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Bruxaria e Paganismo

O Renascimento da Bruxaria Inglesa

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O que vem a seguir é a tradução da conferência, dada por Julia Phillips, na Wiccan Conference em Camberra, 1991. Principalmente é sobre o inicio da wicca na Inglaterra, especialmente sobre o que atualmente chamamos de tradições Gardneriana e Alexandrina. O texto está como foi dado, e quando o ler por favor lembre-se que não se destinava a ser lido mas sim ouvido e debatido.

Existem três correntes principais que pretendo analisar: um, a reivindicação do Gardner acerca da sua iniciação tradicional, e o seu subseqüente desenvolvimento; dois, tradições mágicas, às quais Gardner terá tido acesso; e três, fontes literárias.

Quando olhamos para estas correntes, é importante ter em conta, que Gardner tinha 55 anos de idade na altura da sua suposta iniciação; que ele teria passado muitos anos na Malásia, e tinha um interesse enorme na magia, folclore e mitologia. Na altura em que publicou High Magic’s Aid, tinha 65, e 75 quando apareceu The Meaning of Witchcraft. Morreu em 1964, com 80 anos de idade.

Gardner nasceu em 1884, e passou grande parte da sua vida de adulto trabalhador na Malásia. Reformou-se, e voltou para o UK em 1936. Juntou-se á Folklore Society, e em Junho de 1938, também se juntou ao recentemente inaugurado Rosicrucian Theatre em Christchurch onde se diz que ele econtrou a Old Dorothy Clutterbuck (NT: Velha Dorothy Clutterbuck.)

Escolhi 1939 como um ponto de partida arbitrário porque esse foi o ano em que Gerald Gardner afirma ter sido iniciado por Old Dorothy, para um coven (NT: esta palavra não está nos dicionários que consultei, à quem diga que a tradição correcta é coventículo, e à quem diga que a tradução correta é convéni, mas como não tenho certeza continuo com a palavra coven.) da Velha Religião, que se encontrava na área de New Forest na Inglaterra. Nas suas palavras:

«Apercebi-me que tinha encontrado algo de interessante, mas estava meio-iniciado antes que me apercebi o que era a palavra “wicca” que eles usavam, e eu me apercebi onde estava, e que a Velha Religião ainda existia. Assim, encontrei-me no Circulo, e ai tomei o usual voto de secretismo, que me obrigava a não revelar certas coisas.» Esta citação foi retirada de The Meaning of Witchcraft, que foi publicado em 1959.

É interessante que nesta citação, Gardner tenha escrito wicca apenas com um “c”, nos mais antigos Witchcraft Today (1954) e High Magic’s Aid (1949), a palavra wicca, nem sequer é usada. A sua própria derivação (NT: no sentido etimológico) da palavra, dado em The Meaning of Witchcraft, é a seguinte:

«Como eles (os Dinamarqueses e Saxões invasores de Inglaterra) não tinham bruxos proprios, eles não possuiam qualquer nome em especial para eles. Contudo, eles inventaram um nome a partir de “wig” um ídolo, e “laer”, aprender, “wiglaer” que foi encurtada para “wicca”.»

«É um fato curioso, que quando os bruxos se tornaram anglofonos, adoptaram o seu nome Saxão, “wicca”.»

Em An ABC of Witchcraft Past and Present, Doreen Valiente não têm uma entrada para wicca, mas quando fala de bruxaria, menciona a origem saxã da palavra em wicca ou wicce. No mais recentemente publicado The Rebirth of Witchcraft, contudo, ela rejeita esta teoria saxã a favor da origem dada pelo Professor Russel, a raiz indo-europeia “Weik”, que se relaciona com coisas ligadas à magia e à religião.

Doreen Valiente apoia fortemente a pretensão de Gardner relativamente à sua iniciação tradicional, e publicou os resultados da sua bem sucedida tentativa de provar a existência de Dorothy Clutterbuck numa apêndice de The Witches’ Way escrito por Janet e Stewart Farrar. É uma investigação maravilhosa, mas, provar que Old Dorothy existia, não faz nada para sustentar a reivindicação de Gardner, segundo a qual, ela o teria iniciado.

No seu livro, Ritual Magic in England, o ocultista Francis King oferece provas anedóticas que apóiam a pretensão de Gardner. Contudo, apenas é justo evidenciar que no mesmo livro, ele praticamente acusa Moina Mathers de homicídio, baseando-se numa interpretação errônea de uma história contada por Dion Fortune! Com esta advertência, reconto a história por inteiro:

King, relata que em 1953, ele conheceu Louis Wilkinson, que escrevia sob o pseudónimo de Louis Marlow, e teria contribuído com ensaios para a Equinox de Crowley. Mais tarde ele tornou-se um dos testamentários literários de Crowley. King diz que em conversa, Wilkinson disse-lhe que teria sido oferecida ao Crowley, iniciação num coven de bruxas, mas que ele teria recusado, pois não queria ter um bando de mulheres a mandarem nele. (Esta história é bem conhecida, e pode ter sido apanhada em qualquer lado.)

Wilkinson, então disse a King que ele próprio ter-se-ia tornado amigável com membros de um coven, que trabalhava na área de New Forest, e enquanto seria possível que este tivesse tido origem no Witch Cult in Western Europe de Murray, ele sentia que eles eram bastante mais antigos.

King chega à conclusão obvia de que, estas bruxas eram as mesmas que iniciaram Gardner. King afirma que as suas conversas com Wilkinson ocorreram em 1953, embora Ritual Magic In England não tenha sido publicado – nem escrito presumivelmente – até 1970. Contudo, em 27 de Setembro de 1952, a revista Illustrated publicou uma reportagem de Allen Andrews, que incluía detalhes de um trabalho por, “the Southern Coven of British Witches“, onde 17 homens e mulheres se encontraram na New Forest para repelir a invasão de Hitler. Wilkinson terá contado a King acerca deste grupo, durante a sua conversa, acreditando King que isto é a prova de que tal coven existia. Existem algumas diferenças nas duas histórias, assim é possível que as duas fontes estejam a relatar o mesmo evento, mas como a conversa de Wilkinson com King veio depois do artigo da revita, nunca chegaremos a saber.

