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Numa cerimônia é preciso criar um CLIMA propício ao objetivo desejado. Um exemplo: um rapaz vai se encontrar com uma moça. O que ele faz? Toma um banho caprichado, coloca um perfume, veste uma roupa e está pronto para a paquera? Não, após o banho ele tenta descobrir qual o perfume vai causar um efeito mais receptivo por parte da moça, qual a roupa vai deixá-lo mais sedutor, e, quando a encontrar, porá uma música suave, capaz de criar o ambiente desejado à sua conquista. Isto na verdade é uma espécie de ritual.
Num ritual ocorre o mesmo. Muito há de ser estudado antes de realizá-lo. Um mago pesquisa a vida da vítima, descobre seus gostos, preferências, atitudes, modo de pensar, o máximo que puder e busca adaptá-lo ao seu ritual. Eis um relato de Dion Fortune: “Examinemos um caso concreto de alguém que deseja servir-se de uma força belicosa. Ele teria que recorrer a uma cerimônia do planeta Marte. Drapejaria seu altar com um tecido vermelho e ele próprio usaria uma túnica escarlate. Todos os seus utensílios teriam que ser de ferro e o seu bastão de força seria uma espada nua. Sobre seu altar colocaria cinco velas, pois cinco é o número de Marte. Sobre seu peito estaria o símbolo de Marte gravado num pentágono de aço. Em sua mão estaria um anel de rubi. ele queimaria enxofre e salitre em seu turíbulo. E então, de acordo com o trabalho em vista, invocaria o aspecto angélico ou demoníaco da Quinta Sephira, Geburah, a esfera de Marte. Invocaria o nome divino de Geburah, chamando o Deus das Batalhas para ouvi-lo, ou o arquidemônio da Quinta Morada Infernal. Tendo realizado essa poderosa invocação, ele se ofereceria então a si próprio no altar como o canal para a manifestação da força.” Como se vê, há muita coisa envolvida no ritual, mas basicamente opera-se pela lei de sincronicidade. Quanto mais o mago estiver em sintonia com a vítima, melhor resultado terá.
Além do clima, é necessário criar um VÍNCULO. Alguns modos de se obter um vínculo são os seguintes:
- Criar um boneco de pano, para representar a vítima e trespassá-lo com um alfinete, adaga, espada, ou meramente queimá-lo na vela branca.
- Valer-se de imagens gráficas, como desenhos e pinturas, e destruí-las como indicado anteriormente.
- Escrever o seu nome num papiro, ou escrever uma narração vívida sobre o destino da vítima, e proceder à destruição na chama da vela.
- Usar de qualquer outro estratagema válido.
Do mesmo modo, o mago não estabelece um vínculo apenas com a sua vítima, mas com o arquétipo do deus/demônio invocado para o trabalho. Ele faz a assumpção de uma forma-demônio para se tornar o canal de operação. Para se ter ma idéia de como o vínculo ocorre, basta se lembrar que, nas regiões interioranas, o indivíduo muitas vezes assemelha-se aos próprios animais que cria, como o cavalo, o porco, o galo etc. Quem nunca viu um sujeito de aspecto cavalar?
Se o feiticeiro possui uma mecha de cabelo, unhas, roupas usadas ou objetos de uso pessoal da vítima, o elo se torna ainda mais forte, pois está usando coisas que fazem parte da vida dela, daí o perigo de deixar qualquer coisa pessoal exposta diante de desconhecidos.
De qualquer modo, os ocultistas esclarecem o seguinte: para que as vibrações negativas atinjam o seu objetivo, prejudicando a vítima, ou a influenciem a se comportar de uma determinada forma, é imprescindível que os símbolos imantados também se encontrem em sua mente – consciente ou inconsciente. Esta exigência fica clara quando nos lembramos da lei da afinidade ou da ressonância, em que os iguais se procuram, e a sabedoria contida no ditado que recomenda pôr um ladrão para pegar um ladrão.
O clima e o vínculo por si não são suficientes, falta a EMOÇÃO. Eis a explanação de Dion Fortune: “Os psicólogos experimentais sempre suspeitaram que a emoção é muito semelhante à eletricidade; eles provaram conclusivamente que os estados emocionais alteram a condutividade elétrica do corpo. O ocultista acredita que a emoção é uma força de tipo elétrico, e que no caso do homem comum ela se irradia dele para todas as direções, formando um campo magnético; mas no caso do ocultista treinado ela pode ser concentrada num feixe e direcionada. Esta é uma explicação científica. O meio de operação é o seguinte: Ele precisa criar uma atmosfera em torno da alma de sua vítima nos Planos Interiores. Ele só pode fazê-lo criando uma atmosfera em sua própria consciência enquanto pensa em sua vítima. Se deseja realizar um assassínio psíquico, ele precisa encher a sua própria alma com a fúria da destruição, até que esta transborde. Se deseja realizar um estupro psíquico, precisa encher sua alma com luxúria e crueldade. O furor gélido da crueldade é essencial às operações eficazes dessa natureza.” Este é o grande segredo do uso da emoção. Quando o mago intensifica a sua emoção ao máximo, ao ponto em que é uma necessidade de “vida ou morte” conseguir o objetivo desejado, ele abre um canal mágico que leva ao resultado. Criou um clima, criou um vínculo e deu vida ao trabalho colocando-se totalmente nele, como se fosse a coisa mais importante deste mundo, pelo uso das emoções.
Assim, toda a atividade intelectual acontece antes da realização do ritual. O mago planeja, faz a estratégia, elabora metas, realiza cálculos, fabrica apetrechos, enfim tudo é realizado antes, não durante ou depois. Durante e depois ele precisa urgentemente pôr a mente de lado, pôr em ação o processo criativo durante a realização e esquecer de tudo depois do ritual, jogando fora a ânsia de resultado.
Lord Ahriman
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