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Tendo em mente o velho adágio que um leopardo nunca pode mudar suas pintas, leitores do Starfire podem estar interessados em saber das recentes ações da liderança do “Califado” O.T.O. em interferir na distribuição na América do recém-publicado livro de Kenneth Grant, Hecate’s Fountain (Fonte de Hécate). Isto não apenas estimula a crescente percepção de que a liderança do “Califado” não tem nenhuma concepção de Thelema além daquela de um culto a personalidade centrado em torno de seu santo patrono, Aleister Crowley; mostra também que eles são ardorosos em impor sua falta de visão como a ortodoxia prevalente. A distribuição americana procedeu-se rapidamente por várias semanas, quando a liderança do “Califado” exigiu dos distribuidores, e através deles a Skoob Publishing, que um “panfleto” fosse associado a cada cópi a do livro. Era um repúdio ou “conselho de saúde”; reiterava suas objeções a Grant e seu trabalho, e o corpo do texto era como se segue:
“O Sr. Kenneth foi expulso da Ordo Templi Orientis em 1995 pelo Frater Saturnus (Karl Johannes Germer) o Cabeça mundial do O.T.O. naquela época. A causa foi a criação unilateral por parte do Sr. Grant da sua “Nu-Isis Lodge”, cujo procedimento extrapolou sua autoridade limitada a operar um acampamento da O.T.O., dada ao Sr. Grant pela O.T.O. alguns anos antes. Na época da expulsão do Sr. Grant, a Ordo Templi Orientis não considerava que a “Nu-Isis Lodge” representasse os objetivos, ideais ou filosofia da O.T.O.. Hoje, nossa posição permanece inalterada. A O.T.O. acredita que o Sr. Grant tem um direito fundamental de publicar suas opiniões e pesquisas pessoais, e não procurou se opor ao exercício deste. Entretanto, nos sentimos obrigados a informar aos leitores que o sistema mágico descrito neste trabalho guarda pouca ou nenhuma semelhança com a Ordo Templi Orientis conforme esquematizada por Aleister Crowley e seus predecessores, e a qual continua a prosperar. Ademais, as interpretações de Grant do “Liber Al Vel Legis” – O Livro da Lei, são dele próprio.”
Esta é, para dizer o mínimo, uma declaração altamente controversa. Eles alegam não apenas que o “Califado” é a continuação direta e ininterrupta da O.T.O. como esta era nos dias de Crowley; mas, também que Grant foi expulso das fileiras dos justos por alguma grave má conduta. Ambas as alegações são falsas; não é de se estranhar, portanto, que Grant buscou o direito de resposta. O corpo desta é como segue:
“Em deferência ao meu editor e a meus leitores, o que segue é minha resposta (como foi há 50 anos atrás) à “informação” contida no “panfleto” que acompanha este livro: O próprio Sr. Karl J. Germer registrou em suas cartas a mim que após a morte de Crowley não havia nenhuma O.T.O. funcionando na América, Norte ou Sul, e que não havia o “Outer Head of the Order” (Cabeça Externa da Ordem), mas simplesmente , o seu tesoureiro. Sendo estes os fatos, o Sr. Germer não estava em posição de efetuar tal expulsão da Ordem como proclamado no “panfleto” inserido neste livro.”
A inclusão de uma resposta as suas reclamações não foi uma exigência pouco razoável, poderia-se pensar; e, nem o líder do “Califado” pensou de outro modo, pois a rejeitou imediatamente. Devido à ameaça de serem envolvidos em um caro litígio, os distribuidores e a Skoob relutantemente acederam às exigências deles. Infelizmente, o caso não parou por aqui. O líder do “Califado” também protestou sobre o uso do lamen da O.T.O. na capa e na lombada do livro de Grant. O lamen era, eles sustentavam, sua “marca registrada”; eles aparentemente não atentaram para o fato de que o lamen é um glifo místico e não, simplesmente, um timbre de cartas de uma companhia. Novamente, a ameaça de uma ação judicial tem efeito sobre as questões comerciais, e como resultado, os livros de Grant aparecem sob seu próprio sigilo.
Em meio e esta situação, surge uma oferta bizarra da liderança do “Califado”, no sentido de “restabelecer” Kenneth Grant ao IX, e perdoar as conseqüentes dívidas de taxas de 1955 até o momento e que estivessem vencidas. Isto, à primeira vista, não parece ser compatível com a posição que eles assumiram conforme esboçado na colocação acima; façamos uma pausa, portanto, para analisar as implicações do caso. Afinal de contas, o “panfleto” deixa claro seu endosso a suposta expulsão por Germer em 1955; além disso, é uma reclamação do “Califado” a de que Grant dá a O.T.O. uma imagem ruim, para não dizer sinistra. Estranho, então, que busquem tão cedo envolver a “ovelha negra” – bête noire em seu colo. Entretanto, a verdadeira estratégia por trás desta oferta não é difícil de se perceber — uma vez de volta e curvado aos virtuosos, Grant poderia ser subjugado a ser disciplinado e, efetivamente, silenciado. Como manobra maquiavélica não foi uma estratégia tão perspicaz. E atiça os ventos.
