Este texto foi lambido por 369 almas esse mês
O primeiro livro que li ligado ao Satanismo foi “A Bruxa Satânica” escrito na década de 70 por Anton Szandor LaVey, publicado no Brasil pela Editora Madras. Na introdução que Zeena LaVey (a filha do autor) fez ao livro na edição de 1989, ela já traz uma definição bem apropriada para o termo: “(…) entendi o que significa ser uma bruxa satânica, uma mulher que faz uso total da sua astúcia feminina”
O livro pode parecer chocante aos olhos de muitos, tanto na época de sua publicação, nos anos 70, quando era o auge do movimento feminista, na busca exagerada para se tornar igual ao homem, até os dias de hoje onde supostamente os ânimos femininos acalmaram-se em face de tantas reivindicações atendidas. Já ouvi comentários sobre o livro do tipo: “LaVey trata as mulheres como se todas fossem prostitutas”, ou ainda: “A mulher pode muito bem viver sem precisar de homem algum”. O próprio LaVey ainda no prólogo adverte que ao lê-lo alguns acharam que não passa de um “tratado sobre como capturar um homem”. Mas vai muito além disso, ele vem ensinar a mulher a ser feminina, e não apenas feminista. E usar seus atributos naturais para obter o que deseja.
A diferença entre a bruxa satânica e a bruxa boazinha (ou branca, ou wiccana, usem o termo que preferirem), é que a primeira não hesita em usar todas as armas que tem para atingir suas metas. Ou seja, ela quer Ter o controle de sua própria vida, e não viver à mercê da vontade alheia, seja dos pais, marido, namorado, ou, até mesmo de um deus ou deuses (se você for pagão) que podam os prazeres da vida e a obriga a viver em função do outro, deixando a sua felicidade de lado.
Crowley já dizia que não existe deus além do homem, e o Satanismo moderno reforça isso propondo que não adoramos um deus exteriorizado mas a nós mesmo que somos deuses. Cada um é o seu próprio deus. A bruxa satânica aceita esses princípios e os põe em prática ao usar os recursos adicionais que em por ser mulher. Ela lança mão de todo seu charme, beleza e poder de sedução, para obter sucesso pessoal, seja através da manipulação sutil dos outros ou de um ritual voltado a atingir seu objetivo. E essa é uma das características que mais aprecio, pois não trata sua feminilidade com hipocrisia. Sexo para ela não é sujo, como freqüentemente vemos ainda hoje em pleno século XXI na sociedade. Além disso, ela é uma verdadeira magista, uma vez que, a magia é arte de provocar mudanças de acordo com a vontade (Crowley), ela faz tudo para concretizar essa vontade. Encaro a bruxa satânica como uma mulher verdadeiramente guerreira, uma estrategista brilhante, capaz de vencer qualquer guerra e fazer inveja ao próprio Sun Tzu.
Mulheres Satânicas e Bruxas Modernas
Muitos mitos e pouca informação vêm se criando em cima do que realmente seja uma bruxa satânica. Muitos acreditam que o fato de uma mulher ser satanista faz dela uma prostituta, uma mulher cruel, somente interessada em sexo, somente interessada em conquistar os homens, ou uma mulher mal amada querendo ser diferente das demais, além de no meio ocultista, muitas vezes escutarmos que somos criaturas que nada entendem sobre magia ou pouco instruída. Tudo isso é a coisa mais equivocada que eu já pude ouvir, ler e ver em minha vida.
Então o que seria afinal uma Bruxa Satânica? A Bruxa Satânica é uma mulher livre e por isso seja tão complicado de se falar sobre ela, cada mulher é uma bruxa diferente, cada mulher é uma estrela brilhando em sua própria órbita, mas temos sempre algumas pequenas coisas em comum que pode estar sendo ditas neste texto.
