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Analisar e compreender o papel de Satã na história de Jesus pode nos ajudar a compreender certos aspectos do significado e a importância supra-dimensionada da Páscoa no ocidente. Muito além dos ovinhos de chocolate, tratava-se séculos atrás de um dia especial nos cultos milenares dos antiqüíssimos povos europeus. Um dia no qual comemoravam a passagem do inverno para a primavera. Um dia de celebração da vida e da fertilidade. Um dia que foi escolhido pelos pais da igreja cristã para ser envenenado com o aroma da morte e o fedor da grande fábula da ressurreição de cristo. Uma impossibilidade histórica com efeitos nefastos que é contada neste dia para crianças do mundo inteiro.
Raízes Pagãs, a Páscoa Original
Há uma variedade de diferentes abordagens, que poderiam ser tomadas para explicar o significado e a importância da páscoa que como todas as outras datas importantes do judaico-cristianismo, tiveram origens nas tradições pagãs. A páscoa comemorada nos dias de hoje nada tem haver com os preceitos bíblicos e encenações dogmáticas impostas pelo clero. Poucos são os rituais verdadeiramente provenientes da Bíblia. A páscoa como a conhecemos é estranha aos cânones da igreja. Ao exemplo do natal, esta celebração também roubou quase todos os seus costumes das religiões pagãs.
Dois costumes pagãos estão sobretudo nas origens dos símbolos da Páscoa: o ovo e o coelho.
Os ovos têm sabidamente origens pagãs: são emblemas da imortalidade, encontrados nos sepulcros pré-históricos da Rússia, Ucrânia, Letônia, Lituânia, Estônia e quase todos os povos escandinavos. Para os egípcios, o deus Re nasceu de um ovo; para os hindus, Brahma surgiu de um ovo de ouro, Hiranyagarbha; que depois, de sua casca fez o Universo. Para os chineses, P’an Ku, nasceu de um ovo cósmico. O ovo era, na realidade, considerado por diversos pagãos, como a gênese da vida humana e da própria história do homem ao longo do tempo. Há pouco mais de duzentos anos o catolicismo adotou oficialmente o ovo como símbolo da Páscoa, se apoderando mais uma vez, como tantas e tantas outras, de simbolismos e poderes constituídos do paganismo.
O fator estranho neste tema é que, o coelho, outro grande símbolo da Páscoa, seja considerado um animal impuro segundo as normas bíblicas, tal como os porcos e alguns caprinos: em especial os bodes, sugerindo assim uma tênue mas real ligação com com a figura de Pã, que exatamente como o coelho dos pagãos representava a fertilidade e a total integração com a natureza. No entanto, a bíblia demonstra verdadeira ojeriza à estes animais, como podemos conferir em Deuteronômio 14:7 e Levítico 11:6, o que torna ainda mais ainda difícil e incompreensível a explicação e aceitação destes símbolos da Páscoa.
Alguns povos da Antiguidade consideravam o coelho como o símbolo da Lua; tornando-se tal símbolo pelo fato das fases da Lua determinarem a data da Páscoa. Seja como for, como podemos aceitar que um animal considerado impuro pelo Bíblia ser simultaneamente um dos símbolos mais proeminentes da festa mais importante da Igreja Católica? Essa é apenas mais uma das inconsistências bíblicas e de suas contradições. Morte Súbita inc conta com alguns artigos que mostram bem as contradições e absurdos que a bíblia e seus cânones nos apresentam ao longo de suas intermináveis ladainhas.
A Grande Mentira da Páscoa
Como postulou Anton LaVey, o diabo é o melhor amigo que a Igreja já teve, pois tem feito seu negócio prosperar por todos estes anos. No caso da páscoa é meramente uma ironia bem sacada utilizá-lo como eterno vilão histórico tal como feito no velho testamento. Existe um grande evento no evangelho em que a tradição cristã responsabiliza o diabo por um papel direto: a crucificação. Tanto Lucas quanto João nos dizem que a traição de Judas foi em última análise, devido à atividade de Satã.
