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Há muitos anos atrás, em uma ensolarada tarde em um jardim de Cuernavaca, eu comi 7 tão-chamados “cogumelos sagrados” que me foram dados por um cientista da Universidade do México. Durante as próximas 5 horas, eu fui rodopiado por uma experiência que foi, acima de qualquer questão, a mais profunda experiência “religiosa-filosófica” de minha vida. E foi totalmente elétrica,
celular, científica e cinematográfica.
Reações pessoais, por mais que passionais, são sempre relativas e têm pouco significado geral. Depois vêm as questões, “hum?! Por quê? E dai?!” Muitos fatores predispostos – fisiológicos, emocionais, intelectuais, ético- sociais e financeiros – levam uma pessoa a estar preparada para uma dramática experiência de expansão mental e conduzem outros a se contrair a novos níveis de inteligência. A descoberta do fato de que o cérebro humano possui uma infinidade de potencialidades e pode operar em espaços inesperados nas dimensões do espaço-tempo me deixou ingenuamente animado, amedrontado e um tanto quanto convencido de que havia acordado de um longo sonho ontológico.
Desde minha “brain-activation-illumination” de agosto de 1960, eu tenho repetido esse ritual bioquímico – e, para mim, sacramental – dezenas de milhares de vezes, e todas as subseqüentes “expansões” cerebrais me admiraram com as mesmas revelações filosófico-científicas da primeira experiência.
Durante o período de 1960-68 eu tenho sido sortudo o bastante para colaborar com centenas de cientistas e alunos que se juntaram aos vários projetos de pesquisa e busca. Em nossos “brain-activation centers” em Harvard, no México, Marrocos, Almora, Índia, Millbrook e nas montanhas da Califórnia, nós organizamos “brain-change experiences” para centenas de milhares de pessoas de todas as andanças de vida, incluindo mais de 400 profissionais religiosos de tempo integral – cerca de metade profetizando a fé Cristã ou Judaica e a outra metade pertencendo a religiões orientais, célticas ou pagãs.
PRINCÍPIOS
Em 1962, um grupo informal de pastores, teólogos, ativos acadêmicos e psicólogos religiosos, no ambiente de Harvard, começou a encontrar-se uma vez por mês para dar continuidade a esse princípio. Esse grupo era o núcleo principal de planos da organização que assumiu a fiança para nossa pesquisa de expansão-da-consciência – IFIF*, em 1963, a Fundaçao Castalia em 1963-66 e a Liga para Descoberta Espiritual em 1966. Nosso impulso e liderança originais vieram de um seminário sobre experiência religiosa relacionado à confusão alarmante que afloramos nos círculos psiquiátricos seculares da época.
O MILAGRE DA CAPELA MARSH
O estudo, sensacionalizado pela mídia como “O milagre da Capela Marsh”, merece elaboração adicional como um “sério…e controlado” experimento envolvendo 30 corajosos voluntários e como uma demonstração sistemática e científica dos aspectos “religiosos” da experiência psicodélica. O estudo era a dissertação de pesquisa de Ph.D de Walter Pahnke, M.D., então estudante graduado em filosofia da religião pela Universidade de Harvard, que acabou por determinar se a experiência transcendente reportada durante sessões psicodélicas, com a utilização de LSD, eram similares às experiências místicas reportadas por santos e místico-religiosos.
Como submetidos, 20 estudantes em divindade foram selecionados de um grupo de voluntários e divididos em 5 grupos de 4 pessoas. Para cada grupo eram assumidos 2 guias com uma experiência psicodélica considerável – professores e graduandos avançados de universidades na área de Boston.
O experimento deu-se, acredite ou não, em uma pequena e privada capela, na Universidade de Boston, cerca de 1 hora antes do anoitecer da “Boa sexta”, em 1962. O deão 2 da capela, Howard Thurman, estava a conduzir um serviço de devoção pública de 3 horas no andar de cima, no corredor principal da igreja. Ele visitou nossos “submetidos” alguns minutos antes do serviço noturno e fez uma breve falação “inspiradora”.