No recentemente publicado Crafting the Art of Magic, Aidan Kelly usa a mesma fonte para “provar” (eu uso a palavra entre aspas pois o livro não prova nada) que Gardner, Dorothy e os outros criaram wicca uma noite, a seguir a um encontro social! De uma coisa podemos ter a certeza: qualquer que seja a sua origem, o wicca moderno deriva de Gardner. Podem é claro existir outras bruxas, hereditárias e tradicionais, mas mesmo que sejam genuinas, então é improvável que tenham conseguido “tornar-se publicas” se não tivesse sido Gardner.

Têm havido muitas reivindicações de origem “hereditária” (para além da do Gardner!) Um dos mais famosos, reivindicadores, pós-Gardner, de um estatuto “hereditário” foi a atriz Ruth Wynn-Owen, que seguiu muita gente antes de ser exposta. Roy Bowes, que usava o pseudónimo Robert Cochrane, foi outro: Doreen Valiente descreve a sua relação com ele em The Rebirth of Witchcraft, e O Roebuck, que ainda está activo nos EUA, hoje em dia, deriva directamente de Cochrane, via Joe Wilson. Witchcraft: A Tradition Renewed por Evan John Jones e Doreen Valiente descreve a tradição derivada de Robert Cochrane. Alex Sanders, claro, é outro que reclama pertencer a um linhagem hereditária, como Cochrane, merece o seu próprio nesta história, e chegaremos a ambos depois.

Muitas pessoas têm tido suspeitas relativamente às reivindicações de Gardner, e têm-no acusado de inventar tudo. Estes sugerem que o wicca não é mais que a fantasia de um velho colorida por uma imaginação romântica. Um ataque particularmente virulento a Gardner, partiu de Charles Cardell, escrevendo sob o pseudónimo de Rex Nemorensis.

Um dos iniciados de Gardner, que ainda está ativo na wicca hoje têm um conto interessante para contar acerca de Cardell, que ele conhecia:

«Cardell dizia ser um bruxo, mas de uma tradição diferente da de Gardner. Cardell era um rata pricopatra, com intenções malévolas para com todos. Conseguiu infiltrar uma mulher chamada Olive Green (Floriannis) no coven de Gardner, e disse-lhe para copiar o Livro das Sombras para que Cardell o pudesse publicar, e destruir Gardner. Ele também contatou um jornal londrino, e disse-lhes quando e aonde se realizavam os encontros do cove, e claro o jornal consegiu um furo. Cardell levou pessoas no coven a acreditarem que havia sido Doreen Valiente que o tinha informado acerca deles.

Doreen tinha deixado Gardner numa zanga depois de algumas divergências. Outro membro do coven, Ned Grove, saiu com ela. De qualquer modo, no dia em que o jornal imprimiu a matéria. O coven foi exposto), Cardell mandou um telegrama a Gardner dizento, “Lembra-te de Ameth hoje de noite”. (Ameth era o nome na Arte de Doreen, e como já foi publicado, não vejo razão alguma para não o usar aqui).»

O meu informante também disse que Olive Green estava ligada a Michael Houghton, dono da livraria Atlantis em Museum Stree, que foi o publicador de High Magic’s Aid. Através desta ligação ela também conheçeu Kenneth Grant da OTO, embora não fossem amigáveis.

Cecil Williamson, o dono original do museu da bruxaria na Ilha de Mann, e dono actual do Witchcraft Museum em Boscastle, também publicou alguns artigos onde afirma categoricamente que Gardner era uma enorme fraude, mas, oferece apenas anedotas para apoiar estas alegações.

Embora Gardner reinvidicasse que a sua iniciação ocorreu em 1939, não ouvimos nada acerca dele até 1949, quando High Magic’s Aid foi publicado por Michael Houghton.

Este livro têm umas tendências bastante Solomonica (NT: magia medieval, The Greater Key of Solomon), mas como as próprias crenças religiosas de Gardner, combinava as formas mais naturais de magia com magia alta/cerimonial. Na sua introdução ao livro, Gardner diz que: «Os rituais Magicos são autênticos, em parte da Chave de Salomão (tradução de MacGregor Mathers’) e em parte de MSS mágico que se encontra na minha possessão.» . Gardner de facto possuia uma grande colecção de MSS, que passaram com o resto das suas possessões para os Ripley em Toronto, após a sua morte.

Scire (pseudônimo) foi o nome que Gardner tomou como membro do ramo da OTO de Crowley, embora seja de aceitação geral que a sua afiliação era puramente nominal, ele estava certamente em contacto com pessoas como Kenneth Grant e Madeline Montalban (fundadora da Order of the Morning Star).

O grau e título da OTO foram dados a Gardner por Aleister Crowley, a quem havia sido apresentado em 1946 por Arnold Crowther. Como Crowley morreu em 1947, a sua  relação foi de vida curta, mas Crowther confirma que os dois homens, gostavam da companhia um do outro.

Então, após uma breve introdução podemos dar uma vista de olhos, à primeira das correntes que mencionei.

Em 1888, a Hermetic Order of the Golden Dawn nasceu, começando um renascimento do interesse pelo oculto que continuou até à actualidade. É impossível exagerar na importância da GD para os ocultistas modernos, não só em seus rituais, mas também nas suas personalidades, e é claro, por ter tornado acessível uma grande quantidade de material oculto que permaneceria doutro modo desconhecido, ou escondido na obscuridade.

Olharei para este corpo de material oculto depois, juntamente com as outras influências literárias, e aqui concêntrar-me-ei nos rituais e personalidades que influênciaram o wicca.

Não poderemos olhar para a GD isolando-a das suas origens. Descendeu de uma míriade de tradições esotéricas incluindo o Rosacruz, a Teosofia, e a Maçonaria Livre. A última é no seu direito próprio, assim como via a SRIA – uma associação escolar e cerimonial aberta a Maçons Mestres apenas.

