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O seguinte ritual de licantropia faz parte da produção cultural fruto da formação da fraternidade satânica conhecida como Fraternitas Templi Satanis e dele fez parte como uma de suas publicações oficiais, sendo sua Trigésima Quarta Ata Ritualística. Suas operações são baseadas nas práticas da Black Order of the Dragon, mas ganhou corpo próprio após experimentação pessoal. Seu uso é indicado nos momentos em que a força, fúria, vitalidade e consciência animal se fazem necessárias.
Todo ser humano é uma fera em potencial. Os desavisados podem estranha rum ritual de Licantropia sendo apresentado como um ritual satânico. Contudo, uma breve meditação mostra que nada pode ser mais esperado do que isso. O Satanismo afinal, enquanto corrente filosófica ensina que na psique humana existe um imenso reservatório de energia, potencia e criatividade que para a maioria das pessoas permanece intocado por toda sua vida. Foi Anton LaVey mesmo que bradou que “Existe uma besta no homem que deve ser exercitada, não exorcisada.”
Este abismo, representado em geral pela figura de Satã, têm na verdade muitas outras formas, sendo a animalesca uma das mais populares nas diversas mitologias ao redor do mundo. Raro o povo que não tenha uma forma-deus que seja meio animal ou dotado de características claramente bestiais. Fenriz, Set e Pã são apenas alguns para citar os mais conhecidos. Não é acaso que estes três deuses foram posteriormente identificados com o a figura do diabo.
O ritual deve ser, para maior aproveitamento, realizado ao ar livre, logo que o crepúsculo se iniciar.
Ritual
0. Que o altar seja erguido como se deve saber. *Refere-se ao erguer do Altar Satânico
1. Que se execute o Ritual do Pentagrama Invertido.
2. Que com o dedo indicador ou athame, trace um círculo no sentido anti-horário em um espaço grande o suficiente para conter uma pessoa.
3. Que de frente para o altar e para o círculo a seguinte invocação seja feita:
“Que se manifestem os demoníacos poderes das feras! Eu envoco todas as criaturas da sombra, para que uma delas adentre no circulo que tracei para recebê-las.
Que um dentre os milhares seres do abismo nigérrimo traga sua natureza bestial, e faça de mim um verdadeiro ser licantropo.
Fantasmas da Escuridão! Eu vos invoco, completem minha vontade humana com a força animal! ”
4. Quando perceber que conseguiu satisfatoriamente manifestar o poder bestial dentro do círculo, entre nele e feche os olhos por alguns segundos. E que então urre catarticamente.
5. Desfoque sua mente de sua racionalidade humana e mergulhe na sua visão astral. Sinta cada músculo fortalecer e expandir bestialmente, a pelagem crescer abundantemente em seu corpo. Sinta sua feição transforma-se na de um feroz ser noctívago. Veja seus dedos se converterem em garras e seus dentes se transformarem em presas. Sinta a consciência licantropia e realize o que tiver de realizar.
6. Quando a forma besta não lhe for mais útil entre novamente no circulo e volte novamente à forma humana. Feche o circulo no sentido horário e execute o ritual do pentagrama. A forma besta não deverá ser mantida até o nascer do sol.
Comentário de R.C Zarco
Independentemente da natureza licantropa do ritual,deve-se evitar a manutenção prolongada da “forma-deus” assumida.Como mesmo bibliografia menos agenciada a princípios dogmáticos e religiosos-estritos corrobora, faz-se mister conceber a co-existência de duas instâncias distintas na experiência Humana.Um dos livros-exemplos apto a debater acerca essa “dupla natureza Humana” com amplidão e profundidade impressionantes,arranja-se a brochura “O Sagrado e o Profano” de Mircea Eliade.