Na raiz de todo este caso, há uma fundamental diferença de visão. Ou Thelema é uma corrente contínua e em desenvolvimento tendo antecedentes que remontam muitos milhares de anos atrás e perpassa uma variedade de tradições; ou não é nada mais que um culto à personalidade centrado em torno de Aleister Crowley, cujos herdeiros têm o dever de manter numa condição imaculada e prístina. É claro que é ao último ponto de vista — e não uma visão, mas aquele dogma cego que tipifica a ausência de visão — que a liderança do “Califado” se apega e que eles espalham como Thelema. No entanto, eles confundem a sombra com o objeto, e anseiam por moldar Thelema em galantina como uma peça de museu. É intenção deles construir um santuário, ou o que eles planejem como arquitetura, colocado ao lado do Mestre, e, então, fazer de Thelema uma espécie de Taj Mahal.
Thelema, entretanto, é uma quintessência — uma corrente vital englobando uma multiplicidade de tradições. Este desenvolvimento é contínuo. Não começou em 12 de outubro de 1875 e nem acabou em 1 de dezembro de 1947. O trabalho de Crowley deve ser visto de encontro a esta formação de uma tradição contínua e em desenvolvimento. É evidente, então que constitui uma fase na evolução da corrente . Ansiar por congelar a corrente em um desenvolvimento particular, insistir que Crowleyanismo é o absoluto ser e absoluto fim de Thelema é esterilidade. Esta necrofilia disfarçada pode ser boa para impor seu conceito enfadonho e estreito de O.T.O., à custa de ameaças judiciais. Então é, claramente, hora de sua morte. A Ordem dos dias de Crowley foi uma fase transitória, e seu tempo se esgotou há muito.
No curso do desenvolvimento da corrente, ela muda e evolui. É responsabilidade dos sucessores desenvolver o trabalho de seus predecessores. Caminhos que antes pareceram promissores podem agora parecer redundantes e são retirados do corpo principal da tradição. Inversamente, abordagens recentes podem se apresentar, desenvolvimentos que, talvez, não fossem aparentes antes. Deste modo, a tradição está crescendo, vital, nova. Thelema está viva ; calcificação é condenação da corrente, que irá contornar estruturas rígidas, deixando os habitantes de tais estruturas se putrefarem à vontade, em alguma água estagnada. A objeção da liderança do “Califado” à Kenneth Grant é simplesmente porque este não considerava o trabalho de Crowley como um cânone sagrado e impressionante, enviado do alto e encrustrado em pedra, para ser idolatrado aqui e no além, em sussurros abafados e reverenciais. A abordagem deles é a de tolos sem imaginação. Deixem os mortos enterrarem seus mortos. A liderança do “Califado” insiste que eles são os exclusivos repositórios da linhagem da O.T.O., e todos os outros são fraudulentos. Foi a insistência deles neste ponto que destruiu a harmonia e a cooperação entre as várias partes da Ordem. A verdade com relação as suas reivindicação é que NÃO TÊM NENHUMA BASE EM QUALQUER FATO. Isto pode ser estabelecido claramente examinando-se certos aspectos da história da Ordem.
Da mesma forma que muitas Ordens ocultas, a gênese da O.T.O. na sua aparência moderna, é nebulosa. Em torno da virada do século, Karl Kellner e Theodo Reuss — ambos maçons continentais — obtiveram uma carta de John Yarker, os autorizando a formar a Loja Germânica do Rito Egípcio de Memphis e Misraim. Note-se, também, que naquela época, Yarker havia perdido o apoio com o estabelecimento maçônico [1870], e complementava sua renda vendendo tais cartas àqueles que pudessem pagar. Uma vez tendo sua carta, Kellner [?]e Reuss reduziram o total de 187 graus do rito combinado para 9, e acrescentaram um 10º grau que era administrativo. O nome Ordo Templi Orientis foi adotado de acordo com sua noção de uma transmissão sobrevivente de iniciação dos Cavaleiros Templários. Reuss assumiu o controle como Grão Mestre em 1905, quando Kellner inesperadamente faleceu no Egito [WRONG]. E, nos anos logo seguintes, autorizou a formação de várias lojas dependentes. Em 1912, Reuss indicou Crowley como o Cabeça britânico da O.T.O., e, mais tarde, nomeou seu companheiro Charles Stansfield Jones (Frater Achad) como Cabeça da América do Norte e Canadá.
Em 1922, Reuss renunciou ao posto de Grão Mestre em virtude de problemas de saúde e nomeou Crowley como seu sucessor [WRONG]. Entretanto, as rédeas da liderança não foram passadas de forma tranqüila. Algumas das lojas existentes guardaram reservas quanto à Crowley por anos. Simplesmente, muitas delas seguiram seus próprios caminhos, e então, a Ordem foi estilhaçada. A atual Ordo Templi Orientis Antiqua, por exemplo — agora alinhada com Michael Bertiaux — toma sua descendência de um ramo pré-Crowleyano. Alguma reorganização da Ordem foi empreendida por Crowley, mas ele manteve a estrutura maçônica ou quase- maçônica, com suas taxas, sinais secretos, palavras de passe, rituais para conferir graus etc. Alguma coisa de uma influência doutrinal Thelêmica foi inserida nos rituais de graus, e os graus foram reorganizados até certo ponto, mas a influência da estrutura maçônica é clara. Um relance deste tipo de estrutura é encontrado no Equinócio Azul.
A influência maçônica não surpreende. Durante os últimos anos do século passado e os primeiros deste, quando o moderno “reavivamento” do ocultismo é considerado como tendo ganhado ímpeto, muitos dos grupos ocultos parecem ter surgido de organizações maçônicas ou pára-maçônicas. Os fundadores destes grupos eram, eles próprios, maçons; e carregavam com eles a preocupação com cartas patentes, graus, palavras de passe secretas, toques e coisas do gênero. Crowley era, até certo ponto, um produto do velho Æon patriarcal, e parece ter sido incapaz de se libertar de tais estruturas. Talvez isto seja demonstrado pela limitada remodelação da Ordem após ele ter assumido a liderança.
