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Bruxaria e Paganismo

Os Hinos Homéricos

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A coleção de invocações aqui reunidas tem aproximadamente 3 mil anos e estavam em uso nos períodos Arcaico e Clássico da Grécia, aproximadamente entre 700 e 500 a.C. Cada poema na coleção expressa a essência de um deus ou deusa em particular, celebrando seus atributos ou epifania. Há hinos à Zeus, Afrodide, Hermes e os principais deuses do Olimpo.

Esta coleção tradicional é conhecida como Hinos Homéricos porque seguem o mesmo metro épico tradicional, o hexâmetro dactílico, e utilizam o mesmo dialeto e estilo encontrados nas épicas Ilíada e Odisseia, atribuídas a Homero.

A tradução a seguir é a de Carlos Leonardo Bonturim Antunes, da Universidad Peruana de Ciencias Aplicadas (UPC) publicado em 2016 nosCadernos de Literatura em Tradução. FFLCG/USP:

Hino às Musas e a Apolo

μουσάων ἄρχωμαι Ἀπόλλωνός τε Διός τε:

ἐκ γὰρ Μουσάων καὶ ἑκηβόλου Ἀπόλλωνος ἄνδρες ἀοιδοὶ ἔασιν ἐπὶ χθονὶ καὶ κιθαρισταί,

ἐκ δὲ Διὸς βασιλῆες: ὃ δ᾽ ὄλβιος, ὅν τινα Μοῦσαι φίλωνται: γλυκερή οἱ ἀπὸ στόματος ῥέει αὐδή. χαίρετε, τέκνα Διός, καὶ ἐμὴν τιμήσατ᾽ ἀοιδήν: αὐτὰρ ἐγὼν ὑμέων τε καὶ ἄλλης μνήσομ᾽ ἀοιδῆς.

Canto a respeito de Apolo, rebento de Zeus, e das Musas, Pois é por meio do arqueiro distante, de Apolo, e das Musas, Que há sobre a terra liristas e aedos em meio aos humanos, Mas é por Zeus que há monarcas. Feliz é aquele que as Musas Amam e a voz que lhe flui a partir de sua boca é adoçada.

Salve, crianças de Zeus! Concedei honra à minha canção! E eu, de vós todos, irei me lembrar e de uma outra canção!

Hino a Gaia, Mãe de Tudo

γαῖαν παμμήτειραν ἀείσομαι, ἠυθέμεθλον, πρεσβίστην, ἣ φέρβει ἐπὶ χθονὶ πάνθ᾽ ὁπόσ᾽ ἐστίν, ἠμὲν ὅσα χθόνα δῖαν ἐπέρχεται ἠδ᾽ ὅσα πόντον ἠδ᾽ ὅσα πωτῶνται, τάδε φέρβεται ἐκ σέθεν ὄλβου. ἐκ σέο δ᾽ εὔπαιδές τε καὶ εὔκαρποι τελέθουσι, πότνια, σεῦ δ᾽ ἔχεται δοῦναι βίον ἠδ᾽ ἀφελέσθαι θνητοῖς ἀνθρώποισιν: ὃ δ᾽ ὄλβιος, ὅν κε σὺ θυμῷ πρόφρων τιμήσῃς: τῷ τ᾽ ἄφθονα πάντα πάρεστι.

βρίθει μέν σφιν ἄρουρα φερέσβιος ἠδὲ κατ᾽ ἀγροὺς κτήνεσιν εὐθηνεῖ, οἶκος δ᾽ ἐμπίπλαται ἐσθλῶν: αὐτοὶ δ᾽ εὐνομίῃσι πόλιν κάτα καλλιγύναικα κοιρανέουσ᾽, ὄλβος δὲ πολὺς καὶ πλοῦτος ὀπηδεῖ: παῖδες δ᾽ εὐφροσύνῃ νεοθηλέι κυδιόωσι παρθενικαί τε χοροῖς πολυανθέσιν εὔφρονι θυμῷ παίζουσαι σκαίρουσι κατ᾽ ἄνθεα μαλθακὰ ποίης, οὕς κε σὺ τιμήσῃς, σεμνὴ θεά, ἄφθονε δαῖμον. χαῖρε, θεῶν μήτηρ, ἄλοχ᾽ Οὐρανοῦ ἀστερόεντος, πρόφρων δ᾽ ἀντ᾽ ᾠδῆς βίοτον θυμήρε᾽ ὄπαζε: αὐτὰρ ἐγὼ καὶ σεῖο καὶ ἄλλης μνήσομ᾽ ἀοιδῆς.