Na supracitada obra,o romeno filósofo e antropólogo-das-religiões parte de uma análise,típica sua,apta a servir-se da Teologia Comparativa para ratificar que em todas manifestações religiosas do Homem há uma delimitação clara entre as dimensões “sagrada” e “profana”.O devanecer desta fronteira quase universal da percepção religiosa da Humanidade,traduzir-se-ia numa instilação do prosaico e comezinho dentro da vivência das forças,assim até então consideradas,”sobrenaturais”,”mágicas” e “entusiasmantes” imanentes ao possível Sagrado componente do surdinar numa dada religião.Em suma,acabar-se-ia por “profanizar”,”corromper” ou “banalizar” o vivificar do Sagrado naquela religião.
Mediante a tal fator,perguntar-se-á,ceticamente,porventura:”E qual o maldito problema com esta banalização?!”A réplica a tal pergunta surpresa e ácida,trata-se:”Ocorre o rasgar do véu do tabernáculo, causando,destarte,uma decadência da aura de mistério dos procedimentos religiosos,possibilitar-se-a o tornar da magia algo fora do campo fantástico que lhe é próprio transformando o ritual numa mera liturgia dominical ou ladainha derruída de significado metamórfico.”.Sim,libérrima dos vapores fantasmais,fugazes e feéricos,o poder da Magia presente,em doses desiguais,em toda manifestação ritualístico-religiosa enfraquece,desta forma não propiciando uma palpável e satisfatória quebra da Consciência necessária à fruição transformadora,afetativa e intensa do Inconsciente ou Psicodrama Arquetípico.
Sem os copiosos e vitais devires da Inconsciência ou Teatralidade Arquetípico-Psicodramática,a Vontade assoma-se,neste caso,incapacitada de transmutar tanto as variáveis exógenas quanto os elementos endógenos do operador ou adepto duma religião(religare).Trocando em miúdos,põe-se que a geração de mutações no dado e criação de novas linhas-de-fuga existenciais recaem perto da nulidade sem as pulsões primais do ente que só vêm à tona sob certas condições de despressurização da Razão Subjetiva e Consciência.
O incansável questionador pode,a esta altura da trova,inferir ainda:”Tudo bem,parece-me que a dimensão Sagrada com tudo aquilo que possui de Inconsciência traduz-se na mais cabível de operar mágica e extaticamente,entretanto qual garantia detens de que num dissolver das fronteiras do ‘Sagrado’ e ‘Profano’ ter-se-ia uma primazia da profanidade sobre a sacralidade?”.Realmente,constrói-se pensável uma equação oposta onde se viveria quase num perene estado de Iluminação libérrimo de tudo que é “Profano” e “Cotidiano”.Porém, a hipótese de acontecimento dessa sorte de resultado é baixíssima…
Desde que somos expelidos entre sangue,urina e imundícies fisiológicas na dita Terra,sofremos um progressivo processo de normatização das ações,pensamentos e emoções segundo a moralidade duma dada época histórica.Somos,até mesmo,persuadidos que detemos um Ego substancial e monista apto a representar-nos como identidade dia após dia…Logo,tal deformação massiva,constante e genérica muito dificilmente poderá ser rompida sem um,socialmente assim julgado,”prejuízo psiquiátrico” irresilível(Exemplo: Esquizofrenia),estoicismo(Exemplo:Suportar a pobreza causada pela exclusão feita pela Sociedade gregária) e serenidade.Observando-se,mesmo de relance,os mais visíveis elementos da Coletividade dos Entes,apercebe-se de que mui menos da metade deles é dotado de tamanhas coragem,estoicismo e placidez indispensáveis para uma alteração de tamanha magnitude.O “Sagrado” compõe-se menos “forte”,”viável” e “concreto” que o “Profano”,tendo este cabeiro uma mais plausível condição de imposição continuada do que aquele…
Conclui-se,desta maneira,que uma manutenção prolongada no estado “lupino” ou “animalesco” do rito forçaria a uma perda de divisória entre o “Sagrado” e “Profano” no magista.As conseqüências menos graves e notórias,materilizar-se-iam numa perda de eficácia do ritual por sua recém-adquirida “banalidade”…
Por: Morbitvs Vividvs
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