Quer a Loja alemã ou Fraulein Sprengel tenham na realidade existido ou não, é um assunto ainda em discução. Mas ou em facto ou em espirito, esta é fonte dos Cypher Manuscripts que foram usados para fundar o Loja de Isis-Urania em 1888.

Estou certa de que toda a gente sabe que Isis-Urania foi fundada por Dr. Wynn-Westcott, Dr. Woodman e MacGregor Mathers. Não só eram os três Mestres Maçons; Wynn-Westcott e Mather eram também membros da Theosophical Society. A coisa mais importante no entanto é o facto destes três homens, terem sido o triumvirato que governava os assuntos da SRIA. Isto é importante, pois a SRIA incluia Hargrave Jennings entre os seus membros, e Jennings estaria estado envolvido com um grupo pagão no fim do seculo XIX, que foi buscar a sua inspiração em Apuleius – The Golden Ass. (NT: o Asno de Ouro)

Mas de volta à Golden Dawn – tenham os Cypher Manuscripts realmente existido, ou terá Wynn-Westcott os manufacturado, é actualmente irrelevante. A Mathers foi dada a tarefa de reescrever os rituais até uma forma trabalhavel, e assim nasceu a Golden Dawn.

Membro da Loja de Isis-Urania em várias alturas incluiram Allan Bennett(NT: escritor), Moina Mathers (NT: que era casada com MacGregor Mathers, e que o outro à pouco acusou de assassinar o marido), Aleister Crowley, Florence Farr, Maud Gonne, Annie Horniman, Arthur Machen, “Fiona MacLeod”, Arthur Waite e WB Yeats. Também associados estiveram Lady Gregory e G. W. Russel, ou AR, que escreveu The Candle of Vision, que estava incluido na bibliografia do The Meaning of Witchcraft. A literatura e influências celtas dentro da Golden Dawn eram enormes.

Da Loja Isis-Urania nasceram todas as outras, incluindo as alegadamente ordens dissidentes, através de Crowley (NT: i.e. A:.A:.). É nesta linha que alguns comentadores modernos encontram o caminho para o wicca moderno, então será nela que nos irêmos concentrar.

Aleister Crowley foi iniciado na Loja de Isis-Urania em 18 de Novembro de 1898. Como provavelmente devem saber, mais tarde Crowley desentendeu-se com MacGregor Mathers, e em 1903 começou a criar a sua própria ordêm, a Argenteum Astrum, ou Estrela de Prata. Em 1912, Crowley foi iniciado na OTO, e em 1921 sucedeu a Theodor Reuss como seu chefe.

De acordo com o relato de Arnold Crowthr, foi em 1946, um ano antes da morte de Crowleu, que Crowley deu a Gardner um titulo da OTO. Ithell Colquhoun diz que isso apenas que isso ocorreu na decada de 40, e afirma ainda que Gardner introduziu material da OTO, e indirectamente da GD, no “… material dos seus covens”.

Como Doreen Valiente também admite, “Realmente, a influência de Crowley era bastante aparente através dos rituais (wiccans).” Isto, Gardner explicou-lhe, aconteceu porque os rituais que ele receber do Cove de Old Dorothy estavam bastante fragmentados, e de modo a torna-los exequiveis, ele teve de suplementa-los com outro material.

Para dar um exemplo das frases the Crowley que sao bastante familiar aos wiccans modernos:

«I give unimaginable joys on earth; certainty, not faith, while

in life, upon death; peace unutterable, rest, ecstasy; nor do

I demand aught in sacrifice.

I am Life, and the giver of Life, yet therefore is the

knowledge of me the knowledge of death.»

E é claro, a Gnostic Mass terá sido um influência enorme.

Não só a poesia, mas também as practicas magicas em wicca, são frequentemente derivadas das fontes da GD. Por exemplo:

  • a maneira de fazer o circulo: isto é, a visualizção do círculo, os pentagramas nos quartos (NT: com isto quero dizer, pontos cardeais), são ambos baseados no Ritual do Pentagrama da Golden Dawn;
  • tanto o conceito como a palavra “Watchtowers” são, é claro, do sistema de Magia Enoquiania, passado para o wicca através da Golden Dawn (embora eu deva tornar claro que o seu uso dentro do wicca não possui qualquer relação com o uso dado em Enoquia – a imoca semelhança é o nome);
  • os Elementos e as cores geralmente atribuidos aos Quartos são os usados na GD;
  • as armas e as suas atribuições são uma combinação de GD, Crowley e Chave de Salomão.
  • No Witchcraft Today, Gardner diz, «As pessoas que decerto teriam o conhecimento e a capacidade de inventar (os novos rituais wiccans) eram as pessoas que formarm a Order of the Golden Dawn à cerca de 70 anos…»

A GD não é a unica influencia em Gardner, a Maçonaria Livre terá tido um impacto enorme em wicca. Não só eram os três fundadores do Templo de Isis-Urania Maçons, como o eram também Crowley e Waite, Gardner e pelo menos um dos membros do primeiro coven (Daffo) eram ambos Co-Maçons. Gardner era também um amigo de JSM Ward, que tinha publicado alguns livros sobre maçonaria.

Doreen descreveu Ward como um “leading Mason“(NT: lider maçon?), mas Francis King diz apenas que Ward era, “a bogus Bishop…(NT: Bispo falso?) que tinha escrito alguns livros, bons mas rebuscados acerca de maçonaria, e que dirigia uma peculiar cominidade de cariz religioso-oculto chamada A Abadia de Cristo o Rei…” Tenham os livros sido rebuscados ou não, podemos assumir que algumas das similiridades entre wicca e maçonaria são devidas de algum modo à inflência de Ward.

Algumas destas incluêm:

  • Os Três Graus
  • A Art
  • So Mote It Be (NT: Assim Seja)
  • O Desafio
  • Adequadamente Preparado
  • O Voto do 1º grau (em parte)
  • Apresentação das Ferramentas de Trabalho no 1º grau

E assim por diante.

