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“Vou dizer logo ‘Amém’, de medo que o diabo me corte a reza, pois aí vem ele sob a figura de um judeu.”
– O Mercador de Veneza, Willian Shakespeare, Ato III, Cena I
A Origem do Shemhamforash
Desde que Anton Szandor LaVey formalizou na Bíblia Satânica a liturgia satânica básica com as cerimônias de Compaixão, Luxúria e Destruição, seus rituais satânicos foram sempre encerrados com uma misteriosa assinatura na qual os participantes entoam a palavra Shehamforash. Entender o sentido por trás desta palavra é, portanto essencial para o Satanista que não quiser limitar-se a uma ritualística superficial, e será recompensador para aqueles que entendem que o maniqueísmo é um obstáculo para o livre-pensamento.
“Shemhamforash,” é uma corruptela de Hashem Hameforash, a transliteração para as palavras hebraicas que significam “O Nome Explícito”, mais especificamente o nome oculto do deus hebreu. O fato de LaVey usar esse nome nos rituais satânicos é intrigante. A resposta mais comum é que uma vez que este seria o nome “secreto” de Deus, citá-lo em um contexto satânico seria a maior de todas as blasfêmias. Contudo esta é uma visão bastante limitada da questão.
A verdade é que, como muito da cultura judaica, esta expressão se tornou alvo de muita confusão e suspeitas com o advento da Cristandade durante a Idade das Trevas. Já no ano de 240, São Cipriano, bispo de Cartago escreveu emblematicamente: “O diabo é o pai dos judeus”, mas foi só depois que Santo Agostinho concluiu em sua obra que os judeus carregariam eternamente a culpa pela morte de Jesus que a grande onda de diabolização começou. Durante toda a idade média quando os cristãos reinavam o povo judeu ficou conhecido como os verdadeiros praticantes das artes negras assassinos do salvador que realizavam os mais hediondos rituais. As ruas judias eram vistas com medo e apreensão e a histeria chegava ao ridículo de se acreditar que os judeus usavam kepah e chapéus para esconder seus chifres e capas para esconder seus rabos. Quem quer que admitisse ser judeu era fortemente repelido ou dependendo da época executado e quem quer que escondesse isso era acusado de se fingir cristão só para profanar a missa. Mezuzzá e Tefilins tornaram-se sinônimos de uma identidade satânica. Da mesma forma em meados de 1500, a expressão “Shemhamforash”, antes parte exclusiva da cultura judaica migrou para o imaginário cristão como uma palavra maldita usada durante as Missas Negras.
Quando Roma foi vítima de um terremoto na Sexta-Feira da Paixão no ano de 1021, os judeus foram presos e acusados de terem furado uma hóstia com um prego. De fogueia em fogueira, a lista de acusações é interminável. Até o reformador Lutero não ficou livre do medo dos judeus. Em 1543 escreveu seu próprio manifesto “Sobre os Judeus e Suas Mentiras”, onde propunha a destruição e o incêndio de todas as sinagogas que segundo o Pai da Igreja João Crisótomo eram lugares de blasfêmia, asilos do diabo e castelos de Satanás.
Como se isso não bastasse séculos mais tarde Shemhamforash foi o título de um texto cabalista sobre invocações e ataques mágicos a inimigos que foi utilizado como parte do famoso grimório intitulado “O Sexto e Sétimo livros de Moises” e cuja mera posse já era um bom motivo para ser condenado a queimar para sempre no inferno cristão. Foi provavelmente neste livro que Anton LaVey conheceu a expressão e decidiu que seria uma apropriada “palavra de poder” para o ritualismo satânico.
No grimório em questão, assim como em outros livros posteriores, Shemhamforash aparece como uma referência aos 72 nomes ocultos de IHVH. Utilizando estes 72 nomes tudo seria possível aos homens. No Sêfer HaRaziel (Livro de Raziel), supostamente o mais antigo livro de cabala, temos instruções precisas sobre o uso mágico e meditativo de cada um destes nomes. Conta à lenda que este livro foi escrito por Adam (Adão) ditado por um anjo e passado então de mão em mão por todos os patriarcas até Shlomó (Salomão) que com eles subjugou a terra, os homens e os deuses. E ainda, os 72 nomes teriam sido usados na própria criação por JHVH e que se entoados de uma certa maneira poderiam causar também a completa destruição de tudo o que existe.
