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Sitra Achra

Algumas Considerações Iniciais sobre Satanismo

Leia em 5 minutos.

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Quando se ouve o termo Satanismo, logo vem à mente a idéia de sacrifícios humanos, molestar crianças e animais, queimar igrejas, participar de orgias de sexo e droga, pactos de sangue com o demônio e outras situações semelhantes, fruto de toda uma literatura baseada nas religiões “divinas”.

De fato, há alguns grupos que praticam toda a sorte de crimes levados pela auto-ilusão de estar em contacto com o diabo. Contudo, estes grupos não são satânicos; não do ponto de vista da maioria das páginas na web, que abordam o tema com responsabilidade e sinceridade.

O verdadeiro Satanismo propugna firmemente pela manutenção da lei e da ordem. Não se engaja em atos ilícitos, é contra a corrupção que assola a sociedade. Na verdade, somos pessoas parecidas com você no modo de viver: Estudamos, trabalhamos, temos a nossa família… Apenas possuímos outra forma de pensar e de ver a vida.

Então qual é a diferença? A diferença é que nos rebelamos contra todo este processo desmoralizante, perpetrado pelo clérigo e pelo político, com o escopo de manipular, enfraquecer, subjugar e dominar o homem. Enquanto o clérigo cuidou dos assuntos internos do homem, o político cuidou dos externos – acabou-se a liberdade.

A imagem arquetípica de Satã evoca luta, poder e oposição a tudo que vai contra a natureza humana, de forma direta, sem hipocrisia, sem futilidade. O homem deixa de ser um animal pastando no jardim do Éden, para assumir a sua própria vida, sem que outros tomem conta dela no seu lugar. Este é o significado da serpente no Paraíso. Este é o verdadeiro significado de Satã.

O satanista não adora nenhum deus ou demônio, apenas usa as imagens de Satã, Lúcifer etc. para expressar a sua natureza “negra”, o lado reprimido, escondido na sacola do inconsciente, de forma a integrar o Self. O satanista é o seu próprio deus. Este estado é conhecido no Budismo como nirvana; no Yoga, como samadhi; em algumas ordens thelemicas, como o contato com o sagrado anjo/demônio guardião.

Do mesmo modo, o Satanista não tenta converter ninguém, nem ser convertido. Pela constante agressão ao caminho dos outros, o mundo tem atravessado inúmeras guerras, com uma infinidade de mortos desde as épocas antigas. Quem está perfeitamente adaptado à sua doutrina, não sente a necessidade de converter ninguém. O Catolicismo, por exemplo, impõe o catecismo às crianças na mais tenra idade, sem que tenham discernimento algum, infundindo o terror do Inferno, em caso de desobediência aos seus dogmas.

Além disso, o próprio texto religioso deveria ensinar a respeitar a doutrina dos outros. Neste sentido, a liberdade religiosa está plenamente assegurada no artigo 5o., inciso VI, da Constituição Federal, que está reproduzido na página de entrada desta hp.

Prosseguindo, energias como o ódio, a tristeza etc. são naturais no ser humano. Nada é inútil na natureza. Se você emprega o ódio de forma correta, defende-se de um ataque sem a hipocrisia de virar a outra face, ou o utiliza na arrumação da sua casa dada a imensa energia de vontade que é. Quem o reprime corre o risco de ter doenças psicossomáticas e explodir a qualquer momento contra quem não tem nada a ver com o seu problema.

O satanista busca a sua máxima realização neste plano, aqui e agora, celebra a vida com alegria, busca conhecimento e poder, é sempre um vencedor, pois, mesmo nos fracassos aparentes, sabe usá-los para colher uma vitória ainda maior. Não perde o tempo na esperança de ver sonhos espirituais serem concretizados num futuro incerto. Ele aproveita o máximo a vida neste plano com responsabilidade.

Então, quais são os requisitos para se tornar um satanista? Bem, em primeiro lugar, o Satanismo é uma via de risco, não é para qualquer um. . A árvore mais alta é aquela que mais aprofunda as suas raízes na terra. Para se trabalhar com o seu lado “negro”, é necessário livrar-se de inúmeros condicionamentos impostos desde a infância, aceitando-se, a si mesmo, por completo, sem julgamento de espécie alguma. É importante a plena indulgência consigo mesmo. O homem só pode evoluir através de riscos, o resto é conversa fiada. Se você perscrutar o seu passado, verá que os momentos de maior vitoria, aqueles que realmente tiveram grandeza, envolveram um certo risco. O risco estava presente. Não aconselho ninguém a fazer nenhuma estupidez, a sair por aí a cata de aventuras insensatas. Aconselho, sim, a enfrentar o cotidiano como deve ser enfrentado, sempre com a meta da realização máxima de si, em todos os sentidos.

Claro que a noção de bem e mal é conceito humano. É muito cômodo delegar a responsabilidade por tudo o que acontece a Deus, ao Demônio, à Natureza, pois isto dá uma sensação de conforto ao ego humano. A natureza tem aspecto perigoso? Claro que tem! A própria vida é perigosa. Não adianta você ficar trancado dentro de casa, porque, a qualquer momento, a morte vai lhe fazer uma visita.

Coisas como doença, fome, guerra, morte são vistas de forma terrível, só que a vida foi feita para haver risco. Daí o próprio caráter efêmero da vida. Quem imagina a vida perfeita no sentido de se sentar no sofá para ver a novela das oito, já se tornou um robô controlado pela televisão. Já dizia Erich Fromm: “O perigo do passado era que os homens se tornassem escravos. O perigo do presente é que os homens se tornem robôs.” Ninguém consegue as melhores coisas da vida sem pensar por si mesmo, sem lutar para obter o que deseja. É o risco que põe o ser humano realmente vivo, diante de si mesmo, diante da vida e da morte.

Agora, sair por aí fazendo loucuras para se afirmar torna-se puro exercício de egolatria ou de auto-ilusão, ambos manifestações doentias do ego. Existe uma diferença entre audácia e temeridade. Audácia é a coragem baseada na inteligência; temeridade é a coragem fundada na estupidez. E fácil de concluir, então, que a primeira é a sensata. Pode haver uma linha tênue entre ambas, mas não pode haver confusão entre elas.

Em segundo lugar, é necessário ter plena consciência do que está fazendo. Mera curiosidade ou afã de diversão devem ser descartados. Um dos motivos é o uso da magia, que, malgrado seja inúmeras vezes empregadas em aspectos mundanos do cotidiano, o seu maior objetivo ainda é a evolução do magista. Mexer levianamente com o que não conhece costuma ser muito perigoso. Em terceiro, demanda plena maturidade. Crianças e adolescentes nunca deveriam ser influenciados a adotarem uma religião, e sim optarem de livre e espontânea vontade por uma, se quiserem, quando adultos. Existem, com certeza, jovens que alcançam o discernimento mais cedo, contudo a idade legal deve prevalecer de forma a evitar problemas jurídicos para uma irmandade satânica.

Há muitos jovens que se utilizam do rótulo de satanista, com o único fito de agredir parentes e amigos. Isto é altamente contraproducente, não só para a pessoa, mas também para a família e o grupo satânico Que maior perda de tempo do que ficar alimentando a auto-ilusão de terceiros? De qualquer modo, a escolha é sempre sua. Se amanhã sair por aí com um ataque esquizofrênico, dizendo-se incorporado por Satã, o problema é exclusivamente seu.

Por: Dark Logus

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