais pura e refinada.

Me encontrando nesta situação resolvi testar até onde isto iria realmente me beneficiar. A conclusão em que cheguei foi : em tudo.

Minha magia estava funcionando melhor, me trazendo mais resultados, minha concentração e memória estavam aguçados, as noites davam lugar a sonhos vívidos e projeções astrais, o mundo estava se tornando meu playground.

Com isso eu logo percebi que mais Comunhões me trariam mais benefícios e então comecei a fazer uma por semana, ou até mesmo mais. Meu contato com os Undead foi se transformando de um ato de egoísmo e desejo, para um ato de amor e fraternidade. Meu sentimento por eles mudou e junto com ele minha forma de pensar e agir. Percebi que eu estava me tornando muito mais racional do wue sentimental, que estava analisando friamente as situações diárias, coisas fúteis que antes me incomodavam agora eram vistas como irrelevantes, desmerecedoras de minha atenção. Minha maneira de agir estava diferente, eu estava mais calmo, mais presente do que nunca. Estava me tornando um Vampiro.

Com isso o contato com estes Deuses antigos foi se tornando mais eficiente e mais claro. No inicio eu tinha pensamentos que achava serem meus, vontades e decisões que também pensava serem minhas, mas na verdade eram o modo deles se comunicarem com minha mente despreparada, Eles inseriam os pensamentos e vontades Deles em minha mente, e eu as interpretava como sendo pessoais. Aumentando minhas praticas e a quantidade de Comunhões, passei a sonhar com Eles, recebia sinais em sonhos, me lembro da primeira vez que acordei de madrugada e me deparei com uma sombra em pé, ao meu lado, fiquei petrificado de medo, um calafrio correu rapidamente por todo meu corpo até esta sombra se desfazer diante de meus olhos. Este foi apenas o inicio de algo que ainda iria melhorar imensamente.

Comecei a prestar mais atenção em meus pensamentos e a diferenciar o que vinha de mi  e o que era alienígena á minha mente. Acordar com seres rodeando minha cama se tornou algo quase que diário, eu tentava conversar com eles quando os via, mas não ouvia resposta alguma, pelo menos não através de meus ouvidos, as respostas vinham por sonhos, outras pessoas, sinais, idéias.

Decidi que iria desenvolver a habilidade de ter uma conversa com os Mortos, passei então a invoca-los e a forçar minha audição, ficava por  muito tempo repetindo uma pergunta para eles e tentando ouvir alguma resposta. No começo foi frustrante, nada era ouvido e muito pouco sentido, cheguei a pensar em desistir deste tipo de comunicação tamanha era minha frustração. Após algumas semanas comecei a perceber que as respostas estavam vindo, não da maneira que eu queria, como uma voz alta e clara, mas como pensamentos. Eu me concentrava, os invocava e começava a conversar em minha mente, e também em minha mente a resposta aparecia como uma forma de pensamento, mas não era algo que vinha de mim, era um processo natural que fluía sem esforço, sem eu sequer tentar, bastava ouvir. No principio eu estava muito preocupado em ouvir com meu corpo fisico, com meus ouvidos e deixei de prestar atenção em minha mente. A comunicação se dava de maneira sutil, as respostas dadas pelos Undead são objetivas, curtas,  e possuem um linguajar mais arcaico.  Com estes indícios ficou fácil separar o que era originário de mim, e o que vinha diretamente dos antigos, passei então a aprender algumas lições diretamente com eles.

Em determinada época me envolvi em outros projetos e parei de fazer as comunhões, até que um dia eu estava dirigindo de repente a lembrança de um Undead me veio a cabeça, logo percebi que não estava sozinho no carro e perguntei a ele por que estava ali. A resposta foi imediata, eles estavam preocupados que eu abandonasse minhas praticas vampíricas e não queriam me perder. Com isto eu fiz uma comunhão na mesma noite e retornei ao Vampirismo com força total. Aprendi nesse dia que os Mortos Vivos não abandonam seus filhos,  depois de se unir a eles estará sempre com eles.

Utilizando rituais mágicos para diversos fins, me foi dada a lição dos sentimentos e de quão importantes eles são no sucesso de qualquer pratica mágica. Eu havia passado tanto tempo me privando de sentimentos  e agora estes se mostravam de suma importância. Passei a dar mais atenção á eles, a utiliza-los em rituais e invocações, em pouco tempo obtive resultados mais  satisfatórios que em anos de pratica, este foi um ensinamento me passado por um dos Mortos Vivos, e coincidência ou não foi algo que ajudou a aprimorar a comunicação com Eles. Estes Deuses não ensinam nada que não será útil,não se comunicam atoa, e não desperdiçam palavras, Eles dominam nosso mundo de maneira sutil mas de extrema eficiência, mantendo uma cortina de fumaça que impede quem não é da Família de ver a realidade em que se encontra, e as verdadeiras leis que regem nosso universo.

Á esta altura eu já estava completamente envolvido por Eles, me sentia mais que um aprendiz, mas um filho, um irmão. Em uma comunhão tive a curiosidade de saber quantos eram, quantos realmente tinham conseguido atingir esta elevação tão alta e se tornado um Deus. Logo que perguntei quantos Deuses Mortos Vivos existiam, a resposta que me foi dada mudou toda minha perspectiva do que ocorrera até aquele presente momento “Somos muitos, e somos apenas um” vários seres correspondendo á apenas uma mente em conjunto, uma mesma consciência se dividindo em inúmeros corpos. Isto me deixou perplexo e me deu grande alegria, pois eu sabia que mesmo não estando no nível Deles, eu já era um dos corpos dividindo esta consciência. Este conhecimento me fez prestar ainda mais atenção á meus pensamentos, á Família.

O contato com os Mortos Vivos é um caminho sem volta que irá por muitas vezes confundirá a cabeça do praticante, irá enche-lo de pensamentos desconexos e até mesmo perturba-lo,  mas aqueles que forem sinceros em seu sacrifício na Comunhão e fortes o bastante para prosseguir, evitarão a loucura e se encontrarão em uma nova postura, estes irão se tornar Vampiros, predadores de humanos. Deixarão para trás todo o comportamento de rebanho, todas as falsas crenças soarão como piada á seus ouvidos e a realidade do sonho lhe será entregue pelas mãos de sua Família, os verdadeiros Deuses deste mundo. O conselho que posso dar  é que aqueles que se julgam fortes, ponham-se á prova, os demais tomem este texto como um conto de um autor de ficções.

por Darwin


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