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Astrologia Thelema

Qualquer Besta pode ser Astrólogo

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Anarco-Thelemita

Embora Astrologia não seja um tema relativamente popular nos escritos de Aleister Crowley é sabido que ele praticava sem dúvida uma espécie de leitura do destino baseado nas cartas cósmicas. A Grande besta era relativamente conhecida pela exatidão com que descrevia o caráter das pessoas e seu futuro próximo e longínquo com base em alguns poucos dados astrológicos. Entretanto, seu método dificilmente o que ele seria levado a sério pelos astrólogos dos dias de hoje e ao mesmo tempo, pois ele nunca reconheceu a validade da astrologia enquanto ciência exata. Sua abordagem era outra. Em Magick sem lágrimas por exemplo ele descreve a astrologia como qualquer outro sistema de divinação, ou seja, algo necessariamente intuitivo. Propunha ele, que não devemos buscar o destino nas estrelas como quem busca a resposta certa em uma equação matemática, mas que devemos ler as estrelas como a mesma liberdade de alguém que lê as cartas do Tarot. Embora simples e subjetivo este método era assustadoramente eficaz, e acredito eu, ainda pode salvar os astrológos de suas próprias armadilhas intelectuais.

Problemas da Astrologia Atual

O grande problema é que quando a ciência do século XV separou a Astronomia da Astrologia, a segunda parece que ficou ressentida. Pico della Mirandola escreveu em 1495 tratado chamado “Disputationes adversus astrologiam divinatricem” que é usado até hoje pelos céticos para refutar o que conhecem como astrologia. A tragédia é que na esperança de ficar parecida com sua “irmã bonita”, a Astronomia, a Astrologia tentou desde então provar para todo mundo que ela também podia ser verdadeira e científica. Aos poucos a divinação pelos astros foi ficando cada vez mais mecanicista e hoje em dia temos programas de computador que realizam cálculos astrológicos complexos mas não fazem a mínima ideia do que está acontecendo. A estratégia dos “astrólogos de hoje” tornou-se deprimente: Eles multiplicam seus cálculos e desenhos até que seus mapas ficam parecendo uma teia de aranha e então eles tem números o bastante para afirmar qualquer coisa. Quando suas previsões falham, eles dizem que esqueceram de olhar esta ou aquela casa neste ou naquele quadrante.

Curiosamente, Pico era, ele mesmo , um astrólogo e usava um sistema bem mais parecido com o de Aleister Crowley  e  também bastante próximo ao de “Abramelim, o Mago” em vez do desespero matemático dos dias de hoje. Aliás, esta é também a visão de C.G Jung sobre o assunto.  Jung, também era perito neste tipo específico de astrologia e afirmava que ela deve ser método intuitivo baseado no princípio da sincronicidade, das coincidências significativas, exatamente como o I Ching ou a geomancia. Diz ele em uma de suas cartas a Hans Bender:

“Nós nascemos em um dado momento e em um dado lugar e assim como os vinhos antigos nós trazemos as qualidades da estação em que nascemos. Astrologia não reivindica nada além disso.”…”Sincronicidade não admite causualidade na analogia entre os eventos terrestres e as constelações astrológicas. O que a astrologia pode estavelecer é que são eventos análogos, mas não que um influencie o outro. Por exemplo, a mesma constelação pode em uma dada casa significar uma catástrofe e em outra algo banal como um resfriado. Seja qual for o caso, a astrologia ocupa uma posição única entre os métodos intuitivos. Eu observei muitos casos onde uma fase psicológica bem definida ou um evento análogo foi acompanhado por um trânsito específico. Em particular quando Saturno e Urano são afetados.”

Vejamos a seguir quais as bases deste sistema e como uma pessoa pode desenvolver sua perícia nele.

Como desenhar um mapa astral

Novamente em Magicka sem Lágrimas ele instrue uma estudante sobre o assunto com sua irreverência costumeira: “Considere o nascimento da figura: estude-a, faça anotações sobre os aspectos e dignidades, concentre-se e abra sua torneirinha mágica!”. Em outras palavras as figuras astrologicas são consideradas intelectualmente apenas por um breve momento, seguido do silêncio que permite a intuição falar.

Ele mantinha os cálculos iniciais o mais simples possíveis, preferindo os chamados “Trânsitos” as “Progressões” e as simples Conjunções acima de qualquer coisa:  “Quando eu comecei calculava a “progressão astrológica” para ver como a pessoa estava naquela semana, mas isso nunca ajudou o bastante para compensar a complicação necessária. Então o que eu realmente faço para analisar a situação hoje em dia são os Trânsitos. Achei-os muito confiáveis, mas mesmo com eles costumo ignorar os aspectos de menor importância. Para dizer a verdade as Conjunções são muito mais significativas do que todo o resto junto.”

