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Conforme temos dito repetidas vezes, o cristianismo tomou por empréstimo tudo quanto se fez necessário à sua formação Assim, todos os ensinamentos atribuídos a Cristo, foram copiados dos povos com os quais os judeus tiveram convivência. A sua moral, a moral que Cristo teria ensinado, aprendeu-a com os filósofos que o antecederam em muitos Séculos.
De sorte que não há inovações em nenhum setor ou aspecto do cristianismo. Antigos povos, milênios antes adoraram seus deuses semelhantemente.
Dentre as máximas adotadas pelo cristianismo, comentaremos a seguinte: ‘Não faças aos outros o que não queres que a ti seja feito”. Este ensinamento não teria partido de Jesus, conforme pretendem os cristãos, não sendo sequer uma máxima cristã, originariamente.
Encontrá-la-emos em Confúcio, e ainda no bhramanismo, no budismo e no mazdeismo, fundado por Zoroastro. Era uma orientação filosófica e religiosa, adotada pelos hindus.
A originalidade do cristianismo, consistiu apenas em criar as penas eternas, um absurdo desumano e irracional. Enquanto isso, o mazdeismo cria a possibilidade de regeneração do pior bandido, admitindo mesmo a sua plena reintegração no seio da sociedade.
O perdão aos inimigos, foi muito antes de Jesus, aconselhado por Pitágoras.
Os egípcios religiosos praticavam uma moral muito elevada. No “Livro dos Mortos” encontramos a confissão negativa, de acordo com a qual, a alma do morto comparecia ante o tribunal de Osiris e proferia em alta voz as suas más ações.
O sentimento de igualdade e fraternidade para com os homens, foi ensinado por Filon. O cristianismo adotou os seus ensinamentos, atribuindo-os a Jesus. São de Filon, as seguintes palavras: “Os que exaltam as grandezas do mundo como sendo um bem, devem ser reprimidos.” “A distinção humana está na inteligência e na justiça, embora partam do nosso escravo, comprado com o nosso dinheiro.” “Porque hás de ser sempre orgulhoso e te achares superior aos outros?” “Quem te trouxe ao mundo? Nu vieste nu morrerás, não recebendo de Deus senão o tempo entre o nascimento e a morte, para que o apliques na concórdia e na justiça repudiando todos os vícios e todas as qualidades que tornam o homem um animal”. “A boa vontade e o amor entre os homens são a fonte de todos os bens que podem existir”. Como vemos, não há nada de novo no cristianismo.
Platão salientou a felicidade que existe na prática da virtude. Ensinou a tolerância à injúria e aos maus tratos, e condenou o suicídio. Recomendou o humanismo, a castidade e o pudor, e condenou a volúpia, a vingança e o apego demasiado aos bens. Sua moral baseou-se na exaltação da alma, no desprezo dos sentidos e na vida contemplativa. O Padre Nosso foi copiado de Platão. Quem conhece bem a obra de Platão, percebe os traços comuns entre a mesma e o cristianismo. Filon inspirou-se em Platão, e a Igreja, na obra de Filon que helenizou o judaísmo.
Aristóteles afirmou que a comunidade repousa no amor e na justiça. Admitia a escravatura, mas libertou os seus escravos. Poderiam existir escravos, mas não a seu serviço. A comunidade deveria instruir a todos, independentemente da classe social, com o que ensinou o evangelho aos
Evangelhos.
A abolição do sacrifício sangrento não foi introduzida pelo cristianismo. Não lhe cabe tal mérito. Gélon, da Sicília, firmando a paz com os cartagineses, estipulou como condição a supressão do sacrifício de vidas animais aos seus deuses.
Sêneca aconselhava o domínio das paixões, a insensibilidade à dor e ao prazer. Recomendava igualmente a indulgência para com os escravos, dizendo que todos os homens são iguais. Referia-se ao céu como fazem os cristãos, afirmando que todos são filhos de um mesmo pai. Concebia como pátria, o universo. Os homens deveriam ajudarem-se e amarem-se mutuamente. Enquanto isso, o humanismo cristão limitou-se apenas aos irmãos de fé. O bem, visa somente a salvação da alma, o que é egoísmo, mas nunca humanismo. Sêneca manifestou-se contrário à pena de morte, o cristianismo ao contrario, é responsável por inúmera execuções. Admitia a tolerância mesmo em face da culpa. Ao invés de perseguir e punir, por que não persuadir, ensinar e converter?
Epícteto e Marco Aurélio foram bons professores dos cristãos. Os filósofos greco-romanos foram grandes mestres da moral cristã e da consolação, sem que para isto criassem empresas, negócios nem castas. O cristianismo existente antes de Jesus Cristo, já pregava a moral anterior ao martírio do Gôlgota. A moral cristã não veio de Jesus Cristo nem dos EvangeIhos, mas nasceu da tendência natural para o aperfeiçoamento do homem. Não fosse a destruição sistemática de antigas bibliotecas, determinada pelo clero no intuito de preservar os seus escusos interesses, hoje seria possível patentear com documentos à mão, que a moral anterior a cristã, era bem melhor do que esta, tendo-lhe servido de modelo. Assim, vê-se que a moral jamais foi patrimônio de castas ou de indivíduos, sendo uma lenta conquista da humanidade, com ou sem religião e mesmo contra ela. Por isso é que o mundo racionaliza-se continuamente; e avança sempre no sentido do seu aperfeiçoamento. A bondade humana independe da idéia religiosa. A razão ensina-nos o que devemos ao nosso meio social, independentemente da fé e da religião. Para justificar o aparecimento de Jesus, fez-se necessário recorrer a uma moral, que no entanto, já era um patrimônio da humanidade. Jesus nada mais foi do que a materialização de qualidades que já existiam. Por isso, mesmo em morai. Jesus foi ator e não autor. O cristianismo apenas sistematizou e industrializou essa velha moral, estabelecendo-a como um endoso comércio. A Igreja é responsável pela deturpação dessa moral. Havia a moral pela moral que foi substituída pela moral bíblica em que só se é bom para ganhar o céu.
Superpondo-se um grupo empresarialmente forte, extinguiu-se a moral individual.
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