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“Sejamos, ao menos, justos… [com a Maçonaria]. Beijem-lhe os jesuítas as mãos, por lhes ter sido dado acolhimento e liberdade na Prússia, no século XVIII – quando, expulsos de toda a parte, os repudiava o próprio papa – pelo maçom Frederico II. Agradeçamos-lhe a vitória de Waterloo, pois que Wellington e Blücher eram ambos maçons. Sejamos-lhe gratos por ter sido ela quem criou a base onde veio a assentar a futura vitória dos Aliados – a Entente Cordiale, obra do maçom Eduardo VII. Nem esqueçamos, finalmente, que devemos à Maçonaria a maior obra da literatura moderna – o Fausto, do maçom Goethe” (Fernando Pessoa – Diário de Lisboa, nº 4388, 4-II-1935).
A Maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica, filantrópica, mística, esotérica e progressista.
É filosófica porque orienta o homem na investigação das leis da natureza, e convida ao pensamento que contido na simbologia da representação geométrica conduz a todos pela abstração metafísica, na busca pela reflexão filosófica. A penetração do sentido espiritual do movimento da historia, contempla em cada tempo histórico as novas inspirações doutrinarias e assimila cada sistema filosófico que pode significar a contribuição para o patrimônio do resumo da verdade além do tempo e do espaço.
É filantrópica porque pratica o altruísmo, deseja o bem estar de todos os seres humanos e não visa lucros pessoais. Seus esforços e recursos são completamente dedicados ao progresso e a felicidade da espécie humana, sem distinção de nacionalidade, raças, sexo, nem religião. Alguns escritores maçons têm expressado através de frases sistemáticas, o espírito ecumênico que existe na Maçonaria. Toda a espécie humana faz parte de uma só família que se encontra dispersa pela terra, todos os povos são irmãos e devem amar-se uns aos outros como tais, esta é também uma de nossas características filosófica.
É mística e esotérica porque tenta desenvolver as faculdades espirituais do ser mesmo estando estas adormecidas no subconsciente do individuo.
É progressista na medida em que ensina as práticas de solidariedade humana e da vontade absoluta de consciência.
Nós maçons somos buscadores da verdade, rejeitamos enfaticamente o fanatismo, em seu lugar oferecemos o tratamento desprovido de preconceitos, oferecemos à humanidade todas as contribuições que possam ser conquistadas e que de alguma forma venham a beneficiar a todos. Dentre os objetivos da Maçonaria posso destacar o estudo da moral universal e o cultivo das artes e da ciência. Jamais nos permitiremos, ou permitiremos a quem quer que seja, criar qualquer obstáculo na investigação da verdade.
A Maçonaria é a maior e mais antiga organização fraternal (religiosa) conhecida do mundo atual, nossa existência se reporta a bem antes do nascimento das maiores religiões, (judaísmo, cristianismo, budismo e islamismo), do mundo conhecido somos as testemunhas da história, zelamos pela fé do individuo, seja ela qual for.
Ao longo da história muitos livros foram escritos sobre Maçonaria, no entanto, para muitos não iniciados, a maçonaria ainda continua sendo um mistério. Este mistério é alimentado pela imperícia de historiadores que tentam localizar seu nascimento em algum momento da eternidade, não é raro alguém apontar o nascimento da Maçonaria para o período compreendido durante a construção do templo do Rei Salomão. Outros menos atentos ainda dizem que a Maçonaria descende diretamente da associação dos maçons operativos, os construtores das catedrais da idade média, que viajaram por toda Europa disseminando entre seus iguais os segredos e habilidades da arte de construir.
É fato que no século XVII a Maçonaria sofreu a transição que hoje denominamos de operativa para especulativa, talvez aí seja explicada a confusão por parte daqueles que não nos compreendem e apontam os primeiros construtores medievais como nossos precursores universais. Concordo que quando as construções de catedrais diminuíram, os grêmios (ou guildas) de Maçons Operativos abriram suas portas para aceitar como membros, pessoas (do sexo masculino) que não faziam parte do contexto da construção civil (da época). Esta abertura permitiu que o maçom agrupado em Lojas reunisse milhares de maçons na face da terra, estas Lojas passaram a ser denominadas Lojas Simbólicas.