O primeiro passo é entender como esquematizar um mapa astral. Mas isso não toma menos de uma hora para uma pessoa inteligente aprender e pode ser lido em qualquer livro básico sobre o assunto. Na verdade é tão fácil que vou ensinar abaixo em menos de 5 passos. Você vai precisar de papel, lápis, os dados de nascimento da pessoa e um livro de efemérides astronômicas ou um programa de computador equivalente.

1 – Usando um compasso desenhe três círculos concêntricos. O círculo interno deve ser relativamente menor do que os dois círculos externos.

2 – Divida os espaços entre os dois círuclos externos em 12 seções de igual tamanho.

3 – Cada seção simboliza um dos 12 signos, então coloque em cada um seus sinais correspondentes (veja ao lado) e siga a escala anual e desenhando-a em sentido anti-horário.

4 – Divida cada casa zodical em 30 graus. De forma que o círculo feche em 360 graus. Preocupe-se em manter corretos os ângulos com o centro do círculo.

Fácil até agora não? Pode ser ainda mais fácil.. Você pode pular os passos 1,2,3 e 4 e simplesmente imprimir esta imagem abaixo:

As marcas das estrelas

Até agora vimos como criar o mapa em branco acima.. Resta-nos agora aprender como fazer as marcações de um mapa específico.

1 – Consulte seu livro de efemérides e descubra o signo ascendente. Um ascendente é um signo que estava se erguendo (ascendendo) no horizonte leste em um dado momento e em dado local. Então pode ser valioso saber a longitude e latitude do objeto de estudo. Felizmente hoje em dia existem vários programas gratuitos que fornecem estas informações.

2 – Marque o signo ascendente (geralmente com a abreviação “AS”) no circulo marcado com os ângulos. As tabelas de efemérides e programas especializados fornecem estes dados astronomicos… por exemplo: “12 graus em Virgem” ou “Leão 20°”. Lembre-se de contar os graus no sue mapa no sentido anti-horário.

3  – Determine da mesma forma a posição dos planetas e marque-os no seu mapa. Tradicionalmente estes são marcados pelos símbolos ao lado. Crowley considerava ridículo preocupar-se com um excessivo número de “orbes”, como 15 para Lua e 12 para o Sol. Alguns astrólogos vão ao extremo de calcular a “revolução solar” com a precisão de segundos ao passo que não sabem nem a hora exata do nascimento dos seus clientes. Afinal, as pessoas tem dias ruins, mas quem liga para segundos ruins? Como diz o Mega Therion: “O que você acharia de um médico que tivesse um termômetro especial feito para registrar um centésimo de grau Celcius mas não percebesse o paciente acabou de beber chá quente.” Assim, simplesmente consulte seu livro de efemerides e siga os ângulos traçados no seu mapa para desenhar os sinais no espaço entre o círculo menor e o intermediário.

4 – Marque as casas astrologicas. As casas são 12 divisões do céu baseadas no signo ascendente. Para isso comece do ponto onde esta marcado o ascendente e conte 30 graus no sentido anti-horário. Se por exemplo se ascendente está aos 15° de Capricórnio, marque uma linha ai, conte 30 graus e feche a casa, conte mais 30 e feche a segunda casa. Prossiga assim até fechar o círculo. As casas são numeradas de 1 a 12 no sentido anti-horário.

5 – Calcule os aspectos. Um aspecto é formado entre um par de corpos celestes. (a terra é o centro do mapa). Você pode estimar os aspectos simplesmente olhando o mapa. Imagine, por exemplo, que o mapa é um relógio. O Marte está as 12 horas e Mercúrio as 3 horas. Basta olhar para ver que ambos formam um ângulo de 90 graus.  Se quiser precisão você pode fazer os cálculos dos graus baseados nos dados seu livro de efemerides, mas isso pode ser feito com o mero uso de um transferidor. Se os ângulos foram traçados corretamente você não deve ter dificuldades aqui. Se quiser, desenhe os aspectos no círculo interior.

Se você fez tudo certinho… deve ter algo assim em mãos agora:

Observe o por algum tempo o exemplo acima para ter certeza que entende todos os seus símbolos.