Parece-me bastante claro, que mesmo que Gardner tenha recebido uma quantidade de rituais tradicionais do coven, eles deveriam ser excepcionalmente escassos, pois o conceito de wicca que conhecemos hoje em dia veio certamente da magia cerimonial e da maçonaria livre, de um modo bastante extenso. De facto, Gardner sempre disse que eram escassos.

Pode ser argumentado que todas elas derivaram de uma fonte comum. Que a aparição de uma frase, ou técnica numa tradição não sugere automáticamente que a sua aparência em outro lado significa que uma foi tirada da outra. Contudo, Gardner admite as suas fontes em muitos casos, e Doreen confirma-as em outros, então eu acho que é seguro presumir que os rituais e filosofia usada em wicca descende das tradições da Maçonaria Livre e Magia Cerimonial, em vez de uma unica fonte comum. Contudo, como diz Hudson Frew no seu comentário ao livro de Aidan Kelly, o fenómeno das técnicas e prácticas da magia cerimonial influenciaram a magia e tradição do povo é largamente reconhecido por antropólogos, e certamente não indica plágio. E é claro existem muitos aspectos de bruxaria tradicional no wicca.

Olhamos para o desenvolvimento das ordens mágicas que resultaram no revivalismo britânico do oculto dos séculos XIX e XX, e agora podemos ver onde isto está ligado ao wicca, e às reinvidicações de iniciação tradicional do Gardner.

Tenho aqui uma arvore geneológica dos principais ramos do wicca britânico. Não é de modo nenhum exaustiva, e pretende fornecer um esboço, não a história defenitiva| Inclui as linhas e o desenvolvimento do meu próprio coven, para dar uma ideia do tipo de cross-over de tradições que ocorre com frequência, não para sugerir que estes são os unicos grupos activos! Também, não seria ético para mim incluir detalhes de outros covens.

Nós temos duas possiveis fontes de “herditeriedade” à Arte Gardneriana: um, o Horsa Coven de Old Dorothy, e dois, o Cumbria Group no qual Rae Bone diz ter sido iniciado antes de conhecer Gardner. (NB: Doreen Valiente diz que o Horsa Coven não está ligado a Old Dorothy, mas é outro grupo) Há também menção algumas vezes a um grupo de St Alban que precede Gardner, mas tanto quanto sei, isto é um erro. O grupo de St Albans era o próprio grupo de Gardner, que tanto quanto as investigações confirmam, não o pré-datam.

Voltando a Rae Bone: elas era uma das HPSs (NT: Alta Sacerotizas) de Gardner, e a sua linha têm sido imensamente importante ao wicca moderno, ela apareceu na série de revistas, Man Myth and Magic se alguém tem uma copia.

Nos seus dias aureos ela dirigia dois covens: um em Cumbria, e outro no Sul de Londres. Rae ainda está viva, e vive em Cumbria, embora o seu ultimo coven se tenha mudado para a Nova Zelândia à muitos anos, e ela já não esteja activa. Nunca ninguem foi capaz de achar o coven na Nova Zelândia.

Agora, irei mencionar George Pickingill, embora ele não apareça na árvore, porque acho extremamente duvidoso que ele tenha tido qualquer ligação com Gardner, ou qualquer outro wiccan moderno.

Pickingill morreu em 1909, enquanto Gardner ainda vivia na Malasia. Eric Maple é largamente responsavel pelo início do mito de Pickingill, que foram expandido pelas escritas de Bill Liddell (Lugh) e, The Wiccan e The Cauldron através dos anos 70. Mike Howard ainda têm algum do material de Liddell que publicou, e ainda estou para conhecer alguem ligada à Arte britânica que dê algum credito às reinvidicações.

No livro, The Dark World of Witches, publicado em 1962, Maple fala de algumas mulheres sábias e homens habilidosos de aldiam um dos quais seria George Pickingill. Existe uma fotografia incluida de um homem com um pau, segurando um chapeu, que foi subsequentemente re-usado muitas vezes em livros acerca de bruxaria e wicca.

No número 31 da revista Insight, datada de 1984, contém uma carta devéras interessante de John Pope:

«A fotogragia que pretênde ser de Old George Pickingill é de facto uma fotografia de Alf Cavill, um porteiro das estação de Ellstree, tirada no início anos 60. Alf está agora morto, mas ele não era nenhum bruxo, ele riu-se da fotografia quando ele a viu.»

Uma autoridade muita respeitada da arte disse-me que acredita que a foto, que está na sua possessão, é de Pickingill, mas como tanto a haver com a hisória da Arte, não há resposta defenitiva para esta.

Muitas pretensões foram feitas por Liddel; algumas da terra cloud-cuckoo (NT: malucas), outras poderiam ser aceitáveis, se se esticar um pouco a imaginação. A própria ideia de Pickingill, um trabalhador de quinta ileterado, coordenando e surpevisionando nove covens em todo o UK é de fazer tonturas. Para aceitar – como Liddell diz – que teve pessoas como Allan Bennett e Aleister Crowley como alunos extende mais a credibilidade.

A infame foto, em que Liddell diz que mostra Crowley, Bennett e Pickingill juntos, desapareceu convenientemente, e ninguem admite, alguma vez tê-la visto. Como a maioria das pretensões de Liddell, nada foi substânciado, e quando pressionado, retira-se para o sempre favorito: «Não posso revelar isso… você não é iniciado»!

Mas voltando à árvore genealógica: os nomes de Doreen Valiente, Pat e Arnold Croether, Lois Bourne (Hemmings), Jack Bracelin e Monique Wilson serão provavelmente mais familiares para vós.

Jack Bracelin é o autor da biografia de Gardner, Gerald Gardner, Witch, (publicada em 1960) agora for a de impressão, embora ainda disponivel através de segunda mão (NT: referência a livrarias de 2ª mão), e em bibliotecas. (Em Crafting the Art of Magic, Kelly afirma que este livro foi na realidade escrito por Idries Shah, e simple publicado sob o nome de Bracelin. Como nas outras afirmações Kelly não apresenta provas disto.)