O fato é que a traição de Judas até hoje confunde a cristandade. Trata-se de mais um ingrediente confuso na contraditória ideologia de Constantino. Algumas seitas supõem que Satã desejava impedir a morte de Jesus, pois impedindo a crucificação, o cristianismo jamais teria prosperado. Outras seitas ensinam o contrário, que a crucificação era idéia original de Satã, pois Jesus foi nomeado para ser rei, mas ele não poderia ser um bom rei se estivesse morto. Qualquer que seja a bagunça dessas vozes a explicação o refrão é um ridículo uníssono: a culpa é do diabo.
Mas além da cruci-ficção, a páscoa não seria celebrada se a grande mentira não fosse contada. A mentira de que depois de morto Jesus ressuscitou e subiu aos céus. Essa não é uma simples ficção, mas uma farsa muito perigosa. Em primeiro lugar porque nenhum cristão jamais exigirá uma prova real de que isso aconteceu, simplesmente acieta-se como dogma incontestável. Em segundo lugar porque não é apenas uma vaga esperança do “Bem” sendo mais forte do que o “Mal”, mas a consumação do que Nietzsche chamou da completa inversão de todos os valores, na qual nossa verdadeira natureza, nosso instinto, nossa humanidade e tudo aquilo que nos faz fortes pode ser subjulgado por uma mera fábula contada por padres e pastores.
Feliz Páscoa Satanás
Mas mesmo supondo que Jesus tenha um dia existido e que de fato tenha retornado dos mortos. Coisa que o bom senso nos obriga a admitir que jamais aconteceu. Mesmo assim a páscoa é um dia de vitória para os adeptos do caminho da mão esquerda, pois sendo uma mentira é uma tragédia apenas para quem nela acreditar e sendo verdade significaria o maior fracasso de todos os tempos. Em outras palavras, Deus teria vindo a terra, morrido e retornado dos mortos… em vão.
Sim, em vão, pois a humanidade não foi transformada nesses últimos dois mil anos. Antes ou depois de cristo continuamos a fazer avançar o poderoso reino de Satã no mundo, não o Reino de Deus. Ainda que como conta a fábula ele tivesse ressuscitado isso não mudou em absolutamente nada a natureza humana. Somos ainda maravilhosos pecadores, capazes de vender o filho de deus por trinta moedas de prata.
E fazemos isso naturalmente, não de maneira sobrenatural, não através de possessões demoníacas. Nosso objetivo não é negar que existam forças superiores desempenhando um papeis diretos e explícitos no estabelecimento do seu reino aqui na Terra e entre todos nós. Mas o fato é que os seres humanos não precisam do Diabo para ser o que sempre foram. E nada nem a morte de Deus poderá mudar isso.
O que queremos dizer é o seguinte: tal como a noção habitual do diabol é a disposição de se opor ao deus abraamico e tudo o que está ligado a ele – assim também – qualquer ser humano que similarmente se opõe as “leis” de Deus e as coisas de Deus é um “filho do diabo”, que mora no seu reino dos infernos e que compartilha da mesma natureza de Satã. O comportamento natural do ser humano é a de seguir, encarnar e abraçar os valores e interesses do que posteriormente foram rotulados como diabólicos. Psicologicamente falando somos todos semelhantes a Satã ao nascer, pois estamos livres de todos os dogmas mentirosos e nada nos guia senão nossa natureza de buscar o prazer e o “pecado”, uma outra alcunha para conhecimento.
Assim poderíamos acertadamente sermos descrito como suas “crianças de diabólicas” nascidas já no pecado. Talvez por isso os católicos sejam tão desesperados para batizar os recém nascidos e garantir assim a próxima geração que passará para frente a grande fábula da ressurreição. Então olhando a nossa volta, compreendendo o mundo que nos cerca e as mentiras nas quais o povo de deus chafurda podemos nos reconhecer como crianças de satã e rir dessa grande bobagem… e rir… e rir… e nos empanturrar de chocolate.
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