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Por Katie Anderson, Lilith: Dark Feminine Archetype (Lilith: O Arquétipo do Feminino Obscuro).
O nome de Lilith evoca uma ampla seção transversal de imagens nos portais geográficos, ancestrais e culturais da consciência humana. Mesmo a pouca familiaridade com seus mitos fora do discurso bíblico evoca os símbolos de uma demônia, súcuba e vampira. Muitos desses símbolos associados à Lilith persistem até hoje. Ela é mais frequentemente retratada como uma mulher bonita, alada e nua com pés de coruja em pé sobre dois leões reclinados e ladeada por corujas, uma imagem que foi moldada pela primeira vez na consciência cultural suméria, por volta de 1800 a.C. As corujas simbolizam seu domínio noturno e seu poder criativo e obscuramente sexual.
Na história de Gilgamesh e a Árvore Huluppu, um épico sumério por volta de 2000 a.C., Lilith está ligada ao pássaro fênix e à serpente através da árvore Huluppu. Gilgamesh, o Deus-Rei, a mando de sua irmã Inanna, derrubou a árvore Huluppu. No processo, ele matou a serpente e levou o pássaro fênix e seus filhotes para as montanhas. Após esta indiscrição, Lilith prontamente queimou sua casa na árvore Huluppu e partiu para ambientes mais desolados, como o deserto e as terras selvagens. Esta história é mais tarde recontada pelo historiador árabe do século VIII Hisham Ibn al-Kalbi em O Livro dos Ídolos (em árabe, Kitāb al-Asnām).
O discurso sobre Lilith muitas vezes leva a estudiosa e a magista ao estudo de seu poderoso arquétipo feminista e seu papel recorrente nas religiões abraâmicas. Ao longo da história, vários mitos abraâmicos de Lilith a pintaram como uma bruxa da noite que mora no deserto e assassina dos filhos de Adão. Os estudos rabínicos do século VII consideravam a sexualidade selvagem e o poder criativo de Lilith como inerentemente perigosos para os fundamentos e tradições da religião abraâmica. Isso é ainda apoiado pela evolução medieval de sua história encontrada em O Alfabeto de Ben Sira, quando ela corajosamente optou por deixar a co-habitação com Adão quando lhe foi negada a igualdade. Ela então coabitou com daemons e deu à luz espíritos em números tão vastos que foram chamados de legião.
Nos séculos que se seguiram ao período medieval, vários artistas e filósofos repensaram os papéis de Lilith na cultura e sociedade religiosa e leiga. Magistas e estudiosas começaram a explorar seus mitos de maneiras que desafiam as limitações pessoais, sociais e culturais e os tabus remanescentes da religião abraâmica. Nos últimos dois séculos, o feminismo encontrou um espírito guia em Lilith como o fogo criativo movendo-se no tempo com o pulso do coração da Terra. A sexualidade selvagem encarnada por Lilith que era honrada no mundo antigo era temida e desprezada pelas religiões abraâmicas. O fogo criativo que Lilith incorpora é o poder do feminino obscuro que reside dentro da esfera de Binah na árvore da vida, e a compreensão de que, para criar uma nova forma, é preciso primeiro destruir uma antiga.
Esta invocação de Lilith se concentra no fogo criativo do feminino obscuro. É seguida pela gnose que foi recebida da invocação. No decurso do meu trabalho inicial com esta invocação, todo o tempo reservado foi dedicado à pintura automática. A pintura automática é uma extensão do desenho automático, uma forma de arte pela qual a operadora suspende a mente lógica para permitir que um espírito intercessor guie a mão da operadora na operação. No caso desta invocação, a operação é orientada por Lilith. O resultado da minha pintura também está incluído aqui, conforme encontra-se no início do presente artigo.
