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Por Jean-Louis de Biasi
Entre as Tradições Iniciáticas Ocidentais, a Maçonaria é uma das mais conhecidas. Hoje, parece estranho dizer que essa incrível organização foi fundada em 1777 em um pub inglês, mas é verdade! Claro, era uma formalização de grupos que preexistiam. No entanto, é a partir deste momento que a lenda realmente começa. No início, eram usados rituais simples, juntamente com sinais e palavras secretas. Progressivamente, um terceiro grau foi acrescentado aos dois originais, depois mais trinta graus, depois mais sessenta e cinco graus egípcios, e assim por diante.
Qualquer um, aristocrata ou não, era capaz de usar uma espada, tornar-se um construtor, um arquiteto, um cavaleiro ou um sacerdote judeu. Todos usavam aventais de construtores lendários e, eventualmente, brilhantes decorações douradas de vários tipos. Quase todos os rituais secretos foram publicados muito cedo. Alguns deles se referiam a palavras sagradas perdidas, outros a antigos ensinamentos do Oriente Médio. É claro que esses grupos falavam em estabelecer um sistema social mais igualitário, mais tolerante e menos influenciado pela Igreja. Você não precisa ser um historiador para entender que tais grupos poderiam ser suspeitos de conspiração contra o Estado e a Igreja. (Por outro lado, você pode rir da ideia de multidões brincando de cavaleiros ou sumos sacerdotes – mas o Senhor trabalha de maneiras misteriosas.) Eventualmente, essa incrível confusão de símbolos e palavras hebraicas mal escritas teve sucesso e conquistou o mundo.
Hoje, a Maçonaria é regulamentada por Grandes Lojas organizadas por países e estados; as Lojas estão sob a jurisdição das Grandes Lojas. A maioria delas compartilha os mesmos princípios e são reconhecidos pela Grande Loja da Inglaterra. As outras organizações maçônicas, não importa o ritual que usem, são qualificadas como clandestinas e desqualificadas da irmandade “universal” da “Comunidade Maçônica Britânica”.
Neste ponto, você pode perguntar por que uma organização tão comum ainda é considerada misteriosa. Vamos esquecer as teorias da conspiração por causa deste artigo e focar no que realmente existe. A Maçonaria era um projeto social e humano. Como tal, estava ligado à Era do Iluminismo. Vários filósofos franceses tornaram-se maçons, seguidos por vários pais fundadores dos Estados Unidos. Então, com o passar dos anos, a Maçonaria foi se institucionalizando cada vez mais, perdendo parte desse ideal, proibindo qualquer conversa sobre política, religião e outros assuntos. Uma organização maçônica ainda visa “eliminar esforços esporádicos para ressuscitar ou perpetuar Ritos, Sistemas e Ordens da Maçonaria nos Estados Unidos”.
Seria lógico agora perguntar por que fui iniciado na Maçonaria há muito tempo e por que continuo sendo maçom. Gostaria de receber esta pergunta. Minha resposta certamente seria que a Tradição espiritual ocidental é fascinante, e a Maçonaria é uma parte importante dela. Vamos tentar desvendar alguns elementos que não são óbvios para ninguém, Maçom ou não.
De certa forma, você pode comparar a Maçonaria hoje a um culto. Toda tradição espiritual ou religiosa tem dois lados: exotérico e esotérico. O primeiro, exotérico, é o aspecto visível, e o primeiro você encontrará em sua investigação. Ele contém todos os aspectos relacionados à sociedade e à humanidade. A Maçonaria contemporânea ensina padrões morais através de rituais simbólicos. As iniciações são usadas como ritos de passagem. As crenças são simples, mas obrigatórias. A principal delas é a crença na existência de um Ser Supremo, também chamado de “Grande Arquiteto do Universo”, ou, simplesmente, “Deus”. O objetivo é ajudar os homens a se tornarem melhores, a melhorar sua compreensão da fraternidade em relação aos irmãos e à humanidade. Ao mesmo tempo, a Maçonaria está muito envolvida na filantropia. Todos esses objetivos são nobres e dignos de serem seguidos.
O segundo lado, o esotérico, é o aspecto invisível da organização. Como a alma do nosso ser, traz vida e identidade. De acordo com essa crença, somos humanos porque existe uma alma divina que nos ilumina. Uma organização iniciática sem essa parte esotérica é uma simples organização de serviço (como o Rotary International). Há sempre o risco de a Maçonaria perder sua alma, seu lado esotérico. Claro, a Maçonaria poderia manter seu ritual e continuar sendo uma espécie de igreja. No entanto, não é assim que uma verdadeira Ordem Iniciática quer perpetuar sua herança.
A Maçonaria Esotérica tem cinco aspectos principais (meu livro, Secrets and Practices of the Freemasons (Os Segredos e Práticas dos Maçons), apresenta uma análise profunda de vários desses aspectos; meu próximo livro, Freemasonry in Your Daily Life (Maçonaria na Sua Vida Diária), fornecerá ainda mais rituais e práticas para realizar). Esses cinco aspectos são essenciais para quem quer entender ou iniciar esse caminho interior. Não estou falando de um círculo interno dentro da Maçonaria nem de outra organização maçônica. No entanto, um maçom pode começar individualmente a aprender e praticar este lado esotérico de sua Tradição (o “Clube Esotérico Maçônico” é um exemplo muito bom desse grupo).