Hoje o privilégio de ingressar na Maçonaria está limitado aos homens maiores de 18 anos (RGF – GOB), que satisfaçam os requisitos e padrões reconhecidos de caráter de moral, assim como também o candidato deve gozar de boa reputação junto á comunidade onde reside. É mister que para ser convidado um homem deve manifestar a um Mestre Maçom o seu desejo de ingressar na ordem, a Maçonaria não faz proselitismo, ninguém é compelido a ser Maçom, quando um homem pede para ser admitido em uma Loja Simbólica, é por sua livre iniciativa. Para que alguém seja aceito na Maçonaria, antes deverá submeter-se a aprovação unânime dos confrades, também deverá comprovar estar físico, moral e mentalmente capaz de poder realizar a ajuda que lhe será requerida para seus semelhantes, deve também acreditar em um Ser Supremo, a quem universalmente denominamos Grande Arquiteto do Universo.
Talvez por isso, muitas pessoas, embora erroneamente, tem dito que a Maçonaria é uma religião, a estes que assim pensam, afirmo que a maçonaria não está associada, nem pode ser associada a nenhuma religião específica. Deixo claro, e espero que inequivocamente compreendam que tampouco pretendemos estabelecer na Maçonaria uma nova ordem religiosa. A Maçonaria quando organização oferece aos amantes da verdade, condições apropriadas de pesquisar, estudar e aprender livre das paixões escondidas no sectarismo político e religioso, as mais belas verdades protegidas ao longo dos séculos dos olhares profanos e malévolos daqueles que disputam com a verdade. Cada Maçom compreende que a fraternidade é o lugar apropriado para se desenvolver a inteligência e a união fraternal livres dos dogmas sectários. Embora sejamos defensores da ciência, não reconhecemos na investigação científica autoridade que seja superior a razão humana. Para aqueles que nos acusam de falsos religiosos, (em nosso contexto: cristãos), afirmo que rejeitamos as verdades religiosas que tentam cecear a liberdade de escolha de um homem, estas são nossas inimigas sim, as colocamos a lado dos ditadores e tiranos que privam o ser humano do maior dom concedido a todos, que é a liberdade de expressão que nasce nas fontes do livre arbítrio.
Para compor nossas fileiras, admitimos entre nós pessoas de todos os credos religiosos, não fazemos distinção, a muito que superamos as barreiras do sectarismo religioso, a tolerância religiosa é uma de nossas maiores características, respeitamos todas as opiniões professadas como fé que sejam livres do fanatismo, egoísmo e das superstições; para alguns, a Maçonaria, do ponto de vista etimológico, é uma religião, para melhor compreensão daquele que ainda não viu a luz, convido inicialmente a observamos, sem paixões, a definição dada pra religião pelo dicionário (virtual, http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx) que diz religião ser: “culto prestado à divindade; crença na existência de uma ou mais forças sobrenaturais; fé; reverência às coisas sagradas; observância dos preceitos religiosos; doutrina, sistema religioso; ordem religiosa.” Agora que temos uma definição “una” para a expressão etimológica religião, comentarei cada definição para que haja melhor compreensão por parte de meu leitor:
a) “culto prestado à divindade” → Na Maçonaria embora (obrigatoriamente) reconhecemos e respeitamos a existência de um ser supremo, não existe dentro de nossas reuniões um momento específico, onde paramos para prestar cultos á divindades, deixamos esta pratica para as religiões.
b) “crença na existência de uma ou mais forças sobrenaturais” → Embora cada Maçom esteja, por força de compromisso, obrigado a crê na existência do sobrenatural, não existe dentro da Maçonaria um catecismo que discipline esta crença, na verdade embora seja exigido à crença, a Maçonaria não intervém nesta temática. Mais uma vez deixamos mais esta questão para que o Maçom resolva com sua religião.
c) “fé” → A fé por si só, não pode caracterizar uma religião, uma vez que a palavra tem sua origem no latim fide e quer dizer confiança, que por sua vez no mesmo dicionário citado anteriormente significa “segurança e bom conceito que se faz de alguém”, e o bom senso nos diz que mesmo o ateu tem algumas pessoas em bom conceito.
d) “reverência às coisas sagradas” → Se não existe a prestação de cultos a divindades dentro da Maçonaria, como pode existir o sagrado?
e) “observância dos preceitos religiosos; doutrina, sistema religioso; ordem religiosa” → Estas práticas são comuns às religiões, como penso ter demonstrado que não nos enquadramos no contexto das religiões… Nada mais há de se comentar sobre isto.
Espero ter dirimido todas as dúvidas relacionadas a esta temática, se mesmo assim, ainda perdurar alguma, recomendo o uso de bom senso, faça uma análise tranqüila, dispa-se dos pensamentos tendencioso, então poderá encontrar a verdade. Para ajudar mais ainda nesta compreensão, esclareço que a elevação moral de nosso eu interior é o grande objetivo maçônico. Posso enfaticamente afirmar, que Maçonaria não é uma religião, penso estar bem claro isto, já que tantas vezes foi abordado este tema. A Maçonaria não pretende tomar o lugar das religiões, nem modificar suas crenças, na verdade somos seus colaboradores, já que na Maçonaria são aceitos somente homens considerados bons cidadãos, bons maridos, bons pais, bons vinhos, bons profissionais na área que atuam. Penso que os religiosos antes de estigmatizar os maçons de suas religiões, deveriam respeitá-los, e admirá-los como homens livres e de bons costumes que são. Ser Maçom é um privilégio que a poucos contempla.