A despeito das ambições de Crowley ao longo dos anos, ele morreu em 1947 sem deixar claro seu herdeiro mágico ou sucessor. Durante os últimos anos de sua vida, seu tenente de confiança foi Karl Germer. Crowley parece ter levado Germer direto ao grau IX da Ordem, e este não teve contato com os graus anteriores, como teria tido em uma progressão mais ortodoxa pela estrutura. Germer era o Grande Tesoureiro Geral, e o fardo de dirigir os negócios da Ordem parece ter recaído completamente sobre seus ombros. É curioso que, embora Crowley tentado chegado a ver Germer como sendo seu sucessor, ele não se preocupou em prepará-lo para a posição, nem mesmo estabeleceu se Germer servia para a tarefa. Quando Crowley morreu, ele deixou os negócios num estado muito confuso. Germer não se sentiu, à época, à altura do posto, e recusou-se a tornar-se o O.H.O.. Assim, ele permaneceu como Grande Tesoureiro Geral, ocupando o papel de curador da Ordem que estava, efetivamente, inativa. Nos anos seguintes, a Ordem ficou sem leme e em desalinho; algumas lojas seguiram seus próprios caminhos, e outras, simplesmente, definharam.
O quadro da Ordem após a morte Crowley pode ser substanciada. Kenneth Grant era um membro do IX Grau do Soberano Santuário da Ordem, e se correspondia com Germer sobre os assuntos desta. Esta correspondência é volumosa e de particular interesse pela luz que lança sobre estas questões. Em particular, ela substancia a posição que Germer recusava o cargo de O.H.O.. De fato, longe de demandar este cargo, ele aproveitou todas as oportunidades para repudiá-lo.
Numa carta à Grant, datada de 24 de setembro de 1948, Germer o aconselha que:
“… Você deveria estudar tudo que é publicado sobre a constituição etc. da O.T.O. e assimilá-lo. Você saberia que não sou o O.H.O. e eu não sei se aceitaria o posto se ele me fosse empurrado.”
O texto acima deixa claro que Germer não aceitara o posto, e que ele estava relutante em ser “arrastado” para a posição. Numa carta subsequente à Grant, datada de 25 de maio de 1951, ele fala mais amplamente sobre o caso:
“…Em primeiro lugar, não se refira a mim como seu superior na Ordem. Isso só é verdade num sentido extremamente limitado. O que eu pareço ser na O.T.O. foi confiado a mim contra minha vontade. Farei o que puder; mas vou recusar proclamações que me venham a contragosto. Falo estritamente como Grande Tesoureiro Geral da O.T.O. Nem mais, nem menos! a situação toda demanda alguém que tenha vontade e peito e capacidade para ascenderà suprema liderança. Mas eu, pessoalmente, não vou me deixar levar sob falsas ostentações. Eu disse a todos que nunca estudei Rituais, nunca os vi realizados; nem a Missa; em resumo, eu não tenho tino para organização de uma Ordem.”
Germer continuou reiterando sobre este ponto — de que ele não era o O.H.O., não desejava ser e se sentia inadequado para a tarefa. Entretanto, mais interessante ainda, é ele ter começado a ver Grant como um potencial O.H.O. As passagens seguintes são extraídas de uma carta à Grant, datada de 18 de janeiro de 1952.
“…Como você sabe, eu nunca passei pelos graus da O.T.O.; eu não sei ritual, ou rituais. Mas A.C. me fez Grande Tesoureiro Geral, deixando a maioria das questões financeiras para mim pessoalmente… …Eu nunca fiz uma passagem sistemática pelos graus, etc. Eu, portanto, não posso aconselhar sobre este lado do trabalho. Eu cheguei à convicção de que você está sendo preparado exatamente para isso, e eu estou certo de que você tem a paixão, a capacidade para trabalho intenso, e a vontade de atingir a maestria neste departamento ou campo.”
Toda a situação é bem resumida nos seguintes trechos de uma carta a Grant datada de 3 de maio de 1952.
“…Nem sou eu contra a O.T.O., ou o sistema de graus. apenas, paradoxalmente, tenho pouco interesse nisso. Gostaria que alguém assumisse todo o trabalho e a responsabilidade pelo fardo que A.C. depositou em meus incompetentes ombros, fora de mim! O que eu odeio mais do que tudo é ser tomado sob falsas aparências. Eu repito o que eu já disse antes: eu nunca passei por uma iniciação ou graduação O.T.O.; nunca presenciei a realização de um Missa Gnóstica…Não sei a palavra de passe, os toques etc. nem mesmo dos graus mais baixos da O.T.O. Resumindo: A.C. me indicou para o mais alto grau e responsabilidade sem me preparar para o trabalho. Se quisermos a O.T.O. funcionando bem novamente, precisamos de um líder competente, não apenas para a Inglaterra, mas para o mundo. Deve ser alguém que conheça a coisa de dentro para fora; que tenha objetivo, não apenas para o período deseu tempo de vida, mas para além dele. Eu freqüentemente penso você bem poderia ser escolhido para o trabalho… Você me pergunta: o que está acontecendo em relação à O.T.O. em outros lugares. Não há loja O.T.O. ativa, como tal, nos E.U.A. O que é feito, o é por membros antigos individualmente.”
