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Sagrado Feminino

O Coração (Maria de Naglowska.)

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Por Maria de Naglowska.

A Luz do Sexo, Capítulo 5, 2011, Inner Traditions.

O Coração recebe e envia sangue.

O Coração recebe cada gota de sangue contida em seu corpo. Ele as expulsa a todas, sem distinção.

A grande virtude do Coração é o Equilíbrio.

Você sabe, Ó discípulo, o que é o Equilíbrio?

Você já viu um conjunto de escalas em repouso. Você já refletiu sobre este símbolo cheio de instruções sérias?

Você acredita que é necessário amar? Não, porque o amor gera ódio.

Você acredita que é necessário ter piedade? Não, porque da piedade nasce a crueldade.

Você acredita que é necessário ser entusiástico? Não, porque do entusiasmo nasce a desolação.

Ao subir a íngreme encosta da Montanha, você aprenderá que a Justiça é maior que o Amor, porque Justiça é Equilíbrio.

A Justiça inspira atos de amor onde o ódio é muito forte, mas desencadeia o ódio onde o amor abusa.

A Justiça é misericordiosa quando a crueldade grassa, mas é cruel quando a piedade é solta.

A Justiça enche os corações humanos de alegria quando a desolação é grande demais, mas tortura as pessoas e provoca lágrimas quando a alegria transborda.

A Justiça é calma, implacável, lúcida. É própria daqueles que são purificados, daqueles que, armados com uma vontade de ferro, aprenderam a vencer todas as suas próprias impaciências: a impaciência da raiva, a impaciência da paixão amorosa, a impaciência de vários apetites, a impaciência de todas as formas de orgulho.

Estas são as principais realidades. Elas dominam as multidões, e as multidões as obedecem. Elas endireitam o Caminho de Deus (= Vida) quando a Noite se torna muito escura. À Meia-Noite eles lançam o chamado ao Retorno, e tudo o que não está definitivamente morto os segue sem revolta.

Ó discípulos: Sejam fortes e numerosos nesta Terceira Volta da Estrada, *19 na qual chegamos!

Qual é a relação entre Justiça, por um lado, e Deus (= Vida) e Satã (= Razão), por outro?

Qual dos dois é justo, qual dos dois é o Justo? Um tende para a Vida, o outro tende para a Morte. É melhor que o Universo viva, ou é preferível que ele desapareça?

Não nos é dado escolher entre estas duas alternativas: A Justiça pertence à mais forte, porque é a que impõe sua Lei.

A Lei é a Vontade triunfante do Mais Forte.

Medite sobre isso, Ó discípulo, antes de escutar os gritos de seus sentimentos.

Esqueça tudo, imagine a presença abstrata do Sim e do Não, como se o mundo visível não existisse.

No desperdício congelado do Nada e na indiferença de um céu sem Lua nem Sol, nem as muitas estrelas, imagine o duelo solitário entre Sim e Não.

Se o Não triunfasse, se fosse o mais forte, lhe faria algum bem dizer que era injusto?

E se o Sim for o vencedor, o que você pode fazer a não ser obedecer?

Agora, Sim (Vida = Deus) é o vencedor, já que estamos aqui para discutir isso.

A Morte cede à Vida, já que o mundo continua a existir.

E mesmo se você quisesse fazê-la desaparecer, não poderia.

A vontade de viver (Vida = Deus) triunfa eternamente sobre a vontade de morrer. É por isso que ela dita sua Lei, e é por isso que sua Lei é justa.

Reaprenda isto:

Você honrará seu pai e sua mãe que lhe deram a vida, e terá sua recompensa na Terra. Esta recompensa será eterna se você tiver algum filho;

você não matará, porque tudo deve viver, e você não impedirá nenhum animal de servir à Justiça;

você não cometerá adultério, porque é necessário que cada filho conheça seu pai;

e como é necessário que seu filho seja capaz de honrá-lo, conformar-se às regras de decência estabelecidas na cidade humana a que você pertence:

não roube, pois é necessário que cada homem se nutra e nutra seus filhos;

não dê falso testemunho, pois é necessário que os juízes saibam a que aderir nas brigas humanas;

não causem problemas nos assuntos humanos por ciúmes e invejas indignas. A esposa de seu vizinho é dele, portanto, não a cobice. Os animais são dele, portanto, não os toque. Sua casa, sua terra e todos os outros bens, morais ou concretos, são dele, portanto, não se preocupe com eles.

Seja gentil com seu próximo, mas não aceite o mal.

Ó discípulo! Confirmamos, como você vê, a rigorosa Lei de Moisés, porque reconhecemos que ele era o Homem de Deus (= da Vida), e que nele reinava o Equilíbrio.

Não perdoeis, mas não vos vingueis a vós mesmos!

Em uma sociedade bem ordenada existem tribunais, e não se confere o título de juiz a um homem cujas paixões são excessivas.

Esta é a Lei de Deus (= Vida).

O homem que sobe a Montanha iniciática sempre se afasta de Deus, longe da Vida, longe do Equilíbrio e, consequentemente, longe da Justiça.

O próprio Moisés lutou contra Deus!

É por isso que dissemos no capítulo intitulado “Razão” que o Iniciado que sobe a perigosa encosta da Montanha obedece a Satã até a Cúpula.

Satã promete a seu discípulo evitar que ele caia do Pico, ou pelo menos lhe diz: “Você cairá, mas continuará vivo” – mas o discípulo devidamente iniciado sabe que o Pendurado é indispensável lá em cima, pois só assim a Luz cai sobre todos, para a glória de Deus (= Vida).

É por isso, ó discípulo, antes de empreender a formidável ascensão da Razão (= Satã), você deve colocar em seu Coração o verdadeiro espírito da Lei de Moisés.

Não exagereis em nada. Seja calmo e bem disposto. Desenvolva dentro de si a grande virtude do Coração: o Equilíbrio.

Notas:

*19. Neste Terceiro Ângulo do Triângulo cíclico.

***

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.


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