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André Correia (Conexão Pagã / @bercodepalha)
E lá vamos nós mais uma vez falar sobre natal e paganismo. Mas dessa vez o texto será mais curto e sem muitos detalhes, pelo menos eu acho.
O Natal é uma distorção cristã do que é originalmente o Yule, o nascimento da criança da promessa. Aquela que traria de volta o sol ou seria ele, depende da versão. Consigo, traria as plantações, colheitas, vida e etc. Aquele que venceria a escuridão do gélido inverno.
Dentre suas práticas mais famosas, está a árvore de natal. Sabemos que a árvore de natal se refere aos pinheiros que eram cortados e levados para dentro das casas e enfeitados com bolas vermelhas. Mas sabe o porquê? O pinheiro é a árvore que mesmo sob o frio intenso, mantem suas folhagens verdes e vívidas, mostrando uma grande resistência e superação da vida sobre a morte. Eram enfeitados com bolas vermelhas para simbolizar os frutos que estavam por vir. Levar essa árvore para dentro de casa era uma forma de atrair a vida, força e superação para a família.
E Jesus nasceu no Natal? Claro que não! Pelo menos na Bíblia não tem nenhuma foto dele e dos amiguinhos cortando bolo nessa época.
Quem nasce nesse período é a criança da promessa, como eu disse anteriormente. Que é o símbolo pagão do reinício do ciclo solar… Aquele que morreu alguns meses atrás e agora renasce. Ressurreição, sabe? Te lembra algo? Pois é! Se o cristianismo tivesse que pagar direitos autorais para outras culturas, estaria bem endividado.
Enfim, não vou me aprofundar muito no tema. Muitos textos já falam sobre isso. Mas quero falar sobre pagãos celebrando o Natal. Pode isso Arnaldo?
Poder, você pode tudo, bebê. Quem são os outros para controlar as suas escolhas? Mas vamos pensar um pouquinho.
O Brasil é uma nação fundamentada sob o cristianismo, mas vamos combinar que o brasileiro gosta mesmo é da festa e não dos motivos religiosos delas. Além disso, muito das festas religiosas deixaram de lado sua causa original e abraçaram as causas comerciais.
Muitas famílias, por exemplo, deixaram de lado as celebrações com motivos mais espirituais e cristãos e se apegaram as celebrações mais voltadas para o encontro entre parentes, amigos, reforçar laços fraternais e trocar presentes.
Mas e se a família for religiosa e te cobrar participação nesse momento?
Bom, você tem três opções mais claras: aproveitar a oportunidade para comunicar sua crença e conquistar o seu espaço, passar raiva a noite toda negando a fé alheia ou “aproveitar” a festa fingindo que está tudo bem. Não estou dizendo para abraçar a causa e rezar o terço, mas que o período pode ser muito menos incômodo.
Demonstre que respeita a crença da família, mas que não compartilha do mesmo credo deles. Seja gentil se possível, mas se posicione. Não seja proselitista, mas seja claro.
Nas horas de expressões religiosas, você pode adaptar para a sua realidade. Quando eles forem rezar para agradecer a ceia, por exemplo, customize a sua oração e fale direto com os seus deuses.
Não tenha medo, não sinta-se constrangido e nem sofra por isso. Se algum amigo ou amiga da bruxaria te encher o saco sobre isso, dê de ombros, ignore ou mande à merda! Sua vida, suas regras. Ir comer com a sua família não te fará menos pagã/pagão.
O que estou querendo dizer, é que precisamos saber o MOTIVO de participarmos das festas. É religioso? É para ter um dia em família? É porque a ceia vale a pena? Pelos presentes? Para assistir os barracos familiares? A certeza é sua e de mais ninguém.
Só fique atento para não tropeçar na sua convicção e se tornar aquela pessoa que puxa para rezar o Pai Nosso.
Dica: se tocar Simone, fuja!
André Correia. Psicólogo atuante em clínica desde 2007, adepto da bruxaria eclética, construtor de tambores ritualísticos. Participa dos projetos Conexão Pagã e Music, Magic and Folklore. Coordenador do Círculo de Kildare e autor da obra musical Tambores Sagrados.
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