Segundo Aleister Crowley esta afirmação pode ser entendida como a dos hindus, que dizem que a efetiva pronunciação do nome de Shiva irá acordar este deus e isso destruiria o universo. Em “Magick in Theory and Practice” Crowley alerta que para alguns isso pode parecer “maligno” e “opressor’, mas que não é este o caso. Diz ele: “A mente normal é como uma vela em um quarto escuro. Abrir as janelas e a luz do sol fará invisível a chama da vela.” . A vela não diminui seu brilho, tão pouco deixa de queimar, mas enfrenta agora uma realidade muito maior do que a que estava acostumada e sua luz se confunde com a luz do sol. Semelhantemente Shemhamforash daria aos homens a Visão de Pã e a pequenez anterior já não teria mais nenhum sentido.
Para alguns estes nomes seriam os nomes de 72 anjos a serviço de Deus, outros ainda podem supor também que haja uma relação com os 72 demônios goéticos. Mas nenhuma destas duas abordagens poderiam satisfazer um cético como LaVey. Por isso, talvez a perspectiva mais adequada e proveitosa seja a de encarar cada um dos nomes como sendo apenas 72 perfectivas, ou ainda 72 ângulos de uma mesma essência. Se fizermos isso não haverá mais diferenças entre Hostes Angélicas e Hordas Infernais, uma vez que todas estariam submetidas ao mesmo “Nome Explícito”. Curiosamente 72 tem o mesmo valor numérico que 666, ambos somam 9, o número satãnico por excelência, o número do ego.
Agora, por mais racionalista que LaVey tenha sido, é inegável que ele foi um grande conhecedor da Qaballa e assim como fez com as chaves enoquianas tinha uma abordagem bem própria do significado oculto do Torah. Os 72 nomes invocados com Shemhamforash são retirados alguns versículos do Sêfer Shemot, (Livro de Êxodo 14:19-21). Cada um dos 3 versículos contém exatamente 72 letras e eles são a base para a construção dos 72 nomes, cada um deles com 3 letras. O primeiro nome é formado pela primeira letra do primeiro versículo, a última letra do segundo e a primeira do terceiro. Este padrão, frente-trás-frente é seguido até a formação das 72 tríades.
Os três versos são:
“E moveu-se o anjo de Elohim, o que andava diante do acampamento de Israel, e foi para atrás deles; e moveu-se a coluna de nuvem defronte deles. E pôs-se atrás deles.
E pôs-se entre o acampamento dos egípcios e o acampamento de Israel; e foi para estes nuvem como escuridão e para aqueles iluminava a noite; e não se aproximaram um do outro toda a noite
E estendeu Mosheh sua mão sobre o mar e levou IHVH o mar com um forte vento oriental, toda a noite e fez o mar terra seca e foram divididas as águas.”
Em Hebraico:
Os 72 nomes:
Significado do Shemhamforash
Um breve estudo destes versículos feito sem os pressupostos de bondade e salvação geralmente usados para ler as escrituras, pode ser bastante esclarecedor. Voltemos então ao Sefer Shemot 14:19-21
“E moveu-se o anjo de Elohim, o que andava diante do acampamento de Israel, e foi para atrás deles; e moveu-se a coluna de nuvem defronte deles. E pôs-se atrás deles.”
Uma mudança drástica de posicionamento. Uma grande inversão acontece. O Anjo de Deus e a coluna que estavam à frente colocam-se agora na retaguarda. Seres humanos marcham na frente e o próprio símbolo de deus se põe atrás. Bastante claro e objetivo.
“E pôs-se entre o acampamento dos egípcios e o acampamento de Israel; e foi para estes nuvem como escuridão e para aqueles iluminava a noite; e não se aproximaram um do outro toda a noite.”