O primeiro aspecto é tudo sobre a moral. os princípios são simples e tão universais quanto a Maçonaria. Eles não estão relacionados a uma fé específica, mesmo que a maioria desses princípios possa ser encontrada nas religiões mais tolerantes. Praticar essa moral é primordial. Três princípios principais podem ser citados aqui: “Adore a Deus, cuide de todos os seres humanos e torne-se útil à pátria” (Universal Code of Morals (Código Universal de Moral), J.L. de Biasi, Theurgia Publications). A simples prática da introspecção diária ajuda o praticante a melhorar a sua qualidade de vida e a conhecer-se melhor.
O segundo aspecto são os estudos propriamente ditos. É fundamental saber mais sobre a estrutura em que estamos envolvidos. É importante poder levantar o véu dos mistérios. Alguns campos estão envolvidos nesses estudos tradicionais, incluindo esoterismo, teologia e tradições iniciáticas da Tradição Ocidental. A primeira parte, esoterismo, contém assuntos fundamentais para a compreensão da Maçonaria, como Cabala iniciática, simbolismo, etc. A segunda parte, teologia, é literalmente “a ciência da religião, estudo de Deus e sua relação com a humanidade”. A terceira parte, tradições iniciáticas, é a explicação das antigas tradições ocidentais que têm conexões com a Maçonaria. Os sagrados Mistérios de Elêusis e o Mitraísmo são dois bons exemplos de tais conexões.
O terceiro aspecto é o estudo e discussões sobre rituais maçônicos ou temas afins. Essa parte fundamental foi tratada de forma diferente dependendo da época e do país. Na Europa, esse interesse remonta aos primeiros anos da Maçonaria. Os iniciados, ansiosos por aprofundar o entendimento do esoterismo, criaram vários novos graus que foram usados em pequenos grupos de irmãos.
Vários aspectos dos antigos Mistérios egípcios e gregos foram encenados em rituais e iniciações; os nomes “Memphis” e “Misraïm” tornaram-se famosos a este respeito. Esta parte da Tradição Maçônica está viva e bem hoje. Grupos europeus desorganizados e sem crédito são uma das expressões modernas disso, mas você também pode encontrar esotéricos honestos ansiosos para aprender mais sobre isso. Falei extensivamente em meu livro anterior sobre as conexões entre o Egito e algumas chaves essenciais dos rituais maçônicos. Senhas relacionadas à arquitetura, ensinadas por meio de perguntas e respostas, podem ser encontradas em diversos livros egípcios. Os maçons obviamente os usavam para desenvolver seus rituais. Outros símbolos, como a pirâmide, o templo e os dois principais símbolos do sol e da lua, estão todos relacionados ao Egito. O famoso mito fundador de Hiram tem mais a ver com Osíris e Ísis do que com a Bíblia. Apreender essas verdades abre mais nossa compreensão do que tentar encontrar pistas onde não há nenhuma. Esses graus esotéricos foram a manifestação de homens criativos orgulhosos de serem os herdeiros dessa rica história oculta.
O quarto aspecto está relacionado a um lado essencial do caminho esotérico: as práticas individuais de iluminação espiritual enraizadas na Tradição Maçônica. Eu revelo algumas dessas práticas individuais em meu livro acima mencionado. É importante entender isso: uma tradição espiritual pode transformar alguém apenas se uma prática interior estiver envolvida. Você pode ir à igreja se for um crente, mas sem nenhuma oração, você não irá a lugar nenhum. Da mesma forma, um maçom pode participar de reuniões da loja, mas sem meditação maçônica e treinamento interior, ele não progredirá espiritualmente. Existem orações específicas. As visualizações precisas podem ser praticadas de forma gradual, juntamente com vários rituais individuais. Todos estes elementos constituem um sistema concreto e eficaz que permaneceu em grande parte desconhecido ou rejeitado por alguns, mas são, de facto, ferramentas essenciais.
O quinto e último aspecto é a realização da Grande Obra: ajudar o mundo a ser melhor. Não esqueça que nossa humanidade é frágil! Todo aquele que busca o autoaperfeiçoamento tem um dever em relação ao próximo. Faça por eles o que você espera que eles façam por você! Faça o mesmo para a sociedade como um todo. Não estou falando aqui de filantropia que é realizada pelas Lojas Maçônicas; Estou falando de um dever sagrado para os esotéricos como explica o filósofo Platão: se você quer melhorar a sociedade, você precisa mudar a mente daqueles que estão no comando político. Esta é uma ação política para o bem da Humanidade. Um maçom esotérico que progrediu em seu caminho espiritual entende a necessidade de compartilhar essas morais e ideais.
Como você pode ver, a Maçonaria não se limita a teorias da conspiração, filmes de ação ou romancistas famosos. A Tradição pode ser vista como um lugar onde os esotéricos aprendem o uso de chaves ocultas. Tal iniciação é essencial para uma verdadeira vida espiritual, para ajudar a humanidade a progredir na direção da luz divina!
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Fonte: Esoteric Freemasonry: The Hidden Side of the Pyramid, by Jean-Louis de Biasi.
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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