A dois submetidos em cada grupo e a um dos 2 guias foram dados uma moderada e densa dose de 30mg de psilocibina. Os outros 2 submetidos e o outro guia receberam um placebo que produzia notórios efeitos somáticos como flashes de pele fria e quente, mas que não eram psicodélicos. O estudo era “triple-blind”: Nenhum dos submetidos, guias ou “experimenters” sabia quem havia recebido psilocibina.
NÓS SABIAMOS
Se você, em algum momento liderar um estudo “double-blind” com essas drogas, você não deve ter controles em volta dos submetidos porque ninguém será enganado. Eu sabia imediatamente que 2 do meu grupo haviam recebido ácido nicotínico; eu poderia dizer pelos seus rostos vermelhos e suas incansáveis “game activities”.
Mas pensando estar à beira de uma experiência mística, eles começaram a tremular, “Isso não é fantástico?! Os pobres rapazes no outro quarto estão sendo deixados de fora disso.” Mais tarde, depois que estávamos na capela e vimos os outros submetidos estirados ao chão, obviamente completamente fora desse mundo, os dois me chamaram e disseram: “Vamos voltar ao outro quarto.” E eles começaram a jogar o “jogo” da droga novamente: “Quanto tempo já passou?”;
“Jesus, eu pensei que estivesse funcionado”; “Agora, o que você sentiu exatamente?“
Uma porta se abriu abruptamente, um homem entrou, com os olhos para fora da janela e disse : “Magnífico!” Ele se virou sem olhar para nós e se foi. Nós todos sabíamos quem “era” placebo e quem “era” místico. Tipicamente, 9% dos submetidos ao LSD reportaram experiências desagradáveis; a grande maioria deles lutou contra a experiência. Na experiência da “Boa sexta”, por exemplo, um estudante lutou o tempo inteiro, repetindo: “Agora quando isso vai acabar? Eu estou fora de controle. Você não disse que duraria 4 horas?” Há uma magnífica seletividade operando aqui, porque as pessoas compromissadas em se controlar, sentem à frente do tempo que, a noção da transcendência do ego ou sua perda é ameaçadora. Eles não se voluntariam, não aparecem ou adiam isso. É claro, coragem é a chave para a criatividade ou para qualquer abandono da estrutura do ego.
EXPECTATIVAS
Nossos estudos naturalistas e experimentais demonstraram que se a expectativa, preparação e ambientação são religiosas e Protestantes-da-Nova- Inglaterra, uma intensa, mística e/ou reveladora experiência será admitida por 40 a 90% dos submetidos à ingestão de drogas psicodélicas. Esses resultados podem ser atribuídos ao viés de nosso grupo de pesquisa, que havia tomado a posição, talvez perigosa da ACLU, de que havia potencialidades “experienciais”-espirituais, assim como seculares-comportamentais e emocionais-politicas no sistema nervoso.
Cinco estudos científicos feitos por outros investigadores produziram dados que indicaram que se o ambiente é favorecido, mas não espiritual, entre 40 e 75% dos submetidos reportariam experiências intensas, “life-changing”, filosófico- religiosas.
A REVELAÇÃO FILOSÓFICA
Como podem esses resultados serem desprezados por aqueles que se importam com o crescimento filosófico e o desenvolvimento religioso? Esses dados são ainda mais interessantes por terem se dado em 1962, quando o êxtase religioso individual – como oposto à piedade religiosa – era altamente suspeito e quando a meditação, o jogging, a yoga, a abstinência, a consciência do corpo, a
saída-e-afastamento-sociais, e as comidas — sacramentais — orgânicas eram envoltas por uma aura de excentricidade, medo, segredo clandestino e até aprisionamento.
Os 400 profissionais em vocações religiosas que tomaram parte de substâncias psicodélicas eram indivíduos responsáveis, contemplativos, “morais”, altamente morais que estavam severamente cientes da natureza controversa das drogas e cientes de que suas reputações e empregos poderiam estar sendo destruídos pouco a pouco. Nada mal, ahn? Ainda os resultados liam – 75% de revelação filosófica. Deve ser isso, como o mais belo metal, a mais intensa experiência religiosa requer fogo, o “calor” da oposição policial, para produzir a beirada mais afiada. Quando os bioquímicos sacramentais forem usados tão rotineira e inofensivamente como músicas de órgão e incensos, as “danificações- do-ego” e efeitos amedrontadores devem ser diminuídos.
Timothy Leary
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