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Thelema

Perfil de um Thelemita

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Existe um Livro que foi canalizado no início do século XX para todos os habitantes deste planetinha, mas principalmente para os assim chamados Thélemites, termo cunhado por volta de 1530 por François Rabelais (1490–1553) em seu romance Gargântua. Isto não prova que a canalização foi falsa e sim que ainda na Renascença a atual Corrente Energética já permeava a Terra. Estudando o período pode-se perceber isto.

Partindo da acepção de Thelema [2] como sendo o modus operantis atual do planeta e não uma religião, filosofia ou algo do gênero, é correto dizer que todos os que vivem de acordo com essa Corrente são thelemitas, independente da maneira como o fazem. Como exemplo, transcrevo algumas conclusões de um homem que, em minha opinião encarnou, muito bem, a definição de um thelemita:

“É difícil ver o próprio ego. É muito fácil ver o ego dos outros. Mas esse não é o ponto, você não os pode ajudar. Tente ver o seu próprio ego. Simplesmente observe”.

Conferir AL – I, 22-23.

 

“… Atai-vos de modo algum! Não deixai ter diferença feita no meio de vós entre uma coisa & qualquer outra coisa; em consequência disto aproxima-se o prejuízo.”

“Mas quem quer que beneficie-se nisto, deixe-o ser o chefe de todos.”

“Por causa dessa inimizade pelo sexo, dessa oposição e repressão, o homem está decaindo interiormente. Ele não pode se livrar de algo que é a própria raiz da sua vida, e em função desse constante conflito interior todo seu ser tomou-se neurótico. Ele está doente. Essa sexualidade pervertida, tão evidente no gênero humano, existe por causa desses homens chamados de líderes e santos; são eles os responsáveis por isto. Até que o homem se livre de tais professores, moralizadores, lideres religiosos e de seus falsos sermões, a possibilidade do amor vir à tona será nula”.

Conferir AL – I, 41

 

“A palavra de pecado é restrição. Ó homem! não rejeite tua esposa, se ela quiser! Ó amante, se tu queres, parta! Não há laço que possa unir o dividido senão o amor: tudo além disso é uma maldição…”

“A ambição cria a inquietação. Eu gostaria que entendesses tua ambição. O desejo cria inquietação. Eu gostaria que fosses consciente dos teus desejos”.

Conferir AL – I, 44.

 

“Pela vontade pura, aliviada de propósito, livre de desejo de resultado, é cada caminho perfeito.”

“Quando a dúvida desaparece, a crença também desaparece. Fé não é crença porque não é a metade, é total. Fé não é crença porque nela não há dúvida, portanto como podes crer? Fé não é racionalização, absolutamente: não é contra nem a favor disto ou daquilo. Ter fé é ter confiança, uma confiança profunda, amor”.

Conferir AL – I, 58.

 

“Eu dou prazeres inimagináveis sobre a terra; certeza, não crença, enquanto em vida, sobre a morte…”

“Disciplina que vem de fora é decoração. Ela deve vir do interior. Deve espalhar-se para a periferia, vinda do centro…” “medroso, temendo morrer, apavorado por perder-te a ti mesmo, temeroso de te entregares, irás tornar-te vítima dos pequenos ensinamentos”.

Conferir AL – I, 31.

 

“Para estes tolos dos homens e suas aflições tu não cuidarás de todo! Eles pouco percebem; o que é, é equilibrado por meio de escassos prazeres;”

“Quando você sente o tipo de situação que está ocorrendo, você imediatamente se transforma para que as pessoas lhe deem atenção.

Esta é uma forma profunda de mendicância.

Um verdadeiro mendigo é aquele que pede e exige atenção. Um verdadeiro imperador é aquele que vive em sua interioridade; ele tem um centro próprio, não depende de mais ninguém”.

Conferir AL – II, 58.

 

“Portanto os reis da terra deverão ser reis para sempre: os escravos deverão servir… Um rei pode escolher seu traje como ele desejar: não existe teste fixo: mas um mendigo não pode ocultar sua pobreza.”

“Um mendigo que pensa ser um imperador, sabe que é um mendigo. Este é o problema: ele pensa que é um imperador finge que é um imperador, e no fundo sabe que é um mendigo. Ele se sente bastante satisfeito com o seu reinado, mas um profundo descontentamento o segue como uma sombra: ‘sou apenas um mendigo’. Este é o seu problema: você pensa algo sobre si mesmo e sabe que não é verdade”.

Conferir AL – II, 59.

 

“Tomai cuidado portanto! Amai a todos para que não haja, talvez, um Rei ocultado! Você fala desta maneira? Tolo! Se ele é um Rei, tu não podes ofende-lo.”

“… prepare-se para a sua morte! É claro que haverá pânico, medo, apreensão. O salto está destinado a ser difícil… se você estiver pronto para morrer, isso acontecerá… abandone a mente, o corpo, o ego, a identidade – e de repente, verá que algo novo está nascendo em você, que está se tornando um útero, que está ficando prenhe”.

Conferir AL – II, 72.