Vi uma cópia do Livro das Sombras de Bracelin, que segundo ele vêm de 1949, embora em The Rebirth of Witchcraft, Doreen diz que a meio da década de 50, Bracelin era “relativamente um recém-chegado”. Também me disseram, duas fontes diferentes que Bracelin ajudou Gardner a escrever The Laws(NT: conjunto de leis sobre o funcionamento dos covens, estão na versão publica do Book of Shadows the Gardner). Em The Rebirth of Witchcraft, Doreen afirma que ela não tinha visto estas leis até meio da década de 50, quando ela e o seu parceiro Ned Grove acusaram Gardner de as forjar para re-afirmar o seu controlo do coven. Como Bracelin estava no lado de Gardner durante a secessão do grupo, parece razoavel que ele tenha ajudado na sua composição.(NB: Alex Sanders aumentou o número de leis bastante mais tarde – estas aparecem no livro de June Johns The King of the Witches).

Embora Doreen afirme que a razão para a separação do cove foi o facto de Gardner e Bracelin serem maníacos por publicidade, havia outra razão, que foi a colocação de outra senhora no coven, que veio efectivamente substituir Doreen como HPS. Esta também é a principal razão para a lei de Gerald que afirma que uma HPS deverá, “… graciosamente retirar-se em favor de uma mulher mais jovem, se o coven tal decidir em concelho.” Não à necessidade de dizer que Doreen não ficou impressionada, e que ela e Ned abandonaram o coven sob circusntâncias bastante caústicas. Passou-se algum tempo antes de Doreen ter contacto com Gardner de novo, e eles nunca voltaram a ter o grau de amizade, que existia anteriormente.

Monique e Campbell Wilson são infames, em vez de famosos, como os herdeiros de Gardner que venderam o seu equipamento mágico e possessões após a sua morte, aos Ripleys nos EUA.

Monique foi a ultima das suas Sacerdotizas, e alguns wiccans hoje em dia ainda cospem quando o seu nome é mencionado. Pat Crowther foi bastante severa acerca dela numa intrevista recente, e em The Rebirth of Witchcraft, embora Doreen fale da venda das possessões mágicas de Gardner aos Ripleys, ela nunca menciona o nome dos Wilson. De facto, a Arte fechou fileiras à sua volta, e eles tornaram-se marginais.

Eventualmente, face a tal oposição eles tiveram de vender o Museu em Castletown, e mudaram-se para Torremolinos, onde compraram um café. Monique morreu noev anos após a venda do Museu. E há rumores que Campbell Wilson mudou-se para os EUA, e teve um acidente de carro ai: isto são apenas boatos – na realidade não sei o que lhe aconteceu.

Contudo, Monique foi influencial de uma maneira, que nem ela poderia ter imaginado, quando em 1964 ou 5 iniciou Ray Buckland, que com a sua mulher Rosemary (mais tarde divorciaram-se), foi bastante influente no desenvolvimento do wicca nos EUA.

Felizmente, Richard e Tamarra James conseguiram comprar o grosso da colecção de Garner de volta dos Ripley em 1987, pela soma principesca de 40 mil dólares, e está de novo de volta com a Arte, e disponível para consulta e visionamento pelos iniciados.

D e C S. são completamente anónimos, e se não fosse pelo facto de C ter iniciado Robert Cochrane (mencionado brevemente anteriormente) provavelmente manter-se-iam assim.

As origens de Cochrane são obscuras, mas disseram-me que ele havia sido iniciado na tradição gardneriana por C S, e conheceu Doreen Valiente através de conhecidos comuns em 1964. Quando ele conheceu Doreen, contudo, ele disse ser um bruxo hereditário, de uma tradição diferente da de Gardner, e Doreen confirma, estava desprezava o que ele chamva bruxas “gardnerianas”. De facto, Doreen acredita que ele criou o termo, “gardneriano”.

Doreen disse que ela foi totalmente levada por Cochrane e durante algum tempo, trabalhou com ele e o Clan of Tubal-Cain como ele chamava à sua tradição, que também era conhecida por The Royal Windsor Curvee, ou 1734.

Os algarismos 1734 têm uma história interessante. Doreen dá uma versão bastante estranha dela em The Rebirth of Witchcraft, que contradiz o que o próprio Cochrane diz numa carta a Joe Wilson, datada “12ª Noite 1966”, onde diz:

«… the order of (NT: penso que se refira à sequência de algarismos) 1734 não é uma data de um acontecimento mas um agrupamento de numerais que significam algo para um bruxo.

Um que se torna sete estados de sabedoria – a Deusa do Caldeirão. Três que são as Rainhas dos elementos – fogo que pertênce ao Homem, e ao Deus Ferreiro. Quatro que são as Rainhas dos Deuses do Vento.

A ortodoxia judaica acredita que quem quer que saiba o Santo e Inefável nome de D-s (NT: D-s sendo o deus de Israle) têm poder absoluto sobre o mundo da forma. Resumidamente, o nome de D-s pronunciado como Tetragrammanton… decompõe-se em hebreu às letras YHVH (NT: Yod-He-Vau-He, or the Adam Kadmon (O Homem Celestial). Adam Kadmon é composto por todos os Arcanjos – por outras palavras uma forma poetica do nome dos Elementos.

Então o que o que coincide na crença do judeu e do bruxo, é que o homem que descobrir o segredo dos elementos controla o mundo físico. 1734 é a maneira do bruxo dizer YHVH.» (Cochrane, 1966)

Embora Doreen diga que o grupo de Cochrane era pequeno, mesmo assim provou ser notavelmente influente. Assim como Cochrane e a sua esposa (a quem Doreen chama “Jean”) e a própria Doreen, existiam outros que são bêm conhecidos hoje em dia, e um homem chamado Ronald White, que queria trazer uma nova era a Inglaterra, com a volta do Rei Artur.

Em The Rebirth of Witchcraft, Doreen aprefeico-a as circunstâncias que rodearam a morte de Cochrane: os factos nús são que ele morreu no Solistício de Verão de 1966 de uma overdose. A tradição da Arte acredita que ele se tornou de facto, e da sua própria escolha, o sacrificio ritual masculino, que por vezes é simbolicamente dramatizado no pico do verão.