Enquanto os egípcios enxergavam escuridão e trevas os hebreus conseguiam ver iluminação. Uma mesma fonte é portanto luz para uns e escuridão para outros. Nada mais precisa ser dito aqui.
“E estendeu Mosheh sua mão sobre o mar e levou IHVH o mar com um forte vento oriental, toda a noite e fez o mar terra seca e foram divididas as águas.”
No terceiro e último versículo lemos que IHVH fez do mar terra seca após um sinal de Mosheh. O último ato de liberdade, foi cumprido por IHVH e iniciado por um ser humano.
Dividir o mar é até hoje entendido como um sinal de libertação de quem era escravo no Egito. Shemhamforash então lembra quem o entoa de que ele não é escravo, mas um homem livre. É interessante notar que IHVH não abriu sozinho o mar, mas antes, ordenou que Mosheh participasse do milagre. Pouco antes destes versículos lemos em 14:15 que quando invocado na frente ao Mar Vermelho IHVH retruca para Mosheh:
“Que clamas a Mim? Fala aos filhos de Israel que marchem.”
O Deus de Israel condena as reclamações lamuriosas do povo e exige esforço e trabalho humano para que resultados sejam atingidos. Quão diferente não é isso do judaísmo Pós Paulo de Tarso. Como deus supremo IHVH não teria problemas em transportar automaticamente todo o povo do Egito para o Monte Sinai e não teria problemas em fazer os Egípcios se perderem ou mesmo morrerem sem ter que sair do Egito. Mas não é desta forma que a nos conta a Torah. Ao invés disso ele diz a Mosheh em 14:16:
”Levanta tua vara e estende a tua mão sobre o mar e fende-o.”. Deus ordena que o próprio Mosheh fenda o mar.
Necropsia da Moral Talmúdica
Portanto vemos sem dificuldades que os versículos invocados em Shemhamforash são bastante esclarecedores. A visão igrejeira do deus monoteísta é claramente negada e podemos começar a traçar uma fina costura entre o Satanismo de hoje e os Hebreus ancestrais. Não é segredo que LaVey era ele mesmo descendente de judeus e um entusiasta do moderno estado de Israel. E em alguns capítulos de seu último livro “Satan Speaks!” ele explica que o judaísmo foi, querendo ou não, muitíssimo influenciado pelo cristianismo mas segundo suas próprias palavras:
“Não há mais uma tendência de permanecer “bom”. Isso era para aqueles velhos e humildes judeus do Talmud. Que nunca tiveram a intenção de fazer barulho e desesperadamente tentaram ser aceitos em uma comunidade não-judia”
Este tempo acabou, não é mais preciso prender-se a metafísica e moralidade da cristandade. Alguns poucos já reconhecem novamente que o Deus e o Diabo da mitologia hebraica são uma só e mesma coisa em todos os sentidos que e transparece como um deus tribal, que tem como reino a Terra, e cuja aliança contém promessas e castigos terrenos.
Curiosamente, quando Mosheh (Moisés) pergunta diante da sarça ardente o nome de Deus, este dá a imortal resposta as traduzida como “Eu sou o que sou”, no sentido de que “Eu crio o meu ser.” é o Próprio nome IHVH compõem os verbos ‘foi’ (HIH), ‘é’ (HVH) e ‘será’ (IHIH). Não exige, portanto nenhum esforço relacionar isso tudo com a palavra Xeper (“Kheffer”), que como ensina o Templo de Set, é a palavra da Era de Set, ou da Nova Era Satânica. Xeper, significa “Eu Tenho Vindo a Ser” ou ainda “Eu Tenho Criado a Mim Mesmo”, refletindo o Self e a natureza veneradora da consciência que caracteriza nossa religião.
