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Sitra Achra

A covardia do satanismo predatório

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por Satariel ( Tas )

Em diversas vertentes satânicas extremas, é comum a visão predatória, onde, resumidamente, se coloca a humanidade vulgar de um lado e os satanistas escolhidos a dedo pelo diabo, do outro. Dessa forma, cria-se uma dinâmica de presa e caçador, buscando se “alimentar” energeticamente dos mais fracos.

Os eleitos pretendem, juntos, formar uma elite reclusa que domine o resto da humanidade, a fim de sincretizar os propósitos satânicos à força (força essa que, em verdade, nem se quisessem, teriam).

No entanto, embora sua conduta, ideologia e práticas sejam aparentemente extremas, não passam de covardia mascarada.
Alimentar-se dos mais fracos não exige muita força ou dedicação; a única razão para fazê-lo é a simples impunidade.

Alguns também usam argumentos para inflar o próprio ego, dizendo que dominar algo mais fraco é uma espécie de corrupção do bem, uma blasfêmia, mas é bem óbvio que esse não é o propósito de fato. Até porque existem pessoas boas extremamente desenvolvidas espiritualmente, que eles, é claro, não ousam “caçar”, embora, nesse sentido, fosse uma blasfêmia muito mais significativa.

O satanismo predatório elitista é basicamente como bater em crianças, em vez de brigar com um adulto do próprio tamanho. Se há algo que o satanismo ensina sobre lidar com a dor, não é apenas causá-la sadicamente, mas, masoquistamente, apreciá-la em si. Os covardes não se atentam a esse detalhe.

A influência do fascismo e do nazismo nessas correntes satânicas é indiscutível, especialmente em sua forma de definir o ideal de uma espécie humana pura e aprimorada, com a total aniquilação de sua parte falha.

Uma ironia, visto que Hitler era cristão, mas para alguns jovens rebeldes, tudo vale na tentativa de parecer maligno, especialmente algo socialmente repudiado. Nem todos entendem que o Mal não é a mera subversão do bem, mas um conceito em si.

No entanto, isso é uma imensa contradição moral. O satanismo é intrinsecamente carnal, e, se há algo a ser glorificado nisso, é justamente o fato de sermos falhos.

Não há lugar para o desejo cristão de purificação dos pecados nesse meio.

Os que tentam soar mais profanos acabam sendo justamente os mais puritanos em relação à sua moral, especialmente no que diz respeito à misantropia, estendida até mesmo ao próprio indivíduo, quando incentivado a cometer suicídio. Essa destruição do ego não é exatamente o que se espera, e sim a destruição completa de si. Se tirarmos os pecados de alguns de nós, não restará mais nada.

É irônico tentar soar mau e caótico com um conceito de mal e ideais restritos, fisicamente inalcançáveis e manifestos numa espécie de iluminação hipotética. Em síntese, o puro suco do intuito de mão direita. Não soaria mais satânico simplesmente aceitar a podridão humana inerte em si? Cultuá-la ao invés de podar-se como um monge asceta.

Não estou defendendo um satanismo moralista, tampouco teologicamente ortodoxo, mas sim que quem deseja uma dinâmica predatória faça isso justamente entre os seus.
Deixando um pouco de lado a covardia e correndo riscos reais, com outros seres de mão esquerda, que igualmente escolheram um destino ácido e querem batalhar por ele, ao invés de afetar os cordeirinhos indefesos de Jeová. Para falar de forma hedonista, caçar outra satanista soa muito mais divertido; maiores riscos, maiores benefícios.

A ideia elitista, ao invés de florescer a egrégora satânica, tão só perpetua a lógica de dominação injustamente imposta pelo Demiurgo. Para o retorno ao caos, é necessário que tudo flua em absoluta liberdade, sem quaisquer restrições. Em suma, a única coisa que os satanistas modernos fazem é querer virar Deus, ordenar e condenar, tal como quem lhes causou repúdio, com todas as suas regras e condições para atingir certos estados de consciência. A dita liberdade autoproclamada não passa do oprimido virando opressor, em verdade, na melhor das hipóteses, tentando isso e falhando.

Outra parte da questão que alguns “pensadores” deliberadamente ignoram é que, por trás de todo humano frágil, há um ser mais forte o protegendo. No final das contas, você acabaria tendo que se resolver com esse, ao invés da vítima originalmente concebida, tornando, de todas as formas, essa lógica de injustiça impraticável.

Antigamente, dizia-se que, se você matasse um ocultista poderoso, todo o seu poder lhe seria transmitido.

Mesmo no ocultismo extremo, não há bases sólidas para defender o ataque a vítimas fracas, visto que suas capacidades, caso ganhassem, em nada agregariam.

Não é necessário suprir toda a sordidez de si, muito pelo contrário, mas convertê-la a quem mereça provar do próprio veneno, ou a outros do mesmo caminho, que já expressaram nas entrelinhas o consentimento para serem atacados, uma vez que escolheram andar pelo véu das sombras, como nós. A sugestão é simplesmente jogar com quem também está jogando; afinal, é fácil ganhar uma partida de xadrez contra alguém sem braços.

A principal qualidade de um satanista é a coragem, e ninguém pode dignamente considerar-se um verdadeiro adepto da tenda satânica se age como um covarde.


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