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Bruxaria e Paganismo

Paganismo – Principios Básicos

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A Federação Pagã acredita que toda a gente deveria ser livre para seguir a sua religião, ou seja, que possam adorar os seus Deuses e Deusas como bem entenderem. Actualmente o Paganismo é uma noção generalizada que engloba uma variedade de Tradições ou crenças mas que possuem alguns aspectos básicos em comum.

Faz o que quiseres, mas não prejudiques a ninguém.   

Isto NÃO significa que a pessoa seja livre para fazer tudo o que lhe apetece, quando lhe apetece. Significa, porém que a pessoa deve sentir-se livre para fazer o que quiser, desde que não prejudique ninguém. Assim, antes de fazer alguma coisa deve sempre pensar nos outros.

Isto pode envolver o facto de se assegurar primeiro de que ninguém vai sair magoado com os seus actos, ou apenas tentar não incomodar os outros com as suas acções. Significa também que tudo aquilo que fizer não deve magoar o próprio. As pessoas deveriam estar atentas à sua própria segurança e saúde e bem-estar, livres de preocupações antes de fazerem coisas que possam causar-lhes qualquer tipo de mal.

Esta é uma verdade tanto para o trabalho mágico como para a vida do dia-a-dia. Se roga uma praga a alguém, está a tentar fazer-lhe mal… Se tenta fazer alguém apaixonar-se por si quando a outra pessoa talvez nem sinta a menor vontade de o fazer, está a fazer com que aja contra a sua própria vontade. Por isso, os pagãos são muito cuidadosos acerca do tipo de magia que utilizam.

Toda a gente deveria ter a possibilidade de agir livremente, sem serem detidos pelas opiniões e atitudes de pessoas que não concordem com elas. É ser você mesmo, descobrir aquilo em que VOCÊ acredita, aquilo que VOCÊ pensa e não se limitar a seguir com a maré ou aquilo que está na moda.

É certificar-se de que se sente seguro e feliz com aquilo que faz na vida do dia-a-dia e no caminho espiritual que escolher.

Respeito e reverência pela Natureza.

Os pagãos acreditam que o planeta Terra é um ser vivo e que tudo o que existe no planeta é parte daquilo que o faz viver.

Isto pode ser facilmente observado de várias maneiras. Por exemplo, as árvores crescem da terra, assim as pessoas consideram-nas como sendo parte da “natureza”, pensamos nelas como seres especiais por serem uma parte tão extensa da Terra. Os pagãos acreditam que, tal como as árvores, as pessoas são também uma parte da Natureza. Acreditamos que tudo aquilo que acontece ao planeta nos afecta de diversas maneiras. Isto porque somos uma parte importante do planeta e o planeta é uma grande parte de nós.

A Natureza, seja ela as flores, árvores, animais ou os campos, é maravilhosa! A sua beleza preenche os nossos olhos, nela se passeia por locais encantadores e não poderíamos viver sem ela. Por estes motivos os pagãos acreditam que a natureza deveria ser altamente respeitada. Os pagãos devem fazer diversas coisas para ajudar a Natureza como o reciclar latas e jornais, isto ajuda o planeta. Não demora muito tempo a fazer, mas pode ter um enorme impacto e sentimos que fazer estas pequenas coisas é o mínimo de respeito pela Natureza.

O tipo de sentimento que alguém pode ter quando observa a soberba vista do topo de uma grande montanha ou quando assiste a uma grande tempestade é o tipo de sentimento que os pagãos têm pela natureza em todos os momentos da sua vida. Sentimos a Terra como um Todo, tal como uma Deusa que nos dá a vida e nos acompanha pelas estações do ano; Tal como dá vida às árvores e aos animais, Ela também dá vida ás pessoas. Por isso, os pagãos sentem que a Terra é muito importante e que eles devem dar o seu melhor para a proteger.

Reconhecimento de um Deus e de uma Deusa    

Ao contrário de algumas religiões, os pagãos acreditam que há um Deus e também uma Deusa. Ambos vivem neste mundo e O Deus e a Deusa são parte da Natureza, tal como nós. Porque os homens e as mulheres são diferentes e porque necessitamos do masculino e do feminino para fazer com que o mundo não pare, os pagãos acreditam que a natureza também tem um lado masculino e um lado feminino. Podemos vê-los na Natureza. Por exemplo, a raposa é uma criatura rápida e inteligente, e é assim que o Deus é visto como parte da raposa. Contudo, também se preocupa bastante com as suas crias, abdicando do seu próprio conforto para mantê-las quentes e bem alimentadas; isto pode ser visto como a Deusa na mesma raposa. Se não fosse rápida e inteligente, a raposa não seria capaz de alimentar as suas crias, ou mantê-las quentes, e sem as raposas mais jovens não haveria continuação da espécie nos anos seguintes… assim podemos compreender como o Deus e a Deusa trabalham em conjunto neste animal.

