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Na prática de todos os médicos se apresentam cada dia ocasiões para fazer uso do hipnotismo; hoje em dia servem-se dele com freqüência. É um fato bem conhecido que existem, na experiência de todos os médicos, certos casos de dor e insônia, provenientes de excitação cerebral, sobre os quais as drogas não exercem efeito algum. Por infelicidade, em tais casos empregam-se as mais das vezes, injeções de morfina, e o perigo, desde o inicio, é que se contraia quase sempre o hábito. O verdadeiro método que o médico deve empregar em todos esses casos é a sugestão hipnótica, exceto se houver delírio. Não é necessário pronunciar a palavra hipnotismo, porque esta palavra, soando mal por si mesma ao ouvido do doente, tem, muitas vezes, por efeito excitar ainda mais os seus nervos.
Como o doutor pode empregar a sugestão. -É somente necessário que o doutor se assente ao lado do doente, tome-o pela mão e lhe diga com brandura e convicção: “É preferível, neste momento, que não vos dê droga alguma. Há um meio pelo qual posso deter essa dor de que padeceis e proporcionar-vos um sono profundo e reconfortante. Nada há que receiardes nem deve ficar inquieto. Peço-vos somente que façais o que eu vos disser; fixai os olhos sobre os meus e deles não os arredeis a pretexto algum. Vou tirar-vos a dor em pouco tempo, enquanto vos entorpecereis e pegareis no sono suavemente”. Em seguida, deveis sugerir ao paciente que aumente o seu torpôr como já vo-lo expliquei claramente nos capítulos precedentes e deveis também recordar-vos de que, neste caso, não é necessário ou mesmo judicioso servir-vos de experiências para determinar a rigidez dos braços.
Os efeitos produzidos. -Quase imediatamente em resposta à sugestão do médico, a dor diminuirá e, com a diminuição da dor, a receptividade à sugestão aumentará a tal ponto, que as sugestões seguintes farão sobre o espírito do doente uma impressão cada vez mais profunda. Deste modo, pode-se induzir o sono com grande facilidade. Quando o doente parece adormecido, o médico deve abandonar-lhe a mão e friccionar-lhe brandamente os braços desde os ombros até à extremidade dos dedos; em seguida, repetirá as fórmulas com muita brandura para que o enfermo passe para um sono profundo, calmante, e se desperte lépido, cheio de força e livre de tôda dor. Em todos esses casos, é até inútil ten-tar paralisar a ação muscular, nem mesmo e necessário dizer ao doente: “Não podeis abrir os olhos”.
Não façais tentativas. –Lembrai-vos de que nunca é permitido fazer uma tentativa. Contentai-vos com a sugestão positiva e pedi ao doente que não desligue de vós o seu olhar. A diminuição da dor e o sono que lhe segue são ambos produzidos pelo efeito calmante sobre os nervos que assegura este novo modo de proceder; a causa indireta é que a atenção do doente é desviada da dor para ser dirigida a outro ponto. Quando a sua atenção se distrai, cumpre chamá-la à realidade e como o cérebro humano é incapaz de suportar, ao mesmo tempo, duas emoções diferentes, segue-se que o doente se apegará à que é mais agradável e proveitosa a sua saúde. Por isso, é levado por si mesmo a fixar toda a sua atenção sobre a sugestão do médico e a repetição das palavras dele produz um efeito potão do médico e a repetição das palavras dele produz um efeito positivo e pronunciado sobre o espírito do doente; a ação mental obtém um resultado que não se determina nunca com as drogas mais enérgicas.
A atitude da profissão médica. -Eu desejaria que cada médico compreendesse bem, aqui, a simplicidade da sugestão hipnótica, mas receio que, em virtude da sua educação puramente material, seja levado a desdenhar de um meio de tratamento tão simples e escoimado de todo mistério. O conflito humano na lei divina da cura tem sempre exigido, infelizmente, que julguemos do valor de um médico pela dificuldade de tomarmo-lo e pela sua natureza desagradável. Avaliamos uma operação cirúrgica na proporção do seu perigo. Estimamos o valor de uma droga pelo seu efeito destruidor sobre os tecidos e pelas propriedades venenosas, quando se administra em alta dose.
As forças mais simples são as mais poderosas. -Não compreendemos ainda como os meios mais simples são também os mais poderosos e que a força de sugestão é o fator mais poderoso da felicidade humana, da saúde, da miséria e da moléstia. O espírito tem sempre governado e governará sempre. Por isso, devemos consagrar o nosso estudo à lei da cura que atingir o espírito de modo mais direto.
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