 

“Empenhe-se sempre por mais! e se tu és verdadeiramente meu – e não duvides disso, e se tu estás sempre prazeroso! – morte é a coroa de tudo.”

“É claro que penetrar no abismo é perigoso. Mas tem de ser assim. Porque na superfície você é muito ativo, pode trabalhar como um autômato, não precisa de nenhuma atenção. Entretanto, quanto mais penetrar no abismo, mais e mais alerta deverá estar porque a todo o momento a morte será possível”.

Conferir AL – III, 17.

 

“Receio de modo algum; não receais nem homens nem Destinos, nem deuses, nem coisa alguma. Não receai riqueza, nem risada das pessoas tolas, nem qualquer outro poder no céu ou sobre a terra ou sob a terra. Nu é vosso refúgio, como Hadit vossa luz; e Eu sou a firmeza, força, vigor, de vossos braços.”

“A mente usa o truque da projeção para esquivar-se do conflito interno porque esse conflito é muito doloroso – por muitas razões. A razão básica é que todas as pessoas têm uma imagem muito boa de si mesmas. Com a ilusão você pode tornar-se quase centrado. Esse centro que acontece na ilusão, entretanto, é o ego”.

Conferir AL – III, 63.

 

“O tolo lê este Livro da Lei, e seu comentário; & ele não o compreende.”

Esse thelemite nasceu em Kuchwada, Madhya Pradesh, Índia, em 11 de dezembro de 1931. Seus avós, com quem passou os sete primeiros anos de vida, apoiavam suas precoces investigações sobre a verdade da vida, lhe dando absoluta liberdade para fazer o que bem quisesse. Desde cedo desafiou os dogmas religiosos, sociais e políticos insistindo em buscar a verdade por si mesmo, ao invés de adquirir conhecimentos e crenças impingidos por outros. Só frequentou escolas formais depois dos sete anos.

Nunca teve um ‘guru’, nenhum mestre espiritual a seu lado.

Graduou-se em Filosofia no Jain College, fez sua pós-graduação na Universidade de Sagar. Lecionou em duas Faculdades, mas em 1966, depois de nove anos limitado pela função de professor de Filosofia na Universidade de Jabalpur, abandonou o cargo e passou a viajar por todo país, dando palestras, desafiando líderes religiosos ortodoxos em debates públicos, desconcertando as crenças tradicionais e chocando o “status quo”. Com a maturidade percebeu que essa atitude era inútil.

Em 1970 Bhagwan Shree Rajneesh, estabeleceu-se em Bombaim, onde morou e ensinou por alguns anos. Nesse período nasce a Meditação Dinâmica e o neo-sannyas.

“… acho que a instituição do sannyas [3] , tal como existiu até agora, está agonizante; está praticamente morta… mas continuo usando a palavra sannyas porque vejo nela outro significado, muito mais completo que o antigo. Quero dizer a renúncia e todas as condições que o mundo impôs a vocês…”

Em abril de 1981 parou de falar em público e iniciou uma fase de “comunhão silenciosa de coração-a-coração”. Em junho de 1981 vai para os Estados Unidos por causa de sua saúde. Em 1982/83 solicita visto de residente na qualidade de professor de religião, mas o visto é negado sob a alegação de que ele se mantém em silêncio e, portanto, não pode ser professor. Os pregadores cristãos fundamentalistas sugerem que Rajneesh é o anticristo, as autoridades em diversos escalões dificultam sua estadia. O procurador-geral do Oregon declara Rajneeshpuram ilegal [4] pelo fato de que “naquele lugar religião e Estado se misturam”.

Em Outubro de 1984 acaba o período de silêncio.

Em 1985 vem à tona todo um conjunto de atos ilegais cometidos por um grupo de pessoas que cuidavam da administração da cidade, que fogem para a Alemanha. Rajneesh convidou as autoridades americanas para que procedessem a todas as investigações necessárias, mas em outubro desse mesmo ano foi preso em Charlotte, Carolina do Norte, sem um mandado de prisão. Sua viagem de volta ao Oregon, onde seria julgado – normalmente um voo de cinco horas – demorou doze dias. Onde esteve neste período é uma incógnita. Quando voltou Rajneesh, aconselhado por seus advogados (norte americanos), concordou com um acordo. Foi multado e obrigado a deixar os Estados Unidos, com retorno proibido pelos próximos cinco anos. No mesmo dia voou para a Índia em avião particular, onde permaneceu em repouso nos Himalaias. Após isto, enfrentou uma verdadeira “via crucis” pelo mundo, mas onde quer que tentasse tinha sua permanência negada pelas autoridades, por visível influência do governo norte americano. Ao todo, vinte e um países o expulsaram ou negaram o visto de entrada.

Mas o que importa é a sua obra, e no seu trabalho, ele falou praticamente sobre todos os aspectos do desenvolvimento da consciência humana. Psicologia, Psiquiatria, Sufismo, Budismo, Cristianismo, Islamismo, o Tao, Hinduísmo, Filosofia, Yoga, Tantra, Zen…

Chuang Tzu, George Gurdjieff, Buda, Rabindranath Tagore, Freud, Jung, Reich, Boheme, Eckhart, Lao Tsé… Rajneesh extraiu de cada um a essência do que é significativo na busca espiritual do homem, baseando-se não apenas na compreensão intelectual, mas sim na sua própria experiência existencial.