Ao repetir minha fala, espero não estar sendo demasiadamente prolixo. O principal requisito para que alguém seja considerado apto a ser iniciado Maçom é a crença na existência de um ser supremo ao qual de forma universal denominamos Grande Arquiteto do Universo, ao referirmo-nos assim ao criador de tudo e de todos, estamos intimamente nos referindo ao ser supremo cultuado em nossa fé, que poderá ser; Deus, Jeová, Buda, Alá, entre tantos outros. Procedendo assim, respeitando a fé de cada irmão, nossa convivência é pacifica.
Na Maçonaria todos podem pacificamente compartilhar de conhecimentos que conduzem aos vínculos iniciais da criação. Como regra de ouro, a Maçonaria busca bons homens para transformá-los em homens melhores, utiliza suas crenças na paternidade divina, na irmandade existente entre todos os homens e na imortalidade da alma, para ajudar a superar as debilidades que impendem o homem de usufruir de forma profusa de todo seu potencial caritativo. É característico do Maçom, honrar seus negócios, ser leal no trabalho, respeito e misericórdia para com os (momentaneamente) menos afortunados, resistência contra o mal, ajudar aos fracos, perdão para o penitente, amor fraternal acima de tudo, reverência, respeito e amor pelo Grande Arquiteto do Universo (que no universo cristão é Deus).
Normalmente aqueles que tentam relacionar a Maçonaria a alguma forma de religião, o fazem baseados no grande mito maçônico, que também podemos nomear como “a grande incógnita do segredo maçônico”. Contrário ao que muitos crêem, a Maçonaria não é uma sociedade secreta, prefiro defini-la como discreta em suas pesquisas. Não escondemos nossa existência ou filiação, (a não ser que isto ponha em risco nossa liberdade e direitos de homens livres), e também não fazemos nenhuma tentativa de esconder nossos objetivos, metas, e princípios. A Maçonaria é uma organização formada sobre bases fortalecidas pelo amor ao próximo, e alicerçadas por todos que buscam a verdade.
Nossos estatutos, nossas leis e regras estão disponíveis a inspeção das autoridades legais. É bem verdade que temos modos e formas de reconhecimentos, ritos e cerimônias as quais o mundo não está acostumado. Sobre isto, categoricamente afirmo, todos os grupos e instituições sociais, comerciais, filantrópicas, religiosas, tem seus próprios assuntos que só dizem respeito a seus participantes, por exemplo: algumas vezes sua família precisa tratar de assuntos que não são de interesses de seus vizinhos, a direção de uma escola se reúne para definir suas questões administrativas, os líderes de determinada igreja reúnem-se para deliberar assuntos que não serão externados em sua totalidade a todos os membros. Esta é uma característica indelével que das instituições, eu não as censuro, entendo serem necessárias para o bom funcionamento da organização. Aqueles que questionam a Maçonaria por seus rituais sigilosos esquecem que os diferentes grupos ou instituições, têm seus próprios rituais de iniciação para receber um novo membro, estas comunidades, tais como, universidades, clubes e até algumas cerimônias de ordenação ao sacerdócio estão envolvidas em seus mistérios sigilosos, sendo que os mesmos não podem, nem devem ser relacionados a princípios malignos, nem contrários a moral. Nós maçons temos proclamado ao mundo que a Maçonaria é uma associação universal, que nada tenciona governar além de suas práticas ritualísticas e sociais e que prima por estabelecer vínculos entre os homens de todos os povos criando laços de ética.
A Maçonaria é uma instituição que proclama a paz entre os homens, como um de seus mais altos ideais. Finalizando, posso dizer que a maçonaria é uma fonte inesgotável de moral e sabedoria, que continuará atraindo as almas boas e generosas. Não negamos o direito dado ao homem de adorar a um deus, que conforme a fé e a crença que manifeste, será reverenciado e respeitado. Não somos juízes e nem réus em uma batalha judicial, somos vítimas sobreviventes do preconceito que é antagônico a fé religiosa, acreditamos no homem, e aguardamos com paciência, mais não passivos, pelo dia (…) “que seus preconceitos cedam diante da verdade” (…)D&C 109:56
por Cesóstre Guimarães de Oliveira
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