Fácil não? Novamente.. pode ser ainda mais fácil. Existem diversos sites hoje que fazem a carta astral par você em questão de segundos… Alguns exemplos:

 

O treinamento de um astrólogo a moda da Besta

Segue-se então a questão da interpretação, que necessita de estudo e conhecimento prévio. É aqui que o sistema usado pelos thelemitas se diferencia da astrologia popular. Os astrólogos de hoje querem convencer seus clientes que estão lidando com a uma ciência exata ao passo que em seu íntimo todos sabem que não é assim que as coisas funcionam. Citando novamente Magick sem lágrimas, Crowley diz que é impossivel sucesso desta forma por duas razões: 1) “Das árvores não se enxerga a floresta” e 2) eles estão usando Ruach em uma tarefa que demanda Neschamah. Intelecto é inadequado para problemas que exigem intuição.”

Segundo Crowley a chave do sucesso em astrologia primeiro passo é conhecer as correspondências planetárias de cor e saltiado. Elas estão presentes em obras como “O Livro de Thoth”, o “Liber 777”, do próprio ou mais recentemente no Sistemagia, de Adriano Camargo Monteiro. Como complemento devemos escolher um livro de astrologia, quando mais antigo melhor, pois está menos preocupado com parecer científico. A indicação particular de Crowley é o “Raphael’s Shilling Handbook”. O importante é internalizar o que é dito sobre a natureza dos planetas, seus aspectos e o escopo das casas astrológicas.

Quando esta introdução teórica estiver bem fundamentada. Ele recomendava aumentar a perícia e o entendimento de como os astros interagem pelo estudo de obras como  “1001 Notable nativities” de Barley ou o “The Astrologer’s ‘Who’s Who” de Leo, ou qualquer outra coleção similar contendo os dados astrológicos de personalidades da história.

Pratique então desenhar estes horóscopos. Compare o que você sabe da vida dos nativos estudados, com o que é dito dos aspectos e conjunções segundo o que você aprendeu. Coloque lado a lado horóscopos similares. Por exemplo: Saturno na casa 10 (Meio do Céu) é conhecido por ser indício de espetacular asscenção na carreira de uma pessoa, seguida de uma igualmente notável queda, como foi com Napoleão I, e III, Oscar Wilde, Woodrow Wilson, Lord Northcliffe e Adolf Hitler. Procure por cartas onde Saturno esteja assim posicionado e verfique se os nativos passaram por este tipo de experiências em suas vidas. Descubra por que funcionou em alguns casos, e não em outros.

Não tenha medo de criticar estes horóscopos, pelo contrário, faça sua própria pesquisa e descubra casos que contradigam a tradição. Quando você tiver mapeado cerca de 500 horóscopos terá então desenvolvido um julgamento competente para começar a fazer suas próprias interpretações. O próximo passo é encontrar alguém com quem pudesse trocar mapas de figuras de alguma importância histórica ou de característica notável (assassinos, campeões esportivos,astros do rock, etc..) mas sem dizer a quem se refere. O jogo é tentar descobrir a quem o horóscopo pertence. Quando você se tornar bom nisso, pode considerar-se finalmente um Astrólogo. Será você que consegue descobrir de quem é o Mapa dado como exemplo lá em cima neste t

Crowley tornou-se tão eficaz com este método que ele podia descobrir o sígno de uma pessoa apenas examinando sua fisionomia. Ele utilizava estas informações para seu benefício pessoal, realizar transações financeiras, atacar inimigos e conquistar corações. Contudo, mesmo com seu incrível índice de acertos até ele eventualmente, estimava erroneamente o horóscopo do Arquebisco de York pelo e Catherine de Medici ou trocava os mapas de Moody e Sankey pelos de Brown e Kennedy. Não deixe portanto que os erros o desencoragem. Especialmente no início pode demorar um pouco até a mente aprender a lidar habilmente com todos os símbolos e correspondências astrológicas.

Este sistema é menos hipócrita e mais eficiente do que o apresentado por muitos profissionais e cursos de astrologia que existem por ai. No fundo a Astrologia não é diferente de ler o destino no canto dos pássaros ou no fundo de uma chicará de café. Trata-se apenas de um ferramental capaz de fazer a mente intuitiva se expressar. De fato, um ferramental que potencializa essas habilidades, mas mapa não é território. Não é no mapa astral, mas na mente e nas relações inconscientes que ela traça que está o verdadeiro poder. Ainda sim, astrologia não deixa de ser a arte de ler as estrelas, todo homem e toda mulher é uma estrela.

 

 


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