Gaia é quem canto, de bons alicerces, que a tudo gerou, A mais antiga, nutriz para todos que vivem no solo,

Para os que vagam ao longo da terra, os que habitam o mar E os voadores. São todos nutridos na sua fortuna.

Tu és quem cede a fartura, senhora, de frutos e filhos, E é dependente de ti dar os meios pra vida ou tirá-los Para os humanos mortais. É feliz quem recebe de ti Esta honraria, benévola. Tudo lhe dá em abundância:

Fartos se tornam seus campos, repletos de frutos nutrizes, Os seus rebanhos prosperam e a casa se farta de bens.

Tais são os homens que em pólis de belas mulheres, com ordem, Têm o comando. Acompanham-nos grande fortuna e riqueza.

Com renovada alegria estão sempre exultando os seus filhos E suas filhas em coros floridos com íntimo alegre

Brincam saltando por cima das flores macias dos campos.

Tais as tuas honras, augusta deidade, magnânimo nume. Mãe dos divinos, saúdo-te, esposa de Urano estrelado! Benevolente concede ao meu canto alegrar corações.

Ora de ti e de uma outra canção eu irei me lembrar!

Hino a Zeus

 Ζῆνα θεῶν τὸν ἄριστον ἀείσομαι ἠδὲ μέγιστον, εὐρύοπα, κρείοντα, τελεσφόρον, ὅστε Θέμιστι ἐγκλιδὸν ἑζομένῃ πυκινοὺς ὀάρους ὀαρίζει. ἵληθ᾽, εὐρύοπα Κρονίδη, κύδιστε μέγιστε.

Eu cantarei sobre Zeus, o maior e mais nobre dos deuses, De ampla visão, cumpridor, soberano, que fala palavras Sábias a Têmis enquanto ela senta inclinada ao seu lado. Amplividente Cronida, maior, mais honrado, sê bom!

Hino a Hera

 Ἥρην ἀείδω χρυσόθρονον, ἣν τέκε Ῥείη, ἀθανάτων βασίλειαν, ὑπείροχον εἶδος ἔχουσαν, Ζηνὸς ἐριγδούποιο κασιγνήτην ἄλοχόν τε, κυδρήν, ἣν πάντες μάκαρες κατὰ μακρὸν Ὄλυμπον ἁζόμενοι τίουσιν ὁμῶς Διὶ τερπικεραύνῳ.

Hera de trono dourado, nascida de Reia, é quem canto, Régia entre os deuses eternos, suprema na forma que tem. Ela é a irmã e a esposa de Zeus, trovejante sonoro,

A gloriosa a quem todos os deuses ditosos do Olimpo Magno veneram, até Zeus que tem seu deleite com raios.

Hino a Ares

 Ἆρες ὑπερμενέτα, βρισάρματε, χρυσεοπήληξ, ὀβριμόθυμε, φέρασπι, πολισσόε, χαλκοκορυστά, καρτερόχειρ, ἀμόγητε, δορισθενές, ἕρκος Ὀλύμπου, Νίκης εὐπολέμοιο πάτερ, συναρωγὲ Θέμιστος, ἀντιβίοισι τύραννε, δικαιοτάτων ἀγὲ φωτῶν, ἠνορέης σκηπτοῦχε, πυραυγέα κύκλον ἑλίσσων αἰθέρος ἑπταπόροις ἐνὶ τείρεσιν, ἔνθα σε πῶλοι ζαφλεγέες τριτάτης ὑπὲρ ἄντυγος αἰὲν ἔχουσι: κλῦθι, βροτῶν ἐπίκουρε, δοτὴρ εὐθαρσέος ἥβης, πρηὺ καταστίλβων σέλας ὑψόθεν ἐς βιότητα ἡμετέρην καὶ κάρτος ἀρήιον, ὥς κε δυναίμην σεύασθαι κακότητα πικρὴν ἀπ᾽ ἐμοῖο καρήνου, καὶ ψυχῆς ἀπατηλὸν ὑπογνάμψαι φρεσὶν ὁρμήν, θυμοῦ αὖ μένος ὀξὺ κατισχέμεν, ὅς μ᾽ ἐρέθῃσι φυλόπιδος κρυερῆς ἐπιβαινέμεν: ἀλλὰ σὺ θάρσος δός, μάκαρ, εἰρήνης τε μένειν ἐν ἀπήμοσι θεσμοῖς δυσμενέων προφυγόντα μόθον Κῆράς τε βιαίους.

