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Você nunca vai ver um satanista gritando na rua com a Bíblia Satânica na mão. Você também nunca vai ver satanistas alimentando os pobres na tentativa de convencê-los a virar satanistas também. E especialmente você nunca vai ser incomodado no sábado de manhã por satanistas bem vestidos querendo pregar uma boa palavra. Só isso já deveria bastar para qualquer pessoa de bom senso simpatizar com os satanistas enquanto movimento religioso pois nós nunca perderemos nosso tempo tentado convencer galináceos a voarem como águias.
De fato, não estamos preocupados em convencer ninguém, nem em fazer nada senão nós mesmos crescer. A principal diferença a ser entendida é que enquanto as religiões da mão direita, dependem de um crescente número de adeptos para manter sua “massa de manobra” e poder político o satanismo não se interessa por qualquer um. Anton LaVey fundador da Church of Satan sabia disso e não é por acidente que o primeiro item que ele propõe em suas 11 regras satânicas da terra seja: “Nunca dê opiniões e conselhos, a menos que seja perguntado.”
Mas resta a pergunta: Se não existe pregação nem proselitismo, então não há nenhum movimento de expansão e esclarecimento satânicos? Muito pelo contrário, o próprio LaVey sempre abusou do poder da mídia e frequentemente aparecia na televisão, das rádios dando diversas entrevistas durante a vida. Mas ler um livro ou ouvir uma música satânica é bem diferente de ser importunado por pessoas que querem converter você a todo custo. Se você por exemplo assiste uma palestra do Rev. Obito, lê o meu “Manual do Satanista” ou escuta um “Rex Infernus” você já saiu da sua própria zona de conforto e pediu para ouvir a voz do abismo. Trata-se de um consentimento silencioso para deixar o satanismo falar. Uma primeira assinatura não-verbal no contrato faustiano.
De minha experiência sei bem como o satanismo cresce. E não adianta panfletar nas ruas nem clamar atenção com megafones. O caminho da mão esquerda cresce quando um satanista que já domina os fundamentos desta ideologia aprende a sair da teoria e vive na prática a Lei dos Fortes. Quando ele faz isso começa a se realizar em vários setores da vida. É como se brilhasse. E então as pessoas mais próximas, talvez seu melhor amigo, seu irmão ou sua namorada perguntam. Mas de onde vem este brilho? A melhor maneira de promover o satanismo é ser um exemplo encarnado deste modo de vida, pois resultados práticos de alguém bem sucedido falam muito mais alto que qualquer apologética.
Só então, depois de viver de fato o caminho de Satã ele pode abrir espaço para outros e por meio de expressões artísticas, filosóficas ou mesmo mágickas mostrar a religião dos fortes aos demais e uivando para o alto atrair a atenção de outros lobos solitários. Destes uns poucos vão entender de fato o conceito e então o ciclo se repete. E assim, avançando indiferente e lentamente como um Panzer, o satanismo passa de pessoa para pessoa.
O satanismo dispensa qualquer divulgação maior porque é simplesmente impossível transformar um não-satanista em um satanista, ou vice versa. Por isso muitos dizem que se nasce nesta condição. Por melhor que seja nossa argumentação, por mais belos e fortes que sejam nossos exemplos ainda sim é impossível “converter” alguém. Como se diz nas casas de ópio, é impossível salvar um peixe da água.
Por isso minha sugestão é que a melhor forma de Ativismo Satânico é em primeiro lugar descobrir o que você gosta de fazer na vida e então se tornar o melhor nisso. Viver o satanismo e assim chamar a atenção dos poucos que o merecem. Dediquem-se a sair da mesmice, realizar seus objetivos, melhorar seus padrões, superar seus limites e tornar suas próprias vidas um lugar melhor e mais agradável de se viver. O melhor que você pode fazer para o movimento satânico é fazer o máximo por si mesmo.
Só depois disso que entra a parte da expressão satânica enquanto movimento cultural. Porque não há sentido proclamar a Lei da Selva antes de ter vivido no meio do mato. Se esse estágio foi superado então o Ativismo Satânico se tornará algo natural, e a forma como ele se manifestará dependerá dos talentos entesourados por cada satanista. Já vi diversos exemplos disso e posso citar alguns:
- Produção de materiais filosóficos que aprofundem a ideologia
- Criação de poesia e literatura com temáticas satânicas
- Criação de artes plásticas com temáticas luciferiana
- Pesquisas científicas voltada ao hedonismo e a iconoclastia
- Produção de fanzines, revistas e entrevistas sobre o tema
- Gravação de filmes com temáticas do caminho da mão esquerda
- Formação de bandas com melodia e letras sinistras
- Experimentação e publicação de novas técnicas de Magia Satânica
- Militância política no sentido de promover ideais satânicos
Enfim, existem tantas maneiras de ativismo satânico quando existem satanistas. Os modos de dar o “Mal Exemplo” não têm fim. O satanista simplesmente chama a atenção para o seu sucesso pessoal e desperta o interesse daqueles que já nasceram com predisposição ao livre-pensamento. É assim que o Ativismo Satânico acontece. Basta ser uma péssima influência e uma ótima companhia.
Por: Morbitvs Vividvs
Morbitvs Vividvs é autor de Lex Satanicus: O Manual do Satanista e outros livros sobre satanismo.
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