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Bruxaria e Paganismo

Quem são os Elders?

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André Correia (Conexão Pagã@bercodepalha)

O que torna uma pessoa um Elder na Bruxaria?

Busquei algumas explicações em bibliografias que justificassem as características e qualidades que nomeiam um indivíduo como ancião ou “elder”, mas encontrei pouquíssimas informações.

Este texto, portanto, será uma explanação pessoal com a minha compreensão sobre o tema. Não se trata de uma definição acadêmica, nem tem a pretensão de ser. É apenas uma forma de compreender essa figura que transita em nossa comunidade.

Elder é uma palavra em inglês que significa “ancião”. Se pensarmos apenas nisso, o termo é bastante superficial para o que buscamos entender e propor com este texto. O que vejo como Elder não se refere a uma pessoa com idade avançada, mas sim a alguém com conhecimento avançado. No entanto, conhecimento por si só não garante sabedoria, e essa, meus amigos, só é adquirida com o tempo e a experiência.

Isso me levou a refletir sobre quantas vezes ouvi essa palavra nessas últimas décadas, sobre quem são os elderes reconhecidos atualmente em suas tradições, de forma mais generalista na bruxaria ou mesmo individualmente em seus caminhos. Creio que podemos citar Laurie Cabot, Selena Fox, Janet Farrar, Budapest e eu reconheço Susan Marie Paramor como uma Elder em sua forma de lidar com a Craft.

Sabe quando o tempo vai passando e a família vai crescendo? Com os anos, o homem que era pai de muitos filhos se torna avô. A mãe que reunia os filhos em sua casa aos finais de semana se torna avó. Naturalmente, eles adquirem papéis especiais, de respeito e destaque nas reuniões de família. Ganham a melhor poltrona, são servidos pelos filhos e netos e são cumprimentados com muito carinho e respeito por todos os membros da família, que reconhecem o quanto eles se dedicaram para que a família chegasse naquele ponto. Esses avós são os elders daquele grupo.

Em um grupo espiritual, acredito que o reconhecimento como um elder não é algo a ser almejado, mas talvez uma conquista consequente da dedicação no presente, no aqui e agora. O trabalho não consiste apenas na construção de ideias e práticas, mas também no desenvolvimento social, na educação das gerações, no contato direto, no carinho e na postura de dedicação aos que se colocam à disposição para aprender.

Vejo a comunidade pagã muitas vezes carente de pessoas competentes na difusão de conhecimentos e que tenham uma postura acolhedora ao mesmo tempo. Existem muitos chefes, mas poucos líderes que despontam nesse ambiente mágico-campestre. Grandes homens e mulheres escreveram livros, outros criaram práticas e caminhos, mas nem todos eles são reconhecidos como destaques em quesitos que os tornam passíveis de admiração.

A admiração é uma percepção respeitosa de reconhecimento da importância em determinados campos que julgamos relevantes, mas precisamos tomar muito cuidado e saber discernir fama de relevância, pois a diferença é absurdamente significativa.

Gosto muito de observar como esse movimento de reconhecimento é natural, orgânico e espontâneo. Surge naturalmente conforme o público vai percebendo que é possível confiar em algumas pessoas, que seu conhecimento é sólido e fundamentado, sua prática é coerente e respeitosa, e seus ensinamentos permitem que o sagrado se manifeste durante todo o processo.

A generosidade também é uma característica a ser observada. E quando me refiro a isso, falo de uma postura de compartilhamento, de acessibilidade de informações e coerência com a postura da comunidade pagã. Insisto na importância da generosidade de compartilhar, pois identifico frequentemente uma visão de egoísmo intelectual, uma restrição de acesso às informações com o intuito de manter o conhecimento disponível apenas para um grupo específico, elitizando a informação e criando “castas” onde detentores de informações recebem status devido ao grande conhecimento, que na verdade foi retido e distribuído de maneira falsamente benevolente.

Por fim, acredito que o elder seja um reconhecimento social, um olhar de respeito da comunidade para aquelas pessoas que são vistas como merecedoras. Não está necessariamente relacionado à idade, mas sim à experiência, conhecimento, relacionamento e postura. Talvez essa sabedoria seja mais encontrada entre os mais velhos, que, em um relacionamento com a vida, tiveram a oportunidade de trocar pensamentos, sabedorias e maturidade. Essa nomenclatura não é exatamente uma titulação, nem mesmo um cargo ou grau oficial das práticas ou tradições. É talvez uma digna retribuição da comunidade para aqueles com muito tempo de estudo, prática, contribuição, postura digna e generosa diante dos outros.


André Correia. Psicólogo atuante em clínica desde 2007, adepto da bruxaria eclética, construtor de tambores ritualísticos. Participa dos projetos Conexão Pagã e Music, Magic and Folklore. Coordenador do Círculo de Kildare e autor da obra musical Tambores Sagrados.


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