Estes trechos deixam claro que Germer não se considerava o O.H.O. . É, portanto, lamentável — dadas suas repetidas recusas — que ele fosse, equivocadamente, representado como tal. Em seu papel como zelador ele trabalhava bem e devotadamente, editando vários trabalhos de Crowley após sua morte — por ex., Liber Aleph, e Magick without Tears (Magia sem Lágrimas). Certamente, ele administrava as questões da Ordem, e preencheu um papel de curador nos anos seguintes à morte de Crowley. Porém, ele não era o O.H.O.
Independentemente da vontade de Germer quanto ao assunto, a indicação deste por Crowley como seu sucessor é extremamente dúbia. Como já mencionado, Reuss apontou Jones como X para a América do Norte e Canadá. Nos anos seguintes, Crowley e Jones se desentenderam quanto à várias questões, e Jones tentou fechar a Loja Agapé. Crowley respondia editando documentos que visavam expulsar Jones. Entretanto, ele não estava habilitado a isso, sua posição como O.H.O. não sustentava. Isto é porque a indicação de Jones por Reuss era “ad vitam” , e conseqüentemente não ao contento de Crowley. É interessante que Crowley não designou Germer como X * depois da “expulsão” de Jones, o mais provávelem vista de seu desejo pela sucessão à queda de Germer; indubitavelmente ele percebeu que a “expulsão” não era válida. Este também pode ter sido um fator por trás da recusa de Germer para o ofício de O.H.O.
É neste ponto que as reivindicações da liderança do “Califado” fracassam. Há discórdia quanto a que Grady McMurtry sucedesse Germer como O.H.O. ou Grande Mestre. Dificilmente, esta pode ter sido a questão, uma vez que o próprio Germer não assumia essa posição. Além disso, se Germer reiterara este ponto em sua correspondência com Grant, ele certamente deve ter mencionado isso a outros. É difícil imagina r que Mc Murtry e seus companheiros não estivessem a par do verdadeiro estado dos negócios, e, em particular, da posição de Germer na Ordem — a menos, claro, que eles tivessem pouco ou nenhum contato com ele. E, ainda assim, este grupo continua embasando suas reivindicações em uma linha de transmissão do título de Crowley a Germer a McMurtry. Para ilustrar isto, segue uma transcrição de um trecho de uma carta do Grande Tesoureiro Geral de les a um consulente inglês, datada de 22 de julho de 1984:
“…Nos anos 20, Aleister Crowley tornou-se o Cabeça Externa da Ordem (O.H.O.);e ele é responsável pela atual forma da Ordem. Desde esta época, a Ordem tem sido dirigida, por sua vez, por Frater Saturnus (Karl Germer) e, após a morte de Fr. Saturnus, pelo Fr. Hymenaeus Alpha, Califa. (Grady McMurtry). Temos documentos da continuação direta e ininterrupta da direção da O.T.O. das mãos de Aleister Crowley ao atual Cabeça da Ordem…”
Embora esta carta tenha 10 anos, a posição deles não mudou. Antes de prosseguir, portanto, seria proveitoso lançar alguma luz sobre a posição de Mc Murtry, e sobre a natureza dos “documentos da continuação direta e ininterrupta da direção da O.T.O.” É necessária uma breve consideração dos eventos durante os últimos anos da vida de Crowley.
Durante os anos 40, Crowley foi ficando cada vez mais desiludido com a Loja Agapé da O.T.O., situada na Califórnia. Ele começou a ver a liderança desta Loja como errática e sem sentido, e considerava a Loja toda uma causa perdida. Um relato interessante deste episódio é dado no cap. 9 da obra The Magical Revival (O Reviver Mágico) de Kenneth Grant, a crescente frustração de Crowley com a Loja é clara. Concluindo que um no vo início era necessário, em 1946, ele atribui a McMurtry autoridade (por escrito) para se encarregar do trabalho da Ordem na Califórnia. Seguido a isso, ele foi também apontado como representante oficial da Ordem nos E. U. A., em termos gerais. A autoridade de McMurtry, dada na forma de dois documentos era, entretanto, bastante limitada, estando sujeita à aprovação de Germer, sendo ele mesmo residente nos E.U.A.. O primeiro, datado de 22 de março de 1946, dispõe que:
“…este autoriza Frater Hymanaeus Alpha (Capitão Grady L. McMurtry) a encarregar-se de todo trabalho da Ordem na Califórnia, reformar a Organização em conformidade com seu relatório de 25 de janeiro de 1946 e.v. sujeito à aprovação de Frater Saturnus (Karl J. Germer). Esta autorização é para ser usada apenas em caso de emergência…”
Seguindo um segundo documento que foi publicado, datado de 11 de Abril de 1946, e o corpo dele é como se segue:
“…os presentes (termos) são para apontar Frater Hymenaeus Alpha — Grady L. McMurtry IX O.T.O. — como nosso representante nos E.U.A., e sua autoridade deve ser considerada a Nossa, sujeita à aprovação, revisão e veto de Nosso Vice-Rei Karl J. Germer IX O.T.O….”
Como pode-se notar por estes trechos, os documentos mal constituem a “direta e ininterrupta autoridade” que foi proclamada. Este déficit não teria, claro, nenhuma importância, não fosse pelo fato da liderança do “Califado” basear tanto do seu proclamado status nestes documentos . Curiosamente, Germer já foi citado, no curso de uma carta a Grant, em 18 de janeiro de 1952, dizendo que não havia nenhuma Loja ativa nos E. U. A.. Isto foi escrito cerca de seis anos após a autoridade ser passada de Crowley, e portanto, deixa claro que McMurtry e seus companheiros não estavam particularmente ativos.
