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Sitra Achra

Sobre o Ocultismo do Passado

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Anton Szandor Lavey

“Quando alguém invoca intencionalmente o diabo com cerimônias, o diabo vem e é visto. Para escapar de morrer de horror desta visão, para escapar da catalepsia ou da loucura só se a pessoa já for louca…. Existem duas casas no céu, e o tribunal de Satanás foi colocado em seus extremos pelo Senado da Divina Sabedoria. (…)  Isso explica a natureza bizarra e o caráter atroz das operações de magia negra …. as missas diabólicas, os sacramentos dados a répteis, as efusões de sangue, os sacrifícios humanos e outras monstruosidades, que são a essência e a realidade da Goetia ou Necromancia . Essas são as práticas que, em todas as épocas têm feito degenerar os feiticeiros em sua reputação justa das leis. Magia Negra é realmente só uma combinação gradual de sacrilégios e assassinatos projetados para a perversão permanente de uma vontade humana e para a realização de um homem que vive a sombra hedionda do demônio. É, portanto, propriamente falando, a religião do diabo, o cultos de escuridão, ódio pelo bem levado as raias do paroxismo; é a encarnação da morte e a eterna criação do Inferno ” – Magia Trancedental, Eliphas Levi

Esta citação é de Eliphas Levi, um dos pilares da sabedoria ocultista do século XIX. Nas obras de Levi somos confrontados por páginas e páginas exaltando os méritos de Jesus Cristo como rei e senhor. Qualquer satanista que já tenha lido ‘Magia Transcedental’ não pode deixar de notar a grande contribuição da Levi para a teologia cristã e Dennis Wheatley [1].

Eu falava sério quando na Bíblia Satânica eu me referi a todo este lixo como “Fraudes santificadas, hipócritas divagações sem sentido guiadas pela culpa escrito por cronistas de baixo conhecimento mágico incapazes ou sem vontade de apresentar uma visão objetiva do assunto.” Contudo, não apenas me entristece, mas me ofende quando eu encontro um membro declarando sua adesão ou compatibilidade com estes devaneios inúteis.

É ruim o suficiente ouvir falar dos “grandes ensinamentos” de Aleister Crowley, que hipocritamente se chama pelo número do diabo cristão, mas constantemente nega qualquer ligação satânica e escreveu e publicou milhões de palavras no seu ensopado cabalistico de uma sabedoria destilada que poderia ter sido contida em um único volume de um dos pequenos livros azuis de E. Haldeman Julius [2] . É estranho, como raramente se ouve aplausos para a poesia de Crowley, que considero digno de inclusão para quem aprecia James Thompson, Baudelaire, Clark Ashton Smith, e Robert E. Howard. Se Crowley foi um mago, foi a beleza de sua arte criativa, que o fez assim e não suas invocações a Choronzon guiadas a drogas. Infelizmente, seus seguidores hoje exaltam o que ele tinha de pior e negligenciam sua melhor parte.

Eu estou enjoado a ponto de virar o estômago de ouvir pretensos alunos fazendo eloqüentes elogios ao livro Golden Dawn de Israel Regardie com sua pesada massa de páginas maculada de sigilo em sigilo com seu esoterismo sagrado. Cada parte do ritual foi elaborado para gritar: “Oh deus, nós somos tão bons e cheios de luz e somos tão justos!” com uma cruz raiada de um brilho tão cegante que poderia acordar Bela Lugosi de dentro do seu caixão. Sr. Regardie, e todos os seus antecessores da magia branca passeiam sobre cinco quilos de lixo tóxico cabalistico e se corroe em rosacrucianismo antes de seu enema expelir algumas poucas páginas úteis, quando muito uma versão água com açúcar das chaves Enoquianas.

Não, eu não posso aceitar os valor desses “mestres”, que não suportariam manter nem mesmo um pensamento semi-lógico, sem ser vítima daquilo que HG Wells soberbamente chamou de “Grande pensar.”[3]  Estes livros esotéricos estavam por ai quando eu escrevi a Biblia Satânica. Eu tive mesmos que lê-los assim, como  Montague Summers, Rollo Ahmed, Ophiel, Bardo, Butler, Hall, etc., etc. que produziram a mesma retórica arcana e belos símbolos, ainda que não se possa dizer o que eles significam nem o que tentavam dizer com isso. De qualquer forma ocasionalmente um satanista descobre algum destes “mestres ocultos” do passado e esquece daquelas linhas de advertência no prefácio da Bíblia Satânica, assumindo que, eu imagino, eu não os conhecia e ignorava seus “ensinamentos esotéricos” quando peguei a pena em mão para escrever.

Na tenra idade de doze anos, quando eu me desencantei na metade da leitura do grimório de Albertus Magnus e no primeiro terço do caminho do sexto e sétimo livros de Moisés, ocorreu-me então de que talvez existisse coisas mais profundas a descobrir. E havia, as coisas mais profundas eram mesmo mais intrincadas e minha pilha de livros inúteis aumentou. Para cada página de carne haviam centenas de outras de gordura e perfazendo um belo e gordo pedaço de mentiras.

Eu escrevi a Bíblia Satânica porque eu procurei um livro deste minha vida toda, e, sem poder encontra-lo concluí que se eu quisesse ler o que eu estava buscando teria que escrever eu mesmo. O mesmo princípio me levou a escrever The Compleat Witch. (N.T: Este foi o tírulo original para o agora intitulado “A Bruxa Satânica.”).

Resumindo, se você DESEJA mergulhar na literatura ocultista, apesar desta diatribe, então faça isso. Mas faça-o como um ritual em si mesmo, ou seja, haja objetivamente para fins subjetivos! Leia sabendo que você não vai aprender nada a princípio de Levi, Crowley, Regardie (ou mesmo Sybil Leek!) que não esteja de maneira muito mais clara e direta na Bíblia Satânica ou na Bruxa Satânica, ma você terá diversões assustadoras, alimento para o ego e envolvimento  emocional que sempre acompanha um currículo mais preocupado com a observação dos ingredientes do que com a aplicação de princípios.

[1] Nota do Tradutor: Dennis Wheatley é um notório escritor de romances de cunho ocultista com ênfase no gênero de terror. Estava em alta nos anos 70 enquanto LaVey escrevia esta carta.

[2] N.T: Lavey se refere aos ‘Little Blue Book`,uma popular coleção de livros de baixo custo muito comum nos Estados Unidos entre 1919–1978.

[3] NT: Em a Ilha do Dr. Moreau, H.G. Wells chama de “Big Thinks” o falatório sem sentido do homem-macado

Anton Szandor LaVey, The Cloven Hoof, September VI,1971


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