Ares fortíssimo, mestre de bigas, do elmo dourado,

Bravo, escudeiro, guardião de cidades, das armas de bronze, Muro do Olimpo, incansável, lanceiro potente, mão forte, Pai da vitória em combates guerreiros, aliado de Têmis, Líder dos homens honestos, tirano das forças contrárias, Dono do cetro viril, que circulas tua esfera de fogo Junto dos sete caminhos celestes, nos quais teus cavalos Ígneos te levam além da terceira divisa do céu, Auxiliador dos mortais, doador de uma audaz juventude,

Ouve-me! Do alto me manda teu raio gentil sobre a minha Vida e concede-me força guerreira, de modo que eu possa Afugentar essa vil covardia da minha cabeça

E suprimir as pulsões enganosas que vêm da minha alma. Freia o furor aguçado do meu coração, que me faz

Ir pelas trilhas geladas da guerra, mas dá-me a coragem De me manter junto às leis salutares da paz, ó ditoso, Para evitar as disputas, a raiva e as Queres violentas.

Hino a Hermes

Ἑρμῆν ἀείδω Κυλλήνιον, Ἀργειφόντην, Κυλλήνης μεδέοντα καὶ Ἀρκαδίης πολυμήλου, ἄγγελον ἀθανάτων ἐριούνιον, ὃν τέκε Μαῖα, Ατλαντος θυγάτηρ, Διὸς ἐν φιλότητι μιγεῖσα, αἰδοίη: μακάρων δὲ θεῶν ἀλέεινεν ὅμιλον, ἄντρῳ ναιετάουσα παλισκίῳ: ἔνθα Κρονίων νύμφῃ ἐυπλοκάμῳ μισγέσκετο νυκτὸς ἀμολγῷ, εὖτε κατὰ γλυκὺς ὕπνος ἔχοι λευκώλενον Ἥρην:

λάνθανε δ᾽ ἀθανάτους τε θεοὺς θνητούς τ᾽ ἀνθρώπους. καὶ σὺ μὲν οὕτω χαῖρε, Διὸς καὶ Μαιάδος υἱέ:

σεῦ δ᾽ ἐγὼ ἀρξάμενος μεταβήσομαι ἄλλον ἐς ὕμνον. [χαῖρ᾽. Ἑρμῆ χαριδῶτα, διάκτορε, δῶτορ ἐάων.]

Canto a respeito de Hermes, nascido em Cilene, Argicida, Lorde da Arcádia de fértil rebanho e também de Cilene, Núncio auspicioso dos deuses eternos, gerado por Maia, Filha de Atlas, após ter-se unido com Zeus em amor.

Tímida, sempre evitava a assembleia dos deuses ditosos E numa gruta sombria vivia. Foi lá que o Cronida

De madrugada se unia co’ a ninfa de belos cabelos, Hera dos cândidos braços já pega no sono adoçado.

Nenhum dos homens mortais ou dos deuses eternos sabia. Eu te saúdo, portanto, rebento de Zeus e de Maia!

Tendo iniciado contigo eu me viro a uma outra canção! Salve, doador de benesses, de bens, mensageiro, ó Hermes!

Hino a Afrodite

 κυπρογενῆ Κυθέρειαν ἀείσομαι, ἥτε βροτοῖσι μείλιχα δῶρα δίδωσιν, ἐφ᾽ ἱμερτῷ δὲ προσώπῳ αἰεὶ μειδιάει καὶ ἐφ᾽ ἱμερτὸν θέει ἄνθος.

χαῖρε, θεά, Σαλαμῖνος ἐυκτιμένης μεδέουσα εἰναλίης τε Κύπρου: δὸς δ᾽ ἱμερόεσσαν ἀοιδήν. αὐτὰρ ἐγὼ καὶ σεῖο καὶ ἄλλης μνήσομ᾽ ἀοιδῆς.

Eu cantarei a nativa de Chipre, Citéria,4 que aos homens Dá seus presentes gentis, com sorrisos no rosto adorável

Sempre e adorável também sendo o brilho que cobre a sua tez. Salve, deidade, que tens Salamina bem-feita em tua guarda e Chipre banhada no mar! Para mim, dá uma amável canção!

Ora de ti eu irei me lembrar e de uma outra canção.

Hino a Héracles Coração de Leão

Ἡρακλέα, Διὸς υἱόν, ἀείσομαι, ὃν μέγ᾽ ἄριστον γείνατ᾽ ἐπιχθονίων Θήβῃς ἔνι καλλιχόροισιν Ἀλκμήνη μιχθεῖσα κελαινεφέι Κρονίωνι:

ὃς πρὶν μὲν κατὰ γαῖαν ἀθέσφατον ἠδὲ θάλασσαν πλαζόμενος πομπῇσιν ὕπ᾽ Εὐρυσθῆος ἄνακτος πολλὰ μὲν αὐτὸς ἔρεξεν ἀτάσθαλα, πολλὰ δ᾽ ἀνέτλη: νῦν δ᾽ ἤδη κατὰ καλὸν ἕδος νιφόεντος Ὀλύμπου ναίει τερπόμενος καὶ ἔχει καλλίσφυρον Ἥβην. χαῖρε, ἄναξ, Διὸς υἱέ: δίδου δ᾽ ἀρετήν τε καὶ ὄλβον.

