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Como pesquisador de propulsão de foguetes na Caltech, ou California Institute of Technology, e co-fundador do Laboratório de Propulsão de Jatos, o químico Jack Parsons estava destinado a se imortalizar na história como “o cara que sabia um monte de coisas sobre foguetes”, se bem que talvez a história tenha um dom melhor do que nós para criar apelidos.
A loucura:
Aqui está Jack Parsons, dê uma olhada nele de novo:
Bem, de cara não há nada de estranho com ele, você pode pensar, mas Parsons estava medito com ocultismo, muito metido, até o pescoço.
Claro que isso seria até bacana, se ele guardasse esse ocultismo só pra ele, tipo se fizesse umas tatuagens estranhas ou organizasse de vez em quando uma orgia dentro de um círculo de velas negras, talvez assim ele se tornasse conhecido como um dos maiores cientistas da história. Mas não. Parsons não acreditava em pouca loucura, muito pelo contrário, desgraça pouca é bobagem. Parsons era um Thelemita, e não apenas um Thelemita, mas um Thelemita importante, estudante devoto e correspondente entusiasta de Aleister Crowley, tão devoto e tão entusiasta que Crowley acabou dando para Parsons a cadeira de chefia do grupo Californiano da O.T.O.
Eventualmente Parsons começou a evocar o deus Pan antes de todos os testes que realizavam com foguetes, provavelmente porque essas criaturas que viviam nas florestas gregas milhares de anos atrás devem ter uma certa aptidão com a ciência de propulsão.
Mas espere, as coisas ficam mais bizarras!
Como se isso não bastasse, Parsons arranjou como companheiro mágico uma figura infame e constantemente desacreditada pela mídia da época, uma das pessoas mais fraudulentas da história, e não estamos falando de Crowley, mas de L. Ron Hubbard. Juntos eles faziam muitas coisas como o ritual que ficou conhecido como o trabalho de Babalon, que tinha como objetivo evocar uma deusa na terra e com a ajuda dela fazer uma mulher engravidar de uma Criança da Lua.
Parsons além de ocultista era um entusiasta de ficção científica, e em 1940 leu um conto baseado na história de Jack Williamson “Darker Than You Think”. Parsons identificou a personagem ruiva amante do protagonista como sendo “Babalon”, a “Mulher Escarlate” que Crowley profetizou que anunciaria o Aeon de Horus e o fim do Aeon de Osires representado pela Cristandade e outras religiões patriarcais. Em 1946 Parsons e Hubbard iniciaram o trabalho de magia cerimonial com Babalon. Basicamente o objetivo era invocar a Mulher Escarlate que traria o fim do mundo.
Um de seus biografos, Paul Rydeen escreveu: “O propósito das complicadas operações de Parsons era produzir uma criança mágicka que seria o produto de seu ambiente cultural e não de sua hereditariedade. Crowley descreve a Moonchild nestes termos. O Trabalho com Babalon era bem definido: criar um messias da Thelema.”
Algum tempo depois Hubbard passou a mão em todas as economias de Parsons, comprou um iate e deu no pé. Com esse dinheiro Hubbard publicou seu livro sobre Dianética, que mais tarde viraria a religião ou filosofia ou movimento ou culto favorito de Tom Cruise, conhecido hoje como Cientologia. O pobre Parsons não chegou a viver para ver a Cientologia decolar, já que morreu quando a ciência explodiu na cara dele. Literalmente. Num belo dia os produtos químicos voláteis que ele deixava espalhados pelo laboratório explodiram levando o laboratório e ele junto. Podemos dizer que Pan riu por último.
Não seria exagero afirmar que esta morte trágica foi um desfecho dramático de uma história que começou em 1942 quando o cientísta se tornou líder dos thelemitas de seu tempo na loha Agape da California. Curiosamente é também na California, exatos 23 anos depois, que foram impressas as primeiras 5 cópias do Principia Discordia e iniciou-se a insanidade que alguns chamam de Discordianismo. Talvez a operação MoonChild não tenha dado de todo errada. Hail Eris.
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