Ele diz: “Minha mensagem não é uma doutrina, não é uma filosofia. Minha mensagem é uma certa alquimia, uma ciência da transformação; assim, somente aqueles que estão dispostos a morrer como são e a renascer em algo tão novo que agora nem podem imaginar, somente essas poucas pessoas corajosas estarão prontas a me ouvir, porque isto será perigoso. Ouvindo, você dá o primeiro passo em direção ao renascimento”.

“Não sou um guru”, diz ele, “mas não nego a necessidade a vocês de serem discípulos. Todos os meus esforços visam a despertar o guru dentro de vocês”.

Esses discípulos decidiram chamá-lo OSHO, um termo derivado do Japonês que foi primeiro usado por Eka, dirigido a seu mestre Bodhidharma. ‘O’ significa “com grande respeito, amor e gratidão” e também “sincronicidade” e “harmonia”; ‘SHO’ significa “expansão multidimensional da consciência” e “existência chovendo por todas as direções”.

Não devemos esquecer que os que pretendem estar dando continuidade ao ‘trabalho e ensinamento de Bhagwan Shree Rajneesh apenas seguem suas próprias interpretações do que foi dito; isto acontece com todos os que têm algo a ensinar. Os seguidores ou discípulos acabam caindo no erro do culto à personalidade do “Mestre”, como acontece com todas as tradições. Os que citam Osho como Guru ou algo parecido não entendem o que ele disse no decorrer de sua vida. Nas palavras de Rajneesh existem conhecimento e indicações, mas o entendimento que leva à Iniciação depende do processo de cada um. Como ele mesmo disse: “Eu não posso dar a você o meu entendimento. Eu posso falar acerca dele… Você terá que encontrá-lo. Você terá que entrar na vida”.

“Eu posso comunicar-me com você apenas intelectualmente. Se você pode realmente entender, então o que não foi dito pode ser sentido”.

“Assim, procure, seja um buscador e não seja um discípulo. Então você não será um discípulo de algum guru, mas um discípulo da vida total”.

Em Fevereiro de 1989 Osho inicia sua última série de palestras intitulada “O Manifesto Zen”.

“O Manifesto Zen é absolutamente necessário, porque todas as antigas religiões estão se despedaçando… antes que a casa velha caia, vocês precisam criar uma casa nova. E desta vez não cometam o mesmo erro…”

“este momento é muito valioso… Desta vez, a humanidade precisa dar um salto quântico, saindo das velhas mentiras apodrecidas para a nova verdade, a verdade eternamente nova. Este é Manifesto Zen”.

Osho deixou seu corpo em 19 de janeiro de 1990. Algumas semanas antes dessa data lhe foi perguntado o que aconteceria com seu trabalho quando ele partisse. Ele disse: “Minha confiança na existência é absoluta. Se houver alguma verdade naquilo que estou dizendo, isso irá sobreviver…”

OSHO

 

NUNCA NASCEU

 

NUNCA MORREU

 

APENAS VISITOU ESTE PLANETA TERRA

 

ENTRE

 

1931 – 1990

Notas:

[1] O Livro da Lei (AL vel Legis) foi canalizado em 1904 no Cairo por Aleister Crowley com ajuda de sua esposa. Para maiores explicações veja Os Livros Sagrados de Thelema, de A. Crowley, publicado no Brasil pela Madras/Anúbis Editores. Ou The Equinox of the Gods, de A. Crowley, pela New Falcon Publications.

[2] Thelema, (em grego Θελημα) pode ser traduzida por Vontade. A Lei é o Amor e a Vontade é seu movimento.

[3] A antiga interpretação de sannyas era renúncia. Os sannyasins eram instados a renunciar ao mundo.

[4] Depois de várias apelações, a legalidade da cidade de Rajneeshpuram foi decretada pela Suprema Corte dos Estados Unidos em Maio de 1988, mais de dois anos depois que Rajneesh retornara à Índia.

Referência Bibliográfica:

Osho: Autobiografia de um Místico Espiritualmente Incorreto. Editora Pensamento-Cultrix LTDA.: 2001. São Paulo.

– todos os livros de Bhagawan Shree Rajneesh (Osho) publicados por várias editoras.

Staley, Michael: The Heart of Thelema. Published by Starfire Magazine, Vol I. – 3. Starfire Publishing Ltd: 1989. London.

Crowley, Aleister: Liber Al vel Legis (Liber CCXX) com fac-símile MS (Liber XXXI) e o Comentário. Tradução para Língua Portuguesa de Cláudio Carvalho e Lília Palmeira. Publicação Privada: 2002; rev. 2006. Rio de Janeiro.

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Fonte: Perfil de um Thelemita.

https://lamatroniko.wixsite.com/lamatroniko/single-post/2017/11/02/perfil-de-um-thelemita

Revisão final: Ícaro Aron Soares.


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