Na Doutrina Secreta, Blavatsky nos lembra que segundo a interpretação correta do capítulo IV do Sepher Bereshit (Livro de Gênesis) Caim é idêntico a IHVH e que conforme os ensinamentos rabínicos “Caim é filho de Eva e Samael, o demônio que tomou o lugar de Adão. Vê-se então claramente uma profunda relação de identidade entre Satã, Jehovah e a espécie humana ou (Jah-Hova, Macho e Fêmea). Talvez por isso em toda Torah o Eterno mostre um comportamento extremamente humano, cultivando ciúmes (e não precisaria ser ciumento se não houvessem outros deuses), amando, odiando, se vingando, se arrependendo, fazendo amizades, mentindo, e até mesmo tentando ao erro como fez a Serpente do Éden. Serpente que aliás esta largamente identificada com Jeová e o povo judeu até a funesta reforma religiosa iniciada por Ezequias e completada por Josías.
É bem distinta a realidade judaica antes e depois da época dos Reis. E o processo que começou com a crise da monarquia seguiu com o extermínio de Israel, o surgimento do cristianismo e por fim a completa inversão de valores descrita por Nietzsche. Numa referência ao Shemhamforash é como se os próprios judeus voltassem para trás da coluna de nuvens e retornassem correndo para a escravidão nas mãos do faraó.
Em, “O Anticristo” Nietzsche explica que primitivamente, sobretudo na época dos Reis, Israel encontrava-se perante tudo em relação justa, ou seja natural. O seu IHVH era a expressão do sentimento de poder, do prazer e da esperança em si mesmos: dele se esperavam a vitória e a salvação, com ele se confiava na natureza e em que ela daria o que é necessário ao povo – principalmente a chuva. IHVH é o deus de Israel e, por conseguinte, o deus da justiça:lógica de todo povo que possui o pode e a consciência tranqüila. É no culto solene que se manifestam estes dois aspectos da afirmação própria de um povo: mostra-se agradecido pelos grandes destinos que o elevaram a dominação, sente gratidão a regularidade do ciclo das estações e por qualquer êxito na criação dos animais e na agricultura.
Mas com a morte de Shlomó a luta de poder entre as tribos determinou a divisão da monarquia em dois reinos, Judá ao Sul e Israel ao Norte. Este cenário conturbado assistiu uma profunda decadência religiosa. Ezequias e Josías marcaram definitivamente o fim da era dos reis e guerras e iniciou um período de profetas e profecias. Eles promoveram a “purificação” do Templo, retirando de lá os objetos referentes a deuses menores como Baal e Dagon deixados pelos reis e sacerdotes predecessores. Não só isso como também, novamente segundo Blavatsky todos os símbolos que representavam o Deus Grande ou Supremo de todas as nações passaram a receber o estigma demoníaco.
O antigo Deus estava enfraquecido e nada mais podia fazer e os profetas trataram de modificar a noção de IHVH. A destruição de Israel em 721 foi o auge da atividade profética, que viam no extermínio do Templo, castigo de um deus ofendido. Voltando a Nietzsche “Com desprezo ímpar por toda a tradição, afrontando toda a realidade histórica, transcreveram em sentido religioso o seu próprio passado nacional, isto é, fizeram dele um estúpido mecanismo de salvação: a ofensa contra IHVH merece punição; o amor a IHVH merece recompensa.”. Enfraquecidos pela divisão política e religiosa não demorou para os estados hebreus serem atacado pela Assíria e depois disso dominado sucessivamente até a esperada Era Messiânica, quando então seriam livres por um Rei casa e da família de Davi.
Por um Judaísmo Satânico
O judeu do futuro deverá abandonar o papel de sofredor. Tendo passado por uma infinidade de perseguições pelo fogo da inquisição e pelo sufoco do holocausto a comunidade judaica começa a entender que a Era Messiânica não vai chegar. Pelo menos não da maneira como eles esperavam. Dois mil anos profecias, sonhos, lamurias e orações durante a diáspora não adiantaram em nada para fazer os judeus retornarem a Terra Santa.
Da mesma forma que Mosheh teve que fender ele mesmo o mar para ser livre, Israel só ressurgiu como nação quando algumas pessoas tiveram a determinação de agir, marchar e combater para atingir seus objetivos. Quando relembraram as palavras do Torah: “Que clamas a Mim? Fala aos filhos de Israel que marchem.”
