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Pecado; a palavra descreve a ação (ou ainda melhor, o substantivo) mais abominável que existe para o cristianismo. Tudo aquilo que o cristianismo fala para as pessoas não fazerem, é pecado. Como todo sistema, o cristianismo tem regras e o rompimento dessas regras é o pecado. Dentro do cristianismo, quem vive fora das regras é um pecador, até se redimir, pedir perdão… enfim, cumprir a sua sentença.
Ainda dentro do cristianismo, quem nunca pediu perdão, quem nunca se arrependeu por viver fora da lei (por ser um pecador) vai enfrentar à pena de morte, o inferno. O primeiro erro do cristianismo está ai… as regras são feitas em relação ao que não se pode e não em relação ao que se pode fazer. “Você não deve fazer isto…” , “Você não deve fazer aquilo…”, (“Thou shalt not…”) etc.
Desse jeito as regras são impostas de um jeito prepotente e ofensivo, inibindo a liberdade de quem recebe o “código de regulamentos”.
Além disso, o que no cristianismo é pecado, na realidade são ações totalmente humanas e próprias dos humanos. Por exemplo, a inveja… é um pecado para o cristianismo, mas somos só nós, os humanos que sentimos inveja, quem nunca desejou muito alguma coisa que outra pessoa tem? TODOS NÓS! Então por que a necessidade de remover essa característica tão humana doe próprios humanos?
Outros exemplos são a raiva e o rancor… os outros animais (“outros” – leia-se “não humanos”) brigam entre si por instinto, não por raiva ou rancor; nos humanos os conflitos aparecem por rancor, diferenças pessoais, desejo de vingança, etc. Mas somos só nós, os humanos, que sentimos isso e, vendo tantos conflitos e brigas entre as pessoas no mundo atual, é visível que a raiva e o rancor são das maiores características da humanidade. Tem um sentimento mais humano do que a raiva? Tem um sentimento mais humano do que o desejo de vingança quando alguém faz algum mal contra nós? É difícil encontrar… por que então uma coisa tão propriamente humana é proibida? – É porque o cristianismo quer obter controle total sobre os humanos, e tenta chegar até isso impondo regras que inibem o que é próprio das pessoas e quem não aceita essas regras não é aceito dentro dos grupos religiosos ou é assustado com histórias terríveis sobre o inferno, etc.
Por que devemos evitar a raiva ou o desejo de vingança, por exemplo, se são sentimentos tão humanos, tão próprios de nós? Um cristão falaria: “Porque os humanos são pecadores por natureza e por isso têm esses sentimentos”
Então, por que Deus nos fez pecadores por natureza se ele quer que nos afastemos do pecado? Um cristão falaria: “Deus não nos fez assim, nós fomos que chegamos perto das coisas ruins”
Então, por que Deus nos deixou chegar perto das coisas ruins? Um cristão falaria: “Porque Deus nos deu a vida para a gente viver ela e a gente ser responsáveis por ela”
Neste ponto, muitas perguntas juntas e relacionadas nos vêm à cabeça:
Então, por que Deus também deu tantas regras sobre como viver a vida? Por que as regras são mais sobre o que NÃO devemos fazer e menos do que podemos fazer?
E além disso, na visão cristã, não é Deus um ser poderoso que sabe das coisas antes de elas acontecerem? Então como ele não soube que nós íamos chegar perto do “pecado”?
Para que ele nos deu a capacidade de pecar se ele não quer isso de nós? Só para nos enviar ao inferno?
E nos enviar ao inferno por que? Por fazer uso de todo o que nos foi dado? Por fazer uso de todas as nossas qualidades e características?
Por fazer uso do que nos diferencia dos outros animais e nos dá a identidade de “seres humanos”?
Em outras palavras: Por nos comportar como o que somos: “seres humanos”?
Tem vários tipos de pecados, mas todos, absolutamente todos, são produtos do uso de um ou mais instintos propriamente humanos, instintos que a religião quer fazer sumir, quer esquecer que fazem parte de nós. Mas nunca vai conseguir fazer sumir nem esquecer, porque são coisas que formam a essência da humanidade, são o que nos separa de outros animais, a capacidade de raciocinar e de sentir raiva, rancor, inveja, vaidade, etc. relacionado ao que nós vemos ao nosso redor. Quem não tem esses instintos e essas características, não é humano, ou é um humano já morto.
Esse é também um dos motivos pelos quais nós dizemos que a igreja cristã é falsa, é hipócrita… As qualidades e características mais tipicamente humanas, dentro da igreja são removidas dos humanos ou, pelo menos, existe a tentativa, por parte da igreja, de remover essas características, conseguindo assim alienar cada pessoa e ter controle sobre ela.
A igreja atua como se esses instintos humanos (que para eles são pecados) dentro dela não existissem, então os cristãos dentro da igreja são seres sem características “de pecado” (características humanas), mas, como é impossível para uma pessoa viver sem essas características, esses mesmos cristãos fora da igreja são completamente outra coisa. Aí é que está a hipocrisia da igreja e a indução à hipocrisia por parte da igreja para quem pertence a ela.
Nos cultos, missas, etc. esses instintos propriamente humanos simplesmente não são mostrados, são reprimidos, mas quando as pessoas saem da igreja e vivem sua vida, esses instintos voltam (pois uma pessoa não tem como viver sem eles) e as pessoas começam a se comportar como humanos de novo.
Então, o que a religião está fazendo é encorajando às pessoas a se comportarem de um jeito dentro da igreja e de um outro jeito fora dela. Sendo “boas pessoas” dentro da igreja e sendo “pecadores” fora dela (“pecadores” dentro dos padrões cristãos, mas fora desses padrões a palavra “pecadores” é na realidade um sinônimo da palavra “humanos”).
A religião prega coisas que são difíceis ou impossíveis de serem feitas pelos humanos, só para que eles sempre se sintam culpáveis por não conseguirem atuar do jeito que a igreja quer, e assim, eles vão sempre voltar para a igreja para pedir perdão por não conseguir se manter longe do “pecado”; garantindo assim o sucesso da igreja, pois ela nunca ficaria sem pessoas “precisando” dela.
Vimos então que a hipocrisia da igreja é fácil de ser provada estudando o que ela chama de “pecado”, estudando o que ela proíbe fazer.
D. Brun
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