Germer não tinha nehuma liderança para transmitir; mesmo que tivesse sido ao contrário, não poderia haver nenhuma dúvida da transmissão à McMurtry. Todas as evidências tornam claro que Germer desconfiava de McMurtry, e via os “documentos de autoridade” de Crowley com pouco entusiasmo. Germer morreu em 1962, McMurtry porém, admitiu, que não aprendeu depois deste fato até muitos anos depois, em uma reportagem (jornal) sobre um roubo na casa da viúva de Germer. Havia pouco contato entre os dois homens, evidentemente. Logo antes a morte dele, Germer parece ter nomeado Marcelo Motta ou Hermann Metzger como o seu sucessor – não havia nenhuma menção de McMurtry. Finalmente, a liderança do Califado coloca grandes lojas sob taxas, como comprovado pela oferta de “restabelecimento” de Grant citado no início deste artigo. Tudo bem: assim para quem McMurtry pagou sua taxa de IXº grau, deseja-se saber, nos anos seguintes à morte de Germer? Em realidade, é claro que McMurtry simplesmente assumiu a liderança de um grupo particular dentro do O.T.O. – neste caso, a anca da antiga Loja Agapê na Califórnia, cujo a única reivindicação é afamar Jack Parsons. A antiga Loja foi relançada quando McMurtry – muito para o seu crédito – publicou o Tarot de Thoth em 1970. Esta primeira revivificação não fica muito distante, e foi seguida por um segundo mais tarde pelos anos 70s. Esse conduziu a transformação para a entidade incorporada atual que, na ausência de qualquer criatividade ou perspicácia, busca sustentar sua posição com ameaças legais. Infelizmente, seu dia está acabado – de fato, nunca foi: triste, patético, disputas do vestígio da OTO Crowleyana que, em lugar de desaparecer com a névoa matutina, em vez disso, embarcou em uma Dança bizarra dos Sete Véus.
A falta de criatividade é o vácuo no coração da liderança do “Califado”. Com grandes recursos à disposição deles — tanto em termos de rendimentos das taxas quanto em número de membros — tudo o que eles parecem capazes de fazer é relançar as obras de Crowley. A recente “segunda edição” do Liber Aleph é um exemplo a se apontar. No Prolegomenon há um interessante ensaio informativo sobre a relação de Crowley- Jones. No fim deste ensaio surge uma observação reveladora: “é importante ter em mente que o Liber Aleph é endereçado a um indivíduo determinado, num estágio particular de desenvolvimento espiritual”. Entretanto, o autor não tem nada a dizer que lance alguma luz sobre a substância do livro. Um tema central de Liber Aleph, por ex., é a profunda afinidade que Thelema guarda com fluxos de misticismo oriental, como o Taoísmo e o Sunyavada. Esta dimensão parece mais relevante de se comentar do que a relação entre duas pessoas; presumivelmente, passou despercebido. Tal falta de “insight” tipifica a liderança do “Califado” — aficionados como eles são no personagem histórico Aleister Crowley, e nas relíquias sagradas como o anel de Ankh-af-na-Khonsu, de Crowley e a holografia de O Livro da Lei.
Na ausência de qualquer criatividade e desenvolvimento, a liderança do “Califado” não teve alternativa senão tentar parodiar, por meio de ameaça judicial, aquela autoridade que só pode ser demonstrada por trabalho criativo. No começo dos anos 80, Motta deu início a um processo judicial para estabelecer seu direito exclusivo ao nome O.T.O. e, portanto, aos direitos autorais de Crowley. A liderança do “Califado” protocolou uma resposta, e seguiu-se um exame da Corte sobre a lide, com a sentença fina favorável ao “Califado”. [Nota por P.R. Koenig: não está bem certo, veja a decisão da Corte de Maine. Não há Decisão da Suprema Corte]. Desde então, a liderança do “Califado” adorou alegar que esta decisão provou sua legitimidade como continuadores únicos e diretos da O.T.O. Crowleyana, quando, na verdade, não foi nada mais do que um concurso se beleza entre McMurtry e Motta. Esta é a Grande Baqueta com que eles acenam quando intimidam distribuidores e editores. Funciona simplesmente porque as preocupações comerciais os levarão a fazer tudo o que puderem para não serem pegos no turbilhão de uma ação judicial extremamente dispendiosa em tempo e dinheiro. Isto é lamentável, porque a situação legal da liderança do “Califado” é tão superficial quanto a sua compreensão de Thelema. Eles só precisam perder o direito no Tribunal para que isto fique evidente — o que explica porque a retórica deles ao contrário, eles demoraram tanto tempo para propor um processo contra John Symonds, o único executor literário vivo de Crowley e único administrador de seus direitos autorais. As visões de Symonds sobre Crowley e Thelema são questionáveis; o fato é, entretanto, que Symonds e Grant trabalharam anos para tornar os principais escritos mágicos de Crowley disponíveis internacionalmente, através das editoras principais, em alguns casos pela primeira vez.
