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Papus e o rosacrucianismo

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O termo “Rosa-Cruz” hoje em dia designa um conjunto de Sociedades independentes uma das outras no plano jurídico, mas portadoras de idéias e mensagens afins entre si.

Se existiu ou não uma fraternidade denominada Rosa-Cruz, não importa. O rosa-crucianismo era, de fato, uma idéia que conscientemente renunciava a uma organização visível; no entanto, se examinarmos detalhadamente “as regras da ordem” dos rosa-cruzes, logo descobriremos que todos os princípios nelas contidos podem ser mais ou menos concretizados na vida pessoal do dia-a-dia de cada membro isoladamente. A respeito da Rosa-Cruz “verdadeira”, nenhuma dessas ordens atuais tem alguma relação com ela, que do ponto de vista histórico, sequer existiu, uma vez que nunca foi interesse das ordens iniciáticas a divulgação de sua existência ou a aceitação de muitos membros! E “em se tratando de Idade Média”, podemos dizer que não era saudável o público tomar conhecimento das atividades dos adeptos, ainda mais na fervilhante Alemanha!

Se tal Ordem existia, Johan Valentin Andreae, autor confirmado dos manifestos, provavelmente não tinha relação alguma com ela, a não ser o conhecimento de sua existência. O próprio Mago Éliphas Lévi parece ter tido contato com esses adeptos, e ter aprendido com eles a Alta Magia. No livro “Curso de Filosofia Oculta”, muitas vezes Lévi termina suas cartas com a frase ” Paz profunda”, que é essencialmente rosacruz. Há uma nota. Na página 34 desse livro há uma nota referente ao seguinte comentário de Lévi:

“Nossos predecessores, os irmãos da Rosa-Cruz (22), não foram, portanto, loucos quando afirmaram que possuíam a chave da Grande Obra”

E a nota diz:

” 22- Éliphas Lévi alude à grande linhagem de que ele descende. Ele teve como mestre Briewer Lytton, que foi, de 1849 a 1865, o 51 imperador de uma ordem R + C em Londres; ele o sucederá de 1865 a 1874, como o 520 imperador. Para aderir a essa ordem, impõe-lhe a prova tradicional relativa à evocação de Apollonious de Thyane.”

Certamente Papus também teve alguma relação iniciática com a Ordem Rosa-Cruz, e ao que me parece, a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz foi fundada com permissão da verdadeira Rosa-Cruz, que lhe teria conferido carta-patente, e permitido suas atividades de Alta Magia.

A verdade é que ela jamais foi uma ordem pública, ou qualquer uma dessas que apareceram na história da Alemanha, França ou Inglaterra, com suas pretensões fantasiosas e ritos meramente simbólicos, semelhantes à Maçonaria. Vejamos o que Papus declara a respeito da Ordem R+C na sua revista L’ Initiation: “Permita-me abrir um parênteses aqui. É a respeito de uma associação misteriosa de homens evoluídos, conhecidos sob o título de “Rosa-Cruz”. Esse título é exotérico, cuja finalidade é ocultar o nome secreto e verdadeiro da sociedade em questão. Ora, uma multidão de ambiciosos, que nada sabem de real sobre essa sociedade, orna-se a torto e a direito com esse nome e diz, misteriosamente aos seus amigos e conhecidos: “Admirem-me, vejam minhas belas plumas de pavão; não digam a ninguém: Eu sou Rosa-Cruz” Não falamos, bem entendido, do 180 grau do escocismo. Ora, os verdadeiros Rosa-cruzes (eles são dez, ao todo) não se dizem tal. Apresso-me a dizer que não sou um deles, mas os conheço. Eles se divertem muito em ver o nome profano de sua sociedade ser desavergonhadamente empregado de todas as maneiras… ” Se Papus sabia que o nome “Rosa-Cruz” era apenas exotérico, certamente o nome “Ordem Kabalistica da Rosa-Cruz”, também seguia esse padrão, de forma que existiria uma sociedade esotérica dentro dessa Ordem dedicado ao estudo e prática da Alta Magia.

Excerto de a Epopéia Rosa Cruz


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