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A Qliphá de Taumiel, situada no ponto mais elevado da Árvore Qliphótica, representa um estado de integração paradoxal e transcendência absoluta, onde os opostos se reconciliam em uma fusão final. Governada por Satan-Molekh, Taumiel simboliza a convergência entre Luz e Trevas, o fim da separatividade e a revelação do Andrógino Primordial. Este artigo busca explorar os mistérios dessa esfera, abordando a natureza do Divino Oculto, a união de Lilith e Samael, e o processo alquímico que culmina na autodeificação do adepto. Por meio dessas reflexões, veremos como Taumiel representa a antítese da dualidade, transcende as limitações impostas pela Criação e abre caminhos para um entendimento mais profundo sobre a própria essência da existência.
Na Velha Concha Taumiel regem, tradicionalmente, Satã-Moloque ou Satan-Molekh (שָׂטָן–מֹּלֶךְ), o Adversário-Rei: aqui os dois princípios-raiz que são o fundamento do princípio do Gênero e atuaram na progressão cósmica e da Criação tornam-se um só, e seus nomes no Outro Lado são Ama Lilith e Samael. Essa é uma das possíveis visões de Bafomet no derradeiro Útero da Antiga Árvore, evocando aquilo de Deus que foi retificado, apresentando o mistério da Androginia, pois é aqui que os Irmãos Gêmeos se tornam Um e em Fusão, aniquilam o próprio Demiurgo dentro de si, rompendo com as limitações cósmicas da Mente Universal.
E Taumiel representa, mais além, a meta-deidade além de todas as máscaras deíficas, que é a Grande Serpente-Dragão de 11 Cabeças, de cujas bocas partem o não-verbo que, como tentáculos cujas extremidades terminam em garras, arranham as fronteira dos Mundos da Retificação (Tiqun Olamot) por meio do Deserto localizado entre os planos de atuação da Falsa Luz e a influência da nulidade de Ain, infiltrando as Sefirot com o que antecede o Antes, por meio da Memória (Reshimu) da Pureza (Tehiru), a Pureza de um estado livre da Ilusão da Separação, essa que foi a Primeira Maldição da qual todas as demais derivam e impregnam todos os níveis de nossas Almas.
E para que? Para projetar um determinado tipo de iluminação sobre aqueles e aquelas que buscam uma via de transcendência que não implique em dissolver-se de bom grado na mente adoecida de YHVH, mas em serem recebidos sob o Manto Negro de HVHY. Essas são as Filhas e os Filhos da Noite, os Herdeiros do Fogo da Serpente, descendente dos Mensageiros que ousaram descer à Terra e da linhagem de Qayin e Qalmaná, os primeiros a portarem o Sangue Bruxo.
Satan-Molekh, numa instância adicional, representa a visão do Deus Oculto: é tanto Satan como o Bode Emissário, o Inimigo das falsas leis, aquele que aniquila os pecados cometidos em nome do bem e da verdade, e é também seu próprio Juiz, o obscuro Azazel. Molekh-Melekh, por sua vez, é sua face como Rei, como aquele que porta a coroa da Luz Luciférica sobre sua cabeça e ela brilha como um Fogo sem Fumaça que Nada Consome, sua Chama Negra. Seja no esplendor sombrio ou na glória da luz da consciência, sua face não pode ser vista em totalidade, pois está constantemente se metamorfoseando. Nem isto, nem aquilo. E por isso ele também é chamado de Samael.
Aqui está a imagem da Serpente Negra Dupla, gerada quando as duas correntes despertas na base das espinhas vertebrais da Sacerdotisa e do Sacerdote da Noite enrodilham-se uma na outra: forma-se o Andrógino Primordial que arrebenta o Tempo-Espaço, unindo as pontas do Ontem e do Amanhã num Agora perpétuo, tudo isso enquanto Feiticeira e Feiticeiro estão plenamente encarnados. Em outras palavras, Lilith está unida ao seu Trono em um não-lugar, manifestando-se [n]este mundo por meio dos corpos unidos do Casal Obscuro, que transformam-se então em Satanisan, o Avatar da união espiritual de Lilith e Samael. Ambos, Feiticeira e Feiticeiro, podem então espreitar pelas frestas entre as camadas do que foi e do que virá, almejando os Mistérios do Incriado, com o Olho além dos olhos muito bem aberto. E em seus corpos funde-se toda a antinomia entre Vasos e Luzes, o cerne de todas as misérias da Criação.
Essa é a conclusão da Alquimia Negra que teve início em Taguirion quando deu-se o obscurecimento do self, na união do Santo Anjo Guardião com a Besta do Apocalipse. Naquele instante brilhou o Sol Negro, e seus raios escuros envolveram os pescoços daqueles “eus” que impediam a Bruxa de avançar em seu caminho de Iluminação e Autodeificação, enforcando-os e dependurando-os na Velha Árvore à semelhança de Odin.
Em Taumiel todos os paradoxos cósmicos revelam-se para, no milésimo de segundo seguinte, fusionarem-se na visão de SamaeLilith. Ela é a síntese do Angélico e do Demoníaco superior, é a exaltação da Shekhiná e a sua fusão com o Diabo, o Deus Oculto. E ela é também Azerate, que empurra as Chamas Negras que, paradoxalmente, acabam por realizar a iluminação dAquele que caiu, condenado ao Exílio, no caos cósmico de si mesmo. Pois na medida em que os processos mágickos nesta Qlifá ocorrem, a tirania hierárquica de Kéter é desmantelada, destronando a Grande Face e desvelando a verdadeira essência do Antigo dos Dias.
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