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Anton Szandor LaVey, 1966
Ninguém defenderia LaVey como sendo o importante magista de seu século, muito menos o mais completo ou o mais original. Mas sem dúvida nenhuma Anton foi o magista mais prático que já existiu. Numa época em que o caoismo ainda cozinhava laVey brincava na cozinha, eliminando toda a ladainha a e dando um ar quase secular para a antiga tradição.
Para LaVey 90% desta tradição era composta de lixo esotérico sem utilidade e como lixo ele a tratou, jogando-a no incinerador do seu texto sarcástico. Junto desta tradição, ele queima em seus capítulos vários preconceitos da prática mágica: O dilema prático de quando a magia deve ser usada é resolvido por ele com o estabelecimento da “Magia Menor” e “Magia Maior” , o dilema psicológico da magia branca versus magia negra é dissolvido e o dilema moral de se enviar uma maldição que geralmente desemboca na “Lei do karma”, lei do Triplo retorno”, etc.. é sanado por ele no capitulo sobre sacrifícios humanos.
A Bíblia Satânica está dividida em quatro livros, cada um dedicado a um dos Príncipes Coroados do Inferno. Cada um trata de um aspecto do Satanismo: Estas porções de cunho moral e ético são, em sua maioria, resolvidas no o Livro de Satã; o Livro de Lúcifer traz a base do Satanismo tal como existe hoje. Se fossem só por estes dois livros, a Bíblia Satânica de fato não deveria estar nessa lista de livros de magia, embora seu conteúdo seja de interesse valioso para os praticantes. É na terceira e quarta parte da Bíblia de LaVey que temos as bases da magia prática proposta por ele.
Enquanto os magistas anteriores se preocupavam com a grande obra, cosmologia e antropogênese, o papa negro mostrou que na maioria das vezes milagres são impossíveis e, mais do que isso, desnecessários. Ele tem uma forma de magia “pé no chão”, uma qualidade que falta mesmo aos caoistas de hoje, capazes de invocar deuses vindos das histórias em quadrinhos, mas as vezes incapazes de fazer amigos na vida real.
LaVey simplesmente desmembra a arte e a prática mágicas em algo real e imediatista. O ser humano é um animal com um cérebro capaz de questionar coisas, porque então ele deveria lutar contra isso? A única forma de interagir com o mundo é através do cérebro, da forma como ele interpreta o mundo através de impulsos nervosos e da maneira que faz o indivíduo se sentir. O resto são invencionices para dar a impressão a cada pessoa de que ela é maior, mais especial e mais desenvolvida do que é de fato. E é ai que, de acordo com LaVey, a magia existe. Os dois primeiros livros da Bíblia mostram como o ser humano se distanciou de sua natureza física e mental, e como criou um enorme teatro para poder justificar cada um de seus impulsos naturais. Nos dois livros seguintes LaVey mostra como cada elemento da arte mágica é apenas uma forma de driblar a culpa que é incutida em cada indivíduo e desta forma conseguir para sí algo que de forma não mágica não seria correto. Ele mostra como a magia funciona, independente de ser algo metafísico ou simplesmente psicológico e dá o passo a passo de como cada um, mesmo sem prática nenhuma, pode usá-la para proveito próprio. Desde a teoria básica que explica qual a utilidade de ferramentas mágicas, discute sobre os cinco pontos fundamentais que cada pessoa deve dominar para se ter sucesso, a psicologia da magia – tanto do ponto de vista do operador quanto da “vítima”, como criar uma câmara de rituais, etc. , tudo de forma simples e eficiente para que cada um, tendo ou não qualquer experiência prévia com a magia, possa começar a praticá-la assim que desejar.
Muitos magos e praticantes acabam ficando reticentes ao tentar enquadrar o sistema de LaVey como um sistema mágico real, mas convenhamos: nossa lista trata de livros práticos de magia. Magia deve antes de mais nada funcionar. Imagine que você descobrisse uma forma mágica de não ter que sair de casa para fazer dinheiro, de conquistar as pessoas que deseja, de conhecer pessoas interessantes, sex symbols, roqueiros, estrelas de cinema… de se tornar imortal através de todos aqueles que foram tocados por sua obra. De ter o seu legado e a sua filosofia se desenvolverem além de você e da sua época até que você entrasse no hall das lendas. Bem, LaVey imaginou isso, conseguiu pegar esta fórmula, engarrafar e colocar à disposição de qualquer um que desejasse para si também coisas semelhantes.
A Bíblia Satânica foi traduzida para o português de maneira informal no fim da década de 1990 por Lord Ahriman, o fundador da Igreja de Lúcifer no Brasil, desde então, graças à internet, chegou à mão de muitas pessoas. Na primeira década deste milênio uma nova versão em português foi feita, são cópias ilegais de traduções repletas de notas de rodapé que podem ser compradas clandestinamente pelo Templo de Satã. Ela finalmente recebeu sua tradução oficial para o português pelo grupo da Associação Portuguesa de Satanismo, a APS, e tem uma visão ainda mais materialista e psicológica do que LaVey, embora cópias da versão clandestina ainda sejam muito procuradas.
Sendo bastante sinceros, se tudo o que uma pessoa busca na prática mágica é prosperidade material, destruição dos inimigos, sexo sem culpas e estabilidade mental, então todos os outros livros desta lista são completamente inúteis, o guia para você conseguir todas essas coisas é este livro aqui.
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