O Royal Windsor Cuveen dispersou após a morte de Cochrane, apenas para voltar a renascer das cinzas no Samhain desse ano sob um novo nome – The Regency. Todos os primeiros membros eram do Royal Windsor Curven, e estavam sob a liderânça de Ronald White. The Regency provou ser de grande importância para o desenvolvimento do wicca, embora a sua existência tenha permanecido um segredo bem guardado, e ainda hoje, existem apenas algumas pessoas que ouviram falar dele.

Os encontros ocorriam no Norte de Londres, num lugar chamado Queens Wood. Param além de Ron White e Doreen Valiente, entre os membros incluiam-se “John Math”, fundador do Witchcraft Research Association em 1964, e editor da revista Pentagram, e o fundador do Pagan Movement, Tony Kelly. No seu periodo aureo, haviam frequentemente mais de 40 pessoas a assistir aos ritos, que tendiam a ser do tipo dramatico e pagão em vez do cerimonial associado a alta magia ritual. The Regency operou consistentemente durante mais de doze anos, finalmente dispersou em 1978. Na lista de membros pode-se ler um quem é quem no wicca britânico! Alguns dos ritos foram incorporados nos rituais wiccans modernos – de facto, um foi utilizado na Pan European Wiccan Conference 1991 com grande sucesso.

Voltando à linha de Rae Bone, estão aqui pessoas bastante influentes, principalmente através dos seus iniciados, Madge e Arthur, que provavelmente levariam o prémio de par mais prolifico no relativo ao wicca! Rae, embora iniciada por Gardner, reivindica é claro um estatuto heriditário de seu próprio direito.

Os iniciados por Madge e Arthur incluem:

John e Jean Score

John Score era o socio de Michael Houghton (mencionado antes), e fundador da Pagan Federation, que é bastante activa hoje em dia.

Houghton morreu entre circustâncias deveras misteriosas, o que é brevemente mencionado em The Sword of Wisdom por Ithell Colquhoun. A minha fonte da Arte dise-me que foi num ritual que correu terrivelmente mal, e que Houghton acabou na ponta errada de algumas energias bastante potentes.

Existe uma anedota bastante interessante acerca de Houghton em The Rebirth of Witchcraft, retirada de Nightside of Eden de Kenneth Grant, e é concordante em alguns pontos com uma estória que me contoram à alguns anos. Doreen sugere no The Rebirth of Witchcraft que a estória pode estar relacionada com um trabalho mágico, envolvendo Kenneth Grant e a sua esposa, Gardner, Dolores North (Madeline Montalban), e uma bruxa cujo nome não é mencionado, provavelmente Olive Green.

Era suposto eles todos executarem o ritual juntos, supostamente para contactar um ser extra-terrestre. A base material para o ritual, que ocorreu em 1949, foi um desenho de AO Spare. (NT: Austin Osman Spare)

Aparentemente, logo após o inicio do ritual, um livreiro das proximidades (Michael Houghton) apareceu e interrompeu os procedimentos. Ouvindo que Kenneth Grant estava lá, recusou-se a participar e foi-se embora. O rito foi perurbado, e toda a gente foi para casa.

Kenneth Grant afirma que como resultado da perturbação do trabalho, o casamento de Houghton acabou, e que Houghton morreu em circuntânceas misteriosas. De facto, o divorcio de Houghton foi um caso celebre, com ela a processalo por crueçdade porque ele gabou-se de ser Sagitário enquanto olhava para ela e ela era apenas um velho Capricornio desbotado!

O ritual interrompido pode muito bem ter ocorrido. Madeline tinha um apartamento perto de Atlantis (a loja de Houghton), e teria certamente conhecido Grant e Houghton. Sei de facto, que Madeline conhecia Gerald, embora a sua opinião tanto acerca dele como acerca do wicca era bastante má. Um dos estudantes mais velhos de Maleline disse-me que ela pensava que Garner era uma freaude, e ritualmente inapto. Ela também tinha uma opinião bastante baixa de wiccans, e recusou-se a permitir que os seus próprios estudantes participacem em rituais wiccans. A razão disto jaz numa anedota que Doreen não conta: segundo a estória Madeline conrdou em participar num ritual com Gerald, que envolvia Madeline sendo atada e que lhe fizessem cocegas com um espanador! A grande senhora não achou graça.

Prudence Jones

Prudence foi durante muitos anos presidente da Pagan Federation, e editora da sua newsletter. Ela herdou o seulugar de John Score, após a sua morte. Com Nigel Pennick, Prudence também dirige a Pagan Anti-Defamation League (PADL), e é uma astrologa e terapeuta activa. Editou um livro sobre astrologia, e com Caitlin Matthews, editou Voices from the Circle, publicado pela Aquarian Press. Embora Prudence tenha tirado o seu diploma em filosofia, os seus maiores interesses são o Graal e as lendas de trovadores, e ela publicou privadamente um ensaio sobre o Gaal e o wicca. Ela é também um astrologa muito respeitada, dá conferencias por toda a Inglaterra.

Vivianne e Chris Crowley

Vivianne Crowley, é a autora de Wicca – The Old Religion in the New Age, e também secretária da Pagan Federation. Ela possui uma pós-graduação em psicologia, e é talvez a unica pessoa a ter sido membro de um conve gardneriano e alexandriano simultaneamente.

Viviane actualmente é muito activa, e iniciou pessoas na Alemanha (tendo memorizado os rituais em alemão – uma lingua que ela não fala!), Noruéga, e – no astral – Brasil. Devido aos seus livros, ela recebe muitas cartas de pessoas de todo o mundo, e organizou a primeira conferencia wiccan pan-europeia, na Alemanha em 1990. A segunda conferência, que decorreu na Inglaterra no solisticio de Junho, e a terceira (1992) na Noruega. Em 1993, a conferência decorrerá na Escócia.

John e Kathy (Caitlin) Matthews, são provavelmente cdo conhecimento de todo, mas possivelmente as suas iniciações gardnerianas não fazem parte de tal conhecimento comum. A história que John Matthews relata em Voices from the Cirle é essencialmente a que ele contou  à HPS que o iniciou.