Curiosamente, os líderes do “O.T.O. do Califado” não foram sempre tão antagonistas com relação a Grant. Em 1945, McMurtry e Grant se encontraram enquanto o último estava visitando Crowley, e um respeito mútuo foi forjado. Em anos posteriores, McMurtry reavivou as estruturas da Ordem como ela havia sido nos dias de Crowley; mas ele reconheceu e admitiu a direção mais criativa que Grant estava seguindo. O contraste com a atitude avarenta do atual “Califado” é impressionante e notável. Para ilustrar esta antiga atitude mais fraternal, citamos uma carta à Kenneth Grant; está sem data, mas se origina de meados dos anos 70. A carta é de um membro do “Califado” O.T.O., chamado Patrick King, que se descreve como um representante. [Remark by P.R. Koenig: more on P. King in my on-line book Das OTO-Phaenomen]. E é endossado especificamente com a assinatura, selo e título de Mc Murtry como Hymenaeus Alpha:
“Saudações em Todas as Pontas do Triângulo — Paz para a Ordem. Sua última carta foi recebida com muito entusiasmo e fraternal boa vontade; toda a Ordem na Califórnia estende seus melhores votos de sucesso com Thelema 93, e está ansiosa por maior comunicação entre os irmãos de nossas duas Ordens no futuro. Só assim pode o começo do Novo Eon se manifestar na Terra total e verdadeiramente, através do trabalho aberto e/ou secreto da Ordo Templi Orientis.
Vários de nossos iniciados consideram o seu trabalho como sendo de grande valor e importância no estabelecimento da nova Lei do amor e Vontade através do mundo, e esta é a prova de seu trabalho mais do que qualquer coisa do passado . Compreendo que o método de operação que você emprega difere do nosso, que formulamos com base nos rituais de Aleister Crowley e que é uma reconstituição da maçonaria e da tradição hermética; enquanto você criou ou recebeu novos rituais de uma entidade chamada Nu-Ísis. Nós temos, salvo os rituais, uma firme ligação em Thelema, e, todos os métodos que trabalham para desenvolver os indivíduos são válidos nesta era.
Eu anexo uma cópia de uma carta de um certo irmão mentalmente perturbado, do Brasil. Visto que tanto você quanto eu somos mencionados nela. Ele parece estar sob terrível e pesado fardo ao escrever tais coisas. Eu não conheço, de forma alguma, a validade de suas reclamações (ele está, claro, muito equivocado com relação ao “Califado”, Saturnus nunca foi eleito O.H.O.) quanto à autoridade da O.T.O. e/ou Aão me importo, tendo minha própria informação sobre o assunto. Possa a luz da estrela iluminar o coração dele para a irmandade da Lei! Me foi pedido que lhe solicitasse uma breve resposta (aproximadamente do mesmo tamanho do texto de Motta) às acusações do irmão — para ser publicada no vol. n5 de nosso Boletim, se possível, por favor, envie para a Grande Loja em Berkeley, pois não estou mais no mesmo endereço. Também quaisquer comentários pessoais para nós, não direcionados ao público, são bem-vindos. Por favor, não hesite em me contatar no futuro, eu aprecio correspondências e aguardo ansioso pelo dia em que poderemos, talvez, nos encontrarmos em outra comunhão Thelêmica”
O tom desta carta não é uma aberração, embora em evidente contrate com a atitude combativa dos sucessores de McMurtry. Outros artigos deste período, como uma revisão de Nightside of Eden (O Lado Noturno do Éden), são imbuídos de um semelhante espírito de fraternidade e respeito; ficou claro que eles preferem trabalhar com a estrutura Crowleyana da O.T.O., entretanto, a inovação e criatividade do trabalho de Grant foram reconhecidos. Em retrospectiva, vemos dois eventos convergindo: a morte de McMurtry; e a sentença da Corte, em grau recursal, dando ganho de causa a Mc Murtry em detrimento de Motta. A atitude antagônica da atual liderança do “Califado” em relação a Grant tem sua origem aqui, quando a perspectiva de hegemonia trazia oportunidades atraentes e lucrativas.
E quanto à Kenneth Grant? Ele conheceu Crowley durante os meados dos anos 40 e documentou seu relacionamento em Remembering Aleister Crowley, i.e., Recordando Aleister Crowley (Skoob Publishing, 1991). Nos anos seguintes a morte de Crowley, ficou cada vez mais evidente que a Ordem caíra no limbo. Germer considerava-se o curador da herança de Crowley, e não aprovava qualquer divergência do que ele via como ortodoxia — na verdade, ele parecia crer que Crowley descobrira tudo o que havia para ser sabido. Trechos da correspondência entre Grant e Germer foram citados acima, e deve ter ficado claro para Grant que ele deveria se esforçar para avançar em sua própria luz. Utilizando como base inicial uma carta patente emitida por Germer para trabalhar os três primeiros graus da O.T.O., Grant foi adiante e formou a Loja New Isis como uma loja dependente da Ordem. Este ato teve, inicialmente, a aprovação de Germer: a seguir, um trecho de uma comunicação particular entre Kenneth Grant e o presente autor, datada de 7 de outubro de 1993.
“A verdadeira razão para a explosão de Germer contra mim, e a conseqüente “expulsão”, não se deveu a qualquer violação de minha parte quanto a autoridade que me foi conferida. Ele expressamente relevou a fundação da Loja e nós até discutimos nomes para ela. Deveu-se a minha inclusão em meu Manifesto da Nu-Isis Lodge (e recusa em não incluir) a inicial de um de meus associados (Eugen Grosche, Cabeça da Fraternitas Saturni) com quem Germer tinha uma longa inimizade. Eu não sadia disto, nem Germer me elucidou sobre o assunto; ao invés disso, ele ficou furioso e me “expulsou”.