Canto a respeito de Héracles, filho de Zeus, o mais nobre Dentre os terrestres, que em Tebas dos coros amáveis Alcmena, Em união ao Cronida de nuvens escuras, gerou.

Ele, quem antes vagava a amplitude do mar e da terra Imensurável por ordens diretas do rei Euristeu,

Fez muitos feitos ousados e muito também suportou. Ora ele habita uma bela morada no Olimpo nevado

Onde é feliz junto de Hebe com seus tornozelos formosos. Salve, senhor, filho a Zeus! Dá-me prosperidade e excelência!

Hino a Asclépio

ἰητῆρα νόσων Ἀσκληπιὸν ἄρχομ᾽ ἀείδειν, υἱὸν Ἀπόλλωνος, τὸν ἐγείνατο δῖα Κορωνὶς Δωτίῳ ἐν πεδίῳ, κούρη Φλεγύου βασιλῆος,

χάρμα μέγ᾽ ἀνθρώποισι, κακῶν θελκτῆρ᾽ ὀδυνάων. καὶ σὺ μὲν οὕτω χαῖρε, ἄναξ: λίτομαι δέ σ᾽ ἀοιδῇ.

Canto a respeito do médico para doenças, Asclépio, Prole de Apolo, que foi dado à luz pela filha do rei Flégias, Corônis divina, nos prados chamados de Dótios, Júbilo para os humanos, alívio de dores ruins.

Salve, portanto, senhor! Faço preces a ti na canção!

Hino a Hefesto

 Ἥφαιστον κλυτόμητιν ἀείσεο, Μοῦσα λίγεια, ὃς μετ᾽ Ἀθηναίης γλαυκώπιδος ἀγλαὰ ἔργα ἀνθρώπους ἐδίδαξεν ἐπὶ χθονός, οἳ τὸ πάρος περ ἄντροις ναιετάασκον ἐν οὔρεσιν, ἠύτε θῆρες. νῦν δὲ δι᾽ Ἥφαιστον κλυτοτέχνην ἔργα δαέντες ῥηιδίως αἰῶνα τελεσφόρον εἰς ἐνιαυτὸν

εὔκηλοι διάγουσιν ἐνὶ σφετέροισι δόμοισιν.

ἀλλ᾽ ἵληθ᾽, Ἥφαιστε: δίδου δ᾽ ἀρετήν τε καὶ ὄλβον.

Canta-me Hefesto, famoso inventor, Musa, em límpida voz. Junto de Atena dos olhos brilhantes pros homens terrestres Ele ensinou seus trabalhos gloriosos aos que antes viviam Dentro de grutas nos montes aos moldes de feras selvagens. Hoje aprendidas as artes de Hefesto famoso artesão,

Vivem suas vidas de modo tranquilo e sem dificuldades Dentro de suas moradas ao longo dos anos inteiros.

Dá-nos, Hefesto, tua graça, com prosperidade e excelência!

Hino a Posêidon

ἀμφὶ Ποσειδάωτα, μέγαν θεόν, ἄρχομ᾽ ἀείδειν, γαίης κινητῆρα καὶ ἀτρυγέτοιο θαλάσσης, πόντιον, ὅσθ᾽ Ἑλικῶνα καὶ εὐρείας ἔχει Αἰγάς. διχθά τοι, Ἐννοσίγαιε, θεοὶ τιμὴν ἐδάσαντο, ἵππων τε δμητῆρ᾽ ἔμεναι σωτῆρά τε νηῶν. χαῖρε, Ποσείδαον γαιήοχε, κυανοχαῖτα,

καί, μάκαρ, εὐμενὲς ἦτορ ἔχων πλώουσιν ἄρηγε.

Sobre Posêidon, gigante entre os deuses, começo a cantar, Ele que faz se moverem a terra e o mar infecundo

E tem seu mando marinho no Hélicon e no Egeu vasto. Ó Fremidor, os divinos te deram um dúplice ofício: Ser domador de cavalos e ser salvador de navios.

Salve, Posêidon, dos cachos escuros, que a terra chacoalha! Com coração benfazejo, ditoso, protege os marujos!