Pat e Arnold Crowther

Deixei Pat e Arnold para ultimo, porque é da sua linha que vêm o infame Alex Sanders! Já não é segredo para ninguem que Alex, longe de ter sido iniciado pela sua avó quando ele tinha sete anos, foi de facto recusado por Pat Crowther em 1961, mas foi mais tarde aceite por uma das ex-membros do seu coven, Pat Kopanski, e iniciado no 1ºGrau.

No The Rebirth of Witchcraft Doreen diz que Alex mais tarde conheceu Gardner, e foi permitido que ele copiasse do seu Livro das Sombras; a tradição da Arte é um pouco diferente! Sempre foi dito (mesmo pelo apoiantes de Alex) que ele tirou o que pode de Pat Kopanski antes de ser expulsado, e que as maiores diferencas entre os Livros das Sombras Alexandrianos e Gardnerianos ocorrêm quando Alex ouviu mal ou copiou mal algo! Existêm algumas diferencas significantes entre os dosi livros, algumas partes de rituais gardnerianos são desconhecidos na tradição alexandriana, e as técnicas ritual são frequentemente diferentes. Normalmente é muito facil ver quem é um iniciado gardneriano ou alexandriano.

Alex precisou de uma HPS, e como sabemos, escolheu Maxine Morris para o papel. Maxine era uma Sacerdotiza notável, e foi um foco visual muito bom para o movimento que cresceu muito.

No final dos anos 60, Alex e Maxine eram ambos iniciadores prolíficos, e alguns dos seus iniciados tornaram-se bem conhecidos. Alguns vieram para a Austrália, e ainda existem alguns covens no UK hoje em dia cujos HP e/ou HPS foram iniciados por Alex ou Maxine.

Os iniciados mais famosos de Alex e Maxine são sem duvida Janet e Stewart Farrar, que os deixaram em 1971 para formarem o seu próprio coven, primeiro em Inglaterra, e depois na Irlanda. Através dos seus livros, eles tiveram provavelmente a maior influencia sobre o caminho que a Arte moderna tomou. Cetamente na Australia, a publicação de What Witches Do foi um separador de águas, e com a sua produção concistente, a sua forma de wicca irá provavelmente tonar-se a normalizada.

Desde os seus primeiros tempos de alexandrianismo não diluido, eles foram-se movendo para uma aproximação mais gardneriana, e hoje em dia, dizem a toda a gente que não hà qualquer diferença entre ambas as tradições. De facto, apesar fusão que tem vindo a ocorrerdurante os ultimos anos, existem algumas diferenças bastante distantes entre as duas tradições, algumas apenas externas, e outras de significate diferença de filosofia.

Seldiy Bate recebeu treino magico originalmente de Madeline Montalban, e depois submeteu-se a uma iniciação alexandriana de Maxine e Alex. O seu marido, Nigel, também foi iniciado por Maxine, e têm sido bruxos “publico” desde à alguns anos aparecendo frequentemente na TV, radio e na imprensa. O seu passado em magia ritual é exprimido atravéz do tipo de coven que dirigem, uma combinação de wicca com magia cerimonial.

Em 1971, Alex e Maxine separaram-se. David Goddard é um sacerdote liberarl católico (NT: um padre da Igreja Católica Romana liberal), e durante muitos anos, ele e Maxine trabalharam na fé católica libera, e não dirigiram nenhum tipo de coven. Então em 1984, Maxine voltou a juntar um grupo, e começou a practicar uma combinação de wicca, Qabalah e catolicismo liberal. Ela e David separaram-se em 1987, e desde essa altura o seu coven têm sido exclusivamente wiccan. Em 1989, ela casou-se com um dos seus iniciados, Vicent, e eles dirigem um coven activo hoje em dia em Londres.

A história de Alex depois da cisão foi um pouco mais sordida, com uma rapariga com quem ele casou, Jill, a encher a imprensa de esgoto (NT: ie: TVI, Correio da Manhã, Crime, Notícias do Mundo) com estórias que diziam que Alex era homosexual, e que ele a tinha defraudado de todo o seu dinheiro e o havia gastado em namorados. Sally Taylor foi iniciada por Maxine e David, mas depois mudou-se para Alex. Foi treinada por ele, e começou o seu proprio grupo.

Agora gostaria de focar na ultima das correntes que acredito ter sido essencial ao nascimento e desenvolvimento do wicca, aquela das fontes e tradições literárias às quais Gardner teria tido acesso. Até certo ponto estas são contiguas com as tradições mágicas descritas anteriormente, pois em lado algum é sugerido que Gardner alguma vez tenha trabalhado numa Loja mágica, então devemos assumir que os seus conhecimentos vieram da forma escrita dos rituais, não da actual práctica deles.

De ler os livros de Gardner, é bastante aparente de que Margaret Murray teve um impacto tremendo nele. O seu livor, The God of the Witches foi publicado em 1933, e doze anos antes, The Witch Cult in Western Europe tinha aparecido. The God of Witches têm sido tremendamente influente para muitas pessaos, e certamente inspirou Gardner.

De facto, Witchcraft Today, publicado por Gardner em 1954 continha um préfacio por Margaret Murray. Nesta altura, lembrem-se, o trabalho de Murray ainda era tomado a sério, e ela permaneceu como contribuidora no assunto de bruxaria para a Encyclopedia Britannica durante muitos anos.

Actualmente é claro que os seu trabalho têm sido grandemente desacreditado, embora epa permaneça uma fonte de inspiração, já que não de exactidão histórica. Na epoca de Gardner, a ideia de uma adoração continua de velhos deuses pagãos teria sido uma ideia vacilante, e no meu segundo artigo da minha série acerca de Murray (publicado em The Cauldron), tornei claro que Murray pode ter tido de fingir a exactidão científica de modo a conseguir publicar nesses tempos. Não se esqueçam que Dion Fortune teve de publicar os seus livros privadamente, assim como Gardner em High Magic’s Aid. O livro excelente de Carlo Ginzburg Ecstasies, tabém apoia a premissa básica de Murray, embora lamente a sua decepão histórica.

