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Sitra Achra

Origem e Desenvolvimento Histórico do Satanismo

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Inicialmente, é necessário desvincular a doutrina do que a mídia costuma apresentar. Coisas como veneração pelo demônio, sacrifícios, crimes etc. fazem parte da idéia mosaica de Satan contida na Bíblia, não do arquétipo verdadeiro, existente bem antes do cristianismo.

E que a estupidez e o grande “pecado” do Satanismo, pecado entendido como “errar o alvo”, que trata da transformação do próprio mago. As atividades relacionadas acima em nada contribuem para o praticante, a não ser para levá-lo a cadeia, ao manicômio ou ao cemitério.

Na verdade, a origem de Satan esta em Set. De Set, Satan. Set era o princípio da consciência/inteligência cósmica isolada no ser humano. Segundo o capítulo 175 do Livro dos Mortos era o mais poderoso de todos os deuses. Os sacerdotes de Set foram os astrônomos mais eruditos do Egito, bem como os construtores da Grande Pirâmide. Em qualquer época em que o arquétipo de Satan esteve presente, deram-se os grandes avanços na ciência e na filosofia – e o clero tentou combater todos eles. O fanatismo gerava crenças como a Terra ser quadrada.

Com o advento do cristianismo e o expurgo das seitas essênias, gnósticas, pagãs e cristãs rivais, os deuses locais foram transformados em mártires cristãos, para contrapô-los aos das províncias. O único que não pode ser absorvido foi o deus Pan, o tremendo celebrador da vida, por ser muito viril, namorador de ninfas, o que contrariava a doutrina daqueles padres castrados de mente e espírito. Portanto, Pan foi transformado em demônio, Satan adquiriu os chifres e cascos de bode de Pan.

Na época cristã, nunca houve uma organização satânica plenamente estabelecida. A história nos informa que tratava-se de grupos anti-sociais locais. Alguns se dizendo adoradores do demônio, com a sua própria visão estereotipada sobre o assunto, não um satanismo consolidado. Aliás, qualquer grupo que contrariasse os interesses da Igreja era, por si só, considerado satânico e imediatamente destruído. Que o digam os Templários. Quem realmente queimou na fogueira eram mulheres loucas, fazendeiros que faziam sexo com animais, crianças com marcas estranhas de nascença no corpo, pessoas denunciadas pelo seu vizinho e todos os inimigos em potencial (ou não) da Santa Sé.

Os grandes magos estavam no seio da própria Igreja. De dia rezavam para Jesus, de noite para o diabo. Provam isso inúmeros papas “negros”, dos quais o principal era Honório, o Grande, muito conhecido pelo seu grimório. A história da Igreja é muito infame, depois da perseguição e medo do diabo nos primeiros séculos, a sucessão papal dava-se pelo assassinato do pontífice anterior, entre o século VIII e XII, iniciando-se por João VIII, que teria sido a única papisa. Depois do século XII, Cruzadas e Santa Inquisição, até que a Revolução Francesa e o advento de Napoleão pôs fim a fogueira, não ao Santo Oficio, que continua como nunca, haja vista movimentos como a Kan-klux-Klan e o Nazismo, todos apoiados pelo clero católico.

O primeiro sinal de uma organização satânica foi através do Hell Fire Club no final do século passado, se não me falha a memória. Era um grupo bem seleto, buscava vários tipos de diversão e usava de um psicodrama inofensivo. Contudo, a última grande manifestação de Satan foi através de Aiwaz, com o advento do Livro da Lei, apesar de muitas pessoas negarem paranóicamente qualquer relação de thelema com o satanismo. Há ordens assumidamente satânicas no exterior, que trabalham com esse grande grimório recepcionado por Aleister Crowley.

O Satanismo estruturou-se, de fato, abertamente, em nível mundial, na década de 60, através da criação de The Church of Satan. Algum tempo depois, surgiu a primeira dissidência através de Aquino, que fundou The Temple of Set. Ambas são veementemente contra a prática de qualquer crime, bem como trabalham em termos da realização humana. A diferença é que LaVey acredita em extinção post mortem e prega a valorização do ego, enquanto Aquino vê a absorção da ilusão, representada por Apep, o dragão, como fator de transformação humana.

Há ainda uma terceira via no Satanismo que usa o Necronomicon como grimório principal, cuja origem tem duas hipóteses1:

1) Abdul El Hazred, o árabe louco do Iêmen, que teria vivido no século VII.

2) Lovecraft, que ao par de ser um excelente contista, também era um iniciado.

A grande fórmula do Necronomicon, numa tradução meio pobre, é que “Não está morto quem jaz eternamente, e ao longo de realidades estranhas até mesmo a morte pode morrer”

Nas escolas principais, o enfoque está na Sombra. Trabalham em termos de antinomia, individualidade, independência, amor próprio, refutação da velha ortodoxia e, principalmente, a refutação de tudo que é altamente pernicioso ao ser humano, ainda que sob a capa honrada da “santidade”.

A fórmula é o homem e um deus, se se reconhecer como tal. Também é seja feita a Minha Vontade, ao invés de seja feita a Vossa Vontade. Vontade, é óbvio, em nível de Self, o centro divino inerente a própria pessoa. Segundo a visão junguiana, é necessário estabelecer o eixo Ego-Self, e a melhor via é através da conscientização e trabalho responsável com a Sombra.

Na minha visão pessoal, o objetivo seria a consciência cósmica, a fonte do imenso holograma cósmico, a grande noite de Pan, o manto negro de Nuit, a luz de Satan oriunda da estrela Sirius ou Sothis (época de Set), que é o sol por detrás do sol. Satan é o grande agente da iluminação humana, visto como símbolo absoluto do mal, devido as religiões “divinas”, que pregam a negação da individualidade, a total submissão e o desprezo do sexo, quando esta energia é uma das grandes chaves da transpessoalidade.

 

Por Dark Logus


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