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“Quando você acredita em uma coisa, acredite nela até o fim, de forma implícita e inquestionável.”
– Walt Disney
“A todos que vêm a este lugar feliz: Bem-vindos. A Disneylândia é sua terra. Aqui, a idade revive boas lembranças do passado, e aqui a juventude pode saborear o desafio e a promessa do futuro. A Disneylândia é dedicada aos ideais, aos sonhos e aos fatos concretos que criaram a América, com a esperança de que seja uma fonte de alegria e inspiração para todo o mundo.”
– Walt Disney, discurso de dedicação da Disneylândia, 1955 e.v.
Para quem quer que esteja lendo isso, em todo o mundo, a palavra Disney evoca todas as alegrias, fantasmas e mistérios da infância em toda a sua glória nostálgica. Amados contos de fadas, mitos, lendas, romances e agora histórias em quadrinhos e óperas espaciais foram todos adquiridos sob a égide da Disney, a marca definitiva da fantasia no sentido mais genérico do termo. Então, logo surge a questão sobre os rumores mais sinistros de Walt e sua Casa do Camundongo. Para falar disso sem descambar em sensacionalismo é preciso cavar as origens históricas de todas essas teorias da conspiração e, em particular, aquelas sobre mensagens subliminares: a ideia de que anunciantes, governo, artistas, músicos e animadores têm escondido símbolos subconscientes em seu trabalho com propósitos de controle mental.
A maioria desta pode ser traçadas até o início dos anos 1970 quando antigos mitos de conspiração foram recauchutados alimentados por racismo, antissemitismo, paranóia anti-comunista da Guerra Fria e rápida evolução cultural. Particularmente responsável por esta onda foi Wilson Bryan Key, autor do livro Subliminal Seduction: Are You Being Sexually Aroused By This Picture? publicado em 1974 e que contou com uma introdução do famoso acadêmico da mídia de massa (“O meio é a mensagem.”) Marshall McLuhan.
Este livro nos apresentou uma trama sinistra dentro da mídia voltada para para promover a promiscuidade, o uso de drogas, o paganismo e uma cultura de suicídio com inúmeras “mensagens subliminares” salpicadas por publicidade, cinema, TV e rádio que, sem autorização, perfuram nosso subconsciente e podem provocar comportamentos desconhecidos. Tais mensagens incluem orgias em cestas de ostras em um jogo americano, a infame caixa de cigarros Camels coberta de símbolos fálicos e, é claro, o simbolismo satânico e sexualizado secretamente no suposto bastião dos valores familiares americanos, a Walt Disney Productions.
Então, 20-40 anos depois isso foi combinado com aquele tipo de teoria paranóica da velha escola pintada com a estética moderna pós-internet de modo que temos hoje teóricos identificando Walt Disney como um maçon grau 33 e membro confirmado dos Illuminati que promoveu o controle mental para CIA e liderou experimentos de escravos sexuais. Que esses sites que inevitavelmente aceitam a “Nova Ordem Mundial” como real, sejam em sua maioria cristãos fundamentalistas em sua ideologia, e adotem tantos “fatos” patentemente falsos não impede seu crescimento na América militarizada e paranóica de hoje. Recentemente, de fato, um filme independente foi filmado na Disneyworld (sem a permissão do parque) chamado Escape from Tomorrow, que explorou muitos clichés de conspiração da Disney, ou seja, escravas sexuais vestidas de “princesas”, lavagem cerebral, túneis subterrâneos secretos etc.
Mas aqui está o que sabemos ser verdade: Walt Disney era um orgulhoso maçom, e pode-se comprar espadas maçônicas especiais, adequadas para rituais, na Fantasyland no “The Castle Heraldry Shop”. Essas espadas não estão disponíveis em nenhum outro lugar. Na área do parque conhecida como New Orleans Square encontra-se o infame Club 33, um estabelecimento privado para patronos de alto nível do parque, nomeado não, como alguns supõem, pelo grau maçônico de mesmo nome, mas por seu endereço, ou por seus 33 fundadores originais, quase todos investidores corporativos que patrocinaram a Disneylândia.
Realmente parece também que os filmes de Walt Disney, programas de televisão e mesmo seus parques temáticos usam uma série de simbolismos da tradição ocidental para contar histórias, de Branca de Neve a Frozen. Esses contos de fadas tendem a incluir magia, monstros, bruxas, folclore e a Jornada do Herói (popularizada, em sua forma atual em Hollywood, pelo formato Disney) que, para os fundamentalistas e teóricos da conspiração, só pode implicar as obras do diabo.
De fato, as histórias, os mitos e lendas mais básicos do Ocidente quase inevitavelmente têm uma influência pagã ou pré-cristã, e é o pecado de apresentar esses arquétipos antigos de uma maneira moderna que realmente enlouquece os críticos paranóicos da Disney.
Sim, Walt era um pouco antissemita da velha escola, criado com insensibilidade racial em Jim Crow Missouri, que, no entanto, criou um parque que, desde o início, nunca foi segregado. Ele era um republicano obstinado cujo objetivo incansável era incutir valores patrióticos e conservadores em seu público, apesar de quaisquer problemas com seu estilo de gestão corporativa (ele era o único cara no parque autorizado a ter bigode, uma regra de código de vestimenta que só recentemente foi relaxado) e desenvolvimentos corporativos posteriores da marca Disney.
Então, para o teórico da conspiração, Walt Disney, esse republicano da Câmara de Comércio da velha escola se transforma de alguém que soube abraçar contos de fadas, simbolismo e folclore em um agente sinistro da depravação iluminatti.
E no final, realmente, este ressentimento contra Walt e a Tradição de Mistério Ocidental simplesmente se resume ao fato de que a Fábula do Novo Testamento, a tal da “Maior História Já Contada”, talvez, apenas talvez não seja mais tão boa assim? Para as crianças, para o público, Jesus é inacessível (Com Jesus não se Brinca), um Deus estático que, por mais “pessoal” que o tornemos, não pode e não se relaciona conosco. Por outro lado todos nós nos identificamos com Aladim, Dumbo e Ella de Frozen, a mais recente tentativa da Disney de promover o feminismo e a magia. Estes são todos “deuses vivos” – mas Jesus, e Maomé, e o resto de sua tripulação deprimente e deserta de profetas e loucos abraâmicos apocalípticos, estão, em última análise, bastante mortos quando comparados até mesmo ao mais simples conto de fadas.
fonte: http://peterpendragon.com
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