Essa é a única Era Messiânica que se pode esperar, é a Nova Era Satânica que vem para livrar os judeus de toda essa carga de escravidão moral e metafísica com o qual se acorrentou nos últimos milênios. É no mínimo interessante constatar que foi justamente em 1966, o ano de formação da Igreja de Satã e promulgação da “Nova Era Satânica” que tivemos a primeira resposta militar contra o terrorismo árabe que levaria Israel a guerrear e se fortalecer contra seus vizinhos na famosa Guerra dos Seis Dias.
Isso tudo abre largas margens para que os judeus se integrem ao Satanismo, não tanto como uma nova forma de judaísmo, mas com um resgate da antiga forma de ser judeu. As mitsvót deixam a antiga e errônea tradução de ‘mandamentos’ para retomar o sentido original da palavra; ‘conexões’. O homem então se reconhece como o seu próprio Redentor e a unidade com IHVH é retomada. E mais do que isso, todo e qualquer evento humano que traga a liberdade passa a possuir um significado messiânico.
Isso é claro não é para todos. É esperado que por muito tempo a maior parte do povo judeu permaneça vivendo de lendas e tentando parecer ‘bom’. O Sentido original da palavra Messias (Mashiach) é referente a aquele que recebe unção material como sinal e expressão de uma tarefa especial. Não é uma identificação para as massas mas sim um título para Reis e Sacerdotes capazes de entoar com propriedade o Shemhamforash. Palavras esta que contam as lendas semitas estavam inscritas no cajado de Mosheh. O mesmo cajado que mais tarde se transformou em Serpente na frente ao Faraó.
Se Satanismo pode ser definido como a releitura de antigos estigmas, então certamente os judeus têm muito o que reler. Por exemplo, o Sabbath, dia de sagrado dos hebreus foi depois do Livro “Malleus maleficarum”, do século XV, transformado no imaginário popular numa verdadeira reunião de demônios e bruxas, com direito a danças obscenas, caldeirões, blasfêmias e deliciosas criancinhas não batizadas para o jantar. O Sabbath descrito no Malleus incluía é claro o obsceno beijo ritual do traseiro do Diabo. Oras, mas se o Diabo é um reflexo inverso de IHVH, beijar seu traseiro é também beijar a face de Deus.
Essa nova postura já transparece no moderno símbolo de judaísmo, a Estrela de Davi. Note que este símbolo gráfico não era usado nem pelos hebreus da época talmúdica nem pelos hebreus da diáspora, mas foi somente adotado oficialmente no começo do século XX quando foi proposto pelos Primeiro Congresso Sionistas, em Bruxelas. E o que é esta estrela hexagonal senão a estrela de uma nova manhã? O hexagrama cósmico é formada por dois triângulos superpostos e entrelaçados indicando a união do divino e do humano, do sagrado e do profano e os dois abismos que refletem um ao outro. Um novo sinal para uma nova era.
O Assunto é extenso e daria para se escrever vários livros resgatando a união entre IHVH, Satã e os judeus. Hoje, o satanismo retoma Diabo como o ser das trevas que se faz anjo de luz, e Deus como um ser da luz que se oculta nas trevas. Um Deus que trabalha sob muitas formas, que queima como sarça ardente e colunas de fogo, que luta fisicamente com Jacó e que fala e age por meio de enviados angelicais incluindo é claro um anjo belíssimo que não precisamos sequer citar o nome aqui.
Assim, não parece mais insana a afirmação de LaVey em Satan Speaks!, de que os Satanistas tenham afinidades tanto com certos elementos do Judaísmo como com alguns aspectos do Nazismo. As antigas lendas devem ser reconhecidas como lendas e o passado reconhecido como passado. A narrativa ancestral não precisa ser abandonada, ela simplesmente troca de pele como um ofídio, deixa de ser fé cega em absurdos e renasce no Satanismo como mitologia, simbologia, história e cultura de um povo, que abandonou o deserto niilista e fincou profundamente os pés no chão da Terra Prometida. Já o judaísmo sempre foi uma religião que soube se refazer e se transformar durante as mudanças dos séculos. Está na hora de se transformar outra vez.
Morbitvs Vividvs é autor de Lex Satanicus: O Manual do Satanista e outros livros sobre satanismo.
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