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O Livro da Lei veio ao mundo nos dias 8,9 e 10 de abril de 1904 e.v. como Liber L vel Legis. Em 1917 e.v. Charles Stansfield Jones (Frater Achad) acrescentou um Aleph ao título formal do Livro que então passou a ser tecnicamente designado como Liber AL vel Legis. A Partícula AL corresponde a um dos nomes hebraicos da divindade, podendo ser transliterada como AL ou EL, de acordo com a ênfase dada ao Aleph inicial ou ao sinal tzere, que corresponde foneticamente ao `E’. A reunião destas duas Polaridades numa única Forma produz como resultado a Palavra ALH, a qual pode-se traduzir tanto como maldição quanto como deus &endash; sendo o plural ALHIM/ELOHIM, isto é, deuses. A Palavra hebraica ALH, por sua vez, representa a exata transliteração da Partícula elh (ELH ou ALH). Isto se obtém da seguinte forma:
1. Aleph (a) corresponde ao Eta (e);
2. Lamed (l) corresponde ao Lambda (l);
3. Heh (h) corresponde ao Epsilon (h).
A Substituição de AL por ALH permite a inclusão do aspecto do Filho ao Binômio Pai-Mãe, como se segue:
1. Aleph representa aqui o Pai – Hadit;
2. Lamed corresponde à Mãe – Nuit;
3. Heh, por sua vez, é o Filho – Ra-Hoor-Khuit.
Não é possível prosseguir adiante nesta linha de raciocínio sem recorrer à Doutrina Esotérica dos Nephlin. Para tanto, seria útil recordar a passagem bíblica pertinente. Ei-la:
“Quando os homens começaram a multiplicar-se na terra e tiveram filhas, vendo os filhos dos deuses que as filhas dos homens era belas, escolheram para mulheres as que dentre elas mais lhe agradavam. (…) Havia então gigantes sobre a terra e mesmo depois que os filhos dos deuses se uniram às filhas dos homens e lhes geraram filhos. São eles os heróis famosos dos tempos antigos.”
Livro do Gênesis Cap. VI: vv 1,2 & 4
Não é o propósito deste trabalho discutir a “veracidade” do relato acima bem como a sua aplicabilidade no campo específico da Arte Mágicka. Cumpre-nos aqui tão-somente ressaltar que relatos de congresso carnal entre “deuses” e mulheres mortais constituem a base de muitas das religiões da Antigüidade. Assim, entre os gregos, Zeus conhece Leda sob o aspecto de cisne & Europa sob a forma de touro. Entre os hindus, Vishnu penetra no flanco de Maia sob a forma de um elefante de seis presas. Também entre os cristãos, o Espírito Santo desce sobre a Virgem Maria sobre a forma de uma pomba branca. Estas imagens representam – dentro do nível de realização que nos propomos a comentar – a “descida” de uma Influência Espiritual no plano da manifestação propriamente dita para dar origem a uma Tradição determinada – que é, como tal, sempre de origem inumana. Este processo se encontra perfeitamente indicado nas lâminas pertinentes do Livro de Thoth, pela forma que os personagens encontram-se representados. Assim, temos:
1. Aleph é o Arlequim, que é o Logos ou Spiritus Sanctus;
2. Lamed é a Colombina, que representa a Virgo;
3. Heh é o Cordeiro-Ígneo [Agnus-Agnis] – o produto da união dos dois (1).
A adição de um Heh à Partícula AL tem ainda como resultado o de elevar o cálculo guemátrico da mesma para 36, o que vem, de certa sorte, corroborar o que foi dito acima. O número 36 é um numero solar assim como o são os números 6 – que é sua “raiz” – e 666 – que representa o somatório de todos os números naturais de 1 a 36. Acerca deste último, caberia aqui esclarecer que não se trata apenas do “número da Besta”, mas também – por ser um número solar – o número do Cristo. Não existe nisto qualquer gênero de contradição, uma vez que o Cristo e o Anti-Cristo – enquanto opostos simbólicos – nada mais são do que diferentes Polarizações de uma mesma Realidade transcendente. Este fato transparece com suficiente clareza na representação medieval da serpente Anfisbena que se dizia possuir duas cabeças – na qual uma simbolizava o Cristo e a outra Satã – unidas por um único corpo. Fizemos questão de repisar suficientemente estas questões para deixar bem claro de uma vez por todas que qualquer oposição entre THERION e o LOGOS só poderá ter validade em um plano situado aquém da coincidentia opositorum (2).
A Palavra de Restrição foi vibrada no dia 31/10/1997 e.v. às 21:32 horas (fuso local).
Notas :
(1) Este se encontra figurado, na Lâmina em questão, pelo Cordeiro carregando uma flâmula que se vê aos pés do Trono (Cf. Atu IV).
(2) Isto é, abaixo de Samadhi.
Por Frater Sinn
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