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Magia ‘k’ Luciferiana

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por Lilith Ashtart

“Deixa que eu, junto a Ti sob a Árvore da Ciência, Repouse, na hora em que, sobre a fronde, hás de ver seus ramos como um Templo novo se estender!”
 Charles Boundelaire

O Luciferianismo possui uma ampla diversidade de rituais, sendo que cada denominação possui características próprias no modo de trabalhar sua parte ritualística. Devido às diferentes e numerosas influências as quais o Luciferianismo foi submetido, como pôde ser visto anteriormente, arriscaria dizer que a Magia(k) Luciferiana é uma das mais ricas que podemos encontrar dentro do Left Hand Path. Este capítulo será dedicado ao estudo da ritualística do Luciferianismo Deísta, e algumas vezes será comentada também a visão Satânica     sobre  o assunto, para mostrasua diferença.

A Magia(k) Luciferiana é essencialmente magia(k) interna, embora também seja utilizada a magia(k) externa em suas duas variações, a Hermética e a Cerimonial. O ritual hermético é aquele que é realizado solitariamente pelo praticante, enquanto que o ritual cerimonial é realizado em grupo, dentro de um Templo ou em um local dedicado às cerimônias. É um ritual mais complexo para ser realizado, pois envolve a utilização de armas mágicas, vestimentas e demais itens determinados em uma cerimônia já formulada para um certo fim, e que deve ser executada geralmente em dias, horários ou períodos determinados. Além disso, é necessário que o praticante esteja em contato com algum Templo ou grupo Luciferiano/Satânico para realizá-lo, pois é necessário mais de um indivíduo para sua execução.

O porque da ênfase na magia(k) interna vai ser mais facilmente entendido depois da explicação da diferença entre magia(k) externa e interna. A magia(k) interna é aquela que como o próprio nome diz, envolve mudanças no indivíduo, não apenas em seu estado de consciência, através da utilização de certas “técnicas” mágicas, mas principalmente no indivíduo como um todo. Ora, sendo o Luciferianismo uma filosofia que gira em torno do desenvolvimento do indivíduo até que este alcance a perfeição, nada mais lógico que o tipo de magia(k) preferencialmente utilizada seja a que envolva mudanças no próprio indivíduo. Afinal, quem não consegue mudar a si mesmo, menos ainda conseguirá mudar eventos a seu favor. Isto deve ser um pensamento constante na vida de um Luciferiano.

A magia(k) externa é aquela que envolve mudanças externas de acordo com a vontade do magista. A magia(k) externa tende a causar extremo fascínio nos praticantes, porém temos que lembrar que ela está subordinada à magia(k) interna, podendo apenas ser bem executada quando o praticante já possuir algum conhecimento e controle sobre si mesmo e assim, sobre o “mundo” que o cerca. A seguir comentarei algumas idéias polêmicas que giram em torno de um ritual satânico segundo a crença popular, além de passagens, simbologias e instrumentos utilizados.

Sobre a utilização da Magia Negra

 É costume observarmos em livros a divisão da magia em branca e negra. O referencial utilizado para esta classificação é o fim ao qual é destinada a utilização desta magia. A ideia divulgada amplamente é a de que a magia branca é aquela utilizada para fazer o bem, ou seja, possui um fim nobre. A magia negra, ao contrário, seria sempre utilizada para fins escusos. A utilização de forças demoníacas está sempre presente, e muitas vezes um pacto é necessário para que os desejos do magista sejam realizados.

Não há conceito mais equivocado do que o exposto acima. Para discuti-lo se faz necessário que primeiramente saibamos o que é magia.

“Magia é todo ato de vontade capaz de causar mudanças”. Partindo deste postulado enunciado por Crowley, não são necessários sempre rituais complexos para se realizar magia. Muitas vezes praticamos um ato mágico sem nos darmos conta disso, no nosso dia-a-dia. Os rituais seriam apenas um ponto de apoio, que criaria um ambiente adequado para a afirmação desta vontade. Os elementos utilizados em um ritual, sua preparação e execução mexem com nosso subconsciente e aumenta as chances de se obter sucesso na prática. É aí que está sua importância. Podemos concluir então que todos somos magistas naturais. Esta nossa capacidade natural, porém, pode ser bloqueada pelos hábitos e ideias que absorvemos e que interferem na realização de nossa vontade. São como vírus que se inserem em nosso ser e se propagam de forma rápida, nos destruindo.

Novamente citando Crowley (e como poderíamos deixar de citá-lo), poderíamos utilizar uma definição mais correta para magia negra como sendo aquela que não é destinada ao alcance do conhecimento e conversação com o santo anjo Guardião. Em outras palavras, qualquer magia que não seja destinada ao alcance do Eu superior, à evolução do indivíduo e consequente conhecimento de si mesmo, é magia negra. Não importa se a intenção poderia ser julgada como boa ou ruim (i.e: curar uma pessoa ou destruí-la), ambas estariam interferindo em acontecimentos exteriores ao indivíduo, ambas não estariam servindo ao mais nobre dos ideais, que é a busca pela excelência, sabedoria e perfeição.

Neste contexto, o Luciferiano não é hipócrita para negar que se utiliza tanto da magia branca quanto da negra (n.a: particularmente acho que estes termos não deveriam ser utilizados já que a magia é uma, apenas o que muda é nosso propósito. Porém, para facilitar a compreensão do leitor a respeito do tópico abordado, continuarei no decorrer do livro utilizando estas classificações). Ele coloca a “branca” como seu grande ideal a ser perseguido, mas utiliza-se da “negra” para satisfazer a seus desejos e necessidades, utiliza-a para suas experiências e aprendizagem.

Como todos os opostos, ambas são necessárias para o indivíduo em seu caminho, e não se deve criar nenhuma barreira em relação a seu uso, principalmente barreiras criadas devido ao preconceito e falta de informação, que andam de mãos dadas.


Lilith Ashtart é psicóloga, taróloga, escritora, pesquisadora e praticante de ocultismo e LHP. Editora da publicação aperiódica Nox Arcana. Autora do livro Lux Aeterna


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