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Sitra Achra

Porque você deveria fazer pacto com Satã

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King

Satã foi, é e sempre será o melhor amigo do Homem. Não somente porque ele criou o sexo, as drogas, o dinheiro e o capitalismo e as igrejas evangélicas – talvez por essas coisas você deveria culpá-lo, mas nunca odiá-lo – mas ele não ligue que você tire proveito dessas coisas. Nada dessa história de plantar uma árvore só para proibir você de comer dela, Satã quer que você pegue a fruta, faça uma torta com ela e a coma depois de uma noitada de sexo!

Assim, nada mais claro do que querer jogar no time dele, certo? E como fazer isso? Simples, basta fazer um pacto!

A ideia de pactos demoníacos remonta ao contexto da magia medieval onde um magista evoca o espirito de D-us e então pelo nome de D-us, evoca um espirito demoníaco para pactuar e lhe obedecer. É importantíssimo compreender esse contexto.

Mago medroso clama por D-us Rigoroso que clama pelo demônio vilão. É como o Kiko dizendo que vai chamar a mãe dele para bater em você caso não empreste seu brinquedo, ou pior, é como se fazer valer de uma super-potência para conseguir um escravo. Sério… pense nos dias de hoje que tipo de gente acha legal ter escravos.

Circulos mágicos são tão seguros quanto camisinhas – ambos podem estourar, óbvio – assim como o triângulo deveria ser o anticoncepcional mágico de cerimônias medievais. É importante ressaltar que existe uma ambiguidade que quase nenhum magista pensa ao evocar demônios por métodos tradicionais: por que motivos o diabo teria o desejo de conversaram alguém medroso o suficiente se s´ø chamá-lo depois de proteger aliança ao Cara que o amaldiçoou e então se veste com o equivalente mágico de um traje de contenção de pestilências?

LaVey foi o primeiro homem corajoso o suficiente para o próprio lorde das trevas, diretamente, cara a cara sem frescuras – “como um igual e irmão”. O satanismo e a demonologia sempre contaram com curiosos melindrosos, mesmo o Crowley seguia as ideia do tradicionalismo da Aurora Dourada para realizar seus procedimentos demoníacos. O próprio chega a escrever até sobre possíveis maldições que deveríamos lançar nos espíritos desobedientes em um de seus livros tontos.

Crowley, apesar dos thelemitas até hoje não terem estômago para assumir, foi o primeiro Satanista Moderno – ou pelo menos semeou aquilo que viria ser o Satanismo. Seu anjo era nada mais que Aiwass-Shaitan, o próprio diabo islâmico. Talvez devido a uma vida cheia de excessos e um profundo trauma dos abusos que ele sofreu em colégio cristão, a admissão de si próprio como a Besta – fator também guiado pelo tratamento de sua mãe – o levou a desenvolver uma auto identidade apocalíptica. Depois da manifestação do Livro da Lei – que curiosamente no “Confessions” ele assume a possibilidade de ter sido um fruto do seu subconsciente assim como seu anjo (o que não diminui o valor da obra nem tampouco da egregora de seu anjo, muito pelo contrário). Mas a minha frase predileta dele ainda é “Maybe I can be a Black Magician, but if I’m, I’m a great Boodly One”.

Quando LaVey tomou as rédeas e reconstruiu o cerimonialismo através de um plagio de Might is Right, assim como uma inversão escabrosa do cerimonial básico da magia, inclusive as chaves enochianas, ele construiu ali um novo mundo que depois viria a se tornar o Templo de Set, o Templo do Vampiro, a tão falsificada, e com um péssimo marketing, Ordem dos Nove Ângulos… E hoje em dia a Joy of Satan, de Diane Vera e vários outros grupos e subgrupos de satanismo, quimbanda e caos.

Mas Satã não é Crowley. Não é LaVey. Não sou Eu. Satã está além dessa perspectiva nossa apesar de, também, estar em nós.

Quando meu irmão, Morbitvs, escreveu “Tornar-se Satã”, ele pôde colocar em palavras essencialmente o que era o pacto, a magia, o Satanismo, e ego humano. Ali um pequeno vislumbre conseguiu ser aberto para que quem lesse conseguisse entender a dimensão do Satanismo na modernidade.

Mesmo que a maioria seja incapaz de ser Satanista, todos deveriam conhecer o Satanismo. Satanismo, assim como Satã, é uma força que sempre estará presente porque nasce do coração humano. Nasce do amor inflamado, da raiva, da arte, da dor. Satanismo é animalesco, emocional, puro. Paradoxalmente, ele também é estratégico, auto deificante, soberbo de sua maculação.

Muitos deuses do florescimento do paganismo foram listados como demônios quando a Igreja se tornou a maior franquia religiosa do ocidente. É certo que dentro da ótica cristã tudo que não é de Deus é do Diabo. Mas para nós, admitir em nossas fileiras, forças personificadas da mente humana, essas mesmas forças, precisam compartilhar de um propósito: precisam ser divinamente humanas. Precisam ser humanamente rancorosos. Precisam ser animalmente lascivas.

A inteligência artificial agora descoberta pelo homem, foi a milênios desenvolvida dentro do contexto judaico cristão – anjos, como bons robôs, são obedientes e programáveis. O ser humano, criado em meio a ideia artificial de bom, correto, puro acaba se corrompendo e buscando cada vez mais a perfeição ou talvez, algo próximo a ela. E é por isso que você deve fazer o pacto com Satã. Não por dinheiro, sexo ou morte de um inimigo. Isso sua magia vai te trazer, se você for competente. Mas porque Satã, aquilo que há de mais animal em você, precisa de lenha para fazer arder ainda mais a sua chama diabólica .

Precisa arder, queimar e consumir este mundo preso à hipocrisia.


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