Os Pagãos acreditam que é importante saber que a Deusa pode ser adorada da mesma maneira que o Deus. Para algumas pessoas, a descoberta de que existe uma contraparte feminina para o Deus é muito importante e ajuda-os a encontrar sentido no mundo.

A maioria dos pagãos concordará com os ideais acima descritos. De facto, muitas pessoas não pagãs poderão concordar com eles. Não são regras duras e rígidas em que uma pessoa é punida por quebrá-las, mas podem ser vistas como guias sábios para viver a vida. Muitos pagãos terão outros ideais e princípios que regem as suas vidas tal como estes. Lembrem-se de que os pagãos são todos pessoas diferentes com crenças diferentes, e ninguém tem todas as respostas, contudo as opiniões de todos são importantes. Uma vez que os Deuses e Deusas se encontram em todo o lado, as pessoas encontram-nos em diferentes situações que fazem sentido para nós – Os Pagãos entendem o Deus e a Deusa de maneira muito própria, ou segundo a Tradição mágica a que estão ligados, mas nenhum Pagão adora UM só principio criador … (assim o deus dos Cristãos pode ser visto como o mesmo Deus dos Budistas). Muitas vezes estas ideias podem não fazer qualquer sentido para si, mas isso não significa que estejam erradas. Nenhuma religião é a correcta, e é importante que as pessoas aceitem que outros possam seguir o caminho que realmente querem seguir. De momento o Paganismo pode parecer-lhe o caminho certo para si, mas lembre-se de que as coisas podem mudar de futuro e que mais tarde pode sentir que não era afinal o indicado.

Só porque acredita nos ideais acima descritos, não significa que seja Pagão.

Existem muitos caminhos dentro do Paganismo. Alguns veneram sozinhos ou como membros de variados grupos . Alguns caminhos estão claramente definidos e têm uma estrutura com os seus próprios ensinamentos e outros não, mas alguns dos caminhos mais populares dentro do Paganismo são a Wicca ( feitiçaria moderna ), o Druidismo, a Tradição do Norte ( Escandinava e Anglo-Saxónica), a Tradição Ibérica.

WICCA   

A Wicca é a feitiçaria moderna. As bruxas podem ser tanto mulheres como homens e podem trabalhar em Covens ou sozinhos. Os Covens tem uma cerimónia de iniciação que faz de alguém uma feiticeira; contudo os covens tradicionalistas e responsáveis nunca iniciarão alguém com menos de 18 anos. As feiticeiras celebram a mudança das estações durante a Roda do ano, e prestam culto a ambos Deus e Deusa ( estes podem variar de Coven para Coven). Muitas feiticeiras aprendem a usar a Magia, sendo a maior parte na forma de cura para ajudar os outros.
Druidismo

O Druidismo de hoje é um eco do Druidismo do passado. Os Druidas eram os profetas, mágicos, videntes, curandeiros e conselheiros das tribos pré-cristãs. Os Druidas de hoje buscam a maior parte da sua inspiração nestas pessoas. Dentro do Druidismo existem os Bardos, os Ovatos e os Druidas. Os Bardos são contadores de história e poetas que usam o poder da poesia e da música para contar os seus contos a outros. Esta parte do Druidismo é aberta a todos. Os Ovatos são os profetas e os videntes que aprendem a libertar o poder das suas mentes para dar uma visão do futuro. O Druida passa por ambos os graus antes de se tornar no sábio, conselheiro e mestre. Os Druidas aprendem muito da tradição das árvores, plantas, pedras e tudo no mundo natural. Também eles se reúnem para celebrar o passar das estações.

Tradições do Norte    

Tradição do Norte é um conjunto de religiões populares que vêem do norte da Europa. A tradição do Norte segue a mitologia nórdica e os seus muitos Deuses e Deusas tal como Thor, Freya, Woden e outros. Existem vários Festivais através do ano e tal como com outros caminhos pagãos, existe também uma tradição de magia. Os seguidores reúnem-se para celebrar em grupos chamados Hearths e dentro dos Hearths, todos são reconhecidos como sendo iguais.

Tradição Ibérica

Esta Tradição é oriunda da Península Ibérica, que compreende os actuais territórios de Portugal e Espanha e terras das regiões fronteiriças dos Pirineús. Os nossos ancestrais adoravam os seus Deuses, com cultos diferenciados entre as tribos das várias regiões; respeitavam os lugares e os espíritos da Natureza e colhiam e caçavam com bravura e respeito.

No passado a Península Ibérica foi palco de influências de vários povos entre eles: os Fenícios, Cartagineses, Suevos, Visigodos, Celtas – daí o rótulo de Celtibero, palavra que representa mistura de povos Celtas e Ibéricos. As divindades nunca se mesclaram facilmente com as dos povos invasores.

A adoração e o Ritual dos Deuses tem a ver com a Arte Antiga, hoje chamada por uns de “Tradicionalista” e claro muito anterior à Wicca, que vemos do autor Gardner (anos 50) e outros dele decorrentes. Além disso, é sabido o quanto Gerald Gardner percorreu por várias vezes a Espanha na busca do culto dos Antigos … mas na realidade nunca os encontrou realmente, pois os grupos de bruxos conhecidos por Aquellares e Coevas (covens) são fechados e o que se fala para o exterior é cauteloso de acordo com as Leis ancestrais.