Uma mulher livre é aquela que não se importa com a sociedade, com o que as pessoas vão pensar, não se importa de fazer o que realmente tem vontade, ama dar e receber prazer. A mulher livre não se prende a conceitos, a moral e muito menos ao que venha dizer seus vizinhos sobre sua postura diante do mundo. Ela é segura de seus atos e pensamentos, após avaliar-se ela é capaz de saber tudo o que gosta e o que não gosta e somente ela é capaz disso. Com isso faz sempre o que é bom para ela, mesmo que isso não seja bom aos olhos das pessoas, que sinceramente, não nos importamos nem um pouco.
A Bruxa Satânica é a mulher que realmente pensa por si mesma, ela é verdadeiramente inteligente, aquela que sabe quais são suas metas e para alcançar o que ela deseja não mede esforços. Ela é a estrategista, aquela que usa de seu conhecimento e intuição para conseguir chegar em determinado objetivo, além de usar, é claro, de suas armas sexuais e apelos femininos.
O sexo para elas não é algo sujo e atormentador, como normalmente é visto pelas outras mulheres da sociedade, a Bruxa Satânica não vê mal algum no sexo, muito pelo contrário, ela se ama e sempre procura dar-lhe todo o amor e prazer do mundo. Estamos muito ligadas ao arquétipo de Lilith de uma certa forma, estamos sempre procurando melhorar nossa imagem física, sempre preocupadas com nossa estética, individualidade, liberdade e em nos darmos prazer e isso não está ligado somente ao poder de conquista ao sexo oposto (ou não), mas porque nos sentimos bem desta forma, tudo o que uma Bruxa Satânica vem a fazer, sempre será no intuito de se sentir cada vez melhor com ela mesma.
Temos plena consciência que quanto mais nos amarmos mais amor poderemos doar aos nossos. A mulher satânica não está somente limitada ao seu aspecto sedutor e conquistador, nós também somos mães, esposas, fazemos todas as coisas que qualquer mulher venha fazer e é justamente aqui que quebramos todos os mitos deturpados que criaram diante do que seria uma satanista.
Sim, nós somos seres “comuns”, nós amamos, nós criamos filhos, nós temos marido, família, trabalho e lar e os protegemos com toda a força que temos, lutamos pêlos nossos com garra, pois eles são o reflexo de nossa beleza e amor próprio. O que nos diferencia das mulheres comuns é que não estamos mais sob o julgo da moral e da igreja, e, equilibramos perfeitamente nossos arquétipos de Lilith e Eva.
Não precisamos fazer sexo com o demônio para tornarmo-nos bruxas satânicas, não matamos criancinhas e muito menos praticamos qualquer tipo de sacrifício ritual, basta somente nos livrarmos dos conceitos de servidão que com tanto carinho fizeram nos acreditar ser o certo. Nós temos plena consciência de que não estamos aqui para servir, mas que estamos aqui para fazer nossa vontade e ainda, conquistarmos nossa alegria e felicidade.
Para nós os homens – que realmente merecem – não caminham à nossa frente ou atrás de nós, caminham ao nosso lado. Outra confusão que se faz perante o que seja uma bruxa satânica é compará-la com as feministas. Nós não somos feministas e muito menos machistas, somente aprendemos a valorizar o feminino em nós, estamos cientes de nossa importância e valor, e, lutamos para que a mulher seja vista e valorizada em todo o seu esplendor. Durante séculos criaram uma imagem errada da mulher, fomos vistas como escravas, rainhas do lar, inferior, irracional, etc e nós estamos aqui para mostrar que não, que temos nosso valor e que não aceitamos mais sermos rebaixadas e pisoteadas como vem acontecendo há milhares de anos.
De uma forma simples e resumida uma Bruxa Satânica é aquela que une o sagrado e o profano para conquistar o que for que seja, aquela que cultiva diariamente o amor próprio, aquela sempre pronta a tornar a sua vida em algo prazeroso e digno dela. Ela é aquela que não põe ninguém acima dela, que não faz nada que não seja de sua vontade. É a guerreira, a mãe, a feiticeira, a mulher fatal e pensante. A Bruxa Satânica não é simplesmente uma mulher ou bruxa, ela é deusa. Sinta se assim, Hail.
Por: Magistra
Alimente sua alma com mais:
Conheça as vantagens de se juntar à Morte Súbita inc.