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Por Anton LaVey, Devil’s Notebook, tradução por Ícaro Aron Soares.
Santidade, martírio – que desperdício de precioso masoquismo que poderia ser direcionado para a paixão mais profana. O amor não pode existir sem uma relação mestre/escravo. Mas quem, tendo conhecido cada papel, não acharia a escravidão mais desejável – ou melhor, o único papel que pode ser sentido.
No amor, até mesmo o mestre é constantemente monitorado pelos artifícios necessários para sustentar a adoração servil. Muito melhor experimentar a angústia total. Não exige esforço, não exige critérios, não impõe limites.
Para ser amado, os sentimentos devem ser racionados. Para amar, as portas da histeria, fantasia, loucura podem ser escancaradas.
Escolha um ídolo, rasteje bem e sofra em êxtase. Então você, por sua vez, será quatro vezes idolatrado pelos outros. Apenas certifique-se de que seu objeto de amor não seja escolhido de forma muito racional, pois compulsão e racionalidade raramente coexistem. É mais fácil amar um tirano, um imbecil, uma anomalia, do que a perfeição, pois o masoquismo do amor exige uma degradação que não pode ser obtida por meio de fontes excelentes.
Os puros são admirados, mas nunca desejados para outra coisa senão como sabão para a alma. É o imperfeito que compele e faz de bobo, e na tolice está o retorno à infância.
Um pouco de adolescência vale uma tonelada de profundidade grisalha. É por isso que o amor jovem, sendo o mais irracional, é o que mais consome.
À medida que envelhecemos, não amamos mais forte, apenas mais coletivamente. Em essência, não é mais “Reconheça-me, meu amor”, mas “Lembrem-se de mim, meus amores”. A visão transformada em devaneio infelizmente sofre na tradução. Pode não haver tolo como um velho tolo, mas ser um jovem tolo é mais divertido, pois a tolice é fresca e revigorante, não importa o quão cheia de desespero.
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