Haviam é claro outras fontes para além de Murray. Em 1899, Ariada: Gospel of the Witches foi publicado. A maioria dos trabahos de Crowle estavam disponíveis no pré e pós-guerra, assim como os textos escritos e traduzidos por MacGregor Mathers e Waite. Também prontamente disponiveis estavam trabalhos como The Magus, e é claro os clássicos, dos quais Gardner retirou muita inspiração.

De grande importância também foram The White Goddess, de Robert Graves, que ainda é um livro de referência na parteleira de um wiccan britânico. Este foi publicado em 1952, três anos depois do aparecimento de High Magic’s Aid, e dois anos antes do primeiro livro não ficcional de Gardner acerca de bruxaria. Gostaria apenas de dizer nesta altura que Graves recebeu algumas críticas muito injustas devido ao seu livro. The White Goddess foi escrito como um trabalho de poesia, não história, e criticar a sua inexactidão historica é abandonar o cerne da questão. Infelizmente, concordo que alguns excritores se tenham referido a ele como uma “autoridade”, e assim levado os seus leitores ao garden path (NT: tenham feito os leitores perder-se). Isto não é culpa de Grave, nem eu acredito que tenha sido a sua intenção.

Outro livro que têm tido uma profunda influencia sobre muitos wiccans, e que sem duvida era do conhecimento de Gardner é The Golden Bough, embora o livro inteiro tenha sido escrito baseando-se apenas em investigação secundária, é uma investigação extensiva de practicas pagãs no Velho Mundo, e o enfase que dá ao sacrificio masculino pode ter sido tirado tanto daqui como de Murray. Algumas das practicas rituais de Gardner vieram certamente de The Golden Bough, ou da própria fonte de Frazer.

Em Witchcraft Today Gardner menciona alguns autores quando expecula donde terão vindo os rituais wiccans. Ele diz que, “O unico homem que eu penso que possa ter inventado rituais é o falecido Aleister Crowley.”

Ele continua dizendo, “O unico outro homem que posso imaginar que o possa ter feito é Kipling…”. Ele também menciona que, “Hargrave Jennings pode ter tido acesso a eles…” e depois sugeten que “Barrat (sic) do The Magus, por volta de 1800, teria tido a habilidade para inventar ou rescuscitar o culto.”

É possivel que estas referências sejam como uma operação de controle de prejuizos pela parte de Gardner, que, segundo Doreen, não ficava impressionado quando ela lhe dizia que reconhecia algumas passagens nos ritos da bruxaria! Witchcraft Today foi publicado no ano a seguir à iniciação de Doreen, e talvez fazendo-se parecer genuinamente interessado na origem dos rituais, Gardner pensou que podia dar a aparencia de inocência na sua construção.

Como foi mencionado anteriormente, Gardner também possuia uma grande colecção de MSS não publicados, que usava extensivamente, e uma pessoa só têm de ler os seus livros para se aperceber que ele era um homem bastante instruido, com um grande leque de interesses. Exactamente o tipo de homem que poderia preparar um conjunto de rituais se isso fosse necessário.

A extensiva bibliografia do The Meaning of Witchcraft publicado em 1959, demonstra isto bastante bem. Gardner inclui Magick in Theory and Pratice e The Equinox of the Gods ambos de Crowley; The Mystical Qabalah de Dion Fortune; The Goetia; The White Godess (Graves); a tradução do Mabinogion dos convidade de Lady Carlotte; English Folklore de Christina Hole; The Kabbalah Unveiled e Abramelin de Mathers; ambos os livros de Margaret Murray e Gipsy Sorcery de Godfrey Leland, e também uma miriade de textos clássicos, de Platão a Bede.

Embora isto seja posterior à criação do wicca gardneriano, certamente indica onde Gardner terá tirado a inspiração. Estão também listados vários livros que estão directa ou indirectamente, ligados a sex magic, cultos priapicos, e Tantra. (NT: para quem não sabe o que é um culto priapico, se alguem teve coragem de ler até aqui, digamos que priapismo é uma doença que atinge os homens que passam a andar com o falo permanentemente erecto).

Hardgrave Jenning, mencionado anteriormente, escreveu um livro chamado The Rosicrucians, their Rites and Mysteris, que Francis King descreve como um livro “exclusicamente preocupado com falisicmo e imágens fálicas – Jennings via o pénis em todo o lado.”

Como mencionei anteriormente, Hargrave Jennings, membro da SRIA, também pretencia ao grupo descrito como coven, que se encontrava na area de Cambridge por volta de 1870, e executava rituais baseados na tradição clássica – especificamente The Golden Ass. Não à qualquer prova que apoie isto, excepto que são frequentemente encontradas referências ao Coven de Cambrige ligadas ao nome de Jennings.

Muitos dos rituais que conhecemos hoje, são é claro, adicções posteriores por Doreen Valiente, e estes têm sido bêm documentados tanto por ela como pelos Farrar, em numerosos livros. Doreen admite que ela deliberadamente retirou muita da poesia de Alesiter Crowley, e substutui-a ou com o seu próprio trabalho, ou com poesia de outras fontes, como a Carmina Gadelica.

É claro que nunca chegaremos a saber a verdade acerca das origens do wicca. Gardner pode ter sido uma grande fraude; pode ter recebdio uma iniciação “tradicional”; ou, como sugerem muitas pessoas, ele pode ter criado wicca a partir de experiências religosas genuínas, retiradas do seu extensivo conhecimento mágico e literário, que criaram ou ajudaram a criar, os rituais e a filosofia.

O que eu penso é que nós podemos estar certos de que ele era sincero nas suas crenças. Se não tivesse havido mais do as fantasias de um velho, para a coisa toda, então o wicca nunca teria crescido para ser a força que é hoje, e não estariamos todos aqui sentados em Canberra num Sabado de manhã!

por Julia Phillips, tradução por Soror Mini Therion [email protected]


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