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O Capacete de Deus

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O Capacete Koren, mais popularmente conhecido como Capacete de Deus (God’s Helmet), é uma peça de neuro tecnologia usado na cabeça que utiliza campos magnéticos para estimular os lobos temporais do cérebro a fim de estudar as correlações neurais entre o cérebro e espiritualidade. Ocorre que o próprio capacete mostrou-se capaz de induzir artificialmente uma série de experiências místicas. O equipamento foi construído e aprimorado desde 1990 por Stanley Koren sob a direção do neurocientista Dr. Michael Persinger da Laurentian University em Ontário, Canadá.

Relatos de participantes de uma “presença percebida” enquanto usavam o capacete de Deus chamaram a atenção do público e resultaram em vários documentários de TV.

Descrição do aparelho

Protótipo inicial do Capacete de Deus

A epilepsia que afeta os lobos temporais é já a algum tempo conhecida por desencadear alucinações com elementos místicos ou sobrenaturais. Foi essa relação que levou o Dr. Persinger em sua pesquisa inicial.

O aparelho, colocado na cabeça, gera campos magnéticos muito fracos, que Persinger chama de “complexos”. Sinais magnéticos complexos seguindo um padrão regular são controlados por um computador com um software criado pela equipe de Koren. São campos com a mesma intensidade dos gerados por um telefone fixo ou um secador de cabelo comum, mas muito mais fracos que os de uma de geladeira e aproximadamente um milhão de vezes mais fracos que os da Estimulação magnética transcraniana (EMT).

As pessoas que usam o Capacete de Deus durante os experimentos geralmente relatam sentir uma presença na sala, e algumas relatam sensações e visões mais vívidas e profundas. O dispositivo levantou algumas questões interessantes relacionadas à natureza das experiências religiosas e místicas e deram origem a um novo campo de estudos, a neuroteologia.

Uma série de quatro bobinas são montadas em cada lado do Capacete de Deus, que originalmente foi construído em um capacete de moto de neve, mas depois se tornou um dispositivo que pode ser amarrado à cabeça sem um capacete real. Sinais alimentados de um computador através de um conversor digital-analógico (DAC), comumente chamado de caixa preta, ativam essas bobinas em sucessão, criando sinais magnéticos complexos para estimular os lobos temporais do cérebro.

Privação sensorial é importante. Além de cobrir os olhos os experimentos usando o Capacete de Deus são conduzidos em uma câmara acústica à prova de som uma vez que os lobos temporais, ativos durante as experiências religiosas ou místicas, também são responsáveis ​​pelo monitoramento do som ambiente. Os resultados usando o God Helmet melhoram drasticamente de olhos fechados e em um ambiente silencioso.

Misticismo Artificial

Os sujeitos de teste geralmente são afetados pela experiência de usar o capacete. Oitenta por cento dos participantes relataram sentir uma presença vaga e 1% relatou sentir a presença de Deus. Há alguma dúvida sobre se os participantes admitiriam livremente sentir Deus em um ambiente de laboratório, mas muitas pessoas que usam o capacete de Deus durante os experimentos geralmente relatam visões profundas, como ver anjos ou espíritos, demônios, entidades extraterrestres, parentes mortos e outras visões místicas, incluindo experiências fora do corpo.

O fenômeno começa a começou a acontecer ao se realizar estímulos circulares em três regiões do lobo pariental direito. Ao fazer isso todo o heisfério direito responde, especialmente a amígdala cerebelosa  ao mesmo tempo que a amígdala esquerda se torna menos ativa. Nesta fase ocorre sentimentos de temor e de uma presença invisível. Em uma segunda fase o sinal circular é aplicado em ambos os hemisférios cerebrais, as duas amígdalas agora estão ativas e os sentimentos são positivos, prazerosos e por vezes arrebatadores. Informações mais técnicas sobre o experimento podem ser lidas aqui.

Em dezembro de 2004, a Nature relatou na Neuroscience Letters em 2005 que um grupo de pesquisadores suecos liderados por Pehr Granqvist, psicólogo da Universidade de Uppsala, na Suécia, tentou replicar Capacete de Deus sob condições duplo-cegos e não conseguiu reproduzir o efeito. Persinger, no entanto, criticou a tentativa de replicar seu trabalho argumentando que o grupo sueco não expôs os sujeitos a campos magnéticos por tempo suficiente para produzir um efeito. Em 2014 o  Journal of Consciousness Exploration & Research relatou a primeira replicação bem sucedida do experimento fora da equipe de Persinger.

Outros grupos descobriram posteriormente que as diferenças individuais, predizem algumas alterações na consciência e relataram “experiências excepcionais” quando a configuração e o procedimento experimental de Persinger et al são reproduzidos, mas com um falso “capacete de Deus” completamente inerte ou um capacete desligado. Esses grupos concluíram que fatores psicológicos devem ter desempenhado um papel importante em experimentos anteriores.

Há ainda um fator pessoal importante. Alguns sujeitos do teste não experimentaram qualquer presença. Richard Dawkins, famoso ateista militante e um autor e crítico ferrenho da religião, não sentiu nada mais do que tonturas e alguns espasmos nas pernas quando usou o Capacete de Deus. Dr. Persinger disse acreditar que algumas pessoas são geneticamente predispostas a experimentar essas sensações enquanto outras simplesmente parecem não ter acesso ao mesmo tipo de experiência. A formação religiosa ou a forte crença na ideação paranormal e mágica, também parece ter impacto em quaisquer sensações. A maioria daqueles que relataram sentir Deus eram católicos romanos.

Popularização e Desenvolvimento

Baseado em suas pesquisas Persinger e seus colegas associados também desenvolveram o Shiva God Helmet, uma versão comercial do  dispositivo. Um conjunto adicional de bobinas originalmente montado na parte superior do capacete original foi retirado pois revelou não ter serventia para induzir o efeito.

Em 2015 a equipe de Persinger também produziu o Shiva Neural System, um dispositivo que usa solenóides para estimulação neural magnética circuncerebral (ao redor da cabeça) e que ganhou o apelido de “The Octopus” ( O Polvo) devido a aparência tentacular que forma ao ser usado. A diferença deste para o anterior é que, segundo eles, seu objetivo é aprimorar as habilidades intuitivas e psíquicas de seus usurários. Em experimentos controlados de laboratório, as percepções psíquicas de pessoas comuns foram evocadas e obtiveram resultados estatisticamente superiores em testes de premonição e “telepatia.”

São oito pares de bobinas magnéticas que circulam sinais magnéticos ao redor de sua cabeça para amortecer uma atividade cerebral específica chamada “Censor” ou “O Fator de Ligação para a Consciência”. Entende-se este fator nos liga ao nosso repertório normal de estados de consciência (a “zona de hábito” da nossa mente) e retém habilidades e sentidos fora desse intervalo, de modo que geralmente não estão disponíveis para nós. Seu uso portanto tornaria mais fácil entrar em novos estados de consciência, ter novas experiências, adquirir novas habilidades e aprimorar aquelas que você tem agora – especialmente aquelas baseadas no lado direito do cérebro. Há uma explicação mais técnica aqui.

O Dr. Michael Persinger morreu em agosto de 2018, seu legado continua hoje encabeçado pelas pesquisas de Todd Murphy no Grupo de Pesquisas em Neurociência da Laurentian University em Sudbury, Canadá.

Alberto Grosheniark


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