Germer reagiu emitindo um documento que visava expulsar Grant da Ordem. Esta linha de conduta era algo que ele não estava capacitado a fazer, uma vez que ele não era o O.H.O. — uma questão repetida pelo próprio Germer ao longo das correspondências citadas acima. A Ordem caíra em um vácuo, e era pouco mais do que um santuário à memória de Crowley. Em tal situação, a liderança da Ordem só poderia passar para um membro do IX que estivesse operando criativamente a Corrente 93. O trabalho de Grant é o fruto de sua pesquisa operacional desde os dias da Nu-Isis Lodge e é a base de sua reivindicação à liderança. Algumas das atividades da Nu-Isis Lodge foram esboçadas no Hecate’s Fountain; e não há dúvida do desenvolvimento criativo e inovador. As experiências de Grant na Loja New Isis formam a base de seu trabalho publicado. É um trabalho que não é estático, mas que continua a crescer e se desenvolver; qualquer um que duvide disto deve ler e comparar o Hecate’s Fountain com o The Magical Revival. Outros requerentes da liderança devem afirmar sua pretensão não esbravejando e vociferando, mas com semelhante demonstração de criatividade e desenvolvimento, se quiserem que suas pretensões sejam levadas à sério.
Isto é o que paira no âmago da disputa nos últimos 40 anos, na história da O.T.O. A liderança do “Califado” tem tanto direito quanto qualquer outro grupo de praticar sua concepção particular da tradição O.T.O. Entretanto, eles vão muito além disso, buscando negar o direito de qualquer grupo dentro da Tradição de usar o nome ou o lamen da Ordem . Isto não se pode permitir que eles façam. Eles devem aprender a aceitar seu verdadeiro status como um entre vários grupos legitimados; de outra forma, o curso da corrente — certamente e com razão — irá dissolvê-los como obstáculos a sua expressão. Quando vier à liderança, guardada como relíquia no escritório do O.H.O. (Cabeça Externa da Ordem), então estará atada ao desenvolvimento criativo. Esta produtividade foi amplamente demonstrada por Kenneth Grant no trabalho da Nu-Isis Lodge — trabalho que continua a ser desenvolvido em sua Trilogia Typhoniana – trabalho que continua a ser desenvolvido por seus sucessores, do mesmo modo que desenvolveu o trabalho de seus predecessores. Este é o princípio do parampara, linhagem espiritual ou sucessão mágica.
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Com isso em mente, o texto a seguir é adaptado da Uma Declaração Preliminar, um documento publicado para todo aquele que desejar trabalhar com uma corrente viva e criativa:
Ordo Templi Orientis
A ORDO TEMPLI ORIENTIS (O.T.O.) É UM CORPO DE INICIADOS cujo objetivo, no exterior, é o estabelecimento da Lei de Thelema. Esse é o nome aplicado à tradição arcana uma vez conhecida com Sabedoria Estrelar, que teve suas raízes na Lemúria. Depois da submersão de Atlantis a tradição foi perpetuada em mistérios do Norte, América Central e Sul e nos Cultos Marinhos da Polinésia. Porém ela alcançou sua apoteose no período pré-monumental da História Egípcia e em seu declínio foi transportada para dentro das Dinastias Typhonianas, terminando com a 17ª, embora restos dela sejam traçados na 26ª Dinastia. Nos últimos anos a Sabedoria reapareceu de forma fragmentada em certas Tradições do Extremo Oriente. Tornando-se mais acessível e, em tempos recentes, comparativamente a Corrente veio a tona novamente quando Jacques De Molay (circa 1312) concentrou-a dentro da Ordem do Cavaleiros Templários, em conecção com os Mistérios de Santo Graal. Neste estágio, ela assumiu um molde Maçônico.
No século 18, a tradição apareceu sob a liderança de Adam Weishaupt (1748-1830); ela ficou então conhecida como a Ordem dos Illuminati. Mais tarde, no século 19, um adepto Austríaco chamado Karl Kellner deu a ela um novo ímpeto e o nome pelo qual é hoje conhecida: Ordo Templi Orientis. Kellner foi o primeiro Supremo Grande Mestre da Ordem em sua moderna aparência. Em 1905 Kellner morreu e um Teosofista Alemão, Theodor Reuss, tornou-se seu Cabeça; o elemento Maçônico então tornou-se dominante. Em 1922 o magista Inglês Aleister Crowley, tomou-o a liderança, tornando-se o terceiro Grande Mestre até sua morte em 1947. Os oito anos seguintes, os negócios da Ordem foram conduzidos por seu Tesoureiro, Karl Gemer. Em 1955, um outro ocultista Inglês, Kenneth Grant, assumiu a liderança da Ordem, dissolveu sua estrutura Maçônica porém não com suas afiliações, e realinhou-a com a Sabedoria Estrelar a qual originalmente inspirou-a. Ele também estabeleceu dentro da Ordem um núcleo dependente, New Isis Lodge, para poder canalizar as transmissões extraterrestres. A Loja operou entre 1955 e 1962, durante o qual a Sabedoria Estrelar foi completamente alinhada com a Corrente de Thelema (93 ‘.‘) com a qual o Ordem teve primeiro sido inspirada sob a liderança de Crowley.
Um dos recentes assuntos da Ordem, é a formação de um outro núcleo especializado para implementar métodos de relação com as massivas forças “nightside”, agora entrado em erupção no ambiente astral da Terra. Um método potente de encontro e investigação está agora, em conseqüência, operativo dentro da Ordem.
Similarmente, um outro núcleo especializado, tem sido recentemente formado para explorar o Culto de Lam, uma entidade trans-mundana contatada por Aleister Crowley no curso do Amalantrah Working. O trabalho desse núcleo é desenvolver aquelas técnicas mágicas mais efetivas em promover um contato com Lam, uma Porta significativa para núcleo de Magick, que está situado no tráfego com as regiões mais profundas e amplas da consciência.