Invocação de Lilith:
Acenda uma vela vermelha (tão poucas ou quantas você quiser) e queime um incenso de sua escolha, porém o sangue de dragão é preferível. Comece agora com o ritual de abertura do Templo da Chama Ascendente. Se você não estiver familiarizada com isso, abra o espaço do seu templo da maneira que está acostumado.
Prepare derramando vinho tinto no cálice. Acenda uma vela vermelha adicional. Este será o ponto focal para a invocação. Faça três respirações profundas e, quando estiver pronta, prossiga.
Rainha da escuridão eterna, a coruja que voa nas asas da noite!
Os ventos do deserto sussurram os segredos do seu abraço profano.
Ardat Lili!
Voluptuosa Demônia da Noite!
Rainha da mais bela morte!
Mãe das Meretrizes, Vampiras e Prostitutas, cujo beijo desprende o coração selvagem e liberta o espírito!
Grande Prostituta da Babilônia!
Terrível és tu que dás vida aos moribundos e visão aos cegos! O sangue flui das cavernas da árvore sagrada Huluppu, alimentando seus filhos e chamando seu retorno. Dentro delas você agita as paixões da luxúria, infligindo a ferida do desejo!
Lilith, seus são os fogos da Serpente Negra!
Seus nomes e encantamentos conquistam toda vergonha e medo!
Seus nomes e encantamentos conquistam a maldição da Morte e fazem com que o fogo da serpente suba triunfantemente!
Eu a chamo por seus nomes antigos!
Lilith! Naamah! Isete Zenunim! Alilat! Ereshkigal! Al-uzza! Ishtar!
Eu te ofereço esta carne.
Que meu corpo seja um recipiente adequado para seu espírito.
Misture uma gota de sangue no conteúdo do cálice, visualizando o cálice se enchendo com uma luz de cor carmesim profunda. Consuma o conteúdo do cálice no sacramento.
Nesse ponto do ritual juntei suprimentos que já estavam presentes e comecei a pintar. Se sua intenção é realizar alguma forma de arte visual, pintura, desenho, etc., agora é a hora de reunir os suprimentos e se concentrar no trabalho de arte visual. Caso contrário, fique em uma posição confortável sentada ou deitada e concentre-se nas energias em seu templo. Feche os olhos e permita que quaisquer visões fluam através de você neste momento. Quando você terminar o trabalho, desenhe um símbolo de sua escolha acima do seu altar, significando que você terminou o ritual.
As seguintes palavras de gnose foram proferidas em resposta à revisão e meditação sobre a pintura automática:
“Ela é sangue e fogo. Ela é uma paixão deliciosa e ela é um êxtase. Ela é todas as coisas que são encontradas em liberação absoluta. Ela tem o poder de acabar com todas as coisas. Seu toque é destruição sublime e terror no coração que conhece o medo e naquele que não o conhece, ela é o desejo de todas as almas, e a união nela é a liberdade. Sem os fogos da destruição, não há transformação. A destruição é necessária. A pequena morte é a sublimação, a libertação que acontece na entrega ao fogo. É a destruição que permite a transformação.”
A gnose de Lilith é o fogo criativo que é a inspiração do impulso da humanidade para as coisas que elas desejam. “Inspirar o Homem*” à luxúria é sonhar o sonho do desejo. Qual é o sonho do desejo e qual é a luxúria do homem? O homem busca sua própria virilidade para germinar as sementes que germinam seus pensamentos e manifestam a criação de seus desejos. Cada pensamento gerado é o nascimento do caos, o nascimento da legião, o nascimento das realidades. Aqui, o ponto focal não é se tornar as assassinas das formas-pensamento de outra pessoa, mas as criadoras de suas próprias formas.” (*Homem é uma referência à humanidade, não ao macho da espécie).
Se alguém que leu isso está tão motivada a explorar a teoria por trás do automatismo e suas aplicações ocultas, comece com a filosofia de Zos Kia Cultus de Austin Osman Spare.
Imagem: Lilith por Katie Anderson.
Texto enviado por Ícaro Aron Soares.
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