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Sitra Achra

Introdução à magia – Panmagéia Infernal

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Magia é a arte e a ciência de mudar eventos de acordo com a vontade. É ciência porque o seu estudo assenta-se em princípio e possui um empirismo próprio. Numa analogia meia crua, a prática mágica é como receita de bolo: você pode copiar, inventar, mudar, criar, mas não pode prescindir de certas regras, senão nunca haverá um resultado. É arte porque você se expressa de forma parecida com um artista, não basta seguir a receita, você tem que se tornar criativo, abrir uma fonte similar à que inspira atores, poetas, pintores – você se torna um pouco de cada um. Causa mudança de conformidade com a vontade em situações que não ocorreriam pelos meios normais empregados.

 

Uma das primeiras indagações de qualquer aspirante a mago é a distinção entre magia branca e magia negra. Não existe tal distinção pelo simples fato de que magia não possui cor. Magia é como uma arte marcial, que pode ser usada como um exercício físico, para se defender e até mesmo para uma agressão, dependendo do objetivo do praticante. Várias religiões e doutrinas adotam as suas próprias práticas, malgrado, algumas, de orientação divina, a camuflem sob o manto do “milagroso”. Rezar uma prece à Virgem Maria, colocar oferenda no cemitério para Omulu ou trabalhar com um arquétipo satânico num ritual são formas de magia. LaVey explica que “Não há nenhuma diferença entre magia ‘branca’  e ‘negra’, exceto na hipocrisia pessoal, justiça baseada na culpa e auto-ilusão do mago ‘branco’ em relação a si mesmo. Na Clássica tradição religiosa, a magia ‘branca’ é utilizada para propósitos altruístas, benevolentes e bons, enquanto a magia ‘negra’ é usada para auto-engrandecimento, poder pessoal e propósitos demoníacos. Ninguém na terra promoveu estudos ocultos, metafísicos, iogues ou qualquer outro conceito de ‘luz branca’, sem a gratificação do ego ou poder pessoal como objetivo.” Portanto, essa distinção não passa de uma falácia. A prática mágica seria como uma faca que tanto pode ser usada para cortar um pão, salvar uma vida ou matar alguém, dependendo da intenção de quem se serve dela.

 

Existem dois tipos principais de magia, a manipulativa e a ritualística. A manipulativa consiste em usar os próprios dons naturais do mago, como o carisma, a fascinação e o mau olhado. A magia ritualística consiste numa cerimônia, onde se reúnem a arquitetura da convicção e a carga emocional necessários à realização da vontade dos participantes. Mesmo antes de entrar no estudo da Magia Ritual e da Magia Manipulativa, é de se perguntar quando se deve usar cada uma. A fim de que o mago sempre honre a sua magia, é necessário que a use conforme a sua necessidade, segundo um escalonamento de valores. Se você e um concorrente disputam o mesmo emprego, vai realizar um ritual de destruição para o seu concorrente? É óbvio que não! O concorrente está cumprindo apenas o seu papel, que é objetivar o melhor para si. Então entra o escalonamento de valores. Você deve realizar um ritual de indulgência para fortalecer as suas qualidades ou um ritual de banimento para afastar a situação desagradável (não a pessoa do seu concorrente). Pode ainda usar do seu carisma para conseguir o emprego.

 

Magia requer envolvimento total. Há pessoas que se sentem bem praticando-a diariamente; outras, esperam que venha o tesão necessário para a prática. Realizar um ato mágico mecanicamente é altamente deletério, e não leva a nada. Deve-se fazê-lo sempre como se fosse a primeira vez, como se fosse uma grande novidade.

 

Magia assenta-se em três aspectos primaciais:

1.        A Vontade

2.        A Arquitetura da Convicção

3.        A Expressão Emocional Intensiva.

 

A vontade aqui possui a característica de totalidade. Se, em algum momento, a vontade é parcial, então não é vontade, é mera pretensão vacilante, e este entrave impede que a obra se realize. Quem opera magia não pode ter dúvidas quanto ao que pretende.

 

A arquitetura da convicção nada mais é do que a fabricação consciente da crença. O mago sabe que está usando um artifício, uma fantasia num primeiro momento, mas camadas mais profundas da mente não percebem a diferença. É necessária a impregnação adequada da mente afim de que o mago possa se expressar da forma o mais realista e total possível, daí o uso de vários apetrechos mágicos conforme o sistema doutrinário empregado, pois ajuda a criar a “atmosfera” propícia ao trabalho.

 

A expressão emocional intensiva dá o toque de realidade, purga a psique, elimina a ânsia de resultado e abre o canal para a consecução do trabalho. Magia é uma espécie de terapia ou dramatização, onde se resolve o problema imaginariamente.  Quando o mago se expressa de forma profunda e intensa, sai satisfeito e não se preocupa mais com o trabalho. Assim, elimina-se a ânsia de resultado, o pior entrave à consecução da obra, pela eterna vigilância sobre o advento do resultado pretendido. Como a energia canalizada no ritual não se esvai no vazio, ela naturalmente se direciona para o alvo, através do plano astral, que é o plano mágico por excelência, desde que o cosmos coopere, o que só ocorrerá se houver vontade do mago, ou seja, se a consciência e responsabilidade do mesmo estiverem presentes. Afinal, o cosmos detesta a estupidez.

 

A melhor energia a ser usada na magia é sempre a sexual, daí o enfoque tântrico, que tanto trabalha com este tipo de energia. Através do orgasmo, é possível mudar eventos de acordo com a vontade, pois a pessoa está intensificada energeticamente em todos os níveis de realidade do seu ser, quando a comunhão é profunda. A segunda maior energia é o ódio e, em terceiro a tristeza. O uso das energias “negras” têm fundamento na teoria do “arco retesado”. Tudo que é reprimido na Sombra contribui para uma espécie de retesamento do arco, em que a flecha pode ser disparada a qualquer momento, muitas vezes com prejuízo para um ente querido ao seu redor. Então por que não usar esta energia magicamente, disparando a seta na direção adequada?

 

 

Um outro detalhe é a diferença entre invocação e evocação. Na invocação, a pessoa inunda a sua consciência com o macrocosmos, e na evocação você é o macrocosmos e cria um microcosmos. Na invocação, você se identifica com o deus, na evocação você o chama para o seu templo.

 

Finalmente, o mago estuda a magia dos outros, mas cria a sua própria. Nada de ficar simplesmente seguindo pegadas alheias. Ele precisa descobrir o seu poder dentro de si mesmo. Há outra razão também. O que vem de si é sempre mais autêntico, espontâneo e natural; o que vem de terceiros precisa passar por um processo de filtragem e condicionamento. Os ritos são como receitas. É possível criá-los, mudá-los, modificá-los, invertê-los etc. Para saber se está correto, basta uma pequena pergunta – Funciona? Se funciona, é suficiente. Afinal, a grande obra na magia se resume na transformação qualitativa do próprio mago, quiçá a aquisição do fator transpessoal.

Lord Ahriman


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