Hino a Dioniso

κισσοκόμην Διόνυσον ἐρίβρομον ἄρχομ᾽ ἀείδειν, Ζηνὸς καὶ Σεμέλης ἐρικυδέος ἀγλαὸν υἱόν,

ὃν τρέφον ἠύκομοι Νύμφαι παρὰ πατρὸς ἄνακτος δεξάμεναι κόλποισι καὶ ἐνδυκέως ἀτίταλλον Νύσης ἐν γυάλοις: ὃ δ᾽ ἀέξετο πατρὸς ἕκητι

ἄντρῳ ἐν εὐώδει μεταρίθμιος ἀθανάτοισιν. αὐτὰρ ἐπειδὴ τόνδε θεαὶ πολύυμνον ἔθρεψαν, δὴ τότε φοιτίζεσκε καθ᾽ ὑλήεντας ἐναύλους,

κισσῷ καὶ δάφνῃ πεπυκασμένος: αἳ δ᾽ ἅμ᾽ ἕποντο Νύμφαι, ὃ δ᾽ ἐξηγεῖτο: βρόμος δ᾽ ἔχεν ἄσπετον ὕλην. καὶ σὺ μὲν οὕτω χαῖρε, πολυστάφυλ᾽ ὦ Διόνυσε:

δὸς δ᾽ ἡμᾶς χαίροντας ἐς ὥρας αὖτις ἱκέσθαι, ἐκ δ᾽ αὖθ᾽ ὡράων εἰς τοὺς πολλοὺς ἐνιαυτούς.

Canto Dioniso, das láureas de vinhas, dos brados sonoros, Filho de Zeus e de Sêmele, muito famoso e esplendente, Alimentado no colo das Ninfas de belos cabelos

Que o receberam do lorde, seu pai, e o criaram com zelo Nas reentrâncias de Nisa, onde pela vontade do pai

Ele cresceu numa gruta olorosa e contado entre eternos. Mas, quando as deusas o tinham criado pra ser celebrado, Ele se pôs a vagar pelos leitos de rios arvorados

Com suas vestes de vinhas e louros e as Ninfas então

Foram seguindo-o por guia, seus brados enchendo a floresta. Salve, portanto, Dioniso, ó munido de múltiplas vinhas!

Dá-nos chegar novamente para esta estação jubilosos! E ano após ano também para cada estação que vier!

Hino a Ártemis

Ἄρτεμιν ἀείδω χρυσηλάκατον, κελαδεινήν, παρθένον αἰδοίην, ἐλαφηβόλον, ἰοχέαιραν, αὐτοκασιγνήτην χρυσαόρου Ἀπόλλωνος,

ἣ κατ᾽ ὄρη σκιόεντα καὶ ἄκριας ἠνεμοέσσας ἄγρῃ τερπομένη παγχρύσεα τόξα τιταίνει πέμπουσα στονόεντα βέλη: τρομέει δὲ κάρηνα ὑψηλῶν ὀρέων, ἰάχει δ᾽ ἔπι δάσκιος ὕλη δεινὸν ὑπὸ κλαγγῆς θηρῶν, φρίσσει δέ τε γαῖα πόντος τ᾽ ἰχθυόεις: ἣ δ᾽ ἄλκιμον ἦτορ ἔχουσα

πάντη ἐπιστρέφεται θηρῶν ὀλέκουσα γενέθλην. αὐτὰρ ἐπὴν τερφθῇ θηροσκόπος ἰοχέαιρα,

εὐφρήνῃ δὲ νόον, χαλάσασ᾽ εὐκαμπέα τόξα ἔρχεται ἐς μέγα δῶμα κασιγνήτοιο φίλοιο, Φοίβου Ἀπόλλωνος, Δελφῶν ἐς πίονα δῆμον, Μουσῶν καὶ Χαρίτων καλὸν χορὸν ἀρτυνέουσα. ἔνθα κατακρεμάσασα παλίντονα τόξα καὶ ἰοὺς ἡγεῖται χαρίεντα περὶ χροῒ κόσμον ἔχουσα, ἐξάρχουσα χορούς: αἳ δ᾽ ἀμβροσίην ὄπ᾽ ἰεῖσαι ὑμνεῦσιν Λητὼ καλλίσφυρον, ὡς τέκε παῖδας

20ἀθανάτων βουλῇ τε καὶ ἔργμασιν ἔξοχ᾽ ἀρίστους. χαίρετε, τέκνα Διὸς καὶ Λητοῦς ἠυκόμοιο:

αὐτὰρ ἐγὼν ὑμέων τε καὶ ἄλλης μνήσομ᾽ ἀοιδῆς.