A Ordo Templi Orientis tem em todos os tempos sobressaltado os princípios da Liberdade individual, Fraternidade e Bendição Universal. Seus objetivos e suas doutrinas têm sido expostas nos sucessivos escritos dos Grandes Mestres, cada um dos quais redefiniram o programa da Ordem de acordo com o desenvolvimento das técnicas esotéricas e mágicas.
Este relato coloca a história da O.T.O. em perspectiva. Da mesma maneira que a Ordem não era a criatura de Crowley, nem não era a invenção de Kellner e Reuss. Pelo contrário, era e é uma expressão de uma corrente informante, uma corrente que adota um disfarce depois de outro e muda quando uma forma particular tenha sobrevivido sua utilidade. Este é um ponto importante para se ter em mente quando vem à história de Ordens mágicas. Como seres humanos, nós gostamos de pensar que estamos no topo de eventos e causamos esse, aquele e o outro ser feito. Ainda, o contrário é verdade: nós somos a expressão de eventos, não a causa. Grupos ocultos vêm e vão; a menos que eles sejam uma expressão desta corrente informante, eles murcham depois de uma existência inconstante. Mais do que a criação de Kellner e Reuss, o O.T.O. é então uma fase par ticular no desenvolvimento da corrente, uma que passará além dessa, cedo ou tarde, para outra encarnação – e mais inflexível à estrutura da Ordem, o mais cedo que seja. Quão absurdo, então, ver como sacrossanto, o que é em efeito, uma fase passageira de uma fase passageira. Isto é uma queixa contra o “O.T.O. Typhoniana ” – o epíteto dado à Ordem tal como reorganizada por Grant – isto é, não permaneceu verdadeir o em sua estrutura quasi-maçônica da época de Crowley, mas representa uma mudança e é então de alguma maneira não a “O.T.O.”. Contudo deve-se perguntar – o que era tão bom naquela estrutura mais antiga, que devemos permanecer ligados à ela? Por que não deveríamos mudar? Ainda a pessoa tem que perguntar – o que era tão bom naquela estrutura mais antiga, que temos que permanecer atados a ela? Por que nós não deve ríamos mudar? É interessante que, no fim da vida dele, Crowley viu necessidade de mudança; o seguinte texto foi extraído de uma carta a Germer datada de 14 de março de 1942, esclarece isso:
Eu o designarei meu sucessor como O.H.O. mas em condições especiais. Está bastante claro para mim que uma mudança completa na estrutura da Ordem, e seus métodos são necessários. O Segredo é a base, e você tem que selecionar as pessoas certas…
“O Segredo” é uma referência à magia sexual, e em particular para os Mistérios do IX* grau. Crowley considerou este como a essência da O.T.O.; a estrutura da Ordem ao redor dela, existe para transmitir esta essência e é de necessidade transitória, servido às vezes e em circunstâncias. Nos últimos cinqüenta anos, muito conhecimento antigo oculto – no sentido de escondido – tornou-se mais disponível. Com este maior abertura, há bastante material que permite ao aspirante trabalhar os princípios da magia sexual, assim remove a necessidade por transmissão desses princípios em segredo e sob de juramento. As técnicas são conhecidas, porém, treinar ainda é necessário para aprender aplicar essas técnicas efetivamente. Este treinamento só pode ser adquirido no curso de experiência mágica e mística diretas; é a assimilação desta experiência direta que constitui a iniciação. Segue, portanto, que a estrutura atual do O.T.O. deve ser uma que facilite tal experiência e habilite iniciados a aprender a aplicação efetiva destas técnicas para eles.
A “O.T.O. Typhoniana” é então uma expressão desta corrente informante que dá poder a todas as Ordens genuínas e criativas, e que tem traçado deste modo por incontáveis milênios. Os membros da Ordem procuram iniciação à princípio e bebem na fonte de águas vivas das quais surgem adiante à conjuntura do interno e o externo, e quais poderes da máscara terrestre. Iniciação é esta jornada de localizar o Nilo à sua fonte. Que este reorientação da O.T.O. é produtiva é comprovado pelo trabalho ou Grant e outros. Reciprocamente, a raridade de uma aproximação que busca perpetuar uma fase desgastada, fase histórica é prontamente aparente; quais foram os frutos, aparte de edições subseqüentes dos trabalhos de Crowley? Para alguns, claro que, tal raridade não está aqui nem lá: eles agarrarão como sanguessugas ao que eles consideram ser “ortodoxo”. Considere a passagem seguinte de “O Ato de Criação”, Arthur Koestler; embora a analogia não seja exata, é bem próxima.
“O progresso de ciência”, Schiller escreveu, “acontece por alguns arquitetos mestres, ou em todo caso por vários cérebros guias que constantemente fixaram todo o labor industrial ao trabalho durante décadas “. Que o labores industrial tendem a formar uniões de comércio com uma política de loja-fechada e práticas restritivas, é um desenvolvimento aparentemente inevitável. Não é nenhum deles menos distinto na história de artes: os versificadores não inspirados… as mediocridades… todos eles se penduram na querida vida para a escola e estilo prevalecentes que algum gênio iniciou, e defende isto com teimosia e veneno contra inovadores heréticos.
Este artigo buscou colocar a história e manifestações da presente O.T.O. em um contexto mais amplo do que foi freqüentemente tratado. A validez da reivindicação de Kenneth Grant para o cargo de O.H.O. está certamente claro. É uma reivindicação que é aceitada, endossada e vigorosamente promulgada pelos editores e publicadores da Starfire – uma aceitação que é compartilhada, suspeitamos, pela maioria de nossos leitores.
Michael Staley
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