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Characith (Túneis de Set)

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Por Kenneth Grant, O Lado Noturno do Éden.

 

O DÉCIMO-OITAVO Caminho está sob a égide de Câncer. Seu túnel é guardado por Characith cujo número e 640. Câncer é o astro-glifo do Santo Graal e 640 é o número de KVS ThNChVMIM, o Cálice de Consolação; e aquele que consola o Adepto no Caminho de Cheth é o Cálice de Nossa Senhora. Tal é a natureza deste Cálice que produz ambos êxtase e imortalidade mágica que seus kalas são altamente viciantes. Se o Adepto se demorar muito neste túnel o vício se tornará obsessivo e ele correrá o risco de se tornar um vampiro, drenando cálice após cálice do caldo infernal destilado pela Grande Meretriz, a Mãe das Abominações, que responde avidamente aos desejos obscuros daqueles que estão embriagados pelo vinho de suas fornicações.

 

A fórmula mágica deste kala é cunnilinctus que, se exceder os limites apropriados leva não apenas à morte605 do(a) parceiro(a) mas também do próprio magista. A Ordem de Qliphot que habita o túnel de Characith é portanto conhecida como os Shichiririon,’os Negros’.

 

Nos Arcanos de Thoth a letra cheth (8) é atribuída ao caminho 18 e é significativo que o reflexo positivo da qliphoth negativa assume a forma de Krishna o Cocheiro606. Apolo o Cocheiro é também atribuído à este caminho, e o ‘Senhor do Triunfo da Luz’ (um título deste Atu) é refletido dentro do túnel como o Sol Negro de Tifareth, a Criança das Águas do Abismo que gira no Graal de Babalon.

 

Quando o sol se avermelha ou se põe diz-se que ele está bebendo o sangue da deusa ou ‘realizando a mais alta forma de cunnilinctus’, uma expressão utilizada em um certo comentário secreto sobre o rito Kaula do Vama Marga.607

 

O número de Characith, 640, é também aquele de ShMSh, a Esfera do Sol, que equaciona com MMSK (640), significando ‘uma oferenda de bebida’, e ThMR a ‘palma da mão’ e uma ‘palmeira’. As datas da palmeira estão conectadas com os fenômenos da menstruação.608

 

O sigilo de Characith deve ser pintado em marrom esverdeado escuro sobre um círculo matizado de âmbar. Ele mostra uma múmia com a face voltada para baixo obscurecida por uma entidade com cabeça de camelo que é emitida de seus pés. Esta imagem é como ela foi ocultada no nome Characith, pois 640 é o número de MPLTzTh, um ‘ídolo horrível’ (simulacrum horrendum). O camelo é o navio do deserto. Seu simbolismo tem sido explicado em conexão com o 13º túnel que cruza o abismo via caminho da Sacerdotisa da Estrela de Prata. O camelo também é atribuído ao 18o caminho onde ele funciona como uma besta de carga. O caranguejo, tartaruga e baleia estão também incluídos porque este caminho está sob a égide de Câncer, uma influência aquática que representa o elemento mais vital em operações astro- mágicas.

 

Os siddhis associados a este kala são os Enfeitiçamentos e o Poder de Lançar Encantamentos.

 

O nome de Characith deve ser vibrado na clave de ‘D’ agudo acompanhado pelos plashings (sons) 609 peculiares às fontes ou quedas d’água mágicas.

 

O Cálice e o Forno são as armas mágicas apropriadas, e no simbolismo do reino vegetal o agrião é atribuído a este kala porque à combinação de calor e umidade, fogo e água, tipifica o conteúdo do Cálice que contém o orvalho ígneo da deusa.

 

O verso apropriado do Liber CCXXXI declara:

 

Ele viajou na carruagem da eternidade; o branco e o negro estão subordinados ao seu carro. Portanto ele refletiu o Louco e o sétuplo véu é revelado.

 

Isso implica a regência ordenada de diversas forças. O branco e o negro são os dois sóis do horizonte superior e inferior, ou a altura e a profundidade, o Forno infernal de Amenta e o Sol supernal da Árvore frontal (Tifareth). A força solar (Heru-Ra-Ha) está aqui implicada, pois o branco e o negro são Ra-Hoor-Khuit e Hoor-Paar-Kraat e não é por acaso que as iniciais destes deuses somam 640, o número de Characith610. O sétuplo véu é aquele da Deusa das Sete Estrelas que é diáfano em sua luminosidade. ‘Ele’611 reflete o Louco, que é a Luz Oculta que é ‘A’ entre I e O (Isis e Osíris). ‘A’ é Apophis, o Deus Set em sua forma Ofidiana. Ele é a luz que tinge o graal da deusa [que é] drenado pelo Adepto.

 

A Fórmula Mágica do 18º kala é Abrahadabra, a ‘chave dos rituais’ mencionada em AL612 Estes rituais incluem aquele do oitavo grau da O.T.O. que descerra tanto este caminho quanto o 13º caminho, cujo túnel é deslacrado pelo rito do XI. Had é o coração de Abrahadabra, como Apophis é o coração de IAO, o Coração Cingido com a Serpente (Set) que pulsa com as vibrações ofidianas girando no Cálice de Babalon. O VIIIo possui portanto uma ligação positiva com o XIo a corrente lunar. Isto é equilibrado pelo IXo que é a chave para o Caminho 19.613

 

O deus africano Loco é um habitante do túnel de Characith. Ele é um deus das florestas que, junto com Elere, Ojehun e Abiku, maus espíritos da selva e do deserto, planeja para penetrar nos úteros das mulheres de forma a nascer dentro da onda de vida humana.

 

605 Por esgotamento.

 

606 ‘Krishna’significa literalmente O Negro.

 

607 Vide a Trilogia Tifoniana.

 

608 Vide Cultos da Sombra, capítulo 2.

 

609 Nota do Tradutor: provavelmente uma onomatopeia (os sons de uma fonte ou de um cachoeira).

 

610 HRH + RHK + HPK = 640

 

611 i.e., Asar (Osíris), o ‘morto’.

 

612 I.20

 

613 Vide observações relacionadas à relação entre túneis e as fórmulas de magia(k) sexual, abaixo, p.205.

 

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.


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