O espírito religioso dos romanos baseava-se na importação dos Deuses das varias regiões conquistadas, observemos a Grécia como exemplo disso. Todos os Deuses Gregos foram importados dando origem a Deuses Romanos de poder e semântica similares. Os romanos querendo absorver os poderes das tribos conquistadas, apropriavam-se dos nomes dos Deuses locais e aplicavam-nos conforme as conveniências da sua cultura, sem contudo existir o verdadeiro sentido mágico-religioso.

Assim aconteceu com a nossa Deusa Atégina que após a romanização foi chamada Próserpina, sendo que Atégina era nome já deveras conhecido na mitologia ibérica muito antes de Roma ser criada.

Pela História, vemos que cinco séculos antes de Roma, já haviam chegado à Europa a cultura dos Gregos e dos Fenícios, depois os Cartagineses, que não forçaram os habitantes ibéricos com suas religiões, mas entretanto foram bastante influentes na passagem de segredos e mistérios aos Sábios tribais e dos “Santuários” primitivos já existentes na Península Ibérica.

A Tradição Ibérica tem uma ancestralidade reconhecida num vasto Panteão autócne, quase livre de influências exteriores, exposta também nos variadíssimos vestígios históricos, que cada vez mais surgirão à luz dos homens.

Não poderíamos ficar alheios também da importância trazida pelas culturas Fenícia e Cartaginesa, cuja cultura resplandecente causou assombro e respeito aos povos nativos ibéricos do litoral português com os cultos de Baal Merkart e de Tanith de Cartago cultuada no seu local em Nazaré.

O Panteão Ibérico é rico e tribal e Os Deuses que o compõem existem nas antigas regiões da Bética, da Lusitânia e da Calaecia, e entre as várias Divindades, cultua-se:

  • Endovélico – o Curador,
  • Atégina – A Deusa Mãe,
  • Trebaruna – A Guerreira e Protectora,
  • Bônconcios – O Guerreiro,
  • Tongoenabiagus – O Fertilizador,
  • Tanira – A Deusa das Artes,
  • Nabica – A Ninfa das Florestas,
  • Aernus – O senhor dos Ventos,
  • Brigantés – a Deusa guerreira *.

* – Esta divindade é resultante da influência dos povos do norte da Europa nestas terras da Ibéria, e nada têm a ver com Briga ou Brigit dos druidas e muito menos a ver com os seus cultos.

Os feiticeiros Ibéricos não seguem os actuais calendários usados na Wicca, mas sim os calendários vivos que a própria Tradição lhes ditou através dos tempos. Nesta Tradição há 3 Celebrações anuais básicas: O nascimento, O Apogeu e o Rito aos Idos. O culto aos ancestrais é de vital importância e nesta altura visitamos o Rio do Esquecimento para cultuar nossos antepassados.

Na Tradição Ibérica os cultos são dirigidos a uma só Deusa ou a um Deus e cada Divindade é adorada individualmente, salvo algumas excepções e não se aplicando a ritualística de Deusa e Consorte, tão difundida pela Wicca, e não existindo o conceito de deuses infernais ou trindades de Deuses.

O Paganismo ainda é incompreendido pela maioria das pessoas, que frequentemente associam-no com a magia negra e com o diabo. O diabo não tem lugar no Paganismo, uma vez que é um ideal cristão. Os pagãos não adoram o diabo uma vez que não acreditam na sua existência.

É sempre bom falar com os pais, e amigos que podem sentir-se preocupados ou até assustados com as crenças pagãs. Talvez possa mostrar-lhes este panfleto para ajudá-los a compreender os factos reais acerca do Paganismo. A Federação Pagã não pretende converter ou recrutar ninguém, mas deseja que todos compreendam o Paganismo.

Muitas vezes pergunto a mim próprio …

Os Pagãos prestam culto ao diabo?

Não, o diabo faz parte da mitologia cristã. Muitos Deuses pagãos são representados com cornos tal como os do Stag, mas não são o diabo, são apenas Deuses da Natureza.

As bruxas têm vassoura?

Sim! São muito úteis para varrer as folhas do pátio! Muitas bruxas possuem a tradicional vassoura de bruxa, mas a maioria acha a bicicleta uma melhor maneira de se deslocar.

A magia funciona?

É claro que sim. Porque outra razão a utilizaríamos? Contudo, ela funciona frequentemente de modo inesperado. Tal como qualquer outra habilidade, é sempre melhor encontrar um bom mestre.

O que é a estrela de cinco pontas que tantos de vocês parecem usar?

É chamada de Pentagrama. Muitos pagãos o usam. Representa geralmente a Terra, o Ar, o Fogo, a Água e o Espírito – os cinco elementos mágicos que constituem a vida.

Texto de I. Andrade


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