Ártemis de hastes douradas, que clama a caçada, é quem canto, Virgem augusta, que lança suas setas no gamo, flecheira,

Ela e não outra é a irmã para Apolo da espada dourada.

Sobre as montanhas umbrosas e os cumes cortados por ventos, Saca o seu arco de ouro maciço, alegre ao caçar,

E suas flechas doridas atira. Estremecem-se os picos

De altas montanhas e as matas cerradas ecoam com gritos Hórridos vindos das feras. A terra é tomada em tremor, Bem como o mar rico em peixes. Mas com coração resoluto Vira-se a todos os lados, matando a linhagem das feras.

Quando por fim se contenta a flecheira com sua caçada, Tendo já o ânimo alegre, relaxa o seu arco flexível

E vai então para a grande morada do irmão estimado, De Febo Apolo, que fica na terra fecunda de Delfos, Para ordenar a belíssima dança das Graças e Musas. Lá dependura por fim o seu arco recurvo e suas flechas

E então conduz, com a forma alinhada e repleta de graça, Dando o início às danças, enquanto com voz ambrosíaca Canta-se o fato de Leto dos pés graciosos ter tido

Filhos supremos em meio aos eternos em mente e em seus feitos. Salve, crianças de Zeus e de Leto de belos cabelos!

Ora de vós eu irei me lembrar e de uma outra canção!

Hino a Atena

Παλλάδ᾽ Ἀθηναίην, κυδρὴν θεόν, ἄρχομ᾽ ἀείδειν γλαυκῶπιν, πολύμητιν, ἀμείλιχον ἦτορ ἔχουσαν, παρθένον αἰδοίην, ἐρυσίπτολιν, ἀλκήεσσαν, Τριτογενῆ, τὴν αὐτὸς ἐγείνατο μητίετα Ζεὺς σεμνῆς ἐκ κεφαλῆς, πολεμήια τεύχε᾽ ἔχουσαν,

χρύσεα, παμφανόωντα: σέβας δ᾽ ἔχε πάντας ὁρῶντας ἀθανάτους: ἣ δὲ πρόσθεν Διὸς αἰγιόχοιο

ἐσσυμένως ὤρουσεν ἀπ᾽ ἀθανάτοιο καρήνου, σείσασ᾽ ὀξὺν ἄκοντα: μέγας δ᾽ ἐλελίζετ᾽ Ὄλυμπος δεινὸν ὑπὸ βρίμης γλαυκώπιδος: ἀμφὶ δὲ γαῖα σμερδαλέον ἰάχησεν: ἐκινήθη δ᾽ ἄρα πόντος, κύμασι πορφυρέοισι κυκώμενος: ἔκχυτο δ᾽ ἅλμη ἐξαπίνης: στῆσεν δ᾽ Ὑπερίονος ἀγλαὸς υἱὸς ἵππους ὠκύποδας δηρὸν χρόνον, εἰσότε κούρη εἵλετ᾽ ἀπ᾽ ἀθανάτων ὤμων θεοείκελα τεύχη Παλλὰς Ἀθηναίη: γήθησε δὲ μητίετα Ζεύς.

καὶ σὺ μὲν οὕτω χαῖρε, Διὸς τέκος αἰγιόχοιο: αὐτὰρ ἐγὼ καὶ σεῖο καὶ ἄλλης μνήσομ᾽ ἀοιδῆς.

Canto a respeito de Palas Atena, deidade gloriosa

De olhos brilhantes, de planos diversos, de cárdio incansável, Virgem augusta, guardiã de cidades, impávida dama,

Filha terceira, que Zeus sabedor deu à luz por si próprio De sua cabeça sagrada, vestida com armas de guerra Áureas e esplêndidas. Maravilharam-se todos os deuses Quando a miraram e Atena saltou da cabeça imortal, Pondo-se cheia de ímpeto em frente de Zeus porta-égide Com sua lança afiada na mão e o Olimpo tremeu

Fundo à visão da deidade dos olhos brilhantes. A terra Toda se pôs a gritar com terror. Sobre o mar negras ondas Logo quebraram pra todos os lados e espuma irrompeu Subitamente. O rebento brilhante de Hipérion parou

Por um momento os seus ágeis cavalos até que a donzela Palas Atena tirou dos seus ombros eternos por fim

Sua armadura deífica e Zeus sabedor se alegrou.

Salve, portanto, donzela nascida de Zeus porta-égide! Ora de ti eu irei me lembrar e de uma outra canção.

