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Thelema

Thelema para Não-Magistas

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Pablo Raphael.

Thelema é um fenômeno cultural, talvez a mais famosa corrente filosófica e/ou religiosa no campo do ocultismo. Especialmente no mundo da música, essa filosofia já foi referenciada por artistas como The Beatles, Jimmy Page, Raul Seixas, Ozzy Osbourne, Behemoth, Bring Me The Horizon, entre muitos outros.

Nascido em 1996, tive meu primeiro contato com essa filosofia por volta dos 16 anos. A música “Mr. Crowley” de Ozzy Osbourne me levou a investigar quem era o sujeito mencionado na canção. Acabei chegando exatamente aqui, no site Morte Súbita Inc., um verdadeiro “buraco negro de conhecimento”. Desde então, minha paixão pelo ocultismo, que já existia desde a infância, foi despertada de maneira irreversível.

Em um mundo governado pela submissão a conceitos morais externos, socialmente estabelecidos através da religião (especialmente cristã) e de ideologias de cunho duvidoso, a filosofia de Thelema era exatamente o que eu precisava para reforçar minha natureza inquieta e insatisfeita com as “verdades” estabelecidas.

Entendo que a ideia de Verdadeira Vontade está relacionada a compreender a verdadeira natureza do seu ser. Realizá-la significa se desvincular de todo condicionamento socialmente recebido, seja pela família ou por outras instituições da sociedade. Nesse aspecto, que considero o mais importante em Thelema, acredito que muitas pessoas e supostos adeptos se perdem.

Não estou aqui advogando contra os aspectos místicos e rituais dessa doutrina; no entanto, acredito que o ritual não deve ser visto como um fim em si mesmo, mas como um meio de entrar em contato com a natureza do seu próprio ser e com aquilo que chamamos de Verdadeira Vontade. Isso para que a consciência de si mesmo seja despertada e possamos manifestar essa nossa natureza original em vida da forma mais pura e íntegra possível.

Portanto, é perfeitamente possível ser um Thelemita sem necessariamente ser um magista no sentido de realizar todos os rituais recomendados ou de se envolver no trabalho de alguma ordem. Mais importante do que realizar os rituais é o trabalho árduo e cotidiano de auto-observação, de observação das suas relações, dos seus sentimentos e dos seus pensamentos. Muito mais do que se trancar em um quarto e praticar o Ritual Menor do Pentagrama ou olhar para o sol quatro vezes ao dia para realizar o Liber Resh, quem deseja entender a profundidade de Thelema e obter resultados em sua vida precisa se expor aos seus próprios demônios e às necessidades e anseios mais profundos do seu ser.

Esse trabalho pode ser extremamente árduo e doloroso, mas é o verdadeiro trabalho, e só com o verdadeiro trabalho há a verdadeira recompensa. As consequências podem ser muitas: você pode acabar se afastando de pessoas que considerava amigos, da sua família, terminar relacionamentos, perder o emprego e enfrentar todo tipo de problemas e conflitos sociais e pessoais. Passará a perceber a tensão existente entre agir cada vez mais de acordo com sua verdadeira natureza e as demandas do mundo externo. É um trabalho que exige profunda coragem e lealdade a si mesmo. É preciso uma determinação obsessiva por conhecer aquela sua essência mais pura, que por vezes pode se manifestar de forma caótica perante a sociedade, para remover todas as camadas e máscaras criadas ao longo de sua vida. Só assim você será capaz de se tornar a verdadeira estrela que sempre foi, mas cujo brilho estava ofuscado pelo entulho de condicionamentos recebidos desde o nascimento.

Que este texto sirva como uma provocação e um convite. Você não precisa brincar de mago (mas brinque se isso estiver de acordo com sua Verdadeira Vontade); precisa, sim, compreender sua verdadeira natureza e remover todos os obstáculos que impedem a clara visão e a realização desta em vida.


@pablo.rapha.el

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