Hino a Héstia

ἑστίη, ἥτε ἄνακτος Ἀπόλλωνος ἑκάτοιο

Πυθοῖ ἐν ἠγαθέῃ ἱερὸν δόμον ἀμφιπολεύεις, αἰεὶ σῶν πλοκάμων ἀπολείβεται ὑγρὸν ἔλαιον: ἔρχεο τόνδ᾽ ἀνὰ οἶκον, ἕν᾽ ἔρχεο θυμὸν ἔχουσα σὺν Διὶ μητιόεντι: χάριν δ᾽ ἅμ᾽ ὄπασσον ἀοιδῇ.

Héstia, que prestas cuidados à casa sagrada de Apolo, Lorde das flechas longínquas, postada na Pito divina, Sempre pingando um azeite suave a partir dos teus cachos, Vem a esta casa munida de um ânimo uno com Zeus Conhecedor e, chegando, traz graça pra minha canção!

Hino a Apolo

 φοῖβε, σὲ μὲν καὶ κύκνος ὑπὸ πτερύγων λίγ᾽ ἀείδει, ὄχθῃ ἐπιθρώσκων ποταμὸν πάρα δινήεντα, Πηνειόν: σὲ δ᾽ ἀοιδὸς ἔχων φόρμιγγα λίγειαν ἡδυεπὴς πρῶτόν τε καὶ ὕστατον αἰὲν ἀείδει.

καὶ σὺ μὲν οὕτω χαῖρε, ἄναξ, ἵλαμαι δέ σ᾽ ἀοιδῇ.

Febo, até o cisne te canta em voz clara, ruflando suas asas Quando alça voo das orlas do rio encrespado, o Peneio,

E a teu respeito o cantor, com a lira de claros acordes,

Canta primeiro e por último sempre na voz adoçada.

Salve, portanto, senhor! Que eu te agrade com minha canção!

Hino a Hélios

ἥλιον ὑμνεῖν αὖτε Διὸς τέκος ἄρχεο Μοῦσα, Καλλιόπη, φαέθοντα, τὸν Εὐρυφάεσσα βοῶπις γείνατο Γαίης παιδὶ καὶ Οὐρανοῦ ἀστερόεντος: γῆμε γὰρ Εὐρυφάεσσαν ἀγακλειτὴν Ὑπερίων, αὐτοκασιγνήτην, ἥ οἱ τέκε κάλλιμα τέκνα,

Ἠῶ τε ῥοδόπηχυν ἐυπλόκαμόν τε Σελήνην Ἠέλιόν τ᾽ ἀκάμαντ᾽, ἐπιείκελον ἀθανάτοισιν, ὃς φαίνει θνητοῖσι καὶ ἀθανάτοισι θεοῖσιν

ἵπποις ἐμβεβαώς: σμερδνὸν δ᾽ ὅ γε δέρκεται ὄσσοις χρυσέης ἐκ κόρυθος: λαμπραὶ δ᾽ ἀκτῖνες ἀπ᾽ αὐτοῦ αἰγλῆεν στίλβουσι παρὰ κροτάφων δέ τ᾽ ἔθειραι λαμπραὶ ἀπὸ κρατὸς χαρίεν κατέχουσι πρόσωπον τηλαυγές: καλὸν δὲ περὶ χροῒ λάμπεται ἔσθος λεπτουργές, πνοιῇ ἀνέμων: ὕπο δ᾽ ἄρσενες ἵπποι. ἔνθ᾽ ἄρ᾽ ὅ γε στήσας χρυσόζυγον ἅρμα καὶ ἵππους, [αὐτόθι παύεται ἄκρου ἐπ᾽ οὐρανοῦ, εἰσόκεν αὖτις] θεσπέσιος πέμπῃσι δι᾽ οὐρανοῦ Ὠκεανόνδε.

χαῖρε, ἄναξ, πρόφρων δὲ βίον θυμήρε᾽ ὄπαζε.

ἐκ σέο δ᾽ ἀρξάμενος κλῄσω μερόπων γένος ἀνδρῶν ἡμιθέων, ὧν ἔργα θεαὶ θνητοῖσιν ἔδειξαν.

Hélios brilhante, Calíope, Musa nascida de Zeus, Canta-me, a quem Eurifáessa de olhos bovinos gerou Para o rebento de Gaia e de Urano coberto de estrelas, Sim, pois Hipérion glorioso casou-se com sua irmã, Com Eurifáessa, que lhe gerou três crianças formosas: Éos, a de braços rosados, Selene de belos cabelos,

E Hélios que nunca se cansa, semelho na forma aos eternos. Ele fulgura pros homens e para os eternos divinos

Sobre seu carro, com olhos pungentes mirando através

Do elmo dourado e emitindo a partir de si próprio brilhantes Raios que a todos deslumbram. Seus cachos fulgentes emoldam Graciosamente os dois lados de um rosto que brilha de muito Longe. Cintila por cima do corpo uma veste bonita,

Bem trabalhada, que voa no vento. Corcéis o carregam. Logo detém seus cavalos e o carro de jugo dourado

E sobre o ponto mais alto do céu ele tem seu descanso, Para em seguida descer pro Oceano de modo espantoso.

Salve, senhor! De bom grado concede o que alegra esta vida! Tendo iniciado por ti, louvarei ora os semi-divinos,

Cujas façanhas as deusas mostraram pros homens mortais.

Hino a Selene

μήνην ἀείδειν τανυσίπτερον ἔσπετε, Μοῦσαι, ἡδυεπεῖς κοῦραι Κρονίδεω Διός, ἵστορες ᾠδῆς: ἧς ἄπο αἴγλη γαῖαν ἑλίσσεται οὐρανόδεικτος

κρατὸς ἀπ᾽ ἀθανάτοιο, πολὺς δ᾽ ὑπὸ κόσμος ὄρωρεν αἴγλης λαμπούσης: στίλβει δέ τ᾽ ἀλάμπετος ἀὴρ χρυσέου ἀπὸ στεφάνου, ἀκτῖνες δ᾽ ἐνδιάονται,

εὖτ᾽ ἂν ἀπ᾽ Ὠκεανοῖο λοεσσαμένη χρόα καλόν, εἵματα ἑσσαμένη τηλαυγέα δῖα Σελήνη, ζευξαμένη πώλους ἐριαύχενας, αἰγλήεντας, ἐσσυμένως προτέρωσ᾽ ἐλάσῃ καλλίτριχας ἵππους, ἑσπερίη, διχόμηνος: ὃ δὲ πλήθει μέγας ὄγμος λαμπρόταταί τ᾽ αὐγαὶ τότ᾽ ἀεξομένης τελέθουσιν οὐρανόθεν: τέκμωρ δὲ βροτοῖς καὶ σῆμα τέτυκται. τῇ ῥά ποτε Κρονίδης ἐμίγη φιλότητι καὶ εὐνῇ:

ἣ δ᾽ ὑποκυσαμένη Πανδείην γείνατο κούρην, ἐκπρεπὲς εἶδος ἔχουσαν ἐν ἀθανάτοισι θεοῖσι. χαῖρε, ἄνασσα, θεὰ λευκώλενε, δῖα Σελήνη,

πρόφρον, ἐυπλόκαμος: σέο δ᾽ ἀρχόμενος κλέα φωτῶν ᾁσομαι ἡμιθέων, ὧν κλείουσ᾽ ἔργματ᾽ ἀοιδοί, Μουσάων θεράποντες, ἀπὸ στομάτων ἐροέντων.

Musas, cantai a respeito da lua e suas asas compridas, Filhas de Zeus, do Cronida, versadas nas artes do canto.

De seu semblante imortal lá no céu vem pra terra o seu brilho, Feito um enlace e do brilho esplendente uma enorme harmonia Faz-se presente. Reluz, mesmo estando sem luz há um momento, O ar a partir de sua láurea dourada e seus raios fulguram

Sempre que, tendo banhado seu corpo bonito no Oceano, Põe suas vestes que brilham de longe a divina Selene

E após jungir os seus potros de fortes pescoços, brilhantes, Corre adiante com seus animais de crineiras compridas No entardecer à metade do mês: é o momento em que está Cheia a sua órbita e então ela brilha mais forte ao crescer No alto do céu, um sinal confiável pros homens mortais. Foi certa vez ao seu leito o Cronida pra unir-se em amor, Ao que ela então concebeu e gerou uma filha, Pandeia,

Que sempre excele entre os deuses eternos na forma adorável. Salve, senhora, divina Selene de cândidos braços,

Acolhedora de belos cabelos! Agora te deixo

Para cantar sobre a glória dos semi-divinos, honrados Pelos seus feitos nos lábios amáveis dos servos das Musas.

Hino a Deméter

 Δημήτηρ᾽ ἠύκομον, σεμνὴν θεάν, ἄρχομ᾽ ἀείδειν, αὐτὴν καὶ κούρην, περικαλλέα Περσεφόνειαν. χαῖρε, θεά, καὶ τήνδε σάου πόλιν: ἄρχε δ᾽ ἀοιδῆς.

Canto Deméter de belos cabelos, deidade espantosa, Ela e sua filha, Perséfone, bela de todas as formas. Salve, deidade! Protege esta pólis e guia o meu canto!


Fonte: ANTUNES, C. Leonardo B. “26 Hinos Homéricos”. Cadernos de Literatura em Tradução. São Paulo: FFLCH/USP, 2015

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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